Sobrevivente de loja que desabou há 32 anos em Vitória: “Tive muita sorte”

Desabamento de loja no Centro de Vitória em 1988. Crédito: Nestor Muller

Lourenço Brumana foi um dos sobreviventes do desabamento de uma loja no Centro de Vitória, há 32 anos, mas perdeu a mãe e o irmão na tragédia. Ele se emocionou ao ver o caso ser relembrado por uma reportagem especial de A Gazeta.

“Foi indescritível. Aquele foi o lugar que eu sobrevivi, mas outras pessoas perderam a vida”. Essa declaração é de Lourenço Molino Brumana, que tinha cinco anos quando sobreviveu ao desabamento de uma loja de calçados, na Rua Gonçalves Dias, no Centro de Vitória. A frase é especialmente forte, porque entre as pessoas que morreram na tragédia estão a mãe e o irmão dele. Hoje ele é advogado e, aos 38 anos, ainda consegue descrever perfeitamente o aconteceu naquele dia em que teve a vida transformada.

Na última quinta-feira (29), uma marquise desabou na Praça Oito, no Centro de Vitória, após o acidente, A Gazeta preparou uma reportagem especial relembrando o desabamento da loja em que Lourenço e a família foram vítimas, há 32 anos. Ao ler a reportagem ele se emocionou e decidiu contar como foi a vida dele após a tragédia.

“Eu gostei muito da reportagem. Acho que é uma boa homenagem às pessoas que perderam as vidas naquele lugar. Torço para que isso sirva de exemplo para que as pessoas tomem mais cuidado”, comentou.

“APESAR DE CINCO ANOS DE IDADE, LEMBRO DE TUDO PERFEITAMENTE”.

Ele conta que o cenário descrito pelo pai foi o seguinte: no dia 6 de setembro de 1988, Margarida Molino Brumana buscou o filho mais velho na creche, acompanhada do caçula. Seria um dia normal, em que ela levaria as crianças no Centro de Vitória, pagaria algumas contas e compraria presentes. Pelo visto, uma loja de sapatos chamou a atenção de Margarida. Junto dos filhos, ela entrou no local. Apenas o filho mais novo, de 3 anos de idade, Gustavo Molino Brumana a acompanhou para o interior do imóvel. Lourenço diz que permaneceu na frente da loja, sem saber que os minutos seguintes seriam desesperadores.

“Minha mãe gostava muito de presentear as pessoas. Por isso, fomos à loja de sapatos. Chegando lá, ela foi para os fundos do imóvel, junto do meu irmão. Como já era um pouco maior, acabei me distanciando deles. Minha mãe sentou em uma daquelas cadeiras de provar sapato e fiquei andando pela loja mexendo nos sacos de cimentos que estavam espalhados, porque a loja estava em reforma. Eu estava na parte da frente quando tudo veio abaixo”, contou.

Na ocasião, Lourenço deu uma entrevista sobre o ocorrido. “O que aconteceu foi como um terremoto, mas eles só conseguiram me tirar. A minha mãe ainda ficou”, disse ele na época com cinco anos de idade.

OS DETALHES QUE AINDA ECOAM NA MENTE DE LOURENÇO

Lourenço diz que ainda consegue sentir as sensações daquele momento. O gosto de sangue e cimento, a poeira que pairava no local e os gritos de uma pessoa soterrada ao lado são detalhes vivos na memória do advogado. Após 32 anos, Lourenço destaca que tudo foi muito marcante e depois daquele dia, a infância dele foi completamente modificada.

“Eu lembro que tinha uma pessoa do meu lado que dizia o tempo todo que ia morrer. Eu fiquei em um lugar que formou uma espécie de bolsa embaixo da laje que caiu. Tive muita sorte, mas caiu tudo de uma vez. Desmaiei e acordei várias vezes, até que me vi acordando em um túnel com pessoas me puxando. Quando saí tinha uma multidão do lado de fora da loja. Fui socorrido e perguntei pela minha mãe e meu irmão, mas informaram que eles estavam em outro hospital. Eu só soube o que aconteceu com eles dois dias depois”, relatou.

