Patrocínio:

Realização:

Patrocínio:

Realização:

Candidatas no ES usam nome social na disputa pela primeira vez

Seis travestis e transexuais solicitaram a retificação do nome de registro para concorrer nas eleições municipais de 2020

Larissa e Joyce. Dois nomes que, para três candidatas do Espírito Santo, carregam um peso especial: o do reconhecimento. Em 2020, pela primeira vez, travestis e transexuais que disputam eleições municipais podem utilizar o nome social. No Estado, seis candidatas solicitaram a alteração do registro para serem representadas nas urnas com nomes que refletem a identidade de gênero.

Desde 2018, travestis e transexuais que disputam um mandato eleitoral podem solicitar a alteração do nome no título de eleitor. Desta forma, os candidatos podem ter todo o processo de candidatura registrado com o nome social. Antes, essa designação podia ser adotada apenas como nome de urna, em que pode ser utilizado nome, sobrenome ou mesmo um apelido.

Esse era o caso de Larissa Lorran. A candidata a vereadora de Vitória pelo PP já disputou outras seis vezes utilizando este nome apenas na urna, mas com o de batismo no registro de candidatura. Agora, pela primeira vez, ela vai concorrer com o nome social registrado.

“Era uma questão complicada e me incomodava. Muitas pessoas faziam questão de nos chamar pelo nome de batismo. Hoje, já me sinto muito mais confortável sendo tratada pelo nome social”, analisa.

Além do reconhecimento, o nome social é a garantia de um direito que promove dignidade e reafirma a diversidade de candidatos nas campanhas eleitorais. A candidata Joyce Rodrigues da Silva, do PSDB, fala sobre a importância de ser tratada pelo nome que a representa.

“Em primeiro lugar, o nome é uma questão de respeito. É importante promover a visibilidade porque isso é uma escolha sua. Isso é sobre você”, sustenta. Assim como Larissa, Joyce também já havia disputado um mandato utilizando o nome social somente na urna e, desta vez, concorre em Bom Jesus do Norte da maneira que quer ser reconhecida.

Mas há também quem já na primeira disputa utilizará o nome social na eleição. Larissa Monteiro, candidata a vereadora de Rio Bananal pelo PDT, relembra a emoção de ter segurado pela primeira vez os documentos com os novos registros, e afirma que o direito conquistado é fruto de muita luta da comunidade LGBTQIA+.

“Para mim, é uma conquista que não tem preço. É muito bom ver as pessoas me chamando por Larissa e não pelo nome de registro”, ressalta.

Além de Joyce e das Larissas, foram realizadas 168 solicitações de nome social à Justiça Eleitoral nessas eleições no país, todas para o cargo de vereador. Os números podem não representar a totalidade de candidatos e candidatas travestis e transexuais, uma vez que alguns podem já ter concluído o processo de retificação do nome, além do fato de que a solicitação ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) precisa ser feita pelo responsável e há prazos para ser realizada.

Apesar do direito ter sido conquistado em 2018, o Espírito Santo não registrou candidatos com nome social nas eleições passadas.

NOME SOCIAL É UMA DAS ETAPAS DE RETIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS

Evorah Cardoso, integrante do coletivo Vote LGBT e codiretora da ONG Me Representa, lembra que, antes de 2018, o nome de registro de transexuais e travestis era divulgado na base oficial. Ou seja, era o utilizado na ficha de candidatura, por veículos de imprensa e nos postos de votação. “O nome de urna não pode ser considerado como o verdadeiro respeito à identidade de gênero, ele é apenas um nome fantasia”, observa.

Entretanto, há uma diferença entre o nome social e o processo de retificação de documentação. “O nome social é um reconhecimento feito pelos órgãos administrativos ou instituições públicas e privadas que, independentemente da alteração do documento, reconhecem o nome pelo qual a pessoa quer ser identificada”, explica Evorah.

Devido às dificuldades do processo de retificação completa dos documentos de transexuais e travestis, a coordenadora do grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Associação GOLD), Deborah Sabará, destaca que todo reconhecimento de identificação é importante. “É preciso entender que, quando falamos de nome social, estamos falando de transexuais e travestis. Não estamos falando de nome artístico ou religioso. Sempre foi muito doloroso para essas pessoas se candidatarem com o nome de registro.”

Na experiência de eleitora, Deborah Sabará conta que, na última eleição, utilizou apenas o aplicativo e-Título com o nome retificado para votar. “O meu comprovante do sistema eleitoral apareceu como Deborah Sabará. O aplicativo mostrou a minha foto e ninguém me tratou diferente“, relata. A sensação de ter sido reconhecida é descrita por ela como de valorização da dignidade.

Que tal compartilhar?

Share on facebook
No Facebook
Share on twitter
No Twitter
Share on linkedin
Share on Linkdin
Share on whatsapp
No Whatsapp

Leia também:

Deixe seu comentário