Vila Velha: o que propõem os candidatos para os principais problemas da cidade?

por: Israel Maggioni, Nádia Prado e Vinicius Zagoto

Arnaldinho Borgo (Podemos) e Max Filho (PSDB) disputam o segundo turno em Vila Velha

Novas eleições, velhos dilemas. Os problemas citados pelos moradores de Vila Velha como principais desafios do município, na pesquisa realizada pelo Ibope em outubro, arrastam-se por décadas. A cada quatro anos, os candidatos que pleiteiam o cargo de prefeito têm a oportunidade de propor soluções para essas demandas nos planos de governos apresentados obrigatoriamente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no registro da candidatura. 

Segurança, Saúde, Educação e falta de saneamento estão entre as principais reclamações dos moradores de Vila Velha, conforme mostramos em duas reportagens da série Eleições Fora da Bolha, realizada pelos alunos do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta.

A persistência das demandas até hoje mostra que não existe solução fácil. Quais são, então, as propostas de Arnaldinho Borgo (Podemos) e Max Filho (PSDB), candidatos que disputarão o 2º turno das Eleições 2020, para esses problemas? 

A seguir, você confere as propostas de Arnaldinho e Max para os 4 principais problemas de Vila Velha, e a análise de especialistas sobre as promessas realizadas.

PALAVRAS-CHAVE RELACIONADAS AOS 4 PROBLEMAS EM CADA PLANO DE GOVERNO

Programa de Arnaldinho Borgo (Podemos)

Esgoto: 0

Esgotamento: 1

Drenagem: 6

Saneamento: 9 

Saúde: 27

Educação: 18

Água/águas: 3

Rio/rios: 3

Segurança: 11

Proteção: 5

Mulher/mulheres: 6

Programa de Max Filho (PSDB)

Esgoto: 1

Esgotamento: 0

Drenagem: 3

Saneamento: 3 

Saúde: 17

Educação: 16

Água/águas: 2

Rio/rios: 1

Segurança: 6

Proteção: 9

Mulher/mulheres: 0

O QUE PROPÕEM ARNALDINHO E MAX?

SEGURANÇA

Arnaldinho Borgo (Podemos)

O plano do candidato promete valorizar a Guarda Municipal, equipando-a, dando treinamento aos agentes e integrando-a às demais forças de segurança pública, além de construir um setor de inteligência e implantar módulos 24 do órgão.

Pretende realizar manutenção e ampliação das câmeras, tornando o videomonitoramento mais ativo e implantando tecnologias como reconhecimento facial e o cerco inteligente, além de um monitoramento real do controle de tráfego.

Sobre o âmbito escolar, quer inserir o projeto Guarda Mirim nas escolas da rede pública e fortalecer a Patrulha escolar. Pretende também reforçar segurança na área rural, executar as ações do plano municipal de proteção e defesa civil, revitalizar e ampliar postos de guarda-vidas, buscar investimentos para a área da segurança pública e revisar o Plano de Segurança Municipal.

 

Max Filho (PSDB)

O plano do candidato promete fortalecer o Sistema Municipal de Defesa Social e Proteção ao cidadão, dinamizar as atividades do Conselho Municipal de Defesa Social e Segurança: Gabinete de Gestão Integrada Municipal de Vila Velha (GGIM) e instalação dos Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (NUPDECs), e implantar o projeto “Cerco Eletrônico” integrado com a Secretaria de Segurança do Espírito Santo (Sesp).

Em relação à Guarda Municipal, quer promover o planejamento da ação do órgão em conjunto com a comunidade e expandir e promover a atualização tecnológica do sistema de videomonitoramento em áreas identificadas como prioritárias, dar continuidade ao plano de modernização dos equipamentos do órgão.

Contra a criminalidade, planeja apoiar as ações integradas dos agentes de segurança pública para a melhoria do combate ao consumo e tráfico de drogas.

O que diz o especialista?

“Falta fazer propostas que integram áreas da segurança com outras áreas como educação, planejamento urbano e saúde. Os candidatos podiam ousar mais em propostas integradas a outros campos” – Pablo Lira, professor do Mestrado em Segurança Pública da Universidade de Vila Velha (UVV)

Para o especialista, os planos focam muito na Guarda Municipal, mas somente ações de aumento de agentes não resolvem o problema. Já a expansão das câmeras de videomonitoramento, os leitores de reconhecimento de caracteres e a inclusão de reconhecimento fácil são avaliado como boas iniciativas. 

Pablo também ressalta como positiva a proposta do Gabinete de Gestão Integrada: “É algo interessante, pois as lideranças comunitárias podem contribuir muito com a questão da segurança. Você se aproxima mais do problema e faz com que a resolução seja mais efetiva”, afirma. No entanto, ressalta que faltam estratégias para prevenção criminal e uma menção mais específica nos planos sobre a integração de políticas de segurança pública estaduais e federais.

 

SAÚDE

Arnaldinho Borgo (Podemos)

O plano do candidato traz a gestão universalizada e o reordenamento dos investimentos como uma possibilidade para melhorar a saúde no município. Além disso, cita que a cidade é a com menor número de Unidades Básicas de Saúde (UBS) na região metropolitana, e que é necessário investir na atenção primária, ampliar o funcionamento de custeio e estimular o alcance dos resultados.

Em relação à tecnologia na saúde, pretende implementar sistema de agendamento online para consultas e informatizar informatizar e otimizar a distribuição de medicamentos na rede municipal. 

Quanto à prevenção e primeiros cuidados, planeja ampliar e fortalecer o número de equipes de estratégia da família, estabelecer programas educacionais de medicina preventiva, promover prevenção a saúde com política integrada de incentivo a prática de atividade  física e realizar o monitoramento de doenças transmissíveis ou não para o planejamento e a execução de ações em saúde pública.

Pretende também implantar odontologia nas unidades de saúde e centro de atenção psicossocial, executar a construção de novas unidades de saúde, levando em consideração o crescimento populacional, aprimorar o licenciamento sanitário de acordo com a classificação do risco, fortalecer o centro municipal de especialidades, instituir a central de transporte sanitário/ambulância e as unidades de estratégia de saúde da família, implantar residência médica e residência multiprofissional na rede de saúde e qualificar o acolhimento nas unidades de saúde.

 

Max Filho (PSDB)

O plano do candidato diz ter como meta promover a saúde pública efetiva e humanizada e afirma que as melhorias na saúde podem elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município. 

Para isso, quer colocar em operação as Unidades Básicas de Saúde, a UPA de Riviera, o Centro Especializado do Idoso e o Centro de Atenção Psicossocial de Jabaeté, além de reformar e ampliar as unidades de saúde do Bairro Araçás e Santa Rita, ampliando a cobertura de Estratégia de Saúde da Família;

Pretende ampliar treinamentos e capacitação em educação continuada em saúde para os funcionários da Saúde, com ênfase na humanização de atendimento e o plano de modernização das Unidades Básicas de Saúde, através da aquisição de equipamentos eletrônicos e informatização, permitindo a marcação de consultas e a disponibilização de resultados de exames pela internet e expandir a cobertura de Estratégia de Saúde da Família.

Planeja atualizar a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume), de acordo com a necessidade local, implantar o desenvolvimento institucional da secretaria de saúde envolvendo os trabalhadores da saúde, os usuários do sistema e suas representações nos Conselhos Gestores das unidades de saúde e no Conselho Municipal de Saúde;

Em relação à tecnologia, promete introduzir a telemedicina como alternativa de atendimento, nos casos em que o comparecimento do paciente não seja necessário nas unidades de saúde.

O que diz a especialista?

“Os dois planos de governo são apresentados com slogans genéricos que cabem em planos de qualquer candidato ou partido. Não há comprometimentos reais com mudança ou  propostas que possam ser acompanhadas e cobradas à posteriori pelos munícipes” – Elda Coelho de Azevedo Bussinguer – Pós doutora em Saúde Coletiva, doutora em bioética e coordenadora do Doutorado em Direito da FDV

Para a especialista, os planos não possuem registros de compromissos, nem referências abertas para um Sistema Único de Saúde (SUS) público, universal, integral e equânime. Elda ainda afirma que sem metas e indicadores objetivamente apresentados não há como o eleitor avaliar e diferenciar uma proposta da outra.

