Ensino musical na adolescência promove inclusão social e desenvolvimento humano

Música ajuda no desenvolvimento humano de acordo com psicólogo estadunidense

Conhecimento musical é considerado uma das inteligências múltiplas para psicólogo cognitivo e educacional estadunidense. 

Para criar uma música a receita é simples. Escolha algumas notas e as organize em acordes. Depois separe algumas palavrinhas e encaixe na melodia criada. Os instrumentos são a gosto. Você pode usar um violão ou acrescentar baterias, guitarras e violinos. Quando pronta você pode servir em fones de ouvido, caixas de som, cantar com amigos ou dividir com a família. Fique à vontade. 

Mas apesar da receita ser a mesma, a música nunca se repete. As inúmeras combinações entre notas musicais e variantes de acordes sempre são capazes de estabelecer novas ligações sonoras que podem até soar parecidas, mas quase nunca são idênticas. E se por um lado a música é capaz de mover pessoas através das melodias, por outro a educação musical quando feita desde cedo é capaz de fortalecer áreas cognitivas no indivíduo e incentivar o desenvolvimento humano. 

Essas habilidades provindas de aulas de musicalização foram incluídas na Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner. Para o psicólogo cognitivo e educacional estadunidense, a inteligência humana não pode ser medida apenas nos conhecimentos lógicos e matemáticos indicados pelo Quociente de Inteligência (QI). Ele destaca que ela está dividida em sete áreas, incluindo a música. Dessa forma, o estímulo dessas inteligências é capaz de desenvolver a sociabilidade e o emocional dos indivíduos. 

“Música importa”

Lucas Anizio se apaixonou pelo violino e hoje é professor do Projeto Vale Música Serra
Lucas Anizio se apaixonou pelo violino e hoje é professor do Projeto Vale Música Serra

Como é o caso de Lucas Anizio, 32, ex-aluno e atual professor do Vale Música Serra. Ele conta que começou a tocar violão aos 11 anos de idade, apenas por curiosidade, e aos 13 se matriculou no projeto por incentivo da mãe e se apaixonou pelo violino. Ela que esteve à frente da minha formação musical. Sempre lutou muito. Na época, eu nem entendia muito bem porque ela se sacrificava tanto indo de escola em escola tentando me matricular. Mas ela sempre disse: ‘música importa e eu quero isso para você’”, revelou.

Além de ter encontrado na música uma profissão, Lucas revela que fazer parte de um projeto musical ofertou oportunidades que não encontrava na região em que morava. “Eu morei em um bairro da Serra que assim como os outros têm problemas de criminalidade muito fortes. Tive alguns amigos que não estão mais vivos. Mas sempre fui muito focado no que queria e não deixava nada me atrapalhar”, comentou.

Confira o podcast com a entrevista completa:

Determinado a seguir a carreira musical, Lucas se dedicou as aulas do projeto Vale Música Serra e hoje é professor e maestro regente. É como se eu estivesse devolvendo tudo aquilo que a vida me deu, por isso me vejo nos alunos. Tenho muito amor e me entrego por saber que posso colaborar com a inclusão social e transformar a vida deles pela música, contou. 

Ainda emocionado, ele também revela que é muito grato ao projeto e que dos momentos mais marcantes destaca viagens a Nagoya e Tokyo, no Japão, e Nova Iorque, nos Estados Unidos. 

Projeto Vale Música Serra 

Projeto Vale Música completa 20 anos de história
Projeto Vale Música completa 20 anos de história

Por considerar a música uma linguagem universal, o Projeto Vale Música, que em 2020 completa 20 anos, busca ampliar e fortalecer a formação de crianças, adolescentes e jovens para as canções de concerto no Brasil. 

O projeto conta com diversos grupos artísticos como a Orquestra Jovem Vale Música, a Camerata Jovem Vale Música, o grupo Vale Música Jazz Band, a Banda Sinfônica Vale Música, o Coral Infantil Vale Música e o Coral Jovem Vale Música, que se apresentam em eventos na Grande Vitória e em demais regiões do país.

Atualmente patrocinado pela Vale, ele atende a 200 alunos de 7 a 29 anos, na Estação Conhecimento Serra, em Cidade Continental; e a 70 alunos de 7 a 11 anos, no Núcleo do Vale Música, no Parque Botânico Vale.

 

Como participar:

As inscrições para o programa são abertas anualmente. Podem se inscrever crianças e adolescentes que sejam alunos da rede pública de ensino ou bolsista de escolas particulares de regiões pré-determinadas em cada localidade. 

