Café Lindenberg faz o balanço de 2023 e mira horizonte do novo ano

Presidente da Rede Gazeta destaca os desafios das eleições municipais, a jornada da TV 3.0 e a importância de manter a inovação como palavras-chaves para 2024

Por Wanessa Eustachio - atualizado em 07/03/2024 as 15:58

No dinâmico cenário da mídia, o ano de 2023 foi marcado por desafios e conquistas para a Rede Gazeta. O jornalismo teve que acelerar ainda mais seu ritmo para acompanhar a jornada da audiência, a inteligência artificial (IA) atingiu patamares nunca antes experimentados e o ambiente político-econômico do Brasil entrou em um novo momento. Tudo isso teve reflexos na atuação do maior grupo de comunicação do Espírito Santo.

Em entrevista, o presidente da Rede Gazeta, Café Lindenberg, reflete sobre este cenário, destacando os avanços alcançados no ambiente digital, nos produtos do grupo e aponta os principais desafios para o próximo ano, que incluem cobertura das eleições municipais, a jornada de inovação nos diferentes produtos da casa e a evolução da TV 3.0. Confira a seguir uma análise do balanço anual e as perspectivas para 2024.

 Como o presidente da Rede Gazeta vê o balanço do ano de 2023?

Fazendo uma análise retroativa, foi um ano muito melhor do que eu imaginava. Porque a gente começou num momento de transição importante na política, ainda vivendo o pós-pandemia, que foi um mundo de muitas incertezas e de muitas dificuldades. E a gente continuou com os desafios inerentes ao nosso negócio, ao ambiente que a gente opera, aos negócios do mundo de mídia, que têm se transformado com muita rapidez. Além de todos os desafios do ecossistema da mídia. Mas, a meu ver, foi um ano muito melhor do que eu imaginava lá no começo, embora não tenha sido um ano fantástico. E não foi fantástico porque algumas das nossas metas não foram batidas, mas muito por causa do ambiente externo, num país cuja taxa de juros é altíssima e dificulta investimentos.

 Quais foram os destaques do ano que passou, na sua avaliação?

De destaques, tivemos desenvolvimentos importantes por aqui, alcançamos bons desempenhos de audiência na televisão e na internet foi um ano bem desafiador em virtude big techs de redes sociais. Em termos de produto, acho que a gente foi bem. Fizemos mudanças na hora certa e alcançamos bons desempenhos de audiência.

O ano de 2023 também marcou os 95 anos de A Gazeta, marca que deu origem à Rede. Você avalia que esta marca, que já foi um jornal impresso e hoje é um site, está jovem o suficiente para já mirar o centenário?

O fato de termos, em 2019, tomado a decisão ousada de ter parado de imprimir o jornal e apostar no produto digital nos deu a vantagem de, vamos dizer assim, não nos distrair com temas que são do passado. 

No meu entendimento, o jornal impresso é um tema do passado. Alguns jornais continuam imprimindo, mas a gente sente que não é um produto que tem alguma perspectiva de ter vigor no futuro.

O nosso produto é um produto claramente líder de mercado. É um produto que mantém a reputação e mantém a influência que a gente buscava manter quando a gente terminou com o jornal impresso.

Agora… se a marca A Gazeta é jovem? Bem, eu acho que ela se rejuvenesceu. Ela deu um grande passo e deixou para trás um processo que, quem ainda não fez, cada vez vai ter mais dificuldade de fazer de maneira adequada.. E a gente fez, em 2019, de uma maneira assim muito competente.

As nossas marcas, de uma maneira geral, continuam com todas as fortalezas que as trouxeram até aqui.  E a gente hoje está lidando com concorrentes que são de tamanho, capacidade financeira, capacidade tecnológica muito diferentes da nossa. Então, eu acho que tem muito dever de casa para ser feito fora da Gazeta, pelos países, no sentido de regular as plataformas. Isso é no mundo todo, na Europa, nos Estados Unidos e aqui no Brasil.

Assim, a nossa iniciativa é de inovar, de continuar investindo no produto, de continuar investindo no jornalismo de qualidade, com todos esses valores que nos trouxeram até aqui. Então, tem um dever de casa a ser feito que extrapola muito as fronteiras aqui da Rede Gazeta, principalmente, no campo de regulação.

