Eleições 2020: jovens e idosos se dividem nos horários e motivos de voto

Neste ano, idosos tiveram recomendação de horário especial para votação, entre as 7h e as 10h, por conta da pandemia do coronavírus

Jovens e idosos possuem olhares diferentes sobre a cidade e os seus problemas. Esse contraste se reflete na hora de escolher seus candidatos. Neste ano, os dois grupos também estavam separados pelo horário da votação. A maioria dos idosos foi às urnas entre as 7h e as 10h, horário preferencial para eles. Já a maioria dos jovens, justamente para não causar aglomerações nos horários indicados para idosos, optou por ir após o encerramento do período preferencial.

Fátima Braga, de 66 anos, e Rai Lemos, de 77, fazem parte dos que acordaram cedo para não pegar filas em suas seções eleitorais. Eles votaram na Escola Municipal Adevalsi S. Ferreira de Azevedo, em Jardim Camburi, Vitória. O casal faz parte do grupo de risco do novo coronavírus. Preocupados com a pandemia, os dois levaram caneta, álcool em gel e, claro, máscara, item obrigatório nas eleições deste ano. Fátima afirma que não pegou filas para votar e conseguiu fazer tudo em menos de dois minutos. Alívio para a eleitora que, por possuir uma doença autoimune, precisa redobrar os cuidados.

Mas deixar de votar não era uma opção para o casal. Eles fizeram questão de comparecer às urnas. “Se eu não votar, eu não me sinto bem. É uma questão de hábito”, conta Raí, que votou pela primeira vez aos 18 anos e, enquanto estiver vivo, pretende exercer o direito do voto.

Fátima Braga não esqueceu de levar sua caneta. Crédito: Daniel Reis

Na mesma escola, Rafaella Vidal, de 21 anos, mostrou-se empolgada em votar pela primeira vez em uma eleição municipal. “Acho que é muito importante, porque, para termos o direito de reclamar, precisamos exercer o nosso papel de votar”, comentou a estudante de Psicologia.

Jovens e idosos possuem, muitas vezes, motivos distintos na hora de escolher ou rejeitar um candidato. Edson Andrade, que está desmotivado com a política de Vila Velha, conta que, diante do cenário atual, optou por anular seu voto para prefeito. Aos 61 anos, ele não se vê representado pelos políticos da cidade e só votará para vereador porque um amigo de longa data está concorrendo. “O Brasil hoje está difícil. A corrupção tomou conta de tudo”, conta.

O desânimo de Edson contrasta com o envolvimento de João Victor Oliveira, de 21 anos. Ele pesquisou por candidatos que deixassem de lado discursos, pautas de costumes e focassem em propostas para a cidade. “A maioria dos candidatos fica apelando para os costumes e não pensa no que, de fato, importa: saúde, educação e segurança”, comenta o jovem.

O estudante, morador de Vitória, enxerga as eleições municipais como mais importantes do que a nacional. “A gente fica debatendo muito sobre as ações do presidente e esquece dos vereadores, que vão fazer coisas importantes, como a educação de base. O presidente não vai fazer muito por isso, quem vai fazer serão os prefeitos e vereadores”, avalia João.

João Victor, 21 anos, pesquisou antes de escolher seu candidato. Crédito: Daniel Reis

Já Lenise Tapajós, 75 anos, e Isaac Maria Tapajós, 73 anos, foram às urnas pensando no futuro, apesar da idade. “Nós votamos por causa dos nossos netos, pelo futuro deles”, comenta a aposentada. O casal possui sete netos. Logo, segundo a lógica dos dois, não faltam motivos para comparecer ao pleito.

Mesmo indignado com o horário preferencial, que acabou obrigando os idosos a acordarem cedo, prática que Lenise e Isaac detestam, o casal acredita que comparecer às urnas neste domingo (15) valeu a pena.