Não é necessário que a criança tenha iniciação musical ou saiba algum instrumento. Este processo é totalmente gratuito. 

Mais informações no site www.estacaoconhecimentoserra.org.

Vila Velha: o que propõem os candidatos para os principais problemas da cidade?

por: Israel Maggioni, Nádia Prado e Vinicius Zagoto

Arnaldinho Borgo (Podemos) e Max Filho (PSDB) disputam o segundo turno em Vila Velha

Novas eleições, velhos dilemas. Os problemas citados pelos moradores de Vila Velha como principais desafios do município, na pesquisa realizada pelo Ibope em outubro, arrastam-se por décadas. A cada quatro anos, os candidatos que pleiteiam o cargo de prefeito têm a oportunidade de propor soluções para essas demandas nos planos de governos apresentados obrigatoriamente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no registro da candidatura. 

Segurança, Saúde, Educação e falta de saneamento estão entre as principais reclamações dos moradores de Vila Velha, conforme mostramos em duas reportagens da série Eleições Fora da Bolha, realizada pelos alunos do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta.

A persistência das demandas até hoje mostra que não existe solução fácil. Quais são, então, as propostas de Arnaldinho Borgo (Podemos) e Max Filho (PSDB), candidatos que disputarão o 2º turno das Eleições 2020, para esses problemas? 

A seguir, você confere as propostas de Arnaldinho e Max para os 4 principais problemas de Vila Velha, e a análise de especialistas sobre as promessas realizadas.

PALAVRAS-CHAVE RELACIONADAS AOS 4 PROBLEMAS EM CADA PLANO DE GOVERNO

Programa de Arnaldinho Borgo (Podemos)

Esgoto: 0

Esgotamento: 1

Drenagem: 6

Saneamento: 9 

Saúde: 27

Educação: 18

Água/águas: 3

Rio/rios: 3

Segurança: 11

Proteção: 5

Mulher/mulheres: 6

Programa de Max Filho (PSDB)

Esgoto: 1

Esgotamento: 0

Drenagem: 3

Saneamento: 3 

Saúde: 17

Educação: 16

Água/águas: 2

Rio/rios: 1

Segurança: 6

Proteção: 9

Mulher/mulheres: 0

O QUE PROPÕEM ARNALDINHO E MAX?

SEGURANÇA

Arnaldinho Borgo (Podemos)

O plano do candidato promete valorizar a Guarda Municipal, equipando-a, dando treinamento aos agentes e integrando-a às demais forças de segurança pública, além de construir um setor de inteligência e implantar módulos 24 do órgão.

Pretende realizar manutenção e ampliação das câmeras, tornando o videomonitoramento mais ativo e implantando tecnologias como reconhecimento facial e o cerco inteligente, além de um monitoramento real do controle de tráfego.

Sobre o âmbito escolar, quer inserir o projeto Guarda Mirim nas escolas da rede pública e fortalecer a Patrulha escolar. Pretende também reforçar segurança na área rural, executar as ações do plano municipal de proteção e defesa civil, revitalizar e ampliar postos de guarda-vidas, buscar investimentos para a área da segurança pública e revisar o Plano de Segurança Municipal.

 

Max Filho (PSDB)

O plano do candidato promete fortalecer o Sistema Municipal de Defesa Social e Proteção ao cidadão, dinamizar as atividades do Conselho Municipal de Defesa Social e Segurança: Gabinete de Gestão Integrada Municipal de Vila Velha (GGIM) e instalação dos Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (NUPDECs), e implantar o projeto “Cerco Eletrônico” integrado com a Secretaria de Segurança do Espírito Santo (Sesp).

Em relação à Guarda Municipal, quer promover o planejamento da ação do órgão em conjunto com a comunidade e expandir e promover a atualização tecnológica do sistema de videomonitoramento em áreas identificadas como prioritárias, dar continuidade ao plano de modernização dos equipamentos do órgão.

Contra a criminalidade, planeja apoiar as ações integradas dos agentes de segurança pública para a melhoria do combate ao consumo e tráfico de drogas.

O que diz o especialista?

“Falta fazer propostas que integram áreas da segurança com outras áreas como educação, planejamento urbano e saúde. Os candidatos podiam ousar mais em propostas integradas a outros campos” – Pablo Lira, professor do Mestrado em Segurança Pública da Universidade de Vila Velha (UVV)

Para o especialista, os planos focam muito na Guarda Municipal, mas somente ações de aumento de agentes não resolvem o problema. Já a expansão das câmeras de videomonitoramento, os leitores de reconhecimento de caracteres e a inclusão de reconhecimento fácil são avaliado como boas iniciativas. 