 

EDUCAÇÃO

Arnaldinho Borgo (Podemos)

Os planos do candidato para educação têm como objetivo a mudança da educação pública municipal realizando investimento em tecnologia e inovação educacional, beneficiando todas as etapas e modalidades de ensino. Para isso, Arnaldinho promete estruturar e capacitar profissionais para a utilização de recursos tecnológicos na educação,  incentivar boas práticas de ensino e de gestão nas escolas municipais e garantir continuidade e melhoria dos projetos e programas exitosos. 

O plano conta também com a criação de novas escolas e de uma biblioteca pública municipal, além de propor a criação da biblioteca online da rede de ensino. Para o Ensino de Jovens e Adultos (EJA), o projeto do candidato prevê a manutenção e expansão da oferta e formação para o trabalho no currículo do programa. Em bairros de vulnerabilidade social, as propostas se estendem à ampliação da oferta do tempo integral nos bairros de maior vulnerabilidade social.

Arnaldinho prevê em seu plano de governo o alinhamento do eixo saúde com educação. Além do planejamento para superar  passivo educacional no pós-pandemia, o programa conta com a implantação do sistema integrado para gestão de políticas de saúde, assistência, cultura e esporte na educação, a reorganização do programa saúde na escola e investir na atenção à saúde emocional dos profissionais. 

O programa conta com a promoção de acessibilidade nas escolas da rede municipal e desenvolvimento de políticas efetivas de inclusão educacional. Na formação dos profissionais, Arnaldinho cita o aperfeiçoamento na prática do magistério e na capacitação permanente para os gestores escolares. Ainda, aborda sobre o fortalecimento da cultura da gestão democrática na rede de ensino e instituição do fórum permanente de gestão dos investimentos na educação, com representatividade escolhida pela base do magistério municipal. 

Além de fomentar o ensino híbrido, Arnaldinho promete em seu plano de gestão municipal, a criação do programa de avaliação da aprendizagem e desenvolvimento de  um aplicativo para uso do fórum municipal de educação, visando o monitoramento das metas e estratégias previstas no plano municipal de educação. Por fim, o candidato pretende alinhar o currículo municipal aos documentos normativos estadual e nacional.

 

Max Filho (PSDB)

O plano de Max diz ter compromisso para atuar pela garantia de educação de qualidade, entregando investimento social. Para isso, pretende continuar priorizando a política de Educação Infantil com a construção de novas escolas, no momento são 10 unidades em construção.

A expansão na rede escolar tem por objetivo aumentar a oferta de vagas para crianças de 0 a 3 anos e também de 4 e 5 anos. O plano diz que serão entregues 3.500 novas vagas entre 2021 e 2022, o que antecipará a meta 1 da educação infantil prevista para 2024, do Plano Municipal de Educação, além disso, planeja também ampliar o número de matrículas em tempo integral.

Sobre tecnologia, cita implantar e implementar o ensino híbrido, conjugando atividades pedagógicas presenciais e não presenciais, que será uma nova modalidade no pós-pandemia, o que exigirá investimentos em novas ferramentas digitais, plataformas e equipamentos, bem como processos de formações específicas.

Pretende continuar as políticas e prioridade nos processos de alfabetização, tendo em vistas aos direitos de aprendizagem, de forma a assegurar uma base consistente nos processos de ensino-aprendizagem.

Em relação às medições sobre os níveis de aprendizagem, planeja continuar avançando na melhoria do desempenho das escolas da rede municipal de Vila Velha, tendo em vistas a promoção de uma educação socialmente referenciada, medida pelas avaliações nacionais e indicadores que balizam a educação pública brasileira (Prova Brasil/Saeb e IDEB), qualificando os processos de permanência e sucesso escolar.

Para os profissionais da educação, promete garantir programas de formação continuada e incentivos à permanente qualificação e progressão na carreira, além de garantir a gestão democrática, assegurando o exercício da autonomia financeira, didático-pedagógica e administrativa da escola, fortalecendo os órgãos de controle social e manutenção da eleição direta para o cargo de direção escolar.

E sobre inclusão, promete assegurar programas para alunos públicos alvo da educação especial, tendo em vista os direitos de aprendizagem e os direitos humanos, por meio de uma política articulada.

O que diz a especialista?

“As duas propostas são bem próximas. Ambas projetam ações para o uso de tecnologias na educação, mas não tocam em políticas de democratização de acesso à internet! Como tecnologista a educação sem possibilitar acesso a equipamentos e internet gratuita? Impossível!” – Cleonara Schwartz,  professora e especialista em Educação da Ufes

Para a especialista, Vila Velha já tem uma normatização da gestão democrática, mas isso não assegura que esteja ocorrendo: “Para ser assegurada, é fundamental o fortalecimento de instâncias colegiadas e de espaços de discussões e deliberações coletivas como fóruns de educação”, afirma.

Além disso, chama a atenção da professora o fato de uma das propostas mencionar como ação promover a acessibilidade: “Uma política de educação na perspectiva inclusiva busca assegurar ou garantir a acessibilidade e não promover”, afirma.

Segundo Cleonara, a proposta que apresenta compromisso com a gestão democrática mostra o diferencial de ser sensível à escuta e a participação da comunidade escolar nas definições tanto das políticas educacionais como das definições nas unidades escolares. Isso significa compromisso com a diversidade de opiniões e posições.

 

REDE DE ESGOTO

Arnaldinho Borgo (Podemos)

Para a rede de esgoto, o plano do candidato pretende fiscalizar a concessão das obras do saneamento, com a prefeitura como parceira em todo o processo, buscando sempre propostas para acelerar o programa de universalização do saneamento básico.

Em relação à drenagem, o plano do candidato do Podemos inclui o retorno do setor de drenagem composta de equipe técnica, instituição de departamento para elaboração e execução de pequenos projetos, revisão do plano diretor de drenagem urbana da cidade e criação do fundo para o programa de drenagem. Ainda sobre o assunto, Arnaldinho propõe estabelecer relacionamento entre a prefeitura e os governos federal e estadual nos projetos de drenagem e de saneamento e a retomada das obras de macrodrenagem do Canal do Congo.

O projeto prevê novas estações e manutenção de bombeamento e comportas existentes, criação de jardins de chuva e de núcleo do saneamento básico para gestão dos sistemas de água, esgotamento sanitário, coleta e destinação dos resíduos sólidos e manejo das águas pluviais e elaboração de plano municipal de gerenciamento de resíduos sólidos.

Arnaldinho propõe também a implantação do centro de documentação e informação técnica para registrar, codificar e armazenar toda documentação inerente ao saneamento. Além disso, a sistematização de informações referentes ao saneamento ambiental, diagnóstico das condições sanitárias das áreas urbana e rural em parceria com órgãos  afins e o programa de monitoramento do nível dos canais, rios e da maré em tempo real são medidas do plano de governo. 

Por fim, o projeto trabalha com parcerias com governo estadual para realização de obras de desassoreamento em áreas de influência do rio Jucu e nos canais urbanos e a captação de recursos para elaborar estudo e execução de projeto para infraestrutura e obras de proteção da praia da Ponta da Fruta. 

 

Max Filho (PSDB)

Para a rede de esgoto, o plano diz que a gestão do candidato vai apoiar e acompanhar os investimentos do Governo do Estado através da Cesan, visando a universalização da coleta e tratamento de esgotos no município de Vila Velha. 

Como propostas, pretende implantar o Plano de Saneamento Ambiental, dar continuidade ao programa complementar de requalificação urbana apoiado pelo Governo do Estado através da Secretaria de Saneamento, Habitação e Urbanização (Sedurb) com obras de drenagem e pavimentação concentradas em bairros da região 5 e promover ações de requalificação urbana e melhorias ambientais de Vila Velha, associadas aos investimentos em macrodrenagem e saneamento a cargo do Governo do Estado.

O que diz a especialista?

