Especialistas explicam os desafios do próximo governo na economia

Natuza Nery fez a mediação do debate entre Ana Paula Vescovi, Carlos Melo e Samuel Pessoa, no painel Hard News do 13º Encontro de Lideranças

Por Caroline Mauri - atualizado em 11/12/2018 as 15:38

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Texto de Júlia Afonso e Ludmila Azevedo
(Curso de Residência em Jornalismo)

Uma conversa sobre os desafios do presidente eleito para reestruturar a economia do país foi orquestrada pela comentarista da Globonews, Natuza Nery, na manhã deste sábado (24), no último dia de palestras do 13º Encontro de Lideranças promovido pela Rede Gazeta em Pedra Azul. Os especialistas convidados foram a secretária executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, o cientista político e professor do Insper, Carlos Melo, e Samuel Pessoa, professor de economia e sócio da Reliance.

Foto: Carlos Alberto SilvaPara Carlos Melo, o governo federal eleito terá que gerir sete grandes crises ao assumir. A primeira é a econômica: “Câmbio fiscal é fundamental, mas só isso não basta. Precisamos partir para a pauta da produtividade”. Segundo ele, há também o problema do presidencialismo de coalizão. “No Brasil, temos um único instrumento de negociação, os cargos e recursos, e isso chegou ao esgotamento”, pontuou.

“A crise no financiamento da política é a terceira. Chegamos em uma situação em que o financiamento está cada vez mais difícil, mas você precisa reestruturar para se disputar o poder”, afirmou. Segundo ele, ainda há a crise do “país da meia entrada”, que dificulta a quebra dos privilégios, e o desafio da intolerância: “Precisamos buscar o diálogo, e é o vitorioso quem tem que fazer isso”.

A crise da segurança pública também foi citada pelo professor: “Essa questão depende mais de inteligência do que de força”. “A crise da liderança política não acontece só no Brasil, mas no mundo inteiro. Houve uma queda na qualidade que precisa ser resgatada”, concluiu. Carlos disse ainda que considera um erro a discussão da reforma da previdência: “Retomar isso é um erro porque nos faz perder um momento valoroso do começo do mandato, em que as coisas podem começar a avançar”.

Foto: Carlos Alberto SilvaPara Samuel Pessoa, professor de economia e sócio da Reliance, companhia de consultoria e gestão de patrimônio local e internacional, o presidente eleito terá que dialogar com o Congresso Nacional a fim de descobrir uma forma de arbitrar o “buraco de 300 bilhões de reais” no orçamento. “Pode ser pela reforma da previdência, aumento de impostos ou combinação das duas coisas”, frisou.

“Estamos no início de um novo ciclo, uma transição política de um longo período socialdemocrata, de seis eleições seguidas. Temos um Brasil com uma certa deterioração na qualidade das nossas lideranças políticas”, contou Samuel.

Ana Paula Vescovi argumentou que o parlamento costuma amarrar as receitas a algumas despesas, gerando ineficiência na gestão fiscal. “O que equaciona a dificuldade entre o Estado que nós queremos e a forma de chegar até ele são as reformas estruturais que trazem efetividade para o gasto público, especialmente na saúde, educação e segurança pública”, comentou.

Em relação à economia, Ana Paula entende que o momento pede uma menor intermediação entre os processos públicos e privados, justificando que o mercado de capitais está muito mais avançado do que quando as primeiras privatizações foram realizadas, há cerca de 30 anos.

“Está claro o desafio brasileiro no campo fiscal. As dívidas estão altas, o orçamento está engessado, a dívida cresce cada vez mais e a carga tributária está no limite, com os grandes gastos com previdência no centro disso tudo”, disse ela. “O Espírito Santo dá exemplo quando o assunto é estado funcionando em prol do cidadão, por meio da redução da despesa do pessoal”, enfatizou.

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