O que algumas pessoas fazem enquanto a cidade de Vitória dorme?

Por volta da meia-noite, uma boa parte das janelas das casas já não brilham mais. As luzes do comércio, aos poucos, também já não existem. Mas se engana quem pensa que a cidade de Vitória, no Espírito Santo, dorme. A capital capixaba vem ganhando cada vez mais adeptos da vida na madrugada, incluindo pessoas que “enganam” seus próprios relógios biológico para trabalhar e até aproveitar a praia.

É o caso dos feirantes do bairro Jardim da Penha. Quem costuma chegar cedo ao local se depara com as barracas armadas, além de trabalhadores dispostos, cantarolando, inventando rimas e convidando a freguesia para as suas bancas. Não imaginam, no entanto, o que se passou durante a madrugada, antes que tudo ficasse pronto.

Por volta das 3h, caminhões, carros pequenos, ajudantes e feirantes começam a movimentar o local. Nesse horário, a feira mais conhecida do bairro vai se preparando para receber seus frequentadores logo ao nascer do sol. Faça chuva ou faça sol, a Rua Comissário Queiroz, começa a fazer jus ao apelido que tem: rua da feira.

E foi ali na feira que, há pouco mais de dezesseis anos, nascia um namoro e, anos depois, um casamento.Atualmente, André Gusson (34) e Letícia Gusson (31) passam as noites das terças e sextas movendo as verduras, frutas e folhas do caminhão para a barraca.

Ambos são filhos de agricultores de Biriricas, distrito de Domingos Martins (ES), há cerca de setenta quilômetros de Vitória (ES). Ainda na adolescência, os dois acompanhavam os pais da produção agrícola às feiras da capital do Espírito Santo. Logo, André notou algo mais na moça que ficava há duas ou três barracas após a dele. “No início eu percebi que ele me olhava, eu também olhava para ele. Depois a gente começou a conversar. E aí eu levava um bolo para ele, ele me trazia umas frutas, e assim a gente começou a namorar”, descreve Letícia.

A rotina do casal sempre foi noturna. Enquanto tira os produtos das caixas, André conta que já está acostumado. Para eles, esse trabalho na madruga é o pilar de subsistência de uma família inteira. A barraca deles comercializa os produtos da Associação de Produtores de Biriricas, uma espécie de cooperativa que reúne dez trabalhadores e produtores rurais, todos parentes.

Reciclagem e frete na madrugada

Já Jorginho “é só Jorginho mesmo, não uso o sobrenome”, disse para a reportagem continua tendo disposição mesmo no auge dos seus 51 anos de idade. Ele deixa a sua casa, em Andorinhas, e sai pelas ruas de Vitória, catando latinhas e empurrando o seu carro de reciclagem, fabricado em 1995. Jorginho passa a madrugada trabalhando para levar sustento à família.

Além do ofício de catador, ele faz fretes para comerciantes de diversos bairros, inclusive na feira de Jardim da Penha. Por volta das 3h da madrugada, Jorginho já está ativo, ajudando a montar as estruturas das barracas e transportando produtos de um lado para o outro. 

O grande problema fica por conta do cansaço. De acordo com o catador, conseguir tempo para dormir é um luxo. “Em dia de feira eu durmo só umas duas horas por dia. Preciso acordar cedo por uma questão de necessidade”.

Mesmo assim, Jorginho conta que o trabalho rende um dinheiro importante para o sustento da sua família. No trabalho de frete nas feiras de Maruípe, Jardim Camburi e Jardim da Penha consegue R$80 por dia. Já catando e vendendo latinhas, recebe pouco mais de mil reais por mês.

“QUANDO CHEGO EM CASA, DESCANSO UM POUCO E DEPOIS SAIO PRA CATAR LATINHA. EU GOSTO DE QUALQUER TRABALHO. TUDO QUE TIVER DINHEIRO, EU TÔ FAZENDO”. – JORGINHO

Hora de lazer

Nem a insegurança ou a chuva fazem com que os jovens Igor Calmon, 25, e Rennan Ataídes, 26, deixem de frequentar a Praia de Camburi durante a madrugada. Moradores da capital há cinco anos, os amigos vão até o local umas três vezes por semana, onde ficam horas conversando, lendo e escutando música.

Eles se conheceram em Santa Teresa, no interior da Espírito Santo, ainda na adolescência. Estudaram juntos por muitos anos, até que foram para a capital começar uma graduação na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Rennan é licenciado em Geografia e Igor está finalizando o curso de Design.

Além de amigos, os dois também dividem um apartamento, a poucos minutos da praia. Assim que começaram a procurar por um espaço de lazer perto de casa, essa proximidade contribuiu para que escolhessem a orla. De três meses para cá, portanto, trocam algumas horas de sono pelo barulho do mar e o contato com a areia.

“Só a praia ajuda a relaxar de um dia tão estressante. [Ela] é um pedaço de natureza, igual como tínhamos em Santa Teresa. Isso faz com que a gente se sinta em casa. Em Vitória, ficamos restritos ao concreto, aos prédios”, afirma Igor, que passa o dia inteiro em frente ao computador por investir na bolsa de valores. 

Rapper nas horas vagas, Rennan também afirma que a praia é uma fonte de ideias de novos beats, ritmos e melodias. Por ter que conciliar a música com a carreira de professor, a madrugada virou um momento para ele fazer suas criações, seja compondo ou estudando. “Quando sobra algum tempo no meu dia, venho para a praia. Até porque trabalho com a criatividade, a música vive de novas ideias, e esse ambiente ajuda muito”, conta.

Outra razão que influenciam os dois a irem até a praia é o clima. “Uma coisa muito diferente entre Vitória e Santa Teresa é o clima. Lá, tudo é bem mais gelado. Já aqui, tem essa brisa do litoral, que é mais gostosa. Acho que é uma das únicas coisas que não sentimos falta de lá”, lembrou Rennan.

Mudança de vida

De consultor telefônico a dono do próprio food truck, o empresário Wagner de Oliveira Costa, 36, quis mudar de vida há menos de dois anos. Pai de dois filhos, ele acreditava que estava perdendo o crescimento das crianças de 4 e 1 ano, por ter que trabalhar mais de 50h semanais no seu último emprego. 

“Praticamente não via meus filhos, saía de manhã e só voltava à noite, quando eles estavam dormindo. Perdi os primeiros passos da minha filha mais velha. Trabalhava de segunda-feira a sábado, às vezes domingo, para ganhar um dinheiro a mais”, relembra, explicando os motivos que o levaram a mudar de rumo.