 “Não tem nas propostas nenhum parâmetro que o eleitor possa cobrar, não tem uma promessa de implantação de rede de esgoto. Não tem um quantitativo.” – Marisleide Garcia de Souza,  mestre em Engenharia Ambiental pela Ufes

Segundo a especialista, as propostas são muito genéricas, sem promessas específicas: “É difícil a cobrança até, o que você vai cobrar? No papel do eleitor, como que vai ser feito um acompanhamento de ‘revisar plano de macrodrenagem’, de ‘divulgar dados de saneamento ambiental’? Então o que isso significa para a população? Uma coisa é significar para mim, que tenho conhecimento na área, e mesmo assim não significa muito”, afirma.

Para Marisleide, a falta de números torna deixa as propostas muito qualitativas e dificultam que o cidadão cobre no futuro o prometido: “Universalização do saneamento significa saneamento para todos. Mas vai resolver o saneamento em 4 anos? Eles escrevem palavras-chave, itens-chave para a campanha como um projeto deles naquela área porque têm que fazer alguma coisa, têm que escrever algo. Mas não tem nas propostas nenhum parâmetro que o eleitor possa cobrar, não tem uma promessa de implantação de rede de esgoto, um projeto, não tem, quantitativo.”

Segundo o cientista político João Gualberto, normalmente os planos de governo são mais exigências legais do que um conjunto de intenções do candidato: “Não pode ser maximizada a importância dos documentos pois normalmente são feitos pela equipe de campanha que os entrega para uma assessoria econômica que produz o documento alinhado com a direção ideológica do partido”, afirma.

João conta que os partidos de Arnaldinho e Max não estão nos extremos das ideologias partidárias, sendo dois casos de grupos que não expressam posições ideológicas claramente: “O Podemos é um partido de centro, pragmático e sem história política e ideologia definida, já  o PSDB se expressa um pouco mais.”

Sobre os planos dos dois candidatos, João conta que são dois documentos sem definição evidente de militância ou alinhamento ideológico e que foram feitos para atender a demanda da legislação: “Têm um conjunto de coisas razoáveis, são muito parecidos e suficiente genéricos. Nenhum eleitor tomaria sua decisão a partir deste documento. Porque são dois programas abrangentes e genéricos. Até rasos”, salienta.

“Os partidos políticos brasileiros de uma forma geral são muito verbais e há mais conteúdo simbólico de suas intenções do que propriamente aquilo que são capazes de fazer.  Cabe ao eleitor prestar mais atenção nos seus programas nas redes sociais, TV e debates. Escrevem de forma genérica o que a lei exige. Não expressam o desejo profundo dos candidatos”, afirma.

 

COMO POSSO VER QUAL PROPOSTA E CANDIDATO COMBINAM COMIGO?

Se mesmo após ler as propostas, ainda não deu para decidir, é possível compará-las através do “Comparador de propostas” e do “Combina com você?”, ferramenta que mostra qual candidato mais combina com você. As ferramentas foram criadas por por A Gazeta e dão uma forcinha para boas escolhas na hora do voto.

 

PROBLEMAS DE VILA VELHA SÃO TEMAS DE REPORTAGENS ESPECIAIS

As 4 reclamações foram tema de duas reportagens especiais realizadas pelos residentes do 23º Curso de Jornalismo da Rede Gazeta, dentro do projeto Eleições Fora da Bolha. A primeira mostra como a saúde dos moradores de Vila Velha é afetada pelo esgoto a céu aberto, presente tanto em bairros ricos, como nos pobres. A segunda apresenta como as comunidades usam os projetos sociais para suprir lacunas deixadas por problemas na educação e segurança

OBRA DA BR-447 PROMETE FACILITAR A VIDA DO CAPIXABA NO TRÂNSITO, MAS SÓ FICA PRONTA EM 2021

O trecho, que inclui um viaduto, terá 4,3 km de extensão e trata-se de um corredor logístico que fará a ligação da BR-101 e da BR-262, em Cariacica, com a rodovia Leste-Oeste e a Darly Santos, em Vila Velha. 

 A BR 447 é uma obra execução pelo Governo Federal por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).  De acordo com a assessoria da prefeitura de Cariacica, o objetivo da construção é criar um novo acesso para o tráfego de veículos pesados que se destinam ao Porto de Capuaba, em Vila Velha. 

Diariamente, na região do Terminal Campo Grande, passam cerca de 60 mil veículos, o que causa engarrafamento e transtornos para quem faz o caminho todos os dias. A redução no tráfego de caminhões deve aliviar o trânsito no centro de Cariacica, e a previsão é de que um trajeto que demorava de 30 a 40 minutos, sem trânsito, seja reduzido para 15 minutos. O trajeto também deve facilitar o acesso ao Cais de Capuaba e a logística de carga e descarga de mercadorias no Porto de Tubarão, em Vitória. 

De acordo com o Dnit, os recursos para a obra são todos federais e a projeção do órgão é de que sejam gastos mais de R$ 179 milhões de reais até a conclusão dos trabalhos, prevista para setembro de 2021. 

Atualmente, os processos de drenagem, cerca na faixa de domínio, preparo de sub base na interseção da BR-101/ES e execução de fundação de viaduto sobre linha férrea, estão sendo sendo efetuados no local. O Dnit garantiu, ainda, que não houve atrasos por causa da pandemia do coronavírus. 

A expectativa do governo capixaba é de que a obra agregue mais valor estratégico e logístico para a região, atraindo empresas e empreendimentos habitacionais.

Com apenas 15 anos, Loov-U mistura português, inglês e muito romantismo na música eletrônica

Artista tem mais de 15 músicas lançadas e acumula 500 mil reproduções no Spotify

Loov-U, de 15 anos já faz sucesso nas plataformas digitais. Fonte: Divulgação

O sucesso na música nem sempre está aliado a tempo de estrada ou experiência no meio. Com combinação de talento e determinação, o topo das paradas pode estar bem mais próximo.

Alex Calderon, DJ de apenas 15 anos, nasceu na Espanha, mas veio para o Brasil ainda novinho, aos 4 anos. Ele mora em São Paulo e adotou o nome artístico de DJ Loov-U.

Loov-U se considera um artista multicultural e essa influência que ele leva para o seu trabalho. “Minha mãe é brasileira e meu pai é metade sueco e metade espanhol. O mix dessas duas culturas fez com que meu trabalho ficasse mais diversificado”, explica.

Fenômeno precoce: DJ Loov-U já tem músicas tocadas em países do exterior. Fonte: Divulgação

O artista escreve suas próprias músicas desde os 11 anos, mas a pouca idade não o impede de compor canções que falam sobre temas que atingem todas as idades, como a importância do amor próprio e as angústias e alegrias dos relacionamentos amorosos.

Sentimentos leves e de amor são expressados nas letras e na melodia, refletindo a personalidade do jovem.

Em seu novo single, “Good to Me”, lançado no final de novembro, Loov-U mistura uma batida que oscila entre a melancolia e a animação. O ritmo da música é dançante e tem potencial para embalar as baladas jovens.

A letra é forte e teve como inspiração um relacionamento anterior do DJ e tudo o que o marcou nessa experiência. “Criei essa música simplesmente pensando no quão difícil é ficar com uma pessoa tão incrível, sendo que você não se acha alguém especial. Durante toda a canção, eu faço múltiplos elogios sobre a pessoa com quem eu estou e, ao mesmo tempo, reflito sobre a confiança em um relacionamento”, comenta Loov-U.

O nome artístico do DJ também tem tudo a ver com esse estilo romântico adotado por ele. Loov-U é uma referência ao amor e as chamadas “love songs”, grandes inspirações para o jovem.

Loov-U citou Martin Garrix, como sua grande inspiração, o artista que o fez entrar no mundo da música. Said the Sky, Boy in Space e Lauv, grandes nomes do gênero, também são citados entre suas referências no cenário musical. “A mistura de estilos de todos esses artistas me fez viajar de uma forma diferente, não me fixando a uma única forma de fazer música”.

