Diálogos Rede Gazeta revela números alarmantes dos casos de violência e assassinatos de mulheres no ES

Evento foi aberto ao público no auditório da Rede Gazeta em Vitória

Por Comunicação - atualizado em 13/04/2018 as 14:54

DSC_0839A cada dois minutos, cinco mulheres são vítimas de algum tipo de violência no Brasil. O dado foi apresentado no seminário “Diálogos pela paz em casa: contra a violência doméstica”, realizado nesta sexta-feira (25), no auditório da Rede Gazeta, em Vitória. O evento teve apoio do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) e encerrou a programação da 8ª Semana Nacional da Justiça pela Paz em Casa que aconteceu em todo o país.

A cidade de Vitória é a capital onde mais se mata mulheres no Brasil e o objetivo do encontro foi debater formas para reduzir a violência contra a mulher, crianças e adolescentes.

“É um tema que lamentamos muito em divulgar, mas não podemos nos calar diante de tanta violência. Nosso papel enquanto mídia é ampliar este debate e por meio do jornalismo, publicidade e campanhas. Desta forma, ajudamos vítimas reféns desta violência na busca de transformar esta triste realidade”, reforça a diretora de Transformação da Rede Gazeta, Leticia Lindenberg.

O Estado registra números alarmantes: são 71 assassinatos de mulheres nos sete primeiros meses de 2017. Para debater medidas e coibir a situação, dois painéis apresentaram iniciativas para recuperação de vítimas e agressores. O presidente do TJES, o desembargador Annibal Rezende apresentou uma pesquisa que registra que 522 mulheres foram violentadas a cada hora no país. “Mais da metade das mulheres agredidas sofreram caladas e não denunciaram. Temos que mudar esta realidade que tanto nos entristece e nos envergonha frente à sociedade mundial”, destacou Annibal. O supervisor das Varas de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, o desembargador Fernando Zardini ressaltou a importância da realização do evento que ajuda a traçar estratégias, desenvolver ações educativas e preventivas para a mudar a realidade de tantas vítimas.

DSC_0897A coordenadora estadual de enfrentamento à violência doméstica, juíza Herminia Azoury, destacou que o tema representa um impacto de 10% no PIB nacional. Ela enxerga nas políticas públicas de prevenção uma forma de humanizar a lei e o atendimento às vítimas de violência. “A violência não escolhe classe social e nem idade. A cada dois minutos, cinco mulheres sofrem com abusos. Só nesta semana, tivemos três prisões decretadas. É preciso fazer a lei e construir uma sociedade em que não haja reprodução de tanta violência”, destacou.

Entre os desafios está para validação de medidas está a fiscalização de medidas protetivas e o desenvolvimento de projetos educativos. A promotora de Justiça Claudia Santos Garcia e a delegada Arminda Rodrigues também falaram sobre a importância do suporte às vítimas e o papel das autoridades no encorajamento às mulheres.

No Brasil existem poucos serviços disponíveis voltados para homens autores de agressão. Para ajudar na reflexão e responsabilização destes atos, a psicóloga da Polícia Civil, Marcella Demoner, falou da importância do projeto “Homem que é homem”, que ajuda na reflexão e responsabilização dos crimes cometidos. O objetivo do projeto é prevenir e reduzir a violência intrafamiliar.

O evento também contou com depoimentos de vítimas e a participação de autoridades, grupos de ajuda, estudantes e organizações de prevenção e combate à violência contra a mulher, além de outros convidados.

DSC_0960 “As mulheres nos dias de hoje representam o período da escravidão: muitos acham que elas existem para servir ao homem. 92% dos empregados domésticos são do sexo feminino e é necessário trabalhar a potencialização dessas mulheres. É preciso colocar em júri o machismo e o patriarcalismo e mudar esta realidade” Rosely Pires, fundadora do projeto Fordan – enfrentamento e problematização das violências.

DSC_0965“Estava invisível, desaparecida, não tinha reação para nada. Eu não me enxergava como vítima e achava que era natural. Mas fiz valer a lei: exigi o divórcio e denunciei. Por meio do meu trabalho e da minha arte eu me dei voz. Fiz do meu sofrimento um trabalho social: expressei tudo o que vivi em arte. Já não tenho mais medo e ajudo outras mulheres a enxergar este problema”, Rosemary Casoli, Artista plástica e vítima de violência doméstica por 21 anos.

DSC_0953“Mulheres demoram muito para tomar coragem e denunciar, as vezes demoram muitos anos. Nosso objetivo é trabalhar a inserção e ver a vida de muitas mulheres transformada. A violência doméstica afeta diretamente o relacionamento familiar e principalmente o desenvolvimento de crianças. É preciso agir. A mudança demora, mas chega”, Neucilene Ferreira, voluntária no projeto RAABE.

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