Pablo também ressalta como positiva a proposta do Gabinete de Gestão Integrada: “É algo interessante, pois as lideranças comunitárias podem contribuir muito com a questão da segurança. Você se aproxima mais do problema e faz com que a resolução seja mais efetiva”, afirma. No entanto, ressalta que faltam estratégias para prevenção criminal e uma menção mais específica nos planos sobre a integração de políticas de segurança pública estaduais e federais.

 

SAÚDE

Arnaldinho Borgo (Podemos)

O plano do candidato traz a gestão universalizada e o reordenamento dos investimentos como uma possibilidade para melhorar a saúde no município. Além disso, cita que a cidade é a com menor número de Unidades Básicas de Saúde (UBS) na região metropolitana, e que é necessário investir na atenção primária, ampliar o funcionamento de custeio e estimular o alcance dos resultados.

Em relação à tecnologia na saúde, pretende implementar sistema de agendamento online para consultas e informatizar informatizar e otimizar a distribuição de medicamentos na rede municipal. 

Quanto à prevenção e primeiros cuidados, planeja ampliar e fortalecer o número de equipes de estratégia da família, estabelecer programas educacionais de medicina preventiva, promover prevenção a saúde com política integrada de incentivo a prática de atividade  física e realizar o monitoramento de doenças transmissíveis ou não para o planejamento e a execução de ações em saúde pública.

Pretende também implantar odontologia nas unidades de saúde e centro de atenção psicossocial, executar a construção de novas unidades de saúde, levando em consideração o crescimento populacional, aprimorar o licenciamento sanitário de acordo com a classificação do risco, fortalecer o centro municipal de especialidades, instituir a central de transporte sanitário/ambulância e as unidades de estratégia de saúde da família, implantar residência médica e residência multiprofissional na rede de saúde e qualificar o acolhimento nas unidades de saúde.

 

Max Filho (PSDB)

O plano do candidato diz ter como meta promover a saúde pública efetiva e humanizada e afirma que as melhorias na saúde podem elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município. 

Para isso, quer colocar em operação as Unidades Básicas de Saúde, a UPA de Riviera, o Centro Especializado do Idoso e o Centro de Atenção Psicossocial de Jabaeté, além de reformar e ampliar as unidades de saúde do Bairro Araçás e Santa Rita, ampliando a cobertura de Estratégia de Saúde da Família;

Pretende ampliar treinamentos e capacitação em educação continuada em saúde para os funcionários da Saúde, com ênfase na humanização de atendimento e o plano de modernização das Unidades Básicas de Saúde, através da aquisição de equipamentos eletrônicos e informatização, permitindo a marcação de consultas e a disponibilização de resultados de exames pela internet e expandir a cobertura de Estratégia de Saúde da Família.

Planeja atualizar a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume), de acordo com a necessidade local, implantar o desenvolvimento institucional da secretaria de saúde envolvendo os trabalhadores da saúde, os usuários do sistema e suas representações nos Conselhos Gestores das unidades de saúde e no Conselho Municipal de Saúde;

Em relação à tecnologia, promete introduzir a telemedicina como alternativa de atendimento, nos casos em que o comparecimento do paciente não seja necessário nas unidades de saúde.

O que diz a especialista?

“Os dois planos de governo são apresentados com slogans genéricos que cabem em planos de qualquer candidato ou partido. Não há comprometimentos reais com mudança ou  propostas que possam ser acompanhadas e cobradas à posteriori pelos munícipes” – Elda Coelho de Azevedo Bussinguer – Pós doutora em Saúde Coletiva, doutora em bioética e coordenadora do Doutorado em Direito da FDV

Para a especialista, os planos não possuem registros de compromissos, nem referências abertas para um Sistema Único de Saúde (SUS) público, universal, integral e equânime. Elda ainda afirma que sem metas e indicadores objetivamente apresentados não há como o eleitor avaliar e diferenciar uma proposta da outra.

 

EDUCAÇÃO

Arnaldinho Borgo (Podemos)

Os planos do candidato para educação têm como objetivo a mudança da educação pública municipal realizando investimento em tecnologia e inovação educacional, beneficiando todas as etapas e modalidades de ensino. Para isso, Arnaldinho promete estruturar e capacitar profissionais para a utilização de recursos tecnológicos na educação,  incentivar boas práticas de ensino e de gestão nas escolas municipais e garantir continuidade e melhoria dos projetos e programas exitosos. 