Com o conselho de um amigo, decidiu abrir uma loja de pastéis e caldo de cana, que hoje fica na Praça do Epa, em Jardim da Penha. Wagner trabalha sozinho, todos os dias. Chega sempre às 12h e fica no trailer até quando a clientela vai embora. 

“Agora, eu quem faço meu próprio horário. Se algum dos meus filhos ficar doente, por exemplo, posso fechar o food truck e ficar em casa, dar um cheiro nele”, conta.

E, assim como na própria família, ele também conseguiu manter uma relação mais íntima com os comerciantes da praça, especialmente quando um precisa do outro para resolver problemas. “Se o carro de um quebra, a gente vai lá e socorre. Quando um tá com o carro na oficina, vamos lá buscar o food truck pra eles. Esses dias mesmo consertei a luz do Dodô do Churrasquinho. Dá umas brigas, como qualquer família, mas a gente logo se realinha e tudo volta a ficar bem”.

Por causa da pandemia, Wagner revela que suas vendas caíram de 100 pastéis por dia para apenas 5, no início de maio, quando pôde voltar a vender. Hoje, ele ainda só consegue vender 30, embora mantenha a positividade e acredite que “as coisas já estão melhorando”. 

“Tenho fé de que o nosso comércio local vai voltar com muita força no ano que vem, para ser aquele lugar de encontro de famílias e amigos. Por enquanto, o que podemos fazer é trabalhar bastante para recuperar o tempo perdido”, acredita.

Bares lotam após fim das eleições municipais em Vitória e Vila Velha

Bares e restaurantes da Grande Vitória ficaram lotados neste domingo (15) de eleições municipais. Com o fim da votação, parte dos eleitores capixabas aproveitou para curtir o restante do fim de semana e do feriado de Proclamação da República. Em alguns lugares, no entanto, parte dos frequentadores não utilizava máscaras.

O comércio de bebidas alcoólicas não foi proibido na eleição municipal de 2020, no  Espírito Santo. A medida foi adotada pela última vez em algumas cidades do Estado em 2012 e, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES), não há vedação desta vez. A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) também informou que não há nenhuma determinação nesse sentido por parte do governo. 

Na Praia de Camburi, em Vitória, muitas pessoas podiam ser vistas nos quiosques já desde o fim da manhã. A orla da Capital era um dos locais em que boa parte dos frequentadores não estava utilizando máscaras ou seguindo os protocolos de segurança devido à pandemia da Covid-19.

Cristina Cipriano, 61, é moradora da Praia do Canto e sempre reserva um tempo para votar. Crédito Maria Fernanda Conti

Durante toda a tarde, a situação se repetiu na tradicional região boêmia do Triângulo das Bermudas, na Praia do Canto, também em Vitória.  Moradora do bairro, a eleitora Cristina Cipriano, 61, revelou que separou um tempo do dia para votar antes de aproveitar o resto do final de semana. “É um ato muito importante para o município. Embora ache que meu candidato não vá ganhar, fui lá e o apoiei. Mas, ao mesmo tempo, também mereço um descanso antes do começo de uma nova semana”, contou.

MOVIMENTAÇÃO EM VILA VELHA

Na Praia da Costa, em Vila Velha, os moradores aproveitaram para ir aos quiosques da orla após o fechamento das urnas. Por volta das 17h, era possível ver alguns pontos de aglomeração tanto na areia da praia quanto nos bares, além dos tradicionais food trucks que ficam pela região.

Aposentadoria pode ser feita de forma gradual para não gerar ansiedade ou depressão

Muitos idosos aproveitam o tempo livre para realizar sonhos que estavam na gazeta. Crédito: Pixabay

A transição da vida profissional para a aposentaria é um momento de intensas emoções entre as pessoas da terceira idade. Se por um lado é considerada uma fase de dedicação à família e aos planos que ficaram guardados na gaveta durante anos, por outro pode virar até motivo de adoecimento, ocasionado pela sensação de improdutividade e solidão. 

Mas o que muitos não sabem é que é possível amenizar essa mudança abrupta de vida. Algumas empresas já contam com especialistas que as orientam nesse sentido. Com a participação de profissionais qualificados de várias áreas são realizados encontros e discutidos temas ligados à família, saúde, finanças e vida social. E mais: seis meses antes da aposentadoria ser efetivada, os futuros aposentados já começam a se adaptar, recebendo uma carga menor de trabalho.

No entanto, ainda são poucas as empresas que realizam essa adaptação. Felizmente, Antônio Carlos Guaitolini, 68 anos, e Naor Lessa Silva, 65, estão entre os privilegiados que foram preparados para esse momento. Os dois trabalham na mesma empresa há 40 anos e, a partir de dezembro terão mais uma coisa em comum: a vida de aposentado. Cada um encarou o período de forma diferente, um com vontade de aproveitar o tempo livre e o outro com medo de se ver desocupado, mas ambos souberam lidar com seus sentimentos.

Guaitolini, que é especialista em compras, por exemplo, começou a planejar sua aposentadoria em 2010. Ele já não via a hora de ficar 100% disponível para a esposa Regina Célia, 63 anos, e os netos Gabriela, 5; Antônio, seis meses; e Manuela, que chega em dezembro para abrir com chave de ouro a aposentadoria do avô.

Antonio e Regina Célia pretendem curtir a família, sem hora marcada. Crédito: Arquivo pessoal

Em dezembro, ele afirma que vai cuidar de si próprio e da família, sem o “fantasma” das obrigações diárias. Pretende, ainda, separar um tempo para tirar vários sonhos do papel. “Meu único compromisso será curtir meus netos. Quero conhecer a região Sul do país, me dedicar a trabalhos sociais e aproveitar para caminhar na praia, mas nada com data e hora marcadas”, diz.

Ele admite, no entanto, que ainda é difícil imaginar-se longe do trabalho. “Vivi 46 anos e nove meses dentro de um mesmo grupo empresarial. Criei minhas duas filhas trabalhando lá, passei os meus melhores momentos e os mais difíceis exercendo a minha profissão. Por mais que a gente se prepare para este dia, é difícil se desapegar da rotina”, conta.

O OUTRO LADO DA MOEDA

Apesar do bem-estar que esse momento traz para algumas pessoas, há também quem não o encare tão bem assim. No Brasil, não existem dados que apontem os efeitos da aposentadoria na vida de quem deixa o trabalho ou está prestes a deixá-lo, mas especialistas explicam que os índices de depressão, separações e até suicídios são altos quando as pessoas entram nessa fase.

