Funcionários e ex-funcionários se despedem de Cariê

“Um patrão que era colega”. Veja repercussão entre colegas e ex-colegas de trabalho na Rede Gazeta

Por Álvaro Guaresqui - atualizado em 06/04/2021 as 13:39

(Foto: Arquivo/Rede Gazeta)

A relação próxima e sempre cordial com os funcionários é uma das marcas deixadas por Cariê Lindenberg, presidente do Conselho de Administração da Rede Gazeta. Aos 85 anos, Cariê faleceu na madrugada desta terça-feira (06), em decorrência de complicações causadas por uma pneumonia. Entre os anos de 1965 e 2001, ele comandou a Rede Gazeta. Foi o responsável pela digitalização do acervo jornalístico, da inauguração da página na internet e da fundação das emissoras regionais do grupo.

Funcionários e ex-funcionários que conviveram com Cariê destacam a gentileza e o carinho do homem que enquanto chefe se colocava como colega de trabalho, defendendo incondicionalmente o jornalismo sério, bem apurado e imparcial. Ao longo desta terça-feira, muitas dessas pessoas se manifestaram nas redes sociais. Em decorrência da pandemia da Covid-19, apenas os familiares mais próximos irão acompanhar as cerimônias de despedida do empresário, no Cemitério de Santo Antônio, em Vitória.

 

Veja algumas manifestações:

 

(Foto: Arquivo Pessoal/Jocimar Breda)

“Dr. Carlos sempre foi uma pessoa muito especial na empresa. Era uma pessoa muito preocupada com todos os funcionários e sempre muito justo. Convivi com ele por 26 anos e sempre muito educado, querendo ajudar a todos e com um grande coração. Sempre convivi com ele, Dona Maria Alice e com os filhos (Letícia, Café e Beatriz) e vi como são exemplos de pessoas boas e com caráter excepcional. Ele vai deixar muita saudade e com ótimas lembranças! O que conforta é saber que ele sempre fez o bem e que sempre será lembrado por coisas boas.”

Jocimar Breda, secretário da presidência da Rede Gazeta

 

“O doutor Carlos foi o meu pai, ele fez esse papel no momento em que mais precisei, me ajudou, confiou em mim. Pense em um ser humano bom, uma pessoa honesta, que respeitava os funcionários, tratava todos de forma igual. Eu era da limpeza e ele cumprimentava dava atenção. Não era um patrão era um pai. Eu sei que ele vai descansar e está deixando um grande legado, mas eu estou muito triste com a perda dele. Que ele descanse em paz.”

Aparecida Alves (Cida), ex-telefonista da Rede Gazeta

 

“São nessas horas que nós percebemos o quanto consideramos alguém da família e eu tenho o prazer de conviver com essa família há 33 anos. Eu me lembro de uma história de quando era nova, apresentava o ES1, era editora de rede nacional e nós preparamos uma reportagem que denunciava uma empresa local e seria exibida no Jornal Hoje (TV Globo). Quando eu estava terminando de editar a reportagem, toca o telefone. Era o Cariê. ‘Vocês estão fazem a matéria sobre ‘tal’ assunto’, ele quis saber. Me fez algumas perguntas e questionou se eu ouvia o outro lado. Então eu perguntei a ele se ele gostaria de assistir a reportagem antes de ser exibida. Ele prontamente me respondeu: ‘Não. Eu vejo quando for ao ar’. Aquilo para mim foi a prova de que a empresa que eu trabalho me dá autonomia para fazer o jornalismo como ele deve ser feito, independente de quem seja o foco. Foi a prova de que era uma empresa imparcial e ele me deu essa responsabilidade.

Depois, veio o Jornal do Campo e o nosso lema ‘aqui fala quem faz’ vem juntamente dessa ideia do Cariê em partilhar e compartilhar conhecimento, sempre preocupado com a agricultura, mesmo em um estado pequeno, mas em que o agronegócio é importante. E o Cariê sempre foi preocupado com o pequeno produtor. Ele entendia a importância do grande, mas o foco sempre foi o pequeno produtor. O Cariê era tudo isso que agora vemos nas homenagens nas redes sociais. Era sábio, humano, próximo. Você tinha o livre acesso a ele. Mesmo afastado da empresa, mandava e-mails, dizendo: ‘minha filha, gostei muito dessa reportagem exibida domingo’. Hoje eu me sinto órfã”

Claudia Gregório, editora e apresentadora do Jornal do Campo

 

“Uma vez fizermos uma matéria com um empresário próximo ao Cariê, e esse empresário ficou bravo, disse que era amigo do Cariê e que nós não poderíamos fazer a matéria. Recebi então um e-mail do Cariê me perguntando se eu tinha certeza da apuração. Eu, muito novinha, respondi com um recado desaforado e ele me devolveu com a gentileza peculiar ‘não, só quero que você tenha certeza do que estamos fazendo’. Ele era mais preocupado em que fizéssemos o certo do que em deixar os amigos satisfeitos. Só posso dizer que é uma pessoa que tenho as melhores lembranças como chefe e como pessoa como profissional do negócio – ele tinha visão de futuro da empresa -, sem falar do lado artístico, cultural, intelectual e uma gentileza ímpar.”