 

Veja como foi a segunda semana presencial do Curso de Residência

Semana foi marcada por produções, oficinas e palestras. Uma rotina de muito aprendizado

Na etapa presencial do 23º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, os residentes atuam em uma editoria por semana. É um sistema de rodízio. Assim, eles transitam por diversos temas e conhecem os diferentes veículos da Rede Gazeta. Podemos dizer que a tabela desse rodízio foi a manchete do final de semana passado para os alunos. Afinal, ela divulga informações preciosas para os nossos focas. 

“Estou na TV nessa semana!”, “Eu vou para a editoria de Política”, “Uau. Estou em Esportes!”. Descobrir qual será a sua editoria nos próximos dias é sempre um momento empolgante.

Essa “manchete”, acompanhada da programação, simbolizou o início da segunda semana do curso. Ao entrar na Rede Gazeta, na segunda-feira, os residentes se direcionaram para as suas editorias, se apresentaram e foram se acomodando. Eles estão cada vez mais habituados com o ambiente da redação. Entendendo o ritmo, técnicas e recursos. 

O saldo dessa última semana é o resultado de produções de matérias, oficinas e palestras. Uma rotina que “respira” aprendizado.

E, vamos combinar, aprender com Mário Bonella é sempre um prazer. Na terça-feira, os residentes conversaram com o apresentador do Bom Dia ES e repórter de Rede da TV Gazeta. Antes de se tornar um dos principais nomes do jornalismo capixaba, Mário já foi residente. Turma de 1998.  

Logo no início da conversa, Bonella indagou aos residentes. Afinal, “o que é notícia?”. É que o jornalismo está passando por muitas transformações. Mas, segundo ele, nós jornalistas não podemos deixar de nortear o nosso trabalho no interesse público.

Além disso, de acordo com Bonella, quando temos as informações de uma notícia em nossas mãos, precisamos fazer uma segunda pergunta: “Qual é a melhor forma de contá-la?”. Para responder, ele utilizou exemplos de produções da TV Gazeta que foram exibidas no Fantástico, Jornal Hoje e Jornal Nacional. São reportagens que alinham muito bem os principais recursos da televisão: imagem e áudio.

Para aperfeiçoar este último recurso, os residentes encontraram a fonoaudióloga Tatiane Gastão na quarta-feira. A oficina de voz, ministrada pela Tati, foi um momento para aprender novas técnicas e exercitar a fala.

Segundo a fonoaudióloga, que já trabalha com os profissionais da Rede Gazeta há 18 anos, o jornalista deve saber se comunicar para dar emoção e gerar sentimento ao texto. Para isso, a narração deve ter naturalidade e autenticidade.

Tati apresentou dicas de entonação, ritmo, intensidade e tom da voz. Também mostrou alguns exercícios de aquecimento vocal. E, depois de preparar as cordas vocais, os residentes partiram para a prática. Eles leram textos jornalísticos utilizando as técnicas da aula.

Na dinâmica, Tati pôde entender quais são os desafios de cada residente para melhorar a oratória. No próximo dia 9, ocorrerá um novo encontro. Será a segunda parte da oficina, onde os residentes novamente poderão aprimorar as narrações, recurso tão importante na TV, no Rádio e até nos meios digitais. 

Aliás, digital pode ser considerada uma das palavras-chave desta edição do Curso de Residência. Primeiro porque, cada vez mais, o digital ganha espaço no trabalho jornalístico. São notícias publicadas em sites e redes sociais, e até eventos e entrevistas realizadas a distância. Por isso, parte do conteúdo do curso é voltado para as ferramentas digitais. E, segundo, porque a primeira etapa do Curso de Residência deste ano foi uma experiência de ensino a distância.

Na quinta-feira, os residentes voltaram para as telas do computador. O local da atividade do dia foi, novamente, uma sala virtual. Nela, eles escutaram uma apresentação do Vale Música, projeto social que cria oportunidades para estudantes participarem de formações musicais e desenvolverem seus talentos. A iniciativa completa 20 anos em 2020 e atende crianças e adolescentes do Espírito Santo, Minas Gerais, Pará e Mato Grosso do Sul. 