O plano conta também com a criação de novas escolas e de uma biblioteca pública municipal, além de propor a criação da biblioteca online da rede de ensino. Para o Ensino de Jovens e Adultos (EJA), o projeto do candidato prevê a manutenção e expansão da oferta e formação para o trabalho no currículo do programa. Em bairros de vulnerabilidade social, as propostas se estendem à ampliação da oferta do tempo integral nos bairros de maior vulnerabilidade social.

Arnaldinho prevê em seu plano de governo o alinhamento do eixo saúde com educação. Além do planejamento para superar  passivo educacional no pós-pandemia, o programa conta com a implantação do sistema integrado para gestão de políticas de saúde, assistência, cultura e esporte na educação, a reorganização do programa saúde na escola e investir na atenção à saúde emocional dos profissionais. 

O programa conta com a promoção de acessibilidade nas escolas da rede municipal e desenvolvimento de políticas efetivas de inclusão educacional. Na formação dos profissionais, Arnaldinho cita o aperfeiçoamento na prática do magistério e na capacitação permanente para os gestores escolares. Ainda, aborda sobre o fortalecimento da cultura da gestão democrática na rede de ensino e instituição do fórum permanente de gestão dos investimentos na educação, com representatividade escolhida pela base do magistério municipal. 

Além de fomentar o ensino híbrido, Arnaldinho promete em seu plano de gestão municipal, a criação do programa de avaliação da aprendizagem e desenvolvimento de  um aplicativo para uso do fórum municipal de educação, visando o monitoramento das metas e estratégias previstas no plano municipal de educação. Por fim, o candidato pretende alinhar o currículo municipal aos documentos normativos estadual e nacional.

 

Max Filho (PSDB)

O plano de Max diz ter compromisso para atuar pela garantia de educação de qualidade, entregando investimento social. Para isso, pretende continuar priorizando a política de Educação Infantil com a construção de novas escolas, no momento são 10 unidades em construção.

A expansão na rede escolar tem por objetivo aumentar a oferta de vagas para crianças de 0 a 3 anos e também de 4 e 5 anos. O plano diz que serão entregues 3.500 novas vagas entre 2021 e 2022, o que antecipará a meta 1 da educação infantil prevista para 2024, do Plano Municipal de Educação, além disso, planeja também ampliar o número de matrículas em tempo integral.

Sobre tecnologia, cita implantar e implementar o ensino híbrido, conjugando atividades pedagógicas presenciais e não presenciais, que será uma nova modalidade no pós-pandemia, o que exigirá investimentos em novas ferramentas digitais, plataformas e equipamentos, bem como processos de formações específicas.

Pretende continuar as políticas e prioridade nos processos de alfabetização, tendo em vistas aos direitos de aprendizagem, de forma a assegurar uma base consistente nos processos de ensino-aprendizagem.

Em relação às medições sobre os níveis de aprendizagem, planeja continuar avançando na melhoria do desempenho das escolas da rede municipal de Vila Velha, tendo em vistas a promoção de uma educação socialmente referenciada, medida pelas avaliações nacionais e indicadores que balizam a educação pública brasileira (Prova Brasil/Saeb e IDEB), qualificando os processos de permanência e sucesso escolar.

Para os profissionais da educação, promete garantir programas de formação continuada e incentivos à permanente qualificação e progressão na carreira, além de garantir a gestão democrática, assegurando o exercício da autonomia financeira, didático-pedagógica e administrativa da escola, fortalecendo os órgãos de controle social e manutenção da eleição direta para o cargo de direção escolar.

E sobre inclusão, promete assegurar programas para alunos públicos alvo da educação especial, tendo em vista os direitos de aprendizagem e os direitos humanos, por meio de uma política articulada.

O que diz a especialista?

“As duas propostas são bem próximas. Ambas projetam ações para o uso de tecnologias na educação, mas não tocam em políticas de democratização de acesso à internet! Como tecnologista a educação sem possibilitar acesso a equipamentos e internet gratuita? Impossível!” – Cleonara Schwartz,  professora e especialista em Educação da Ufes

Para a especialista, Vila Velha já tem uma normatização da gestão democrática, mas isso não assegura que esteja ocorrendo: “Para ser assegurada, é fundamental o fortalecimento de instâncias colegiadas e de espaços de discussões e deliberações coletivas como fóruns de educação”, afirma.

