Meio ambiente e vida pautam trabalho dos jornalistas Sonia Bridi e Paulo Zero

Casal compartilhou experiências e bastidores da profissão na aula inaugural do Curso de Residência

Por Comunicação - atualizado em 15/09/2016 as 11:41

DSCN0476

DSCN0476

Paulo e Sônia revelaram bastidores de suas reportagens

O gosto pela ciência levou a jornalista da Rede Globo Sônia Bridi estudar mais sobre as mudanças no clima e seus impactos no planeta. Ao lado do repórter cinematográfico e marido Paulo Zero, Sônia compartilhou sua experiência de viagens pelo mundo em busca de respostas para as alterações climáticas.

O casal foi convidado para a palestra aberta ao público da aula inaugural da 19º edição do Curso de Residência da Rede Gazeta, realizada nesta terça-feira (13) no auditório da empresa. Na ocasião, a dupla falou da viagem por catorze países durante seis meses, onde buscaram explicações e soluções para o problema do aquecimento global. O resultado foi uma série exibida no Fantástico e a publicação do livro “Diário do Clima”, onde relatam as aventuras vividas na televisão.

A falta d’água, realidade em muitos lugares do mundo e também em Estados do Brasil, foi destacada pela jornalista. “Nossa jornada em busca de respostas para as mudanças no clima trouxe um alerta importante. Nós precisamos mudar nosso comportamento para preservar nossos recursos. Quem desperdiça água, acaba negando água para muitos. Se temos poucos recursos, precisamos usar direito para que todos tenham. É questão de solidariedade”, disse Sônia.

O casal relembrou uma reportagem feita no Peru, país em que refugiados da seca já são uma realidade. Para fugir da falta d’água, cidadãos peruanos migram para São Paulo local e muitas vezes são submetidos a condições desumanas de trabalho. A seca na colheita de trigo da Perth, região Sul da Austrália, foi outra situação que assustou a dupla.

“A chuva não chega mais na região. Quando eu e Paulo fomos fazer uma reportagem, nos deparamos com uma cena desértica: era o quinto ano seguido de seca. O trigo cresce, mas sem grão. Essa situação provocou uma onda de suicídio de fazendeiros, porque não conseguem compreender que este fenômeno é algo que está fora do alcance deles e acabam assumindo uma frustração pessoal. É assustador”, relata.

O desgelo na região dos Andes, o crescimento desordenado nas cidades e vastas secas em regiões agrícolas, foram outros assuntos apresentados. Algumas consequências do desequilíbrio são frutos da ação do homem no meio ambiente e afetam diretamente na alta dos preços dos alimentos. “A pessoa que paga mais caro no preço do feijão precisa saber que isso é consequência do desmatamento na Amazônia”, alertou a repórter.

Intercâmbio
DSCN0440Dentre as muitas reportagens que tem no currículo, Sônia lembra no período em que viveu na China, onde morou por um ano com a família. A burocracia chinesa foi um ponto levantado pela jornalista, que contou aos presentes da palestra que até a tintura da caneta influenciava na validação de um documento. “A burocracia determina até a cor da caneta na China. Por exemplo, os documentos oficiais devem ser escritos com canetas pretas, senão não tem validez. O carimbo também é primordial. Sem carimbo nada passa no país” relembrou Sônia.

A censura foi outro ponto levantado pelos jornalistas. Cinegrafista, Paulo Zero falou do cuidado em fazer reportagens em países árabes onde a censura impera. “A equipe cobria muita guerra de milícias. Certa vez, em uma das reportagens no Irã, um grupo armado interceptou a gravação e fui preso. Na cadeia, me acusavam de ser espião americano mesmo mostrando meu passaporte brasileiro. Para provar que era do Brasil, citei Pelé e para minha surpresa ele falou o nome de vários jogadores da seleção”, lembra Paulo.

A palestra também foi palco para o jornalismo investigativo. Rita Bridi e Paulo Zero contaram os bastidores da entrevista exclusiva gravada em Moscou, na Rússia, com Edward Joseph Snowden, o analista de sistemas, ex-administrador de sistemas da CIA e ex-contratado da NSA que tornou públicos detalhes de vários programas que constituem o sistema de vigilância global da NSA americana.

Produção a todo vapor
DSCN0384Com o auditório lotado de profissionais, estudantes e fãs de seu trabalho, Sônia Bridi deixou um recado para os residentes e aspirantes a jornalistas. “Temos muitas pautas todos os dias e precisamos levar informação de qualidade aos leitores, telespectadores e internautas. Não existe pauta ruim, existe matéria mal feita. É preciso apurar além do preto e do branco”, disse.

Os 15 residentes já estão com a mão na massa. O público poderá acompanhar a produção e o dia a dia dos residentes por meio de um blog no portal Gazeta Online, no endereço www.gazetaonline.com.br/residencia, e também os bastidores na página no Facebook (www.facebook.com/cursoderesidencia).   Neste ano, as empresas apoiadoras do curso são a Águia Branca, a Eco 101 e a Vale.

Opine

Envie o seu comentário para a Rede Gazeta. A sua participação é muito importante para nós.