O nome do DJ faz referência ao gênero das “love songs”, as chamadas músicas românticas. Fonte: Divulgação

Já são mais de três anos trabalhando no ramo e Loov-U afirma que cada composição surge de uma maneira diferente. O DJ conta que, às vezes,  a melodia vai guiando seu trabalho e tudo começa por ela. Em outras vezes, uma batida ou um acorde o inspiram. “O instrumental demanda um bom tempo para deixar tudo perfeito. Só depois que eu desabafo tudo o que estou sentindo naquele momento. No final, é sempre muito gratificante ver pronto um trabalho que demanda muito tempo”, confessa o artista.

Com músicas tocadas nos Estados Unidos, Austrália e Japão, Loov-U promete que é só o começo e que ainda vai chegar muito mais longe. As músicas do DJ podem ser ouvidas nas principais plataformas digitais, como Spotify, Deezer e Amazon Music.

Longe dos olhos da maioria, Vitória tem noite viva e cheia de histórias

Nádia Prado e Rafael Carelli

Com relatos de cidadãos que vivem a rotina da madrugada da capital, conheça um pouco mais da trajetória daqueles que estão nas ruas enquanto outros dormem

São 23h20. O barulho do motor do avião de cargas do Aeroporto Internacional de Vitória pode ser ouvido pontualmente, todos os dias neste horário. Não há dúvidas da localização. Estamos no Jardim Camburi, o maior e mais populoso bairro do Espírito Santo.

A noite é quente e o trânsito nem de perto lembra o das ruas movimentadas do bairro, que abriga mais de 60 mil moradores em Vitória. Com a batida em retirada da maioria dos cidadãos da cidade, a noite, há de se dizer, tem um ar “sorrateiro”.

Sair para apreciar as histórias e absorver as sensações que o breu tem a oferecer não é das tarefas mais simples. Dos poucos que se vê vagando pelas ruas, é difícil identificar os sujeitos que estão dispostos a compartilhar a sua jornada. Acontece todo um ritual antes do contato inicial.

O passo muda de direção e passa a ir de encontro ao que está longe. Ocorre um primeiro contato visual, que vai deixar claro se a aproximação é amistosa ou não. A postura corporal do que está esperando para ser abordado se modifica completamente. Enrijecido, desconfiado e atento para se safar caso algo dê errado, o possível personagem de uma grande história da noite se ajeita.

Toda essa trama aconteceu com José Marcos, 25. Entregador do Ifood, se escorava na moto e esperava o celular acender com o comando para a próxima corrida. Tímido e de jeito simples, José Marcos é um jovem, mas já tem família constituída. Casado desde os 18 anos, tem uma filha de 5, e é por ela que faz as corridas noturnas. 

Morador de Jardim Carapina, faz corridas no Jardim Camburi e considera a posição em que se encontra tranquila, por estar perto de casa e da família. Caso algo aconteça, Jos

é Marcos já sabe que poderá ter ajuda próxima. De noite, como explica, é mais tranquilo para trabalhar.

“De dia, o pessoal é mais acelerado, mais ignorante. Como eu entrego marmita na hora do almoço, as pessoas estão com mais pressa”, explica.

Ele ainda aponta outro problema, típico para a profissão dele: o trânsito. Relatos e mais relatos de motoristas que jogam o carro em cima das motos de entregadores, a falta do uso da seta no trânsito de Vitória e os motoboys com pressa são alguns dos percalços que José Marcos expressa.

Com a história de José Marcos em mãos e com a certeza de que a noite, assim como o dia, é fonte de sustento para muitas pessoas, continuamos em busca de mais histórias e relatos dos seres noturnos. De quem, na ausência do sol, procura o seu lugar nele.

Bairro adentro, vencemos a escuridão das ruas e avançamos pelas inúmeras rotatórias e quarteirões de prédios, muito semelhantes uns aos outros. Um pouco mais inseridos no bairro, surge, quando menos se espera, uma praça. O aspecto, de “pracinha” do interior, daquelas com bancos de cimento, igreja e lanchonetes, dá um aconchego instantâneo.

Numa das margens da praça, mesas na rua e clientes conversando. É uma sorveteria. A gerente do local, Maria José, 56, recebe a todos de braços abertos. No momento em que chegamos, ela negociava com um cliente, que era funcionário de uma concessionária, a compra de uma moto.

O local funciona há 16 anos. Sempre com horário de funcionamento que avança a madrugada, Maria José toca o negócio em alguns dias da semana. Ela, como gosta de ressaltar, já foi dona do estabelecimento, mas hoje em dia prefere a função de gerente.

O trabalho a noite representa, para ela, tranquilidade. “É calmo, é tranquilo. Você conversa com muita gente. Você entra na conversa do cliente, ele entra na sua conversa. É muito bom, trabalhar é bom”. 

Quanto às vendas, Maria José afirma que as vendas de noite são “mais ou menos”. Ela, gerente, e o dono do local mantém o horário de funcionamento para se mostrarem abertos. Segundo ela, em Vitória, os lugares fecham muito cedo.

A conversa com Maria José seguiu o roteiro que ela mesma mencionou das tratativas com clientes à noite. Uma conversa se entranha na outra e as histórias vão aparecendo. Há 9 anos, Maria luta contra um câncer de mama com metástase óssea. Sem plano de saúde, amigos custeiam os tratamentos de quimioterapia.

Maria José mistura as falas de amor, compaixão e carinho com opiniões políticas inflamadas. A feição chega a mudar quando a gerente dá seus pitacos sobre direitos trabalhistas, Brasil e Covid-19, como no vídeo abaixo.

“Se vier um comunismo, eu não faço mais quimioterapia, eu prefiro ir embora”

A gerente ainda conta que, apesar da não comprovação científica de eficácia de medicamentos no combate à Covid-19, ela toma as drogas por conta própria, e não conta para a médica.

Sorveteria fechada, turno encerrado, Maria José pega a bicicleta e vai embora para casa pelo calçadão. “10 minutinhos eu chego. Às vezes eu paro, converso com alguém”. Ela garante que não fica cansada, apesar do tratamento agressivo. “Mesmo que me sentisse assim, teria que levantar pra trabalhar”. Trata o ofício como dever absoluto e defende a posição.

Já é tarde e cada vez menos se vê pessoas nas ruas. A frase típica de que “a cidade dorme” se encaixa na madrugada de Jardim Camburi. A escuridão se abaixa cada vez mais e o breu toma conta das ruas. A iluminação é boa, mas a noite é implacável.

E agora, em busca de mais alguém que compartilha sua vida com a noite, nos resta a opção daqueles que são os maiores representantes dos seres noturnos das cidades grandes no nosso tempo, ao lado dos seguranças: os porteiros.

A certeza é de que sempre estarão ali. Cansados, às vezes mal-humorados ou até dormindo. Mas a presença dos porteiros para proteger o patrimônio alheio, uma tarefa muitas vezes ingrata, ainda mais à noite, é a certeza nas metrópoles do Brasil.

O “Seu Aguinaldo” é um deles. Com 56 anos, Aguinaldo conta, com orgulho, que já trabalha no prédio há 12 anos. A noite, para ele, é tranquila, calma, mas o sono é o inimigo que vem com mais força nos turnos de madrugada.

Morador do bairro de Fátima, trabalha perto de casa e, para ir embora, leva menos de 20 minutos. A rotina do dia, que poderia ser abalada pelo turno invertido de trabalho, não parece ser muito atrapalhada pelas vivência na guarita da portaria.

“Eu chego em casa e durmo até umas 11h. Depois do almoço, descanso mais um pouco. De noite, também. Eu durmo bem, descanso bem”, conta.

Natural de Colatina, Aguinaldo conta que as possíveis ameaças externas são o que o mantém acordado. Apenas a existência da possibilidade da chegada de alguém é o suficiente para que o funcionário se mantenha alerta, para proteger a moradia das pessoas. Ele diz que “não gosta de dar motivo”, caso estivesse dormindo.

E a noite é finalizada com as palavras certeiras de Seu Aguinaldo. Durante a conversa, olho sempre na guarita e no portão do prédio. Várias especificidades foram cobertas. Aquele que percorre os bairros atrás do sustento, aquela que tira do negócio próprio o fruto para a família e aquele que, na porta da casa dos outros, luta para manter a segurança. A noite traz nuances que a escuridão às vezes não deixa mostrar. 