A mãe, Margarida Molino Brumana, e o irmão de Lourenço, Gustavo Molino Brumana, morreram na tragédia junto com Arlindo Ramos.

A RELAÇÃO COM O PAI

Criado pelo pai, José Rosário Brumana, Lourenço faz uma pequena pausa para procurar a palavra certa para descrevê-lo. Ao recuperar o fôlego e organizar as ideias, ele escolheu “herói” para descrever a figura paterna.

“É muito ruim a sensação de ter perdido alguém que ele gostava muito. A minha mãe era muito querida e bonita. Muitas pessoas descrevem ela para mim como espetacular. Então, imagina como é perder alguém tão especial?! Mas meu pai acabou sendo muito guerreiro, porque ele enfrentou tudo isso e me criou”, relatou. Margarida Molino Brumana, uma das vítimas do desabamento ocorrido em Vitória há 32 anos. . Crédito: Lourenço Molino Brumana

José Rosário Brumana, de 59 anos, também tem memórias fortes daquele dia. Recebeu a notícia do desabamento por um amigo do trabalho que o acompanhou no trajeto até o Centro de Vitória, junto de uma assistente social. José Rosário descreve aquele 6 de setembro como um dia triste.

“Enquanto eu estava indo para o local fui informado que meus familiares estavam no hospital que hoje é o São Lucas. Cheguei lá e eles já tinham falecido. O Lourenço estava em outro lugar realizando o tratamento. Foi uma fatalidade muito triste. Depois eu encontrei o meu filho e conversei com ele. Precisei ter muita força, porque eu também era muito jovem. A vida desabou”, detalhou.

A retomada da rotina foi um processo difícil, mas necessário. Foi preciso alguns anos para José Rosário se restabelecer. Com a casa vazia, ele organizou uma nova rotina para se aproximar ainda mais do filho de cinco anos. A avó de Lourenço rotineiramente os visitava para auxiliar nos cuidados da casa.

José e Lourenço cultivaram, desde então, uma relação muito boa. Pai e filho se apoiaram durante o processo de cura e estabeleceram uma ligação familiar muito forte. Moram em bairros próximos e se veem com frequência. José se casou novamente e Lourenço ganhou um novo irmão, que atualmente tem 20 anos.

“Toda vez que eu passo lá (no local do acidente) é como se eu estivesse arranhando uma cicatriz. Demorou para cicatrizar. Foi doloroso. É doloroso”, comentou José Rosário.

Jingle eleitoral: conheça o processo de criação dos hits das campanhas

Walber Morais produz jingles políticos há quatro anos. Crédito: Arquivo pessoal

Produtores musicais explicam que processo vai de conversa com o candidato até finalização do áudio em estúdio. Preço das canções pode chegar até R$ 3,5 mil.

Em períodos eleitorais, uma coisa é certa: um jingle político vai colar na sua cabeça. Independentemente se for uma paródia, um remix ou uma melodia inédita, é uma ferramenta estratégica usada pelas campanhas. Quem escuta nas rádios ou nos carros de som as músicas que “grudam”, talvez não imagina que a tarefa de compor os hits sazonais das eleições não é simples. Referência e destreza musical são necessárias para a criação do jingle da vitória.

O processo de produção varia entre os profissionais do ramo, mas algumas etapas se repetem para eles. Antes de afinar os instrumentos e preparar as vozes, os produtores musicais conversam com os candidatos em busca das informações básicas, como nome, número na urna, local de moradia e cargo a ser disputado.

Em seguida, exploram a história e os posicionamentos defendidos por quem tenta um mandato eletivo. Com o rascunho elaborado e as ideias alinhadas, os profissionais preparam a letra, criam a melodia e entram em estúdio para gravar os instrumentos, adicionar os vocais e finalizar o áudio.

Dependendo da demanda de trabalho na eleição, todo esse processo precisa ser repetido várias vezes. Só em 2020, o cantor e assessor parlamentar Leo Gomes compôs 30 jingles.