Uma pesquisa realizada em 2013 no Reino Unido pelo Institute of Economic Affairs mostrou a relação entre a aposentadoria e a depressão. No processo de transição, o risco de as pessoas desenvolverem a doença aumenta em 40%.

O mecânico Naor Lessa (ao meio), próximo de outros colegas que também vão se aposentar. Crédito: Divulgação

Foi o que aconteceu com o mecânico industrial Lessa, que passou do choque para um processo de desapego do seu posto de trabalho. Desde que teve a aposentadoria confirmada, o profissional precisou repensar como seria a vida dali para frente. Mas, segundo ele, essa tarefa não foi fácil. “Trabalhei 46 anos no mesmo lugar, é uma vida. É uma mudança muito abrupta”, declara.

Agora, o mecânico acredita que esse será um caminho muito mais leve e, tal como a vida profissional, possível de ser planejado. “Hoje, eu já consigo entender o processo e enxergar novas possibilidades na minha vida. Amo o que eu faço, mas sei que é hora de curtir minha família e meu netinho”, afirma.

MOTIVOS

Segundo a psicóloga Jaciara Pinheiro, os problemas físicos e emocionais relatados pelos idosos são alavancados por situações que, muitas vezes, os novos aposentados ainda não haviam vivido, como a super convivência familiar, a renda menor e a falta do que fazer.

“Muitos desses indivíduos trabalham tanto, que perdem o contato com alguns familiares e amigos. E, quando se veem aposentados, não sabem como resgatar esse vínculo. Tudo se torna difícil, até mesmo lidar com o tempo ocioso”, explica Jaciara, que também é diretora técnica e CEO da Rhopen Consultoria.

Jaciara acrescenta, ainda, que o maior desafio nesse processo é fazer o indivíduo entender que a vida não se resume ao trabalho. Por isso, ter uma rede de apoio e restabelecer vínculos sociais torna-se essencial para realizar uma transição mais calma, sem se deixar influenciar pelos pensamentos negativos.

Isso pode ser amenizado, de acordo com ela, caso as empresas comecem a olhar para as necessidades do profissional. “Acompanhamos muitas empresas investindo em programas para desenvolver e reter novos talentos, mas poucas olhando de forma respeitosa para esse profissional no final de uma carreira bem sucedida e que tanto contribuiu para a organização. Precisamos ajudá-lo a entender as novas possibilidades após esses longos anos de trabalho”.

Apoio das empresas

Em toda a Grande Vitória, algumas corporações já tentam mudar esse cenário. É o caso do Programa de Preparação para o Amanhã (PPA), da Rhopen, que fica na Capital. O projeto ajuda os profissionais a partir de encontros, onde são discutidos temas ligados à família, saúde, finanças, vida social e coletividade. O PPA tem duração de dois anos e é acompanhado por psicólogos e profissionais de recursos humanos.

E para que eles não deixem a rotina acabar de uma hora para outra, seis meses antes da aposentadoria ser efetivada, os futuros aposentados já começam a se adaptar, recebendo uma carga menor de trabalho. Eles vão à empresa duas ou três vezes por semana, até o tempo ficar cada vez menor. Tudo para que a adaptação à nova vida seja gradativa.

Confira 5 receitas caseiras para matar as pragas das suas plantas

Pragas aparecem quando as plantas não são bem cuidadas. Crédito: Pixabay

Manter um jardim ou uma horta saudável requer dedicação diária. No entanto, mesmo com todos os cuidados, diversas pragas podem aparecer nas plantas, incluindo aquelas que são capazes de matá-las. Por isso, é importante saber identificar esses pequenos invasores para combatê-los com inseticidas, de preferência naturais, antes que ataquem o resto da plantação. 

De acordo com o jardinista Ramon Cossuol, que comanda o projeto “Menino Do Dedo Verde (@meninododedoverd), formigas, cochonilhas, pulgões e lagartas são as pragas mais comuns. Entre os estragos que elas podem provocar, estão mastigar as folhas, sugar a seiva (que permite a circulação dos nutrientes pela planta), espalhar toxinas e transmitir doenças.

Normalmente, esses insetos aparecem quando as plantas não estão saudáveis. Seja por falta de luminosidade, excesso de água ou pouca adubação, elas tornam-se atraentes devido à sua vulnerabilidade. Os primeiros sinais que apresentam quando há algo de errado são mudanças na coloração, manchas e “machucados” nos caules e nas folhas.

Como forma de prevenção, portanto, é preciso deixá-las em um ambiente ideal para a sua espécie, incluindo uma rega controlada e a aplicação frequente de nutrientes. “Assim como nós precisamos de vitaminas e minerais para ficar saudáveis, as plantas também precisam”, afirma Cossuol.

Mas, para eliminar as pragas quando surgirem, o jardinista aconselha que sejam feitas receitas caseiras e naturais em casa, sem precisar comprar aditivos químicos. Todas as soluções, segundo Cossuol, devem ser aplicadas nas horas mais frescas do dia, especialmente no fim da tarde. Basta borrifar as plantas pelo menos duas vezes a cada 5 dias, até não sobrarem mais insetos.

“Se necessário, repita a aplicação. Pare de borrifar apenas quando as pragas tiverem ido embora. Essas receitas são naturais, podem ser aplicadas em hortas e as plantas consumidas tranquilamente, após lavadas e higienizadas”, aconselha o jardinista. Não é recomendado usar venenos ou agrotóxicos químicos, pois muitos insetos que fazem o controle das pragas na plantação podem acabar também morrendo.

Outra solução caseira é comprar larvas de joaninhas, pois são predadoras naturais e auxiliam no controle dos insetos. “Elas são uma verdadeira ‘máquina’ de devorar pulgões e cochonilhas. Para se ter uma ideia, comem até 50 pulgões por dia”, conta o especialista. 

Confira cinco receitas caseiras para eliminar de vez as pragas do seu jardim ou horta:

DETERGENTE

Misture meia colher de sopa de detergente neutro em 500 ml de água e borrife em toda a planta.

ÓLEO DE NEEM

Além de matar as pragas, o óleo de neem pode ser usado também para impedir que elas apareçam. Dilua 1 colher de sopa de óleo de neem em 1 litro de água e borrife em toda a planta. Como medida de proteção, pode ser usada de uma a duas vezes por mês.