Já que você citou inovação, que avaliação faz da jornada que a empresa tem percorrido sobre o tema?

A gente ainda tem uma longa jornada que tem sido endereçada pelo nosso Programas de Inovação, o Reinventa. Este ano, por exemplo, ele foi muito dirigido em cima do produto digital, A Gazeta. E dentro deste universo, o site é um dos produtos que está mais à frente quando a gente considera a mídia regional.

Vamos focar nisso porque, olhando para frente, é o que a gente vê de perspectiva para uma empresa jornalística que editava um jornal e que continua editando um jornal, só que no mundo digital.

Em 2024 a gente continua com o nosso Programa de Inovação, que está em sua terceira edição. E o foco vai ser no campo de TV. 

Há trabalhos sendo pensados pra gente olhar um pouco mais a o produto televisão. Tem uma série de discussões importantes de tecnologia, transição tecnológica, que estão já na nossa agenda desde este ano, junto com a Globo, junto com outras afiliadas, que é a TV 3.0, que é a nova geração da TV digital.

Sobre a TV 3.0, o que já é possível falar?

2024 vai ser um ano de regulamentação e de estudo de tecnologias, etc. Mas isso vai ter muito impacto lá na frente, quando o sistema for trocado para a TV 3.0. Então tem questões muito importantes que acontecerão no campo regulatório  e a gente tem que estar ligado nisso também, para que a coisa caminhe.

Para 2024, o que está como dever de casa para a Rede Gazeta, a seu ver?

É um ano de muitos desafios para nós, porque a gente tem o desafio das eleições municipais, que são muito mais complexas de cobertura jornalística que as estaduais. Afinal, são 78 eleições no Estado para serem cobertas. Isso, num ambiente que, lamentavelmente, continua muito polarizado.

Acho que essas eleições vão ser disputadas, e com uma disputa de narrativa em um ambiente de muitas fake news produzida por inteligência artificial, então, vamos ter um papel muito relevante. Então temos desafios importantes: de fazer essa cobertura de maneira adequada, de maneira isenta, levando os valores que a gente sempre pregou pra nossa cobertura jornalística.

Você acha que a IA torna a cobertura municipal mais desafiadora?

Eu acho que a polarização, somada à inteligência artificial para o uso na política, é o desafio. Todo o uso positivo que se pode ter da inteligência artificial é muito menor do que o problema de criação de fake news e de manipulação que ela oferece.

Vamos ter que planejar muito isso, usar ferramentas que nos permitam identificar a tempo esse tipo de coisa e denunciar. Tem que fazer parceria com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) para agir rápido, porque essas coisas podem acabar interferindo de maneira importante no processo eleitoral em si.

A Gazeta tem valores muito sólidos, e esses valores já perduram por décadas. Há palavras que são as bases da estrutura da empresa, que são os grandes valores que a gente tem com relação à cobertura jornalística, os valores empresariais da Gazeta, nossa relação de negócio com nossos parceiros comerciais, enfim. Eu acho que a gente tem que sempre reafirmar esses valores. Eles são um diferencial importante para nós. Vamos continuar colocando eles na posição de gestão, na posição de destaque que eles sempre tiveram.

Quais são, na sua visão, as principais palavras-chave ou direcionamentos que você enxerga para os times da Rede Gazeta em 2024?

A palavra-chave mais importante para mim é inovação. Porque quando começamos o Programa de Inovação, a gente tinha uma dimensão pequena disso. Mas, tinha uma ambição: mudar a cultura. Agora, já caminhando para o terceiro ano do programa, a gente já tem essa base cultural relativamente montada para isso virar uma agenda geral na empresa.

Em um ambiente de mudanças tão profundas em todos os aspectos do negócio, a empresa também tem que acompanhar e está inserida nisso. O que trouxe a Gazeta para o ano 95, vai levar para o ano 100 e adiante é a empresa continuar sendo pioneira e inovadora. Mas inovar agora é mais difícil do que foi inovar nas décadas anteriores.

 Então, eu acho que a primeira palavra-chave é inovação… e a segunda e a terceira, também.

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