Daniela Abreu, editora e apresentadora do ES2

 

“Na redação do jornal A Gazeta nós tínhamos uma brincadeira de quem trabalhasse mais ganharia o “Cariê de ouro”. Eis que, em um aniversário meu, Rita Bridi e Rachel Silva (repórteres à época) fizeram um troféu, colocaram uma foto do Cariê e o convidaram para entregar na redação. Ele topou com muito bom humor e foi lá e entrou na brincadeira. Ele tinha o habito de ir à redação de conversar conosco, de saber das informações, principalmente de política, agricultura e economia. Ele dava dicas de apuração e depois gostava de saber se elas tinham rendido. Era um homem que vivia na redação. Então, para nós, ele era quase um colega de trabalho não o patrão. Fora a personalidade dele, que conhecia todos os funcionários, as histórias, aberto a ouvir, sem falar da parte artística, como escritor e musico, ele gostava e apoiava esses assuntos. Nós o considerávamos uma pessoa da família.”

Denise Zandonadi, ex-repórter de economia do jornal A Gazeta

 

“Essa é uma notícia que eu não gostaria de ter dado como jornalista. Eu passei 35 anos da minha vida na Rede Gazeta e, realmente, o Cariê era uma pessoa diferenciada, um patrão diferenciado. Ele não se impunha pela autoridade der o dono, ele se impunha pela pessoa que ele era: ético. Ele nunca chegou para questionar o teor de uma reportagem. Ele era democrático, sensível, generoso inteligente, criativo e era uma pessoa diferente. Foi um privilégio passar todo esse tempo da minha vida sob a liderança dele. Deixa um legado importante”

Claudia Feliz, ex-repórter de economia do jornal A Gazeta

 

“Eu comecei na Rede Gazeta em 1983, na editoria de política, e o Cariê sempre foi apaixonado por política. Sempre aparecia na redação ao final do dia, puxava a cadeira, e falava: ‘Oi, querida. Do que tem de informação aí?’. A lembrança que tenho dele é de alguém supersensível, inteligente, educado, que não se comportava como dono, como chefe, mas como colega, parceiro. Tenho tudo a agradecer a ele e vai fazer falta.”

Rita Bridi, ex-repóter de política do jornal A Gazeta.

 

“Delicadeza em pessoa, sorriso afável como o de um avô querido, dr. Carlos, ou nosso Cariê, nos inspira não só como jornalistas, mas como seres humanos. Um homem ético, empreendedor, justo e carinhoso. Em qualquer que fosse a ligação, para assuntos mais sérios, espinhosos ou divertidos, vinha com a mesma voz e dizia: Oi minha filha, não quero te incomodar, mas preciso de um favor… você pode me ajudar? Claro que posso Cariê! Sempre posso e poderei ajudar à Rede Gazeta, ao jornalismo, à democracia! Faça uma festa linda no Céu com sua mãezinha! Vamos sentir sua falta por aqui, mas seu legado irá nos inspirar todos os dias a seguir em frente. Que Deus o receba em seus braços!”

Elaine Silva, editora-chefe de A Gazeta

 

(Foto: Arquivo Pessoal/Bruno Dalvi)

“Cariê era um ser humano incrível. Sabia e gostava de ouvir, especialmente as opiniões contrárias a dele. Os papos eram agradáveis e toda vez que nos encontrávamos tínhamos uma história para contar um ao outro. Vou sentir saudades das ligações que começam sempre com a mesma frase: “Meu filho, tudo bem? A família tá bem? Veja se pode me ajudar”. Sua simplicidade e generosidade farão falta nos dias de hoje.”

Bruno Dalvi, editor-chefe da TV Gazeta

 

“Um dia triste. Mais que um chefe, Cariê era um líder doce, gentil, extraordinário. Carregava muitas histórias do jornalismo e da boemia. Nunca me esqueço de uma em especial, que o Serginho Egito sempre contava. Reza a lenda que quando Serginho foi contratado em A Gazeta, há muito e muitos anos, Cariê o convidou para o cargo na mesa do tradicional Britz Bar. Mas Serginho respondeu: “Só se você contratar todo mundo dessa mesa”. E todos os boêmios dali foram contratados. Muito tempo depois, Serginho se transformou em editor-chefe de A Gazeta e por muitos anos foi editor de Política e amigo pessoal de Cariê – parceiro das cantorias. Hoje vai ter bossa nova no céu.”

Andreia Lopes, ex-editora-executiva da Redação Multimídia

 

“Jornalismo, cultura, meio ambiente, empreendedorismo, valorização do produtor rural, inovação, tecnologia e um grande amor ao Espírito Santo. Cariê Lindeberg é um marco na história do nosso Estado. Meus sentimentos a Café, Beatriz e Letícia Lindenberg. Sou muito grato a tudo que aprendi com Cariê e com a Rede Gazeta.”

Renato Costa, ex-apresentador do “Em Movimento”

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