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A alegria e os desafios por trás da Libertária gelada

Thayane da Silva Leite Moraes Meireles e sua trajetória ao empreendimento da cerveja

Com um jeito autêntico, despojado e alegre, cabelos castanhos e enrolados, Thayane marca presença por onde passa. Rodeada de amigos e segurando um copo de Libertária, sua cerveja artesanal, deixa aquela sensação de que é só chegar e se achegar se quiser conversar.

Paulista de Cunha, município localizado no Vale do Paraíba fazendo divisa com Paraty – RJ, é irmã do meio de três filhos em uma família grande, com muitos tios, primos e agregados. Duas de suas paixões são também seus afilhados, o sobrinho de 1 ano e meio, Pedro, e Alícia, filha da sua prima Márcia.

Além deles, Thay, como costuma ser chamada, tem no coração os seus filhos de quatro patas, os gatos Russinha, Gatona e Pipoca e os cachorros Fidel, Raul e Amarelo. Crias dela e da Liliam, “companheira de todas as minhas vidas, porque uma só vida é pouco para demonstrar todo o amor, respeito e admiração que eu tenho por ela”, conta.

Pets
Crédito: Arquivo pessoal

 

Outra paixão, a música, esteve sempre presente em sua vida. Quando mais nova, participava da banda e fanfarra da cidade natal, onde aprendeu a tocar clarineta. Toca também violão e caixa (instrumento de percussão), além de já ter se apresentado em barzinhos e tocar há 19 anos no bloco Pé de Cana de Cunha.

Alegria, para ela, se define em reunir as pessoas para tomar uma cerveja em um momento regado a “muita comida, churrasco e tira gosto”. Cozinhar também é um grande e alegre prazer, reunindo pessoas queridas para uma boa conversa, acompanhada de um sambinha e uma Libertária gelada.

Aos 18 anos, saiu da cidade natal para cursar webdesign em um município próximo, Taubaté – SP. Logo no início da faculdade, conheceu e se apaixonou por aquela mulher com quem se casaria mais tarde. No ano seguinte, Thay deixou a faculdade e foi fazer curso técnico de radiologia, onde se formou e trabalhou por um pequeno tempo na área. Então, ela e Liliam começaram a pensar em empreendimentos como alternativa econômica para ganhar algum dinheiro de forma autônoma.

Dentre as variadas possibilidades pensadas naquele momento, como produzir massas, a cerveja artesanal foi a que mais brilhou os olhos das duas, deixando-as animadas para produzir. Foi aí, em meados de 2016, na cidade de Viçosa-MG, que surgiu a Libertária: uma cerveja artesanal feminista.

No início chegaram a pensar em economizar. A ideia era produzir a cerveja que elas fossem consumir e, com isso, reduzir os custos. Começaram a fazer a própria cerveja em casa, na cozinha, e a dividir com os amigos. Então, eles começaram a gostar e pedir para que elas vendessem um pouco daquele líquido saboroso e encorpado. Assim foi. Com o tempo foram aumentando a produção e vendendo para mais pessoas.

A ideia é que, cada vez mais, a Libertária esteja no centro do projeto de vida delas. Que as mantenha economicamente, alimente a alma, o espírito militante e que possibilite construir a luta do feminismo e da agroecologia, por meio da produção de cerveja. Mas ser mulher e empreender neste ramo dominado pelo público masculino não é tarefa fácil.

Cerveja artesanal
Liliam a esquerda e Thayane a direita. Crédito: Arquivo pessoal

O desafio de empreender

Empreender por si só já é uma atividade com menor percentual de mulheres. De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), em 2019, a diferença entre mulheres e homens em empreendimentos na fase inicial era de apenas 0,4%.

Porém, a taxa dos empreendedores estabelecidos, com um negócio consolidado, foi de 18,4% entre representantes do sexo masculino, enquanto a do feminino foi de 13,9%. A diferença chega a 4,5 pontos percentuais. Em termos numéricos, estima-se que existam quase três milhões de homens a mais do que mulheres nessa fase secundária do empreendedorismo.

Ainda segundo a pesquisa, um dos motivos que podem contribuir para essa diferença, é a sobrecarga de trabalho doméstico assumida pelas mulheres, o que dificulta a permanência no mercado de trabalho. Conforme os dados do IBGE, em 2018, no Brasil o tempo médio em que as mulheres se dedicaram ao trabalho doméstico por semana foi de 21,3 horas, aproximadamente o dobro do que os homens com média de 10,9 horas.

Além de superar desafios sendo mulher empreendedora, Thayane ainda é uma mulher que empreende no ramo da cerveja. Uma pesquisa da Universidade de Stanford, nos EUA, publicada na revista Super Interessante, indicou que apenas 17% das cervejarias artesanais têm mulheres como CEO, sendo delas, somente 4% com uma mestre-cervejeira.

“As pessoas não botam fé que uma mulher faz cerveja boa, já chegaram a perguntar se realmente a receita da APA (American Pale Ale) era nossa, porque ela é muito boa. Outra questão que existe é a exposição do corpo da mulher como forma de propaganda da cerveja e isso a gente é totalmente contra. Já vimos, em eventos, cervejarias contratando mulheres bonitas com roupas que valorizavam o corpo para que chamasse mais pessoas para consumirem o produto”, conta a empreendedora.

Thayane agora vai se formar em Fisioterapia, mas ela e a Liliam continuam produzindo cerveja, mesmo com as inúmeras dificuldades que a pandemia trouxe, como aumento geral do preço dos insumos. Seguem juntas acreditando e lutando por seus posicionamentos, com força, alegria, música, comida boa e uma Libertária gelada.

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