ÁLCOOL ISOPROPÍLICO

Borrife o álcool isopropílico sobre os pulgões e cochonilhas e eles irão morrer na hora. Não é recomendado o uso do álcool comum, pois pode queimar as folhas das plantas

FUMO DE CORDA OU DE ROLO

Em uma panela, junte 15g de fumo de corda ou fumo de rolo e 700ml de água. Leve ao fogo até começar a ferver. Quando estiver no ponto, desligue o fogo e deixe a solução descansar por cerca de 10 horas. Depois, é só coar para não entupir o borrifador e jogar nas plantas.

ÁGUA OXIGENADA

Misture duas colheres de sopa de água oxigenada 10 volumes (tem que ser esse volume) em 500ml de água. Junte tudo em um borrifador e borrife na planta inteira, inclusive na terra ou substrato. 

6 perfis de influenciadores digitais que podem mudar a sua vida sexual

Influenciadores digitais dão dicas de sexo para os casais e aos solteiros. Crédito: Pixabay

Escolher o vibrador mais adequado, saber qual a posição certa para atingir o orgasmo e achar o “ponto G” de cada parceiro são dúvidas comuns durante o sexo. Mesmo entre os casais que estão há muito tempo juntos, não é difícil encontrar reclamações sobre o mau desempenho de algum dos dois, tornando difícil manter a chama do relacionamento acessa na hora H. 

Para ajudar a melhorar o desempenho nesse momento, diversos influenciadores criam conteúdos nas redes sociais que buscam responder todas essas questões de forma didática, leve e divertida. Entre os principais, é possível citar a sexóloga brasiliense Cátia Damasceno, que possui mais de 10 milhões de seguidores na internet; e o ex-BBB Mahmoud Baydoun, conhecido também pelo bom humor para tratar sobre vários tabus.

Conheça abaixo seis digital influencers que podem melhorar a sua vida sexual:

NA LATA

Sem papas na língua, a digital influencer Cátia Damasceno (@catiadamasceno) é direta e reta. Dona do canal mais seguido do Youtube sobre educação sexual do país, seu principal objetivo é desconstruir conceitos ultrapassados da área e propor novas experiências na cama. Nas redes sociais, ela busca estimular o autoconhecimento tanto do público feminino quanto do masculino, para aumentar o desempenho sexual dos seguidores. A especialista também responde dúvidas, desde as mais curiosas até as mais comuns, como, por exemplo, se é permitido transar durante a gravidez.

PRAZER FEMININO

Com foco no prazer feminino, a Ana Gehring (@vaginasemneura) presta consultoria para as mulheres que querem conhecer o próprio corpo e descobrir, de fato, quais são os seus “pontos G”. Para isso, ela faz lives semanais para tirar dúvidas das seguidoras, monta um “passo a passo da masturbação” e divide experiências pessoais que tem com o noivo. Por ter uma pegada natureba, a influencer tenta compartilhar essas dicas a partir dos conceitos da ginecologia natural, que é uma alternativa à medicina tradicional.

COM BOM HUMOR

Quando o assunto é tratar alguns tabus com humor, o ex-BBB e sexólogo Mahmoud Baydoun (@mahmoudbaydoun_) reina nas redes sociais. Sem abrir mão do conhecimento, ele sugere as melhores posições na hora do sexo, desmistifica algumas mentiras sobre os órgãos sexuais e tenta abordar, ainda, dúvidas do público LGBTQI+. Mahmoud também oferece cursos com truques para colocar em prática na hora da transa, mas que, ao contrário dos posts, só podem ser acessados após uma assinatura paga.

POR TRÁS DO SEXO

Se envolver sentimento, na maioria das vezes, o ato sexual vem acompanhado de incertezas (ou certezas) sobre o relacionamento. Com isso, também nascem conflitos de amor próprio, que atrapalham, e muito, o desempenho na cama. Algumas dessas dúvidas são tratadas pela terapeuta Lua Menezes (@lascivaluaaa), que propõe dicas de sexo ligadas à espiritualidade e ao autoconhecimento. No perfil dela, ainda é possível encontrar contos eróticos para serem lidos nas preliminares ou até mesmo sozinho(a).

BRINQUEDINHOS ERÓTICOS

Os conhecimentos adquiridos por ser dona de um sexshop deram visibilidade à influencer Luana Lumertz (@luanalumertz), que, atualmente, foca em falar dos famosos “brinquedinhos”. De diferentes cores, tamanhos e funcionalidades, ela indica quais são os melhores vibradores do mercado e dá detalhes sobre cada um deles, explicando as principais funcionalidades e apontando qual o melhor custo-benefício. Mas, para além disso, ela também procura desmistificar assuntos como puns vaginais, sexo anal e orgasmo feminino.

ANCESTRALIDADE 

De forma didática e acessível, a influencer Carolina Amanda (@yonidaspretas) une questões de raça e sexualidade em um mesmo perfil. Com um foco maior nas mulheres negras, ela traz debates sobre pompoarismo, os cuidados com a vagina antes e após a relação sexual, além de dar dicas para aproveitar melhor o prazer na hora H. Todas esses temas, no entanto, são tratados sob o olhar da ancestralidade, cujo foco é criar uma conexão maior com os antepassados para, assim, conhecer a si mesmo.

Dieta macrobiótica: arte de cozinhar com boa energia conquista capixabas

Grãos e alimentos integrais são os principais ingredientes da dieta macrobiótica. Crédito: Pixabay

Há algumas pessoas que chamam de dieta, outras de estilo de vida ou simplesmente uma nova forma de alimentação. Embora seja seguida de diferentes formas pelo mundo, a filosofia macrobiótica vem ganhando novos adeptos no Espírito Santo. Sua intenção principal é receber e dar boas energias por meio da comida.

Apesar de ter sido debatida anos antes, a macrobiótica foi apresentada ao mundo em 1961, pelo japonês George Ohsawa. Com base em fundamentos do budismo, essa dieta tem como princípio uma harmonia com a natureza. O movimento surgiu em resposta às formas de consumo atuais (fast-food, etc) e como opção de “cura pela boca”, devido ao fato de acreditar na extinção de doenças por meio da comida.

Neste caso, ainda sob a visão dos conceitos orientais, essa cura é alavancada por duas forças opostas, chamadas de Yin e Yang. Dessa forma, o Yin seria o doce e Yang o salgado, por exemplo. Independentemente de qual seja a dualidade, segundo essa filosofia, é preciso encontrar um equilíbrio entre os alimentos, a fim de que também haja uma harmonia no corpo de quem os come.

Os principais alimentos de um cardápio macrobiótico são leguminosas, sementes, oleaginosas (castanhas, nozes e amêndoas), frutas e cereais integrais. A maioria dos adeptos fala que a carne de peixe pode ser consumida, mas outros não recomendam a introdução de qualquer ingrediente de origem animal. Também são comuns raízes, verduras e algas marinhas.

