A reprovação escolar é um tema polêmico e que divide opiniões. Afinal, passar ou não passar de série um aluno que não obteve a nota média? A educadora e comentarista do CBN Cotidiano, Juliana Santos, acredita que deixar um aluno reprovado tem no fundo um lado positivo, mas que “a maioria das escolas vota por uma aprovação”, o que acaba trazendo vários pontos negativos na vida de uma pessoa.
Segundo a professora, desde antes da década de 90, há uma pressão muito grande para que os alunos sejam aprovados, mesmo sem que tenham aprendido de fato a matéria. Essas aprovações são movidas por “questões políticas”, de acordo com a educadora, tanto na escola pública quanto na particular. Na primeira, os centros de ensino recebem verba por sucesso – quanto mais aprovados, mais êxito uma escola tem e mais verba ela recebe. Já nas escolas privadas há um “discurso para reter as matrículas”.
Essa prática pode virar uma bola de neve e trazer efeitos durante toda a vida de um indivíduo. É que, segundo a comentarista do CBN Cotidiano, se um estudante é aprovado sem ter o conhecimento satisfatório de uma matéria, ele chega à vida adulta com o chamado analfabetismo funcional. Termo usado para falar sobre pessoas que sabem ler e escrever, mas não conseguem interpretar textos, ideias e resolver operações matemáticas.
A professora complementa dizendo que o déficit escolar pode acompanhar o dia a dia de uma pessoa, trazendo muitas dificuldades ao longo de sua vida, como não saber matemática financeira, por exemplo.
O OUTRO LADO
Existe um lado bom para a reprovação? Segundo Juliana Santos, sim. Ela explica que a não aprovação de um aluno tem função pedagógica. “É uma forma de aprendizagem. É também uma forma de aprender e aprender pra vida”, afirma.
Para a professora, ao ficar reprovado, um estudante terá a oportunidade, mais uma vez, de aprender a matéria que naquele momento não conseguiu. Ela chama a atenção ainda para o papel dos pais na formação educacional dos filhos e como os responsáveis devem lidar com a reprovação.
“Como pai e mãe a gente tem que ser honesto com a educação do filho. E dizer ‘olha, eu prefiro que ele fique aqui’”, afirma.
Juliana Santos acredita que, mesmo as escolas que trabalham com a dependência de disciplinas — sistema em que o aluno passa de série, mas no próximo ano continua tendo aulas da matéria em que foi reprovado —, precisam repensar a prática, pois não há uma garantia de que o ensino vai conseguir suprir todas as necessidades do aluno. Para a educadora, o mais importante é a certeza de que o estudante tem conhecimento satisfatório e não apenas deixar que ele siga adiante.