Além disso, chama a atenção da professora o fato de uma das propostas mencionar como ação promover a acessibilidade: “Uma política de educação na perspectiva inclusiva busca assegurar ou garantir a acessibilidade e não promover”, afirma.

Segundo Cleonara, a proposta que apresenta compromisso com a gestão democrática mostra o diferencial de ser sensível à escuta e a participação da comunidade escolar nas definições tanto das políticas educacionais como das definições nas unidades escolares. Isso significa compromisso com a diversidade de opiniões e posições.

 

REDE DE ESGOTO

Arnaldinho Borgo (Podemos)

Para a rede de esgoto, o plano do candidato pretende fiscalizar a concessão das obras do saneamento, com a prefeitura como parceira em todo o processo, buscando sempre propostas para acelerar o programa de universalização do saneamento básico.

Em relação à drenagem, o plano do candidato do Podemos inclui o retorno do setor de drenagem composta de equipe técnica, instituição de departamento para elaboração e execução de pequenos projetos, revisão do plano diretor de drenagem urbana da cidade e criação do fundo para o programa de drenagem. Ainda sobre o assunto, Arnaldinho propõe estabelecer relacionamento entre a prefeitura e os governos federal e estadual nos projetos de drenagem e de saneamento e a retomada das obras de macrodrenagem do Canal do Congo.

O projeto prevê novas estações e manutenção de bombeamento e comportas existentes, criação de jardins de chuva e de núcleo do saneamento básico para gestão dos sistemas de água, esgotamento sanitário, coleta e destinação dos resíduos sólidos e manejo das águas pluviais e elaboração de plano municipal de gerenciamento de resíduos sólidos.

Arnaldinho propõe também a implantação do centro de documentação e informação técnica para registrar, codificar e armazenar toda documentação inerente ao saneamento. Além disso, a sistematização de informações referentes ao saneamento ambiental, diagnóstico das condições sanitárias das áreas urbana e rural em parceria com órgãos  afins e o programa de monitoramento do nível dos canais, rios e da maré em tempo real são medidas do plano de governo. 

Por fim, o projeto trabalha com parcerias com governo estadual para realização de obras de desassoreamento em áreas de influência do rio Jucu e nos canais urbanos e a captação de recursos para elaborar estudo e execução de projeto para infraestrutura e obras de proteção da praia da Ponta da Fruta. 

 

Max Filho (PSDB)

Para a rede de esgoto, o plano diz que a gestão do candidato vai apoiar e acompanhar os investimentos do Governo do Estado através da Cesan, visando a universalização da coleta e tratamento de esgotos no município de Vila Velha. 

Como propostas, pretende implantar o Plano de Saneamento Ambiental, dar continuidade ao programa complementar de requalificação urbana apoiado pelo Governo do Estado através da Secretaria de Saneamento, Habitação e Urbanização (Sedurb) com obras de drenagem e pavimentação concentradas em bairros da região 5 e promover ações de requalificação urbana e melhorias ambientais de Vila Velha, associadas aos investimentos em macrodrenagem e saneamento a cargo do Governo do Estado.

O que diz a especialista?

 “Não tem nas propostas nenhum parâmetro que o eleitor possa cobrar, não tem uma promessa de implantação de rede de esgoto. Não tem um quantitativo.” – Marisleide Garcia de Souza,  mestre em Engenharia Ambiental pela Ufes

Segundo a especialista, as propostas são muito genéricas, sem promessas específicas: “É difícil a cobrança até, o que você vai cobrar? No papel do eleitor, como que vai ser feito um acompanhamento de ‘revisar plano de macrodrenagem’, de ‘divulgar dados de saneamento ambiental’? Então o que isso significa para a população? Uma coisa é significar para mim, que tenho conhecimento na área, e mesmo assim não significa muito”, afirma.

Para Marisleide, a falta de números torna deixa as propostas muito qualitativas e dificultam que o cidadão cobre no futuro o prometido: “Universalização do saneamento significa saneamento para todos. Mas vai resolver o saneamento em 4 anos? Eles escrevem palavras-chave, itens-chave para a campanha como um projeto deles naquela área porque têm que fazer alguma coisa, têm que escrever algo. Mas não tem nas propostas nenhum parâmetro que o eleitor possa cobrar, não tem uma promessa de implantação de rede de esgoto, um projeto, não tem, quantitativo.”