Após a apresentação do projeto, os residentes foram divididos em dois grupos e entraram em novas salas, onde entrevistaram pessoas que foram impactadas pelo projeto.

Já na sexta-feira, o encontro voltou a ser presencial, sempre seguindo as normas de higiene e distanciamento estipulados pela Rede Gazeta. Ari Melo, cinegrafista da TV Gazeta, conversou sobre a importância da imagem nas produções televisivas. 

De acordo com ele, na televisão é importante que cinegrafista e repórter estejam alinhados para obter um bom resultado. Ari mostrou algumas das suas imagens que foram exibidas no Jornal Hoje e no ES1. Uma delas, resultado de três meses de filmagens, acompanha a construção da casa de um João-de-Barro, ave conhecida pelo seu característico ninho. 

Após a conversa, os residentes ainda gravaram passagens – momento em que, no audiovisual, o repórter aparece e fala diretamente como telespectador-, com o Ari. A atividade encerrou as oficinas e palestras da semana.

Segundo Mônica Moreira, uma das residentes, “foi uma semana bem dinâmica, com muita variedade de conteúdo e muito aprendizado.” Além disso, Mônica destaca o entrosamento da turma, que, segundo ela, a cada semana está mais unida.

O que vem por aí:

Nos acréscimos dessa intensa semana, teve tempo para uma nova “manchete”. Sim, deram spoiler da programação da semana seguinte.

É que na próxima quarta-feira (04), os residentes participarão de uma live sobre o papel dos municípios na proteção às mulheres, com a Dra. Herminia Azoury, Juíza de Direito e Coordenadora Estadual de Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, e Marina Soares, Diretora Jurídica de Sustentabilidade, Compliance Oficcer e Data Protection Officer da Arcelor Mittal Brasil.

Vilmara Fernandes fala sobre como contar uma boa história

“Como contar uma boa história”. Esse foi o tema abordado pela repórter especial de A Gazeta, Vilmara Fernandes, em uma conversa com os alunos do 23º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. O encontro, que ocorreu na última quinta-feira (8), fez parte da programação da fase a distância do curso.

Na introdução da sua fala, Vilmara destacou a importância de o jornalista manter uma boa relação com as fontes. Segundo ela, estabelecer um vínculo de confiança com a pessoa que revela determinada história – através do respeito, empatia e sinceridade – é fundamental para conseguir contá-la de uma boa forma.

Assim, é possível descobrir detalhes, obter boas respostas e, muitas vezes, até se surpreender com o surgimento de novas pautas. De acordo com a jornalista, frequentemente a apuração começa a partir de denúncias e dicas que chegam da sua rede de fontes.

Por isso, é necessário que o repórter aprecie um bate-papo e desenvolva a capacidade de escutar. 

Durante a conversa com os residentes, Vilmara utilizou episódios vivenciados por ela para exemplificar situações recorrentes durante o trabalho jornalístico. Citou reportagens como “Muito luxo e pouca segurança”, na qual ela testou a segurança dos condomínios da Grande Vitória, e “Maranata: da fé à fraude”, que denunciou um esquema de corrupção para desviar recursos do dízimo. Ela também contou sobre a sensibilidade ao conversar com pessoas vítimas da forte enxurrada que atingiu Iconha no início deste ano. 

Vilmara é conhecida pelo seu trabalho investigativo e questionador. Em sua trajetória, conquistou muitos prêmios com suas reportagens. Só em 2016, no Prêmio MPT de Jornalismo, ela venceu em cinco categorias, inclusive a premiação principal, com as reportagens especiais “A caixa-preta dos sindicatos” e “Tragédia na plataforma”. Uma verdadeira coleção em reconhecimento ao seu trabalho.  

A jornalista também falou sobre a necessidade de o repórter se organizar durante a apuração. De armazenar documentos, entrevistas e informações. Além de “sempre comemorar cada passo da matéria e vibrar com cada conquista”.   