“Quando veio a pandemia, os shows diminuíram bastante e eu patrocinei alguns posts nas redes sociais para divulgar o meu trabalho. Foi uma loucura. Quase não dei conta de tanto jingle que fiz neste ano”, contou Leo, que atua há mais de 10 anos como produtor musical.

E com uma campanha eleitoral curta – de 45 dias –, o prazo de entrega da música para os candidatos também pode ser crucial. No caso do Leo, o período pode ser de apenas 48 horas.

Produtor musical há 25 anos, Warley Kaiser sabe bem como é a correria para elaborar as canções que vão ficar na cabeça dos eleitores. No início da carreira, ele se trancava em estúdios com outros amigos compositores para cumprir as altas demandas nos períodos de campanha eleitoral.

Apenas em 2006, Warley produziu 54 jingles. Agora, já mais experiente, possui uma visão diferente dos processos de produção e pensa duas vezes antes de aceitar um trabalho. “Quero acreditar que o candidato com que estou trabalhando é digno do meu voto. Se isso não acontece, sinto que estou em dívida comigo, porque vou acabar compondo algo que eu não acredito”, afirmou.

O produtor e assessor de marketing Walber Morais também avalia ser importante ser fiel às próprias ideias ao aceitar um trabalho em uma campanha eleitoral. Ele afirmou, contudo, que nunca precisou recusar uma proposta por não concordar com um candidato.

“Temos de ter princípios e defender nossas causas e bandeiras e precisamos manter o profissionalismo. Às vezes, me deparo com algumas coisas e penso ‘Meu Deus, que isso?’, mas não cheguei ao ponto de ver algo tão absurdo que eu tenha negado a participação”, disse.

Walber produz jingles desde 2016. No total, 40 canções eleitorais levam a assinatura dele, sendo 15 apenas neste ano.

Assim como varia o valor que os candidatos têm para desembolsar com as campanhas, também há preços diferentes para a confecção dos jingles. No mercado, o preço pode ir de R$ 500 a R$ 3,5 mil. Isso porque a precificação das canções considera o tempo das canções, os instrumentos utilizados e a complexidade dos acordes musicais.

NAS RUAS, JINGLES ESTÃO MENOS PRESENTES

A produção de jingles ainda é alta, mas eles não estão tão presentes nas ruas em 2020. Isso se deve, em grande medida, de acordo com o especialista em Marketing Político Darlan Campos, às regras destas eleições.

“Nas eleições de 2020, houve algumas limitações, principalmente, no uso de carros de som. Agora, eles só podem circular onde está o candidato. Uma mudança dessas já diminui bastante a utilização dos jingles”, explicou.

Morador de Vila Velha, o produtor musical Warley Kaiser diz que é até difícil acreditar que a votação está tão próxima – o 1º turno ocorre no próximo domingo, dia 15. “Tem sido uma campanha atípica. Acho que é um desserviço para a democracia, porque os candidatos não são expostos”, observou.

A chamada publicidade volante, com uso de carros de som, trios elétricos e minitrios, foi regulamentada em 2020. De acordo com a nova norma eleitoral, as propagandas sonorizadas só podem ser utilizadas em passeatas, reuniões e carreatas, respeitando o limite de 80 decibéis de nível de pressão sonora. Esses veículos não podem circular aleatoriamente pelas cidades.

Confira a matéria em A Gazeta.

Foi vapt-vupt: eleitores levaram 30 segundos para votar no 2° turno

Manhã de votação tranquila na escola Judith Leão Castello Ribeiro, em Pitanga, na Serra. Poucas filas e tempo de votação bem rápido entre os eleitores. Crédito: Vinicius Viana

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o tempo estimado no primeiro turno foi de 45 segundos. Redução no fluxo de eleitores e menor número de candidatos podem ter sido os motivos da agilidade no processo.