Segundo o cientista político João Gualberto, normalmente os planos de governo são mais exigências legais do que um conjunto de intenções do candidato: “Não pode ser maximizada a importância dos documentos pois normalmente são feitos pela equipe de campanha que os entrega para uma assessoria econômica que produz o documento alinhado com a direção ideológica do partido”, afirma.

João conta que os partidos de Arnaldinho e Max não estão nos extremos das ideologias partidárias, sendo dois casos de grupos que não expressam posições ideológicas claramente: “O Podemos é um partido de centro, pragmático e sem história política e ideologia definida, já  o PSDB se expressa um pouco mais.”

Sobre os planos dos dois candidatos, João conta que são dois documentos sem definição evidente de militância ou alinhamento ideológico e que foram feitos para atender a demanda da legislação: “Têm um conjunto de coisas razoáveis, são muito parecidos e suficiente genéricos. Nenhum eleitor tomaria sua decisão a partir deste documento. Porque são dois programas abrangentes e genéricos. Até rasos”, salienta.

“Os partidos políticos brasileiros de uma forma geral são muito verbais e há mais conteúdo simbólico de suas intenções do que propriamente aquilo que são capazes de fazer.  Cabe ao eleitor prestar mais atenção nos seus programas nas redes sociais, TV e debates. Escrevem de forma genérica o que a lei exige. Não expressam o desejo profundo dos candidatos”, afirma.

 

COMO POSSO VER QUAL PROPOSTA E CANDIDATO COMBINAM COMIGO?

Se mesmo após ler as propostas, ainda não deu para decidir, é possível compará-las através do “Comparador de propostas” e do “Combina com você?”, ferramenta que mostra qual candidato mais combina com você. As ferramentas foram criadas por por A Gazeta e dão uma forcinha para boas escolhas na hora do voto.

 

PROBLEMAS DE VILA VELHA SÃO TEMAS DE REPORTAGENS ESPECIAIS

As 4 reclamações foram tema de duas reportagens especiais realizadas pelos residentes do 23º Curso de Jornalismo da Rede Gazeta, dentro do projeto Eleições Fora da Bolha. A primeira mostra como a saúde dos moradores de Vila Velha é afetada pelo esgoto a céu aberto, presente tanto em bairros ricos, como nos pobres. A segunda apresenta como as comunidades usam os projetos sociais para suprir lacunas deixadas por problemas na educação e segurança

OBRA DA BR-447 PROMETE FACILITAR A VIDA DO CAPIXABA NO TRÂNSITO, MAS SÓ FICA PRONTA EM 2021

O trecho, que inclui um viaduto, terá 4,3 km de extensão e trata-se de um corredor logístico que fará a ligação da BR-101 e da BR-262, em Cariacica, com a rodovia Leste-Oeste e a Darly Santos, em Vila Velha. 

 A BR 447 é uma obra execução pelo Governo Federal por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).  De acordo com a assessoria da prefeitura de Cariacica, o objetivo da construção é criar um novo acesso para o tráfego de veículos pesados que se destinam ao Porto de Capuaba, em Vila Velha. 

Diariamente, na região do Terminal Campo Grande, passam cerca de 60 mil veículos, o que causa engarrafamento e transtornos para quem faz o caminho todos os dias. A redução no tráfego de caminhões deve aliviar o trânsito no centro de Cariacica, e a previsão é de que um trajeto que demorava de 30 a 40 minutos, sem trânsito, seja reduzido para 15 minutos. O trajeto também deve facilitar o acesso ao Cais de Capuaba e a logística de carga e descarga de mercadorias no Porto de Tubarão, em Vitória. 

De acordo com o Dnit, os recursos para a obra são todos federais e a projeção do órgão é de que sejam gastos mais de R$ 179 milhões de reais até a conclusão dos trabalhos, prevista para setembro de 2021. 

Atualmente, os processos de drenagem, cerca na faixa de domínio, preparo de sub base na interseção da BR-101/ES e execução de fundação de viaduto sobre linha férrea, estão sendo sendo efetuados no local. O Dnit garantiu, ainda, que não houve atrasos por causa da pandemia do coronavírus. 

A expectativa do governo capixaba é de que a obra agregue mais valor estratégico e logístico para a região, atraindo empresas e empreendimentos habitacionais.

Com apenas 15 anos, Loov-U mistura português, inglês e muito romantismo na música eletrônica

Artista tem mais de 15 músicas lançadas e acumula 500 mil reproduções no Spotify

Loov-U, de 15 anos já faz sucesso nas plataformas digitais. Fonte: Divulgação

O sucesso na música nem sempre está aliado a tempo de estrada ou experiência no meio. Com combinação de talento e determinação, o topo das paradas pode estar bem mais próximo.