A conversa foi carregada de dicas e orientações preciosas que devem ser valiosas para os residentes nos próximos meses e durante toda a profissão. Vilmara encerrou dizendo que “ser jornalista é como fazer uma viagem: é conhecer pessoas e lugares”.

Stories sobre quem informa nos stories

Na última quinta-feira (1), nós, alunos do Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, participamos de uma conversa sobre o projeto Drops Estadão. O bate-papo contou com a presença dos jornalistas Murilo Busolin (coordenador do @medialabestadao), Bárbara Pereira (repórter do Estadão) e João Castro (social media do Estadão). Após o encontro, nós residentes exploramos os recursos e técnicas das redes sociais e produzimos um material sobre o evento.

Abaixo você confere a minha produção:

Karol Bertordo: olhos atentos para a natureza capixaba

O Espírito Santo possui muitas belezas naturais. São praias, cachoeiras e montanhas espalhadas por seus 78 municípios. Um dia, Karol poderá dizer que conhece todos eles.

Para falar de Karolyne Mayra Bertordo, ou apenas Karol, é necessário falar de lugares. Ela é daquelas que adora explorar cada cantinho, que toda vez que vai ao Morro do Moreno – e já foram várias – quer assistir à chegada do sol de um novo ângulo. Parece que há 27 anos, ao nascer no centro de Vitória, ela já estava curiosa se preparando para descobrir o Espírito Santo.  

Nessas descobertas, a capixaba acumulou memórias inesquecíveis. No Parque Nacional do Caparaó, além de apaixonar-se pelas cachoeiras do município de Iúna, subiu o Pico da Bandeira – terceiro mais alto do país com 2.891 metros de altitude. Também se encantou com a beleza do Parque Estadual da Pedra Azul, um ícone do ecoturismo no estado. E em Conceição da Barra, na fronteira com a Bahia, desfrutou de toda sensação de tranquilidade que o mar lhe ofereceu.

Mas as memórias eram lindas demais para serem guardadas a sete chaves. Mereciam ser compartilhadas. Karol sabia disso. Por isso, criou a página “destinos capixabas”, que reúne fotografias, algumas autorais e outras enviadas por usuários, de vários pontos turísticos do estado, nem todos conhecidos pelo público geral. 

Ao fundo a vista da cidade de Vitória a partir da na Pedra dos Dois Olhos

A maioria dos registros são de paisagens naturais. É importante falar que Karol não gosta de luxo. Aliás gosta sim, mas luxo para ela é fauna e flora. A paixão pelo meio ambiente e o lado jornalístico se entrelaçam muito bem na vida da jovem.

Mesmo diante de um cenário terrível para quem se preocupa com o verde nesse país, da dificuldade de digerir as notícias sobre as queimadas na Amazônia e no Pantanal, ela não desanima. Segue confiante de que, através do jornalismo, é possível realizar mudanças positivas na sociedade. No papel da imprensa para conscientizar sobre a preservação do meio ambiente. Por isso ela estuda, pesquisa, entrevista e escreve.

Atualmente, Karol está finalizando o curso de jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Se debruçando sobre a produção do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), um livro a respeito do Instituto Últimos Refúgios, ONG baseada em Vitória que “visa a sensibilização ambiental através da imagem”. Otimista, a estudante de jornalismo acredita que essa será uma forma de deixar um legado para o meio ambiente do Espírito Santo e para a sociedade.

A religiosidade capixaba que se manifesta nas ruas, na história – como a do belíssimo Convento da Penha, um dos santuários mais antigos do país – e está presente até no nome do estado, se faz importante na vida da jovem. Por isso ela segue com fé em dias melhores.

Karol também é autodidata em vários instrumentos, recebe elogios da sua turma por seus dotes culinários e, durante a quarentena exigida pelo Coronavírus, até reformou um cômodo da sua casa com o marido. Porém, agora pretende se concentrar no que sabe de melhor: escrever.

Que ela aproveite o 23º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta para nos apresentar o seu olhar sobre o Espírito Santo.