Eleitores de Cariacica, Vila Velha, Vitória e Serra voltaram às urnas neste domingo (29) para o segundo turno das eleições municipais. Em relação ao primeiro turno, o tempo de votação diminuiu.

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a estimativa é de que os eleitores têm levado apenas 30 segundos, desde o registro de identificação até a confirmação nas urnas. No primeiro turno, o tempo estimado foi de 45 segundos. O fato de ser apenas um candidato neste segundo turno contribuiu para a agilidade do processo.

“Não tinha quase ninguém na fila, foi muito rápido. Demorei menos de 2 minutos para votar. Tudo está muito organizado dentro das seções. Neste segundo turno, parece que menos pessoas vieram votar, então caminhou mais rápido”, afirmou a auxiliar de serviços gerais Penha Maria do Nascimento, de 53 anos, que votou na EEEF José Maria Ferreira, em Nova Brasília, Cariacica.

Mesmo sendo um processo mais rápido, alguns eleitores decidiram não arriscar e chegaram antes nos locais de votação para não enfrentar fila. “Vim cedo por conta de compromissos durante o dia e é um horário melhor, com poucas pessoas. Dá para votar rápido. Fui o segundo da minha sessão”, afirmou o topógrafo Agilton Marques, 52, que votou em uma escola do bairro Bento Ferreira, em Vitória.

A administradora da escola Judith Leão Castello Ribeiro, em Pitanga, na Serra, Tatiane Borges, comentou que, além dos eleitores terem votado apenas para o cargo de prefeito, o fluxo também parece ter sido reduzido, o que agilizou ainda mais o processo. “Comparando com o primeiro turno, observamos um número bem menor de eleitores no mesmo horário. Como agora, também, só se vota para prefeito o tempo de votação tem sido bem mais rápido. Só dois números para digitar”, observou.

Candidatas no ES usam nome social na disputa pela primeira vez

Joyce, Larissa Lorran e Larissa Monteiro disputam cargo de vereadora no ES e se registraram com nome social. Crédito: Montagem/Arquivo pessoal

Seis travestis e transexuais solicitaram a retificação do nome de registro para concorrer nas eleições municipais de 2020

Larissa e Joyce. Dois nomes que, para três candidatas do Espírito Santo, carregam um peso especial: o do reconhecimento. Em 2020, pela primeira vez, travestis e transexuais que disputam eleições municipais podem utilizar o nome social. No Estado, seis candidatas solicitaram a alteração do registro para serem representadas nas urnas com nomes que refletem a identidade de gênero.

Desde 2018, travestis e transexuais que disputam um mandato eleitoral podem solicitar a alteração do nome no título de eleitor. Desta forma, os candidatos podem ter todo o processo de candidatura registrado com o nome social. Antes, essa designação podia ser adotada apenas como nome de urna, em que pode ser utilizado nome, sobrenome ou mesmo um apelido.

Esse era o caso de Larissa Lorran. A candidata a vereadora de Vitória pelo PP já disputou outras seis vezes utilizando este nome apenas na urna, mas com o de batismo no registro de candidatura. Agora, pela primeira vez, ela vai concorrer com o nome social registrado.

“Era uma questão complicada e me incomodava. Muitas pessoas faziam questão de nos chamar pelo nome de batismo. Hoje, já me sinto muito mais confortável sendo tratada pelo nome social”, analisa.

Além do reconhecimento, o nome social é a garantia de um direito que promove dignidade e reafirma a diversidade de candidatos nas campanhas eleitorais. A candidata Joyce Rodrigues da Silva, do PSDB, fala sobre a importância de ser tratada pelo nome que a representa.

“Em primeiro lugar, o nome é uma questão de respeito. É importante promover a visibilidade porque isso é uma escolha sua. Isso é sobre você”, sustenta. Assim como Larissa, Joyce também já havia disputado um mandato utilizando o nome social somente na urna e, desta vez, concorre em Bom Jesus do Norte da maneira que quer ser reconhecida.