Já entre os ingredientes “proibidos”, é possível citar café, bebidas estimulantes, pimentas muitos fortes ou qualquer outro tipo de alimento industrializado, cheio de açúcar e que passe por processos de refinamento. É necessário que tudo seja orgânico, sem a adição de agrotóxicos.

O QUE DIZ QUEM OPTOU 

Quem já pratica a macrobiótica garante que ela tem o poder de mudar a vida para melhor. Foi o que aconteceu com o escritor Roberto Al Barros, de Cachoeiro de Itapemirim, que é adepto há 40 anos. No momento em que conheceu os fundamentos dessa cultura alimentar, ele conta que começava a enfrentar problemas de saúde, ocasionados pelo alcoolismo e tabagismo.

“Descobri a macrobiótica através de um amigo, quando ainda era jovem, com meus 20 e poucos anos. Já naquela idade, eu bebia e fumava muito. Não tinha uma boa saúde. Achei que essa era a minha porta de salvação. Comecei a estudar, para conhecer um pouco mais, e trago comigo até hoje”, relembra, explicando que, atualmente, tem uma vida muito mais equilibrada.

Roberto Barros, de 63 anos, é adepto da macrobiótica há mais de 43 anos. Crédito: Arquivo pessoal

Ele conta que busca cozinhar de uma forma “zen”, levando energias do bem para a comida. É por causa desse laço íntimo com a alimentação que, segundo Roberto, a macrobiótica vem ganhando atenção. “Hoje em dia vejo que muitas pessoas estão conhecendo e se interessando mais. Esse desejo de mudança do corpo e das coisas ao redor fica no espírito das pessoas e são levadas adiante. É um estilo de vida que passa de geração em geração”, defende.

Uma parte das refeições de Roberto é feita com ingredientes diversos, mas ele afirma que o protagonista da sua alimentação tornou-se o arroz integral. Todo o seu planejamento para comer varia, no entanto, de acordo com a estação do ano e até com o clima do lugar onde ele estiver. Outra variável que o escritor tenta colocar em prática é o tempo de mastigação, cujo ideal são mais de 10 minutos em todas as refeições.

“Se você come uma fruta fora da estação dela, isso significa que devem ter agrotóxicos ali. Além disso, acreditamos que não dá pra servir uma sopa de lentilha em, por exemplo, uma cidade que esteja marcando 30ºC. Como manter o equilíbro do corpo se ele não está recebendo uma comida adequada com o ambiente?”, questiona.

MUDANÇA RADICAL 

Outra adepta da macrobiótica é a jornalista Paola Nali, de 35 anos, que optou há cinco anos por dar uma repaginada tanto no seu estado físico quanto no emocional através da comida. Tudo aconteceu após uma série de pesquisas que ela fez sobre o assunto. De uma vez só, então, decidiu parar de tomar refrigerante, comer doces e comprar produtos industrializados.

A jornalista Paola Nali mudou radicalmente de alimentação há 5 anos. Crédito: Arquivo pessoal

Paola também tenta dedicar-se à meditação durante as horas que passa na cozinha, preparando os alimentos. “Depois de fazer uns cursos sobre energias vibracionais, entendi que essa relação com o alimento traz questões emocionais para o nosso cotidiano. Quando estou comendo e vejo os ingredientes no meu prato, só vejo vida ali, que organiza e limpa o corpo”, afirma a jornalista, que mora em Linhares, no Norte do Estado.

Com o passar do tempo, ela conta que muitas características da sua personalidade mudaram, incluindo o modo como lida com os problemas diários. “Isso fez com que eu levasse a minha vida de uma forma mais leve, pois tento me conectar ao que estou comendo. Essa força do bem tem o poder de mudar todo o nosso cotidiano, faz”, defende.

OUTROS ADEPTOS PELO PAÍS

Antes de começar a bombar entre os capixabas, esse “life style” já era conhecido nacionalmente por conta de alguns famosos. Entre os que possuem maior visibilidade, vale citar a atriz Cássia Kiss, o jornalista Caco Barcellos (“Profissão Repórter”, da TV Globo), o escritor Fernando Gabeira – hoje não é mais -, o músico Gilberto Gil e a sua filha e chef Bela Gil.

Gil, inclusive, diz que a alimentação macrobiótica lhe ajudou na cura de um gânglio, no final dos anos 1990. E foi ele quem inspirou Bela a virar uma das maiores defensoras atuais do movimento. Assim que começou a ganhar destaque na internet, a jovem de 32 anos criou inúmeras postagens nas redes sociais sobre o tema, como a live que fez neste ano com o filho de Tomio Kikuchi, considerado o pai desse tipo de filosofia no Brasil.

PRÓS E CONTRAS

Especialistas alertam, no entanto, que essa filosofia alimentar pode acarretar alguns riscos para a saúde. Segundo o nutrólogo Roger Bongestab, se ela não for adotada com um acompanhamento médico, é capaz de provocar a falta de nutrientes no organismo, como o ferro e a vitamina B12.

O principal motivo seria a falta de carne na dieta, que precisaria ser reposta de outras formas, seja em suplementos naturais ou em alimentos com altas taxas desses nutrientes.

Mesmo com esses riscos, para o especialista, também é possível notar diversos benefícios. Por ser uma dieta baseada no consumo de vegetais, legumes e cereais, tem o poder de ajudar na proliferação das boas bactérias do sistema digestivo, dar energia suficiente para ser gasta durante o dia e, além disso, desenvolver o autoconhecimento.

Bongestab indica, ainda, que esse tipo de alimentação não é recomendada para quem quer mudanças no próprio peso, pois é mais um estilo de vida do que um regime propriamente dito. “Na macrobiótica, as pessoas acabam comendo menos proteína e mais legumes, então podem perder peso. Mas também consomem mais carboidratos. Ou seja, podem ganhar massa muscular. São muitas variáveis, não é uma restrição alimentar adequada para isso”, defende.

Podcast “Urutau” narra histórias de trabalhadores da noite capixaba

Linda Sara Pereira, 32, é caixa em uma loja de conveniência de um posto de gasolina, já há seis anos

Produzido pelos residentes Maiara Dal Bosco, Vinícius Viana e Vinicius Zagoto, podcast reúne relatos de trabalhadores das noites capixabas e nome faz alusão a pássaro de hábitos noturnos. 