Alex Calderon, DJ de apenas 15 anos, nasceu na Espanha, mas veio para o Brasil ainda novinho, aos 4 anos. Ele mora em São Paulo e adotou o nome artístico de DJ Loov-U.

Loov-U se considera um artista multicultural e essa influência que ele leva para o seu trabalho. “Minha mãe é brasileira e meu pai é metade sueco e metade espanhol. O mix dessas duas culturas fez com que meu trabalho ficasse mais diversificado”, explica.

Fenômeno precoce: DJ Loov-U já tem músicas tocadas em países do exterior. Fonte: Divulgação

O artista escreve suas próprias músicas desde os 11 anos, mas a pouca idade não o impede de compor canções que falam sobre temas que atingem todas as idades, como a importância do amor próprio e as angústias e alegrias dos relacionamentos amorosos.

Sentimentos leves e de amor são expressados nas letras e na melodia, refletindo a personalidade do jovem.

Em seu novo single, “Good to Me”, lançado no final de novembro, Loov-U mistura uma batida que oscila entre a melancolia e a animação. O ritmo da música é dançante e tem potencial para embalar as baladas jovens.

A letra é forte e teve como inspiração um relacionamento anterior do DJ e tudo o que o marcou nessa experiência. “Criei essa música simplesmente pensando no quão difícil é ficar com uma pessoa tão incrível, sendo que você não se acha alguém especial. Durante toda a canção, eu faço múltiplos elogios sobre a pessoa com quem eu estou e, ao mesmo tempo, reflito sobre a confiança em um relacionamento”, comenta Loov-U.

O nome artístico do DJ também tem tudo a ver com esse estilo romântico adotado por ele. Loov-U é uma referência ao amor e as chamadas “love songs”, grandes inspirações para o jovem.

Loov-U citou Martin Garrix, como sua grande inspiração, o artista que o fez entrar no mundo da música. Said the Sky, Boy in Space e Lauv, grandes nomes do gênero, também são citados entre suas referências no cenário musical. “A mistura de estilos de todos esses artistas me fez viajar de uma forma diferente, não me fixando a uma única forma de fazer música”.

O nome do DJ faz referência ao gênero das “love songs”, as chamadas músicas românticas. Fonte: Divulgação

Já são mais de três anos trabalhando no ramo e Loov-U afirma que cada composição surge de uma maneira diferente. O DJ conta que, às vezes,  a melodia vai guiando seu trabalho e tudo começa por ela. Em outras vezes, uma batida ou um acorde o inspiram. “O instrumental demanda um bom tempo para deixar tudo perfeito. Só depois que eu desabafo tudo o que estou sentindo naquele momento. No final, é sempre muito gratificante ver pronto um trabalho que demanda muito tempo”, confessa o artista.

Com músicas tocadas nos Estados Unidos, Austrália e Japão, Loov-U promete que é só o começo e que ainda vai chegar muito mais longe. As músicas do DJ podem ser ouvidas nas principais plataformas digitais, como Spotify, Deezer e Amazon Music.

Longe dos olhos da maioria, Vitória tem noite viva e cheia de histórias

Nádia Prado e Rafael Carelli

Com relatos de cidadãos que vivem a rotina da madrugada da capital, conheça um pouco mais da trajetória daqueles que estão nas ruas enquanto outros dormem

São 23h20. O barulho do motor do avião de cargas do Aeroporto Internacional de Vitória pode ser ouvido pontualmente, todos os dias neste horário. Não há dúvidas da localização. Estamos no Jardim Camburi, o maior e mais populoso bairro do Espírito Santo.

A noite é quente e o trânsito nem de perto lembra o das ruas movimentadas do bairro, que abriga mais de 60 mil moradores em Vitória. Com a batida em retirada da maioria dos cidadãos da cidade, a noite, há de se dizer, tem um ar “sorrateiro”.

Sair para apreciar as histórias e absorver as sensações que o breu tem a oferecer não é das tarefas mais simples. Dos poucos que se vê vagando pelas ruas, é difícil identificar os sujeitos que estão dispostos a compartilhar a sua jornada. Acontece todo um ritual antes do contato inicial.