Mas há também quem já na primeira disputa utilizará o nome social na eleição. Larissa Monteiro, candidata a vereadora de Rio Bananal pelo PDT, relembra a emoção de ter segurado pela primeira vez os documentos com os novos registros, e afirma que o direito conquistado é fruto de muita luta da comunidade LGBTQIA+.

“Para mim, é uma conquista que não tem preço. É muito bom ver as pessoas me chamando por Larissa e não pelo nome de registro”, ressalta.

Além de Joyce e das Larissas, foram realizadas 168 solicitações de nome social à Justiça Eleitoral nessas eleições no país, todas para o cargo de vereador. Os números podem não representar a totalidade de candidatos e candidatas travestis e transexuais, uma vez que alguns podem já ter concluído o processo de retificação do nome, além do fato de que a solicitação ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) precisa ser feita pelo responsável e há prazos para ser realizada.

Apesar do direito ter sido conquistado em 2018, o Espírito Santo não registrou candidatos com nome social nas eleições passadas.

NOME SOCIAL É UMA DAS ETAPAS DE RETIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS

Evorah Cardoso, integrante do coletivo Vote LGBT e codiretora da ONG Me Representa, lembra que, antes de 2018, o nome de registro de transexuais e travestis era divulgado na base oficial. Ou seja, era o utilizado na ficha de candidatura, por veículos de imprensa e nos postos de votação. “O nome de urna não pode ser considerado como o verdadeiro respeito à identidade de gênero, ele é apenas um nome fantasia”, observa.

Entretanto, há uma diferença entre o nome social e o processo de retificação de documentação. “O nome social é um reconhecimento feito pelos órgãos administrativos ou instituições públicas e privadas que, independentemente da alteração do documento, reconhecem o nome pelo qual a pessoa quer ser identificada”, explica Evorah.

Devido às dificuldades do processo de retificação completa dos documentos de transexuais e travestis, a coordenadora do grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Associação GOLD), Deborah Sabará, destaca que todo reconhecimento de identificação é importante. “É preciso entender que, quando falamos de nome social, estamos falando de transexuais e travestis. Não estamos falando de nome artístico ou religioso. Sempre foi muito doloroso para essas pessoas se candidatarem com o nome de registro.”

Na experiência de eleitora, Deborah Sabará conta que, na última eleição, utilizou apenas o aplicativo e-Título com o nome retificado para votar. “O meu comprovante do sistema eleitoral apareceu como Deborah Sabará. O aplicativo mostrou a minha foto e ninguém me tratou diferente“, relata. A sensação de ter sido reconhecida é descrita por ela como de valorização da dignidade.

Projeto Eleições Fora da Bolha: confira cobertura completa

Todos os anos os residentes produzem um projeto especial de conclusão de curso. Em 2020, este projeto é o Eleições Fora da Bolha. Os alunos foram desafiados a cobrir as eleições em regiões com características opostas aos seus bairros de origem.

Os 12 focas trabalharam na produção, cobrindo, em duas etapas referentes ao 1º e 2º turno, as Eleições Municipais 2020. 

A seguir, você encontra as matérias concebidas à luz do projeto. Navegue pelos botões na tela e clique para ser redirecionado à página de publicação original.

COMO NAVEGAR

Os botões verdes representam as reportagens de cobertura do primeiro turno, nas quais os residentes abordam os principais problemas das cidades de acordo com a opinião dos moradores. 

Clicando nos botões de cor laranja, o usuário é redirecionado às matérias de segundo turno. Nessas, os jornalistas se debruçaram sobre os planos de governo dos candidatos que batalhavam pela Prefeitura de cada cidade e escreveram sobre as propostas de solução aos problemas apontados nas primeiras matérias.