“Oito reais e oitenta. Débito ou crédito?” indaga Linda Sara Pereira, 32, enquanto divide a atenção e o olhar entre o cliente, que comprava uma cerveja, e nossa equipe. Uma das personagens que encontramos em nossa caminhada noturna pelo Jardim da Penha e pela Praia do Canto, Linda é caixa em uma loja de conveniência de um posto de gasolina, já há seis anos. Para ela, a rotina de trabalho começa às seis da tarde e, em uma escala de trabalho 12×36, Linda dribla o cansaço de trocar, cotidianamente, a noite pelo dia, o desafio de lidar com públicos diversos em seu local de trabalho e ainda, com o desrespeito de alguns por ser mulher e trabalhar madrugada a dentro. 

“A falta de respeito é muito grande. Não sei se é pelo fato de as pessoas já chegarem (ao posto) alcoolizadas e acharem que podem falar o que quiserem com a gente por sermos mulheres. Ou porque pensam que mulher é o “sexo frágil”, vamos dizer assim.”, conta Linda. 

Segundo Linda, a presença de um segurança dentro da loja ajuda a coibir um pouco situações como estas. O segurança a quem ela se refere, na noite de nossa presença, era Flávio Marcos Ferreira, 32. Ele dividia seu olhar à porta do estabelecimento e a nós. Atuando na área de segurança há cerca de oito anos, Flávio explica que o posto de gasolina 24h é um dos lugares mais complicados de se trabalhar no período noturno.

“Muitas vezes as pessoas chegam alcoolizadas ou até mesmo drogadas aqui.”, pontua. Além disso, ele destaca a questão da desigualdade social e do preconceito: “Eu sou um cara da segurança, às vezes as pessoas olham pra mim, aqui, parado, e pensam ‘esse cara é um turrão, um durão. Mas todos nós temos um lado bom. Eu, por exemplo, sempre tento ver a questão social das pessoas, apesar de também precisar fazer meu trabalho”’, destaca Flávio.

Por trabalharem na madrugada, Linda e Flávio usam o dia para descansar. Ele destaca que essa inversão de horários, a longo prazo, acaba sendo prejudicial à saúde. Já Linda, conta que se tivesse oportunidade, preferiria trabalhar de manhã, por ser mais produtivo e ainda, porque não se sente mais tão segura ao voltar para casa no transporte público. 

Esta última é uma realidade bastante conhecida também por Iasmim Pereira, 19. Ela trabalha à noite há um ano e três meses, e costuma chegar mais de meia noite em casa. Por morar em Viana, ela precisa voltar para casa de ônibus: “É muito perigoso, ainda mais pra gente que é mulher. Minha amiga mesmo foi assaltada aqui na frente (da lanchonete)”, relata.

Iasmin trabalha como caixa, registrando pedidos que serão entregues aos clientes em suas respectivas casas por entregadores de aplicativo. Um destes entregadores é Patrick Oliveira, 25. Ele mora em São Pedro e atua nesta profissão há dois anos, realizando entregas em Vitória e na Serra. Para ele, trabalhar à noite é mais tranquilo porque o trânsito não é tão complicado quanto é durante o dia, período em que ele acredita sempre ter discussões e brigas de trânsito. No entanto, apesar de ressaltar a agradabilidade do clima, e de gostar de trabalhar durante a noite, a falta de segurança na cidade e de suporte por parte dos aplicativos, são quesitos considerados por ele negativos em sua jornada noturna. 

Já o músico Sérginho Oliveira, 24, encara a noite de um modo diferente. Para ele, que se apresenta em bares, geralmente sozinho, a noite tem uma energia muito boêmia e é preciso manter-se centrado nestes ambientes em que as pessoas costumam estar bebendo e fumando. Há sete anos tocando na noite, e compositor há três, Serginho já enfrentou por situações difíceis em sua jornada profissional. “No início, eu já cheguei a tocar por valores bem abaixo do normal. Alguns donos de bar não te valorizam, pagam menos do que o combinado”, pontua. Ele lembra ainda que hoje recebe melhor, e que sua semana de trabalho normalmente começa na quinta-feira e vai até domingo, diferente da maioria das pessoas. “Costumo inverter a semana, trabalhar ao final dela e aproveitar para descansar no seu início”, explica. 

Com a pandemia, quarentena e o fechamento dos bares, Serginho começou também a dar aulas de canto e de violão, o que o ajudou a se manter longe dos palcos, já que hoje, seu sustento vem totalmente da música. De acordo com ele, trabalhar enquanto as pessoas estão se divertindo, na maioria das vezes, também tem seus pontos positivos. “Constantemente as pessoas me falam que toquei uma música que lembrou alguém da família, ou ainda que estavam tristes em casa, mas que minha música alegrou a noite delas. Isso é o que alimenta a gente enquanto músico. Perceber como a música entra na alma das pessoas. É o trabalho da minha vida.”, completa. 

A seguir, no podcast “Urutau” – nome de um passarinho que só sai à noite – em alusão ao trabalho de apuração e reportagem noturna feito por Maiara Dal Bosco, Vinícius Viana e Vinicius Zagoto, é possível mergulhar um pouco mais nas histórias apresentadas pela equipe pelas ruas de Vitória. Com trechos de entrevistas e som ambiente captados por celular – o que confere ao ouvinte a sensação de também revisitar os cenários por nós encontrados, o podcast é uma proposta de releitura da matéria “Enquanto a cidade dorme, eles vivem”, assinada pela jornalista Vilmara Fernandes, em 2009,  no jornal A Gazeta.

Confira o podcast:

Matéria escrita por: Maiara Dal Bosco, Vinícius Viana e Vinicius Zagoto

Douglas Lopes encerra o projeto “Minimal Sessions” com novo single

O cantor e compositor Douglas Lopes estreou na carreira solo em 2016. Crédito: Aron Ribas/Divulgação

Leveza, otimismo por dias melhores e simplicidade compõem todo o gingado do single “Pra Não Esquecer”, do artista capixaba Douglas Lopes, que será lançado nesta sexta-feira (04) nas plataformas de streaming. Com a cachoeirense Alinne Garruth nos vocais e o produtor Leonardo Chamoun no violão, a música é a última do EP “Minimal Sessions”, cujo objetivo é reunir alguns dos trabalhos do artista divulgados em 2020.

Escrita há mais de um ano, “Pra Não Esquecer” foi tirada do papel durante a pandemia. Inspirada na baiana Ivete Sangalo, a canção fala sobre relacionamentos que têm um fim, mas nem por isso deixam de ser intensos. “Pode parecer inusitado, mas minha maior inspiração foram as baladas de axé que a Ivete costuma tocar. Esse trabalho precisava, portanto, de uma voz feminina. Resolvi fazer o convite para a Alinne e ela aceitou prontamente”, conta.