Enquanto a cidade dorme

Foto de Marcus Dall Col

Enquanto a cidade dorme

O sol vai se pondo. Diferentemente do resto da cidade, que encara o trânsito da volta pra casa, os seres noturnos estão fazendo o caminho contrário.

Israel Magioni 

Karolyne Bertordo

Taisa Vargas

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Enquanto a maioria dos capixabas descansa em casa, uma parte inicia sua jornada. Entre eles há atletas, profissionais que garantem a segurança, a diversão, a saúde e a saciedade – até porque a vontade de comer não escolhe hora para aparecer.

Praticar atividade física no calçadão há 30 anos mais do que requer disposição, exige disciplina. Um grupo de atletas que faz parte do desenho das madrugadas da Praia da Costa há 30 anos prova isso, em meio a reconhecimento e brincadeiras por parte de quem os avista. Dizem que eles são como insetos que nunca descansam, os Insetos da Madrugada.

Ali na beira da praia, e cúmplice de altas horas, fica o quiosque de onde Luciana comanda a diversão de turistas e praieiros nos últimos 24 anos. Conhecida até pelo público estrangeiro, a quiosqueira não pretende parar, afinal, nem a pandemia a fez ficar em casa. 

Para aqueles notívagos da Praia da Costa que são mais caseiros, quando bate a fome, o resgate vem na garupa de Carlos. Ele leva a comida e a bebida em sua bicicleta a qualquer hora da noite.

Para garantir a segurança da diversão do público, o Leandro e a Taiani estão a postos. Enquanto os festeiros usam as noites para se divertir, eles garantem que tudo ocorra sem qualquer problema. E quando o sol nasce é hora de… estudar!

De jornada dupla, o Renan entende bem. Técnico mecânico durante o dia, à noite se mistura às curvas da Grande Vitória levando, em seu carro, os passageiros para seus destinos.

Caso alguém precise de um remédio durante a madrugada, o José Carlos está em seu horário comercial para atender por detrás da porta de vidro da farmácia 24h bem na Praça do Centro de Vila Velha. Ele gosta da pouca movimentação no ritmo noturno, apesar disso, de dia, a cama é a principal companheira. 

Quem não prefere muito a rotina noturna é o Lucas que, dependendo da escala, cobre o turno como auxiliar de inspeções de área portuária. Para ele, trabalhar à noite aumenta a ansiedade e o faz comer mais. No entanto, revela que uma grata recompensa é ver o sol nascer.

Infelizmente, o Maykon, que também trabalha durante a noite, nem percebe mais o espetáculo do nascimento do dia. O cansaço é tanto na hora de ir embora que o auditor noturno pensa apenas em chegar em casa e descansar. 

Enquanto isso, o Rei nasce majestoso no horizonte para os que começam o dia. A esses atores noturnos, o astro celeste, a lua já se repousou, e é hora de virar a chave e partir para outra rotina ou descansar sob a luz do sol.

ANDRÉ, O INSETO DA MADRUGADA

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Insetos da Madrugada: André, Teixeira, Stoben, Chaia e Serjão.

Ainda nem amanheceu na Praia da Costa e o café preto fresquinho já recebe André, engenheiro mecânico de 59 anos, a um novo dia. É por volta das 4h30, hora de calçar o tênis e partir para a tradicional caminhada no calçadão ao som das ondas. Nesse horário, explica, é possível sentir o amanhecer e se conectar à natureza sem os ruídos disruptivos da cidade diurna.

Aos poucos, vai se ouvindo um zum-zum-zum de passos compassados e bons dias. Os amigos do André vão se unindo à caminhada, cada um em um ponto da praia, numa sincronia que só a tradição proporciona. Já tem 30 anos que o grupo se reúne diariamente para dar duas voltas do Libanês à Bervely Hills, papeando e se exercitando, celebrando o dia.

André Fernandes de Oliveira carrega com honra a alcunha de co-fundador do grupo Insetos da Madrugada, nome que os atletas receberam pelo andar rápido em ritmo de marcha atlética e pelo papo descontraído que emitem em conjunto. Ele conta que, em prol da segurança, se uniu a Helder, Teixeira e Stoben no recrutamento de outros atletas solo da caminhada. 

“Eu via o Helder caminhando sozinho enquanto eu também caminhava sozinho, por isso o convidei para andarmos juntos. Ele via sempre o Teixeira andando e o chamou pra nos acompanhar, a mesma coisa com o Stoben. Com isso os outros amigos foram chegando, um chamando o outro”, conta.

Chegaram a formar grupos de 15 pessoas a se exercitar. Neste ano, porém, a pandemia remodelou e delimitou as caminhadas compartilhadas à 6 Insetos que, em todas as idades, aproveitam o combo saúde de Vitamina D, boas conversas, risadas e um laço de amizade forte como o sol.

“Pra falar a verdade, hoje o exercício físico se tornou desculpa para reunir os amigos e comemorar o início de mais um dia a ser vivido com saúde”, conclui, antes de partir para viver o resto do dia que o aguarda.

“NA PANDEMIA, NÃO FIQUEI UM DIA EM CASA”

Luciana, à direita, e seus funcionários, durante as altas horas.

Na cozinha ou no atendimento, a Luciana marca presença há 24 anos na noite de quem quer passar a noite no quiosque de Vila Velha. A quiosqueira conta que o quiosque é um ponto de encontro de muitos frequentadores noturnos da praia. “Aparece todo tipo de gente que você possa imaginar, do brasileiro ao estrangeiro”.

O trabalho realizado com carinho traz reconhecimento aos funcionários do local. Luciana disse que a equipe recebeu recentemente presentes de um cliente holandês que trabalha embarcado no estado. Ela apresenta com orgulho o selo dado pela prefeitura que comprova a qualidade do serviço prestado. 

Animados também estavam a Andressa, o Daniel e o Carlos. Parecia que a conversa estava sendo feita com representantes de uma empresa familiar. Luciana é a que tem mais tempo de casa, além disso, ela parece ser o coração do local. “Eu não fiquei um dia em casa durante a pandemia”, disse mostrando o amor pelo quiosque.

Nesse período, a equipe fez de tudo para “passar o tempo”. De limpar o teto à lavar o calçadão. “Eu ariei tanto as panelas que machuquei minhas mãos. Colocamos até uma barraca de frutas na frente do quiosque que nem dava muito retorno, era mais diversão”, conta.

A partir do mês de novembro começa a alta temporada e o quiosque deve ficar aberto em horário integral, ou seja, não tem horário para ir para casa. Era assim durante o ano todo antes da pandemia. Em período de alta temporada, eles chegavam a reservar mesas e ligar para o cliente quando abrisse um espaço. Hoje, a preocupação se dá também com a segurança, Luciana pede que tenha mais policiamento na região, sente que está muito deserta. Mesmo com a preocupação, o grupo não deixou o carisma e o sorriso fora de cena, uma forma certa de atrair o cliente.

COM A PANDEMIA, UM NOVO TRABALHO

Carlos pedalando a entregar lanches e bebidas na região da Praia da Costa.

Com o isolamento social, o quiosque que Carlos trabalha teve uma redução grande de clientes. Entre as novas estratégias para permanecer com os clientes, o serviço delivery e de entrega foram adotados. Foi nesse momento que o Carlos, que está no quiosque há seis anos, começou a viajar pela cidade à noite em sua bicicleta.

Carlos sai da Praia da Costa e pedala para fazer entregas aos clientes no raio de até cinco quilômetros do quiosque, mais especificamente até o Centro de Vila Velha. O entregador conta que alguns clientes já pediram o serviço dez, quinze vezes e mesmo quando não estão disponíveis nos aplicativos de entrega, recebem ligações para atendimento domiciliar. “A gente faz o trabalho para fidelizar o cliente”, explica.

Os fregueses tinham medo de circular pela pandemia, pela baixa movimentação noturna, ou simplesmente queriam aproveitar a comodidade do serviço. Por conta disso, o trabalho varia de horário para finalizar e às vezes a escala termina no meio da madrugada, ou até quando o dia amanhece. 

“Sua segurança é nossa profissão”

Taiani e Leandro durante a jornada noturna.

