Jornalistas da Rede Gazeta participam de oficina contra violência doméstica

Participaram da oficina repórteres e editores dos jornais, rádios e televisão, e também alunos do 20º Curso de Residência

Por Comunicação - atualizado em 13/11/2017 as 17:30

Foto: Letícia Siller

Foto: Letícia Siller

A promotora de Justiça Claudia dos Santos Garcia, e a psicóloga Jocilene Mongin estiveram durante a tarde com os profissionais

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e o Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher (Nevid) realizaram um treinamento com os jornalistas da Rede Gazeta, em Vitória, nesta segunda-feira (13). A promotora de Justiça e coordenadora do Nevid, Claudia dos Santos Garcia, e a psicóloga Jocilene Mongin estiveram durante a tarde com os profissionais dos veículos do grupo de comunicação explicando a importância da postura da imprensa ao publicar notícias sobre violência doméstica.

“A Rede Gazeta está sendo pioneira no Brasil ao oferecer esse treinamento especializado, é muito importante conversarmos com os jornalistas, tirar duvidas e instruí-los sobre como a violência contra a mulher deve ser noticiada para causar um impacto positivo de transformação na sociedade. É importante descontruirmos alguns costumes que estão enraizados em nós”, explicou Claudia ao abrir a oficina.

Foto: Letícia Siller

Foto: Letícia Siller

A promotora de Justiça e coordenadora do Nevid, Claudia dos Santos Garcia

Mais de 500 mulheres são vítimas de agressão física a cada hora no Brasil, segundo a pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O mesmo estudo informa que 52% das mulheres que sofrem algum tipo de agressão, não fazem nada a respeito. Devido a isso, é importante que matérias jornalísticas sobre violência de gênero mostrem onde as mulheres podem conseguir apoio e como podem realizar uma denúncia.

“A imprensa possui um papel estratégico na formação da opinião da sociedade. Em briga de marido e mulher, é nosso dever social meter a colher. Comunicadores trabalham com discursos que causam efeito, sempre há um para todo tipo de discurso, às vezes, a forma que é escrita uma matéria jornalística pode afetar negativamente na luta contra a violência”, destacou a psicóloga.

Foto: Letícia Siller

Foto: Letícia Siller

Psicóloga Jocilene Mongin

“É muito comum observarmos o uso de expressão como “crime passional” em reportagens de feminicídio, e isso é errado, pois implica que o agressor perdeu a cabeça, agiu sem pensar, de forma louca ao cometer o ato. Isso automaticamente esconde o histórico de violência que já estava acontecendo coma a vítima. O feminicídio é o ápice desse comportamento agressivo, é por isso que precisamos chamar esse crime pelo nome certo”, enfatizou a promotora.

Tipificar o feminicídio é essencial, pois assim se dá nome ao problema, para que a sociedade tenha noção real de sua dimensão e também faz com que o crime não entre para as estatísticas de violência urbana. Dessa forma, também é possível evitar a banalização do fato, pois a vítima, ao ter sua morte banalizada, todo seu sofrimento ao longo da escalada da violência pode ser diminuído.

Também foi aconselhado aos jornalistas não “justificar” o crime por conta do consumo de álcool e drogas, por parte do agressor. As substâncias potencializam o ato da violência, mas ele só é cometido após uma série de outros abusos físicos ou psicológicos feitos anteriormente.

Segundo a promotora, papel da imprensa é mostrar ao público que a agressão nunca é culpa da vítima, sendo fundamental desconstruir estereótipos e discriminações contra as mulheres. De acordo com a Pesquisa da Avon, chamada “O papel do homem na desconstrução do machismo”, 27% dos entrevistados acreditam que, em alguns casos, a mulher também pode ter culpa por ter sido estuprada. “É inegável o poder que o jornalista tem e que a imprensa possui, a sociedade confia na mídia, temos que usar este espaço para mostrar que a vítima não é culpada e que não busca pela violência”, afirmou Claudia.

Participaram da oficina repórteres e editores dos jornais, rádios e televisão, e também alunos do 20º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta.

O que é o Nevid?

O Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Nevid) foi instituído em 2009, tendo como finalidade atuar na prevenção e repressão à violência domestica e familiar contra mulheres – Lei 11.340/2006 Lei Maria da Penha. Dentre as principais atividades desenvolvidas pelo Nevid, estão projetos educativos contra violência; assessoria aos promotores de Justiça; participação em espaços institucionalizados de discussão sobre Políticas Públicas para mulheres, realização de campanhas educativas junto à sociedade, dentre outras.

Opine

Envie o seu comentário para a Rede Gazeta. A sua participação é muito importante para nós.