Além do single, também haverá a divulgação de um clipe, gravado no Estúdio Bravo, em Vitória. “Todo a construção do meu trabalho começa em um estúdio, então optei por fazer as filmagens lá. Minha ideia era tornar tudo o mais simples possível. Aliás, é um lugar mais seguro e que serviu bem como um cenário bacana, tanto para esta música quanto para as outras do EP”, conta, explicando o motivo por ter escolhido a Bravo.

Previsto para ser lançado em janeiro de 2021, o EP será uma coletânea dos quatro singles que Douglas lançou neste ano, incluindo “Pra Não Esquecer”. Segundo ele, o principal objetivo do projeto era manter-se sem grandes produções nos bastidores, especialmente por causa das limitações impostas pela pandemia. Ou seja, buscaria propor algo mais intimista e minimalista, como o artista traz no próprio nome do projeto.

“Perdi 70 shows marcados de uma vez em março, fiquei em uma situação muito delicada. Não sabia como me manter vivo artisticamente. Daí me veio essa ideia de garantir algum trabalho, com lançamentos recorrentes até dezembro, que, em seguida, virariam um EP. Fiquei tão empolgado que escrevi tudo o que precisava para erguer ele numa noite só”, relembra.

Último single do EP foi feito com os artistas Alinne Garruth e Leonardo Chamoun. Crédito: Aron Ribas/Divulgação

Apesar de ser um defensor das causas sociais através da música, Douglas tentou experimentar novas possibilidades neste trabalho. Para isso, trouxe um convidado diferente para cada single, com interpretações sobre variados assuntos. Em “Sossego”, gravada com a violinista Heviny Moura, são citados motivos que podem tornar o cotidiano mais tranquilo.

Já em “Quanto Vale a Vida?”, o artista une-se ao produtor Barol Beats para criticar o racismo e os estragos da Vale após o rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais. Na penúltima faixa do EP, que se chama “As Perfeições do Desastre”, ele homenageia o amor com o guitarrista Rodolfo Simor.

“Quis propor a maior diversidade possível neste trabalho. Por isso, convidei artistas bem diferentes entre si, como a Heviny, que é mais da música clássica, e o Barol, cuja principal pegada é o beat e o funk. Além disso, poucos artistas capixabas representam o pop tão bem quanto a Alinne. O Rodolfo, por sua vez, é o produtor musical que tem me acompanhado há bastante tempo nessa jornada. Inclusive, ele já foi indicado ao Grammy Latino por trabalhar junto com o Silva”, explica.

As gravações das músicas foram feitas entre 21 e 22 de julho e os videoclipes foram gravados no início do mês de agosto. “De lá para cá, todo mês lançava uma música, sendo que, 15 dias depois, também divulgava o vídeo”, revela. Ao todo, mais de 50 mil pessoas já escutaram algum dos singles, totalizando quase 100 mil streams no Spotify até o momento.

REFERÊNCIAS

Músico da cena local há mais de 20 anos, Douglas traz na bagagem algumas referências da adolescência, como o rock nacional e o internacional. Pouco depois, descobriu a black music, com a qual trabalhou na banda “Voide”, extinta desde 2015. Mas, dentre todos os estilos que fizeram parte da sua trajetória, ele afirma que a MPB tem um lugar especial. “Nossa música popular tem a maior diversidade do mundo”, acredita.

Essa mistura de sons contribuiu para a evolução do processo criativo dele desde que estreou na carreira solo, em 2016. “Venho compondo coisas desde que saí da banda, mas comecei a lançar meus primeiros trabalhos, de fato, só em 2019. Foi um processo longo de idealização, porque eu queria tratar sobre questões delicadas, como inclusão social e igualdade de gênero, por exemplo. E deu certo. Colocar esse projeto para rodar, tentando mudar o mundo para o melhor usando apenas toda essa bagagem que tenho, é uma vitória”, afirma.

PLANOS PARA UM FUTURO NÃO TÃO DISTANTE

Mesmo com as incertezas provocadas pela pandemia, Douglas acredita que, após o lançamento do EP, deve trabalhar em novas músicas a partir de março de 2021. “Com certeza, farei outros trabalhos ainda no primeiro semestre. Já para a outra metade do ano, quero fazer shows para mostrar tudo o que produzi em 2020. Não sabemos até quando vão durar essas restrições todas, mas eu espero que, no segundo semestre, já possamos subir no palco”, diz, otimista.

“Cresci muito este ano, foi difícil. Mas eu não mudaria nada, pois me fez crescer muito. ‘Resiliência’ foi a palavra que me fez seguir em frente e chegar mais vivo do que nunca onde estou, conseguindo dar voz ao meu trabalho e aos profissionais maravilhosos que o Espírito Santo”, conclui.

Circuito de teatro encerra com peça on-line sobre Rubem Braga

Ator há mais de 20 anos, José Loureiro interpreta Rubem Braga nos palcos.

Após trazer artistas como Nany People, Heloísa Périssé e Matheus Ceará para os palcos capixabas, o encerramento do 11º Circuito Banestes de Teatro está marcado para esta sexta-feira (04), a partir das 20h, com a exibição on-line do espetáculo “Rubem Braga – A Vida em Voz Alta”. De forma gratuita, a peça será transmitida ao vivo do Palácio Sônia Cabral, em Vitória, como medida para evitar o contágio do novo coronavírus.

Com texto de Duilio Kuster, o monólogo busca relembrar fatos que aconteceram na vida do escritor cachoeirense sob um ponto de vista mais intimista. Entre alguns dos assuntos tratados, estão memórias da sua infância, a tensão provocada pela Ditadura Militar e a carreira como jornalista. Para falar sobre esses temas, há o resgate de um homem bem humorado e de textos ácidos, mas ao mesmo tempo simples e cheio de metáforas políticas.

Essa é, aliás, a principal faceta de Rubem Braga que a peça do diretor Leonardo Magalhães desejou ressaltar. “Tentamos potencializar todas as histórias que ele contava, que, por si só, já são mágicas. Para isso, era essencial trazer as emoções contidas nas crônicas. Queríamos muito resgatar a ideia do Braga falando sobre a própria alma e os sentimentos que guardava. Ou seja, como se o coração dele tivesse falando para o público”, explica Magalhães.

No palco, o cachoeirense é interpretado pelo veterano José Augusto Loureiro, que é ator há mais de 43 anos. “Rubem Braga – A Vida em Voz Alta” foi a sua primeira experiência com monólogos e, segundo ele, a responsabilidade de interpretar alguém como o escritor tornou o desafio ainda mais difícil.