Vitória

Lorraine Paixão mora em Central Carapina, na Serra; Karolyne Bertordo em Vila Garrido, Vila Velha; e Rafael Carelli, no bairro Belvedere, em Belo Horizonte (MG). Assim, com a missão de saírem de suas “bolhas”, eles foram até a Ilha do Frade, Jardim Camburi e São Pedro. Confira a produção dos residentes:

Vila Velha

Os residentes Israel Magioni, morador do bairro Porto Novo, em Cariacica,  Nádia Prado, de Santo Agostinho em Belo Horizonte (MG),  e Vinícius Zagotto, do bairro Esplanada, em Castelo (ES) foram conhecer São Torquato, Praia da Costa e Terra Vermelha. Suas reportagens podem ser conferidas abaixo:

Cariacica

Taísa Vargas, moradora da Praia da Costa, em Vila Velha; Maiara Dal Bosco, de Jardim América, em Goiânia (GO) e Vinícius Viana, de André Carloni, na Serra, mostraram a realidade dos bairros Jardim América, Campo Grande e Flexal I e II. Leia no site de A Gazeta e neste Portal:

Serra

Daniel Reis, do bairro Acamari, em Viçosa (MG); Maria Fernanda Conti e Mônica Moreira, ambas de Jardim da Penha, em Vitória, foram nos bairros Manguinhos, Feu Rosa e São Diogo. O trio apresentou problemas e opiniões de moradores da Serra com as reportagens a seguir:

Texto de Karolyne Bertordo para o Portal da Residência.

Fotos de domínio privado. Todos os direitos reservados.

Energético faz mal? Candidato Red Bull do Espírito Santo revive polêmica

Após candidato eleito posar com lata de energético durante vitória no segundo turno em Vila Velha, debate sobre os perigos do consumo de bebidas estimulantes volta à cena.

 

Se antes a vitória era celebrada com uma taça, dessa vez ela foi simbolizada por uma lata de energético. Em tom de ironia, o candidato Arnaldinho Borgo (PODE), no domingo (29), ergueu um Red Bull para provocar o segundo colocado das eleições para prefeito de Vila Velha.

Isso porque durante um debate realizado por A Gazeta, Max Filho (PSDB) ironizou o rival que, em uma entrevista, afirmou a necessidade de se ter energia para governar a cidade. O candidato do PSDB disse que os problemas do município não seriam resolvidos tomando Red Bull.

De cima do trio elétrico, Arnaldinho Borgo rebateu as provocações ao lado do vice Victor Linhalis (Solidariedade), e do prefeito de Viana e presidente estadual do Podemos, Gilson Daniel. “Me chamaram de menino, mas esse menino tem muita energia e não precisa de Red Bull para comandar Vila Velha”, alfinetou.

Essa polêmica bebida sempre levantou discussões na sociedade em relação ao consumo excessivo que pode levar à dependência ou a combinações perigosas com bebidas destiladas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já considerou o energético como um perigo em potencial para a saúde pública. Diante de tantas informações, ouvimos especialistas para nos revelar quais os reais problemas em se tomar essa bebida estimulante.

Juliana Tinelli, 42, é nutricionista e chama atenção para o consumo exagerado de energéticos. Crédito: Juliana Tinelli
Juliana Tinelli, 42, é nutricionista e chama atenção para o consumo exagerado de energéticos. Crédito: Juliana Tinelli

Para a nutricionista Juliana Tinelli consumir energético em excesso pode representar riscos do indivíduo, mas é importante avaliar alguns fatores antes. Ela afirma que cada um responde de forma diferente ao produto, podendo apresentar problemas cardíacos, hipertensão, insônia e até queda de rendimento.

Tudo isso devido à composição dos energéticos que contêm ingredientes estimulantes e grandes quantidades de açúcar, além de cafeína (em quantidades exageradas), taurina e inositol.

“Mas o que causa a dependência é o excesso. A pessoa que ingere muito pode sofrer uma queda de energia muito brusca no organismo após consumir, chamada de efeito rebote. Isso causa uma dependência porque ela sente a necessidade de ficar o tempo todo ligado, estimulando essa produção”, comentou a nutricionista

Betina Rezende, 23, trabalha com marketing e se considera viciada em energético . Crédito: Betina Rezende
Betina Rezende, 23, trabalha com marketing e se considera viciada em energético . Crédito: Betina Rezende

Betina Rezende, 23, trabalha com marketing e tem o energético como parte da rotina. Ela conta que amigos e familiares frequentemente a questionam sobre o consumo da bebida, e que desde o início da quarentena tem tentado reduzir as doses.