É final de semana quando Leandro e Taiani chegam a uma boate de Vitória prontos para garantir a segurança de quem usa a noite para se divertir. Eles são vigilantes: enquanto a maioria da cidade dorme, o trabalho deles é se manter alerta. “Sua segurança, nossa profissão!”, dizem entusiasmados, com a certeza de que seu trabalho é, além de tudo, um serviço essencial.

Leandro Duarte é mineiro de Nanuque e escolheu a Capital para morar após surgir uma oportunidade profissional por essas bandas. Durante o dia, trabalha em um hospital em Vila Velha também como vigilante. Ele conta que, para seguir essa rotina, tem que virar uma chave mental muito importante para agir perante o público de cada local. Enquanto, durante o dia, lida com pessoas em situação de urgência, nervosas e prestes a explodir, na noite é o oposto: elas estão ali para se divertir. “Isso faz com que o público da boate aceite melhor as recomendações de segurança, enquanto no hospital qualquer faísca de desentendimento pode se tornar um grande fogo”, conta o rapaz de 24 anos.

Taiani Santos, 25 anos, vigilante e mãe de menina, assim como Leandro tem no trabalho da noite o complemento das obrigações do dia. Como é mulher, faz um recorte de gênero imprescindível ao falar sobre o trabalho noturno. “Saio de casa preparada para tudo e acho que todas as mulheres deveriam fazer o mesmo. Saber técnicas de autodefesa e como usar certos aparatos, como o spray de pimenta, é uma maneira de evitar perigos que podem aparecer quando tem menos gente na rua. Medo todo mundo tem, mas não podemos nos privar de viver”, explica, como quem faz um apelo de amiga.

Sobre sua própria diversão, Leandro diz que encontra nos estudos alívio para a rotina corrida, com a certeza de que essa é sua catapulta para alçar os sonhos do futuro. Taiani também consegue achar nas 24h que compõem o dia tempo para estudar, mas comemora as folgas porque é quando pode se dedicar exclusivamente à Manu, sua filha de 6 anos.

JORNADA DUPLA

Renan, 29 anos, técnico em mecânica e motorista de aplicativo

Já é quase hora de dormir quando Renan sai de Monte Belo, bairro em que mora na capital, sem destino certo em mente. De viagem em viagem, que faz pelo famoso aplicativo de corridas, garante o complemento do sustento de sua família. Além de marido e pai, é técnico de mecânica durante o dia. Com as ruas mais vazias, as corridas são mais curtas e tranquilas, e ele conta que consegue curtir as curvas da cidade entre chegadas e partidas.

Aos 29, sua rotina dupla já é realidade há anos: antes de motorista, trabalhava no mesmo horário como motoboy. O tom de sua voz, animada ao descrever a ocupação atual como mais confortável e segura, se torna bem mais sóbria quando comenta sobre a rotina dos finais de semana.

“Infelizmente, nos finais de semana, quando tem mais movimento e dá pra faturar mais, tem muitos bêbados chatos. Às vezes eles são até engraçados e divertidos, mas muitos perdem a noção e passam do limite. O motorista precisa do passageiro e vice-versa, gentileza gera gentileza. Às vezes me vejo obrigado a não atender algumas chamadas para me precaver”, conta Renan, cuja hora de chegar em casa depende, justamente, da demanda dos passageiros.

NUNCA FOI ASSALTADO

José Carlos - farmácia
José Carlos durante o turno da madrugada.

Separados por uma porta de vidro, José Carlos Santos de Santana conta que, há 10 anos, passa suas noites dentro da farmácia. Para ele, a jornada é boa, pois possibilita aproveitar o dia fazendo o que quiser. Dia sim e dia não, o vendedor de 48 anos já se acostumou com a rotina de organizar a loja e atender os clientes da farmácia 24 horas localizada no Centro de Vila Velha.

“Quando o relógio marca as 21 horas, eu fecho a porta e atendo os clientes por essa janelinha de vidro “Como o fluxo é baixo, eu não acho o serviço cansativo. Mas, se deixar, quase durmo o dia inteiro até a hora de ir trabalhar”, brinca o vendedor.

Por volta da meia-noite, foi possível observar o quanto a região é escura e deserta. Ainda assim, José Carlos garante que nunca passou por nenhum incidente como assaltos ou qualquer tipo de violência.

PREFERE O DIA

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Lucas Fonseca, 30 anos, durante o plantão noturno no Porto de Vila Velha.

“Não ser castigado com a exposição prolongada ao sol, temperaturas amenas e a linda vista do nascer do sol” são algumas das vantagens de se trabalhar durante a madrugada, segundo Lucas Fonseca, auxiliar de inspeções de área portuária, em Vila Velha. Dependendo da escala, trabalha da meia-noite às 8 da manhã. “Também gosto de ter o dia livre para resolver as minhas coisas, quando sobra disposição, e o adicional noturno ajuda a complementar a renda”, completa o jovem de 30 anos.

Apesar dos benefícios apontados por ele, prefere quando a sua escala, que não tem uma norma fixa, muda para o turno diurno. “Na madrugada, parece que o tempo demora mais a passar, minha ansiedade aumenta e acabo comendo mais do que deveria”, o que afeta a sua dieta e o sono, justifica o rapaz. “Não consigo dormir durante o dia com a mesma qualidade. O calor e os ruídos me atrapalham e, por consequência, me sinto mais cansado ao voltar ao trabalho”. 

Lucas também sente que tem menos disposição para participar das programações com amigos e familiares e, ainda, sente dificuldade de se exercitar sempre no mesmo horário. 

Das situações curiosas da madrugada, Lucas diz que, no caminho para o  trabalho, costuma se deparar com muitas cenas de sexo na rua, dentro e fora dos carros. “Outra coisa que vejo muito é que todo mundo parece zumbi, qualquer tempo livre vira uma oportunidade para cochilar, até mesmo sentado”, brinca.

SEM VIDA SOCIAL

Por trás do balcão da recepção de um hotel 4 estrelas, na Praia da Costa, em Vila Velha, o auditor noturno Maykon Martins compartilha que os últimos 13 anos de sua vida foram marcados pelos desencontros com a família e amigos: quando a maioria das pessoas está chegando do trabalho, ele está saindo de casa.

A rotina agitada das 19 horas às 7 da manhã até rendem boas experiências, como por exemplo servir clientes vindos de outros países. “Acho muito curioso observar os costumes dos estrangeiros, cada um com sua cultura e diferenças. Por exemplo, os indianos têm um cardápio próprio, não comem qualquer coisa e não bebem água engarrafada”, conta. Dia sim e dia não, a primeira tarefa de Maykon é realizar a higienização dos ambientes e dos materiais de trabalho, o que leva três horas, aproximadamente; Depois, inicia os atendimentos aos hóspedes e só por volta das 2 da manhã é que consegue fazer uma pequena pausa.

O funcionário lamenta que sempre fica de fora dos eventos e feriados com a família, mas já se conformou. “Em um dia a gente chega cansado, e no outro precisa dormir para ir trabalhar. No início, a troca de rotina foi muito difícil, mas depois acabei me adaptando”. Indagado sobre como é a experiência de amanhecer todos os dias com uma vista de frente para a praia, Maykon afirma que a correria e o cansaço acabam apagando o brilho do nascimento do sol sobre o mar.

O nascer do sol na Praia da Costa anuncia um novo dia. Crédito: Insetos da Madrugada.

Esta matéria foi escrita por alunos do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. A atividade foi desenvolvida em releitura a reportagem “A cidade que não dorme” publicada no jornal A Gazeta em 1° de novembro de 2009, assinada pela jornalista Vilmara Fernandes. 

Calçada da Fama do esporte capixaba é inaugurada em Vitória

Escolhidos por comissão e público, 15 esportistas foram homenageados e tiveram seus nomes eternizados

Quinze atletas capixabas tiveram seus nomes imortalizados na Calçada da Fama do esporte nesta terça-feira (01). Inaugurada no entorno do Centro de Treinamento Jayme Navarro de Carvalho, sede da Secretaria de Esportes e Lazer (Sesport), em Vitória, a Calçada homenageou atletas escolhidos por votação em 2019 e 2020. Além dos esportistas, a solenidade contou com a presença do governador Renato Casagrande.