“São 18 páginas de roteiro, ou seja, mais de uma hora de texto falado direto. Isso é muito difícil. Mas acredito que conseguimos fazer um trabalho de corpo e alma. Como o texto é baseado nas crônicas dele, além de fatos que fazem parte da sua história, tudo é retratado de um jeito muito leve”, ressalta.

Braga, inclusive, nutria uma paixão muito grande pelo Espírito Santo. Por todo o espetáculo, são recuperados textos em que o cronista fala sobre o desejo de conhecer o litoral do Estado, além das memórias em Cachoeiro de Itapemirim, onde nasceu. “Tudo isso é citado com muito carinho nos seus textos, assim como tentamos retratar no palco”, explica o ator.

Cena do espetáculo “Rubem Braga – A Vida em Voz Alta”

Outra característica do artista que se torna peça-chave do espetáculo é a ironia com que ele falava sobre os problemas do mundo em 1970. “Ele debocha um pouco das coisas que não são muito boas na vida, como o tempo em que ele trabalhou como correspondente da Segunda Guerra Mundial, na Itália. Mas fala de uma maneira que lamenta as guerras, por exemplo. Sempre tenta puxar esse lado mais humanista dos homens”, conta Loureiro.

Após a apresentação, haverá um bate-papo com o diretor e o roteirista Duílio Kuster, onde irão falar sobre o próprio Rubem Braga e a importância da crônica. Toda a discussão será aberta às perguntas do público que estiver assistindo. Tanto a transmissão do bate-papo quanto da peça será feita peça no Facebook da WB Produções, que produz o espetáculo, e no canal do Youtube da empresa.

FIM DO CIRCUITO

Um dos sócios da produtora WB, Wesley Telles, conta que houve um saldo positivo com a mudança do circuito para o digital, devido à pandemia da Covid-19. Segundo ele, foram mais de 2 milhões de espectadores durante todo o projeto, inclusive de vários lugares do mundo.

“Tivemos espectadores de Portugal, Irlanda, Estados Unidos, França… Ou seja, projetamos algo que era estadual para diferentes países. E nós nos mantivemos de pé em um momento onde a população precisa de carinho. Então, valeu muito a pena”, afirma.

Para Telles, o principal desafio do formato on-line foi o tempo de preparação para encontrar um formato capaz de entregar a mesma energia dos espetáculos presenciais. “O teatro sempre usou elementos digitais ao seu favor, mas houve uma surpresa muito grande com essa pandemia. Não teve um planejamento tão detalhado, porque tudo parou de uma forma brusca. Ficamos de março até julho acompanhando apresentações em todo o país, para descobrir um jeito de fazermos o festival”, relembra.

Mesmo com o surgimento de uma vacina em 2021, aliás, o empresário admite que as lives teatrais vieram para ficar. É o que deve acontecer, de acordo com Telles, em algumas produções da WB. “Quando tudo isso passar, vamos apostar em apresentações híbridas, tanto on-line quanto presencial. Acho que deve ser uma tendência, muitas pessoas viram vantagens no mundo virtual e devem permanecer nele”.

Justiça libera R$ 35 milhões para 3.800 aposentados do INSS no ES

Processos acontecem quando o INSS nega algum benefício. Crédito: Vitor Jubini

Aposentados e pensionistas que moram no Espírito Santo e que venceram processos contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vão receber juntos R$ 35 milhões em atrasados a partir agora de dezembro.

Esse valor corresponde às decisões tomadas pela Justiça Federal em outubro. Apenas para o Rio de Janeiro e Espírito Santo, que fazem parte do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), haverá um repasse de mais de R$ 101 milhões.

Nesses dois Estados, foram contemplados 7.488 beneficiários, que entraram com Requisições de Pequeno Valor (RPVs) contra um atraso do pagamento. São 5.905 casos de aposentadorias, auxílio-doença, pensões e outros benefícios que sofreram algum tipo de interferência da Previdência. Somente no Espírito Santo, foram 3.800 requisições.

Segundo o advogado Geraldo Benício, essas ações ocorrem quando o INSS se recusa a dar algum desses benefícios. Se o indivíduo entrar na Justiça Federal para reverter a situação e, após os trâmites, obter uma decisão do juiz a seu favor, a Previdência precisa pagar pelo tempo em que o processo ficou em curso. Cada ação ganhadora só pode receber até 60 salários mínimos, o que dá R$ 62,7 mil neste ano.

“Quando o juiz manda o INSS conceder um auxílio-doença, por exemplo, a instituição tem que pagar o dinheiro que deve à pessoa desde a data do pedido até a decisão favorável da corte. No entanto, o retroativo só é pago quando o processo, de fato, acaba. Pode levar anos”, explica Benício, que é especialista em Direito Previdenciário.

Essa demora ocorre, de acordo com ele, na situações em que o INSS insiste em recorrer da decisão favorável do juiz. No entanto, este lote já contempla segurados cujas ações chegaram totalmente ao final, sem possibilidade de recurso por parte do órgão.

Benício também afirma que, ao contrário dos precatórios (que pagam atrasos superiores a 60 salários mínimos), os pagamentos dos RPVs costumam ser feitos em até 60 dias. Os segurados recebem os valores em contas abertas no Banco do Brasil ou na Caixa Econômica Federal em nome de quem ganhou o processo contra a Previdência ou do seu advogado.

Quem ganhou a ação pode verificar quanto e quando vai receber no site do TRF-2. Ao entrar na página, é preciso entrar no menu, à esquerda da tela, e procurar pelo campo “Precatórios/RPV”.

Para os segurados que forem negados e quiserem obter qualquer um dos benefícios, basta fazer contato com um advogado e, em conjunto, entrarem com o processo na Justiça Federal.

EM TODO O PAÍS

O Conselho de Justiça Federal (CJF) liberou R$1 bilhão para serem repassados em todo o país. Levando em consideração as RPVs autuadas por beneficiários de diferentes partes do Brasil, serão pagos 148.226 pensionistas, num total de 120.399 processos. Outros 300 milhões de reais também foram pagos, mas não se encaixam nos benefícios previstos pela Previdência.

O maior valor destinado pela CJF foi para o TRF da 1ª Região, que engloba 14 estados no Norte e do Centro-Oeste, com o montante de mais de R$355 milhões. Logo atrás, vem o TRF da 4ª Região, cujos integrantes são Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, com R$269 milhões para pagar os RPVs.