“Há 3 anos, mais ou menos, eu tive uma hiperglicemia com o excesso de açúcar do energético e acabei desmaiando. Desde então, tenho reduzido o consumo e prestado mais atenção na composição das bebidas. A quarentena também ajudou nesse processo, porque o home office me deu novos hábitos de trabalho e uma rotina de sono melhor“, relatou Betina.

O PERIGO DAS COMBINAÇÕES COM ENERGÉTICO

Quando combinado com outras substâncias estimulantes, o energético pode ser fatal. Em novembro do ano passado, Isabella Bueno, de 19 anos, morreu em Londrina, no Paraná, após ter misturado a bebida com cerveja. De acordo com a família, ela já apresentava quadros de problemas cardíacos e teve uma parada cardiorrespiratória com a combinação.

“Muitos jovens costumam misturar o energético com bebidas destiladas, o que eleva a pressão arterial. Os batimentos cardíacos ficam acelerados e podem demorar até dois dias para voltar ao normal“, destacou a cardiologista Kátia Vasconcellos.

Ela acrescenta ainda que muitas pessoas utilizam a bebida para enganar o cansaço e aumentar o desempenho do organismo. O perigo desse tipo de conduta é acabar mascarando outros tipos de doença. Por isso, o recomendado é regular o sono, levar uma vida mais saudável, se alimentar bem e consumir as vitaminas recomendadas.

Música na palma da mão: artistas capixabas fazem som pelo celular

Artistas capixabas fazem do celular um estúdio de música e criam arte a partir do telefone

Um celular e muita criatividade são os elementos principais para artistas capixabas que encontraram uma forma alternativa de fazer música. CellO e Natã Sequela são dois produtores do Estado que fazem do telefone um estúdio e produzem canções a partir dos próprios aparelhos. Unindo tecnologia e arte, esses artistas utilizam aplicativos gratuitos que simulam instrumentos virtuais e mesas de som.

CellO é um DJ e produtor de Viana, que sempre foi ligado a música. O artista já fez parte de algumas bandas, mas destaca que gosta mesmo é de criar e produzir. O DJ e produtor edita as artes do singles e, até, videoclipes pelo celular. A bagagem musical que transita entre diferentes estilos ajuda no processo criativo e já rendeu mais de 50 faixas disponíveis no Spotify. “Sempre tive uma boa cabeça e muita criatividade para música. O trabalho que faço hoje é igual a qualquer outro artista, a diferença é que eu faço tudo pelo meu sofá”, comenta o produtor.

Para Natã Sequela, a música está na palma da mão. O artista começou a se interessar por produção musical há um ano, quando descobriu que outros colegas também estavam desenvolvendo projetos utilizando o celular. Natã afirma que acreditar no próprio trabalho foi um dos primeiros passos para se conhecer como artista e hoje ama o que faz. “Só preciso de um fone, um celular com internet e uma caixinha de som. Mas também gosto de visualizar a música de uma forma diferente. Não só como um som ou uma batida. Gosto imaginar onde aquela história se passa”, afirma Natã.

Matéria completa.

Ensino musical na adolescência promove inclusão social e desenvolvimento humano

Música ajuda no desenvolvimento humano de acordo com psicólogo estadunidense

Conhecimento musical é considerado uma das inteligências múltiplas para psicólogo cognitivo e educacional estadunidense. 

Para criar uma música a receita é simples. Escolha algumas notas e as organize em acordes. Depois separe algumas palavrinhas e encaixe na melodia criada. Os instrumentos são a gosto. Você pode usar um violão ou acrescentar baterias, guitarras e violinos. Quando pronta você pode servir em fones de ouvido, caixas de som, cantar com amigos ou dividir com a família. Fique à vontade. 