“O esporte é fundamental para a sociedade capixaba. Temos aqui atletas de alto rendimento que levam o nome do Espírito Santo para o Brasil e para o mundo. Os atletas são muito lembrados quando estão no auge da carreira, mas o tempo passa e outros atletas vêm, então a Calçada da Fama começa a fazer justiça para essa geração e para aqueles atletas que já passaram e que hoje estão aposentados”, declarou o governador.

De acordo com o subsecretário de esportes, Dório Belarmino Junior, a ideia era inaugurar a Calçada da Fama em meados de abril, mas o plano foi adiado por conta da pandemia de Covid-19. “Inaugurar hoje a Calçada da Fama é muito significativo, porque são atletas com uma história muito bonita dentro do esporte, atletas que com pouco apoio conseguiram alcançar títulos expressivos, atletas de várias modalidades, atletas paralímpicos. O sentido de pertencimento é muito importante para que o esporte capixaba possa ganhar expressão a nível nacional e internacional.”, pontuou.

A Calçada da Fama do Esporte Capixaba foi inaugurada nesta terça-feira (01). Crédito: Sesport/Divulgação

A votação para eleger os homenageados foi realizada no site da Sesport e ficou disponível por 30 dias. Na primeira votação, foram eleitos 10 atletas e na segunda, 5. Nesta última, o público escolheu dois esportistas. Os outros três escolhidos foram os mais votados pela Comissão de Avaliação. No próximo ano, mais cinco nomes serão eleitos e ganharão uma estrela na Calçada da Fama do esporte capixaba.

Alison Cerutti, atleta de vôlei de praia que estará nas Olimpíadas de 2021, se sente muito feliz em fazer parte dos esportistas homenageados. “Estou muito lisonjeado e emocionado. A gente vai pra fora do país e recebe essas homenagens, vê outros atletas homenageados também, o Espírito Santo está de parabéns. Acho que essa calçada vai ficar pequena, muitos outros atletas vão poder completá-la também, estou muito feliz.”, pontuou.

CONFIRA QUEM SÃO OS 15 ATLETAS JÁ HOMENAGEADOS

Referentes a 2019

Fábio Luiz Magalhães – Vôlei de Praia: Prata nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008), campeão mundial em 2005.

Frank Brown – Voo Livre: Doze vezes campeão brasileiro e quatro vezes recordista mundial de voo à distância (2007,2012² e 2015).

Geovani Silva – Futebol: Prata nos Jogos Olímpicos de Seul (1988), Campeão da Copa do Mundo Sub-20 (1983);

Juliétty Tesch – Vela: Hexacampeã Brasileira de vela, classe Laser. Árbitra da final olímpica nos Jogos Olímpicos do Rio (2016).

Neymara Carvalho – Bodyboard: Pentacampeã mundial de bodyboarding (2003, 2004, 2007, 2008 e 2009) e uma das principais atletas da modalidade no mundo.

Nilo Etienne Duarte – in memoriam Futsal: Trouxe o futsal para o ES em 1984 e foi maior incentivador da modalidade no Estado.

Tayanne Mantovanelli – Ginástica Rítmica: Três ouros nos Jogos Pan-Americanos do Rio (2007), e bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo (2003).

Alison Cerutti – Vôlei de Praia: Ouro nos Jogos Olímpicos do Rio (2016), Prata nos Jogos Olímpicos de Londres (2012) e quatro vezes eleito Rei da Praia.

Buru (Venicius Ribeiro) – Futebol de areia: Melhor jogador do mundo em 2007 e cinco vezes campeão da Copa do Mundo (200, 2004, 2006, 2007 e 2009).

Daniel Mendes – Paratletismo: Ouro no revezamento 4×100 rasos nos Jogos Paralímpicos do Rio (2016), prata nos 200m rasos nos Jogos Paralímpicos de Londres (2012), bronze nos 200m rasos nos Jogos Paralímpicos do Rio (2016).

Referentes a 2020

Adalberto Rodrigues – Tênis em cadeira de rodas: Campeão sul-americano e mundial (2006), é um dos paratletas mais vencedores e de maior destaque no Estado. Campeão brasileiro em 2018, ele também foi responsável por organizar torneios de tênis em cadeira de rodas durante 16 anos no Espírito Santo.

Anderson Varejão – Basquete: Campeão Pan-Americano em 2003, iniciou sua carreira atuando pelo Saldanha da Gama. Figura frequente na Seleção Brasileira, chegou a NBA, principal liga de basquete do mundo, da qual foi campeão em 2017 e vice-campeão em 2007, 2015 e 2016.

Fontana – in memoriam Futebol: José de Anchieta Fontana é, até hoje, o único capixaba a ganhar uma Copa do Mundo, em 1970, atuando ao lado de grandes nomes do futebol como Pelé, Tostão e Jairzinho. Bicampeão capixaba pelo Rio Branco, em 1959 e 1962, também conquistou títulos estaduais com o Vasco da Gama e o Cruzeiro.

Natália Gaudio – Ginástica: Homenageada no Prêmio Brasil Olímpico como melhor atleta de ginástica rítmica, em 2018, Natália foi bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. Hexacampeã brasileira e heptacampeã sul-americana, está entre os principais nomes da ginástica brasileira da atualidade.

Paulo André Camilo – Atletismo: Campeão mundial e Pan-Americano no revezamento 4×100 livre.  Paulo André Camilo é um dos principais nomes do atletismo mundial atualmente. Vice-campeão Pan-Americano na prova dos 100 metros rasos, está próximo de conseguir correr a prova em menos de 10 segundos, podendo se tornar o primeiro sul-americano a conseguir tal feito.

Grupo Boyásha encena “A Mais Forte” gratuitamente na internet

Espetáculo será apresentado pela trupe capixaba neste domingo (29) e faz parte da programação do 11° Circuito Banestes de Teatro

No próximo domingo (29), os capixabas poderão assistir pela internet a peça “A Mais Forte”, do Grupo Boyásha Trupe de Teatro. Baseado no texto de August Strindberg, o espetáculo será transmitido ao vivo direto do Teatro Universitário para o Facebook e YouTube, às 18h, sendo o penúltimo da programação do 11º Circuito Banestes de Teatro.

Com texto original escrito por volta de 1888, “A Mais Forte” é considerada em muitos países a obra-prima dentre os monólogos do autor, sendo encenada até pela atriz Nathália Timberg, em 1964. Montada pela companhia capixaba no ano de 2010, a peça vem sendo constantemente revisitada pelo grupo como objeto de estudo ao longo dos anos.

Peça teatral “A Mais Forte”. Crédito: Adriano Horta

Pensada e transformada para o formato digital, a apresentação de 25 minutos poderá ser acompanhada em tempo e real no formato live pelo YouTube e Facebook da WB Produções. O diretor musical do espetáculo, Murilo Iglesias, destaca que houve um trabalho de preparação muito grande para a apresentação transmitida em formato digital.”

Originalmente, a peça montada dez anos atrás tinha menos luz e baixa interação com a plateia. Agora, revisitamos a peça neste novo formato com algumas mudanças, como presença de mais luz e o ator se comunicando mais com a câmera, para que consiga atingir o público que estará assistindo atrás das telas, por exemplo”, detalha.

Murilo ressalta ainda que a colaboração da Companhia Jungo (Argentina), que já tinha prática nesse trabalho audiovisual, e da equipe de filmagem foram muito importantes nesta adaptação ao formato digital. Vale lembrar que, após a transmissão, o espetáculo ficará disponível pelo período de um mês no Youtube da WB Produções.

Gratuita, a transmissão de “A Mais Forte” terá um QR Code para doações que serão convertidas em benefício do projeto SOS Graxa ES, movimento em prol de profissionais dos bastidores de evento.

