Um ponto é consenso entre os editores: uma boa apuração é indispensável para fazer um bom jornalismo. Essa característica foi a mais frisada pelos quatro ex-residentes e atuais editores da Rede Gazeta Amanda Monteiro, Geraldo Campos, Mikaella Campos e Rodrigo Resende, em conversa com os focas do Curso de Residência em Jornalismo deste ano.
Uma boa apuração consiste em entender bem o que será tratado, pesquisar e investigar os acontecimentos, escutar as pessoas ou órgãos envolvidos em todos os lados e duvidar, ou seja, nunca aceitar uma informação unicamente porque alguém falou, mas buscar entender também o contexto.
Outra característica importante é a clareza. Os editores também concordam que ela só é possível a partir de um bom entendimento da pauta e de uma apuração bem feita. “Apurar tudo até entender e deixar isso bem claro para o leitor entender também. Se eu pegar um texto e ele estiver fácil de entender, bem apurado e redondo, eu vou ficar feliz”, conta Amanda, editora de Fluxo e Qualidade do Núcleo de Conteúdos Especiais.
Quando se fala em conteúdo para TV, essa necessidade de ser claro cresce ainda mais. Porque, além de a TV alcançar um número muito grande e diverso de telespectadores, o tempo de fala é curto e exige clareza para passar a informação correta. O editor do Bom Dia ES e do ES TV 2, Rodrigo Resende, explica como a troca de “quebrou o fêmur” por “quebrou a perna” é importante, considerando que algumas pessoas podem não entender com clareza o que seria o fêmur.
Outra qualidade frisada pelo editor da TV foi a responsabilidade. É preciso ter o compromisso de procurar as respostas corretas para informar a sociedade. Além dela, a proatividade também foi considerada de extrema importância. Para a editora de Conteúdo do Núcleo de Conteúdos Especiais, Mikaella Campos, para ser um repórter com qualidade é preciso apurar bem, buscar soluções para as pautas que apresentam problemas e ainda trazer sugestões. Não apenas uma ideia, mas uma pauta elaborada, com a temática e os principais pontos a serem abordados já estruturados.
“Um bom repórter é aquele inconformado. É aquele que não vai aceitar uma resposta simples, é aquele que não vai aceitar a assessoria passar para trás com uma nota porca. Enfim, é esse repórter que dá a cara a tapa, que vai buscar entregar o melhor material, além do que foi pedido”, comenta também Geraldo Campos, editor de Fluxo e Qualidade do Núcleo de Conteúdos Especiais.
Para além das características, repórter e editor precisam estar em constante diálogo. É indispensável que o repórter busque sua autonomia em resolver os problemas sem demandar tudo para o editor, mas pode e deve contar com o apoio e sugestões deste. Para Amanda, “a troca é a coisa mais necessária para o jornalismo continuar e fluir bem. Então, a gente [editor e repórter] precisa ter essa relação boa, de confiança e de troca”.