Mas apesar da receita ser a mesma, a música nunca se repete. As inúmeras combinações entre notas musicais e variantes de acordes sempre são capazes de estabelecer novas ligações sonoras que podem até soar parecidas, mas quase nunca são idênticas. E se por um lado a música é capaz de mover pessoas através das melodias, por outro a educação musical quando feita desde cedo é capaz de fortalecer áreas cognitivas no indivíduo e incentivar o desenvolvimento humano. 

Essas habilidades provindas de aulas de musicalização foram incluídas na Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner. Para o psicólogo cognitivo e educacional estadunidense, a inteligência humana não pode ser medida apenas nos conhecimentos lógicos e matemáticos indicados pelo Quociente de Inteligência (QI). Ele destaca que ela está dividida em sete áreas, incluindo a música. Dessa forma, o estímulo dessas inteligências é capaz de desenvolver a sociabilidade e o emocional dos indivíduos. 

“Música importa”

Lucas Anizio se apaixonou pelo violino e hoje é professor do Projeto Vale Música Serra
Lucas Anizio se apaixonou pelo violino e hoje é professor do Projeto Vale Música Serra

Como é o caso de Lucas Anizio, 32, ex-aluno e atual professor do Vale Música Serra. Ele conta que começou a tocar violão aos 11 anos de idade, apenas por curiosidade, e aos 13 se matriculou no projeto por incentivo da mãe e se apaixonou pelo violino. Ela que esteve à frente da minha formação musical. Sempre lutou muito. Na época, eu nem entendia muito bem porque ela se sacrificava tanto indo de escola em escola tentando me matricular. Mas ela sempre disse: ‘música importa e eu quero isso para você’”, revelou.

Além de ter encontrado na música uma profissão, Lucas revela que fazer parte de um projeto musical ofertou oportunidades que não encontrava na região em que morava. “Eu morei em um bairro da Serra que assim como os outros têm problemas de criminalidade muito fortes. Tive alguns amigos que não estão mais vivos. Mas sempre fui muito focado no que queria e não deixava nada me atrapalhar”, comentou.

Confira o podcast com a entrevista completa:

Determinado a seguir a carreira musical, Lucas se dedicou as aulas do projeto Vale Música Serra e hoje é professor e maestro regente. É como se eu estivesse devolvendo tudo aquilo que a vida me deu, por isso me vejo nos alunos. Tenho muito amor e me entrego por saber que posso colaborar com a inclusão social e transformar a vida deles pela música, contou. 

Ainda emocionado, ele também revela que é muito grato ao projeto e que dos momentos mais marcantes destaca viagens a Nagoya e Tokyo, no Japão, e Nova Iorque, nos Estados Unidos. 

Projeto Vale Música Serra 

Projeto Vale Música completa 20 anos de história
Projeto Vale Música completa 20 anos de história

Por considerar a música uma linguagem universal, o Projeto Vale Música, que em 2020 completa 20 anos, busca ampliar e fortalecer a formação de crianças, adolescentes e jovens para as canções de concerto no Brasil. 

O projeto conta com diversos grupos artísticos como a Orquestra Jovem Vale Música, a Camerata Jovem Vale Música, o grupo Vale Música Jazz Band, a Banda Sinfônica Vale Música, o Coral Infantil Vale Música e o Coral Jovem Vale Música, que se apresentam em eventos na Grande Vitória e em demais regiões do país.

Atualmente patrocinado pela Vale, ele atende a 200 alunos de 7 a 29 anos, na Estação Conhecimento Serra, em Cidade Continental; e a 70 alunos de 7 a 11 anos, no Núcleo do Vale Música, no Parque Botânico Vale.

 

Como participar:

As inscrições para o programa são abertas anualmente. Podem se inscrever crianças e adolescentes que sejam alunos da rede pública de ensino ou bolsista de escolas particulares de regiões pré-determinadas em cada localidade. 

Não é necessário que a criança tenha iniciação musical ou saiba algum instrumento. Este processo é totalmente gratuito. 

Mais informações no site www.estacaoconhecimentoserra.org.