A MAIS FORTE
Com a chamada “Vale a pena viver um sonho que não é seu? E então, quem é A Mais Forte?”, o texto de August Strindberg traz a “psicologia do eu” através de embates psicológicos, jogos de dominação e do incessante ajuste de contas presentes em sua obra. Por meio de um inquietante jogo de provocações e da abertura de velhas cicatrizes no interior de duas mulheres, a peça conduz cada espectador a traçar um paradoxo entre vitória e derrota, em que as personagens disputam o amor de um mesmo homem. Segundo Murilo, a expectativa para a apresentação é grande. Ele pontua que a principal potência do espetáculo está em instigar a reflexão no público: “Este é um texto do século XIX, mas com um conteúdo extremamente atual e que provoca muita reflexão sobre as nossas relações, sobre nossa existência e nosso posicionamento no mundo”, finalizou.

SERVIÇO
11ª edição do Circuito Banestes de Teatro – A MAIS FORTE
Quando: 29/11 (domingo), às 18h
Onde: YouTube e Facebook WB Produções – após a transmissão a peça fica disponível por um mês no canal da produtora no YouTube
Classificação: Livre Duração: 25 minutos

“Podemos evoluir”, afirma técnico do Vitória visando duelo com o Rio Branco

Gilberto Pereira não gostou da lentidão de sua equipe em alguns momentos do jogo contra o Estrela e quer ver melhora para o clássico

A noite desta quarta-feira (02) foi de comemoração para o Vitória. Em casa, a equipe reverteu o placar do jogo de ida, derrotou o Estrela do Norte por 1 a 0 e garantiu a vaga na semifinal do Capixabão 2020. Agora, o atual campeão da competição terá pela frente dois clássicos com o Rio Branco para manter vivo o sonho do bicampeonato estadual.

Para o técnico Gilberto Pereira, já era sabido que o jogo diante do alvinegro sulino seria difícil. De acordo com ele, a equipe poderia ter aproveitado melhor algumas oportunidades. “Começamos muito bem, exigindo do adversário. Com a expulsão no Estrela, ficamos com a posse de bola, mas infelizmente nos perdemos em alguns momentos, ficamos com o jogo lento, e essa lentidão favoreceu o adversário. Podemos evoluir ainda mais”, destacou.

Gilberto Pereira acredita que chegou a hora do elenco do Vitória mostrar evolução. Crédito: Vitor Nicchio/Vitória

Para o confronto contra o Rio Branco, o treinador do Alvianil destacou que o time precisa se concentrar para fazer em campo o que tem sido exigido nos treinamentos. “Estamos oscilando no jogo, e quando isso acontece, o adversário começa a querer ter a posse de bola. Precisamos tirar isso do adversário”, mencionou. Além disso, ele espera contar com o elenco à disposição. “Tivemos problemas no primeiro jogo, expulsões, contusões, jogadores que saíram. O Estrela, que tem uma ótima equipe, nos exigiu demais, e com isso saímos desgastados. Precisamos focar novamente em nosso elenco”, frisou.

VELHO CONHECIDO
Autor do gol da classificação alvianil, marcado logo aos seis minutos da etapa inicial, Anderson Silva enfrentará um adversário que conhece bem. Ele, que já jogou no Rio Branco, e conta que vai focado para o clássico. “Espero marcar, mas respeitando o adversário”, afirmou. Anderson também ressaltou que a equipe se comportou bem diante do Estrela do Norte. “São só detalhes que precisamos ajustar e manter o nosso ritmo de jogo, assim faremos um grande jogo”, finalizou.

Pelo jogo de ida da semifinal do Capixabão 2020, Vitória e Rio Branco se enfrentam na terça-feira (08), às 19h, no Kleber Andrade. Já o jogo de volta, acontece no dia 15, no Salvador Costa.

Após três meses, chega ao fim o 23º Curso de Residência da Rede Gazeta

Residentes visitam o estúdio da TV Gazeta ES

Quando vimos, nossos 12 rostos estavam lá. Uma arte repleta de quadradinhos com os nomes e as fotos de cada um dos selecionados para o 23º Curso da Residência da Rede Gazeta. Foi através daquelas imagens que tentamos desvendar um pouco da personalidade de cada um, representadas naquelas fotografias tiradas em cima da hora para ilustrar o fim da primeira etapa do Curso, a seleção. 

Diferentes estilos, diversidade, seleção e escolhidos de diferentes cantos do Brasil. Quando lemos isso, parece até descrição de reality show. Mas tudo acabou tendo seu ar cinematográfico também. No primeiro dia, já tínhamos que aparecer em uma transmissão ao vivo no maior site de notícias do Espírito Santo. Ajusta o microfone, centraliza o rosto… “Não pode desligar a câmera, dizia o assistente”, e nós ali, ainda tentando entender todo aquele processo.

Fomos tentar nos conhecer um pouco, após a realização da transmissão. Neste ano foi diferente. Nada de um primeiro contato presencial ou de um aperto de mãos. A timidez, no entanto, foi a mesma de quando se é apresentado a pessoas que ainda não conhecemos. 

Em meio a confusão para saber quem eram Ana Laura Nahas e quem era Sara Aguiar, jornalistas à frente do curso, fomos falando nossos nomes e o que fazíamos. Depois disso, um mês intensivo com aulas de português e 35 palestras online com profissionais de diversos veículos de comunicação do país: A Gazeta, CBN, G1, globoesporte.com, Gshow, O Estado de S. Paulo, O Globo, SporTV, TechTudo, TV Gazeta ES e TV Globo.  Ao todo, foram quase 500 horas de atividades.

Os olhos, que já brilhavam quando aparecia em nossas salas de reunião virtuais uma pessoa que desde criança víamos na TV ou tínhamos acompanhado no impresso, não se contiveram em deslumbramento quando chegou o dia de finalmente ir para a fase presencial e poder conhecer a Rede Gazeta.

E no início foi estranho mesmo. O toque de cotovelos virou nosso abraço e os olhos se tornaram os nossos sorrisos, escondidos pelas máscaras. A cada cantinho que passávamos, o encantamento só aumentava. “Nossa, é aqui que eles gravam o ES1”, disse um colega. “A gente já começa a produzir textos para as editorias na parte da tarde?”, perguntava outro. 

E foi assim. Nada de se acostumar. Quando pegávamos o ritmo em uma editoria, já era hora de levantar as âncoras e partir de viagem para outra. Durante sete semanas, a novidade e o desbravar foram constantes. A ansiedade, então, nem se fala… Mas sem todo esse desconforto, aquele que nos faz tirar da nossa zona de tranquilidade, não teríamos aprendido e nos transformado.

Além de passar por diferentes editoriais e veículos da Rede Gazeta, realizamos mais de 140 matérias para o site do curso, acompanhamos repórteres na rua e sentimos na pele as dificuldades dos capixabas, ajudamos na produção dos principais telejornais do Estado (ESTV 1 e 2 e Bom dia ES). Produzimos o especial Eleições Fora da Bolha, projeto que desafiou os residentes a conhecerem bairros socioeconomicamente diferente dos seus, resultando em grandes reportagens sobre as principais reclamações dos moradores da Grande Vitória, e cobrimos a eleição mais diferente dos últimos anos.

Colegas encararam o medo dos números e fizeram pautas brilhantes na economia, viraram noites terminando textos e buscando fontes, viram o dia cair através das janelas da redação, seguraram a tremedeira e entraram ao vivo na CBN tiveram que entrevistar artistas e personalidades importantes do Espírito Santo, cobriram jogos do futebol capixaba, desbravaram a noite e os bairros violentos da Grande Vitória, seguraram a emoção quando a dor do entrevistado era maior que qualquer outra coisa que já haviam vivido, foram parar na cobertura de um incêndio, quase tiveram que tirar o político da cama para uma entrevista quando o resultado da eleição saiu tarde da noite e ele já havia desistido de acompanhar, foram expulsos do morro por traficantes armados e seguraram a vontade de dar um abraço uns aos outros, mesmo naqueles dias mais agitados. 

Em meio a uma pandemia que parou o mundo, vencemos. Como diz Maria Bethânia, é hora de abraçar e agradecer. O agradecimento fazemos agora. Obrigado pela confiança e oportunidade. O abraço esperamos dar em breve, quando a vacina chegar e o mundo recuperar um pouco da sua normalidade.

Até breve!