O passo muda de direção e passa a ir de encontro ao que está longe. Ocorre um primeiro contato visual, que vai deixar claro se a aproximação é amistosa ou não. A postura corporal do que está esperando para ser abordado se modifica completamente. Enrijecido, desconfiado e atento para se safar caso algo dê errado, o possível personagem de uma grande história da noite se ajeita.

Toda essa trama aconteceu com José Marcos, 25. Entregador do Ifood, se escorava na moto e esperava o celular acender com o comando para a próxima corrida. Tímido e de jeito simples, José Marcos é um jovem, mas já tem família constituída. Casado desde os 18 anos, tem uma filha de 5, e é por ela que faz as corridas noturnas. 

Morador de Jardim Carapina, faz corridas no Jardim Camburi e considera a posição em que se encontra tranquila, por estar perto de casa e da família. Caso algo aconteça, Jos

é Marcos já sabe que poderá ter ajuda próxima. De noite, como explica, é mais tranquilo para trabalhar.

“De dia, o pessoal é mais acelerado, mais ignorante. Como eu entrego marmita na hora do almoço, as pessoas estão com mais pressa”, explica.

Ele ainda aponta outro problema, típico para a profissão dele: o trânsito. Relatos e mais relatos de motoristas que jogam o carro em cima das motos de entregadores, a falta do uso da seta no trânsito de Vitória e os motoboys com pressa são alguns dos percalços que José Marcos expressa.

Com a história de José Marcos em mãos e com a certeza de que a noite, assim como o dia, é fonte de sustento para muitas pessoas, continuamos em busca de mais histórias e relatos dos seres noturnos. De quem, na ausência do sol, procura o seu lugar nele.

Bairro adentro, vencemos a escuridão das ruas e avançamos pelas inúmeras rotatórias e quarteirões de prédios, muito semelhantes uns aos outros. Um pouco mais inseridos no bairro, surge, quando menos se espera, uma praça. O aspecto, de “pracinha” do interior, daquelas com bancos de cimento, igreja e lanchonetes, dá um aconchego instantâneo.

Numa das margens da praça, mesas na rua e clientes conversando. É uma sorveteria. A gerente do local, Maria José, 56, recebe a todos de braços abertos. No momento em que chegamos, ela negociava com um cliente, que era funcionário de uma concessionária, a compra de uma moto.

O local funciona há 16 anos. Sempre com horário de funcionamento que avança a madrugada, Maria José toca o negócio em alguns dias da semana. Ela, como gosta de ressaltar, já foi dona do estabelecimento, mas hoje em dia prefere a função de gerente.

O trabalho a noite representa, para ela, tranquilidade. “É calmo, é tranquilo. Você conversa com muita gente. Você entra na conversa do cliente, ele entra na sua conversa. É muito bom, trabalhar é bom”. 

Quanto às vendas, Maria José afirma que as vendas de noite são “mais ou menos”. Ela, gerente, e o dono do local mantém o horário de funcionamento para se mostrarem abertos. Segundo ela, em Vitória, os lugares fecham muito cedo.

A conversa com Maria José seguiu o roteiro que ela mesma mencionou das tratativas com clientes à noite. Uma conversa se entranha na outra e as histórias vão aparecendo. Há 9 anos, Maria luta contra um câncer de mama com metástase óssea. Sem plano de saúde, amigos custeiam os tratamentos de quimioterapia.

Maria José mistura as falas de amor, compaixão e carinho com opiniões políticas inflamadas. A feição chega a mudar quando a gerente dá seus pitacos sobre direitos trabalhistas, Brasil e Covid-19, como no vídeo abaixo.

“Se vier um comunismo, eu não faço mais quimioterapia, eu prefiro ir embora”

A gerente ainda conta que, apesar da não comprovação científica de eficácia de medicamentos no combate à Covid-19, ela toma as drogas por conta própria, e não conta para a médica.

Sorveteria fechada, turno encerrado, Maria José pega a bicicleta e vai embora para casa pelo calçadão. “10 minutinhos eu chego. Às vezes eu paro, converso com alguém”. Ela garante que não fica cansada, apesar do tratamento agressivo. “Mesmo que me sentisse assim, teria que levantar pra trabalhar”. Trata o ofício como dever absoluto e defende a posição.

Já é tarde e cada vez menos se vê pessoas nas ruas. A frase típica de que “a cidade dorme” se encaixa na madrugada de Jardim Camburi. A escuridão se abaixa cada vez mais e o breu toma conta das ruas. A iluminação é boa, mas a noite é implacável.

E agora, em busca de mais alguém que compartilha sua vida com a noite, nos resta a opção daqueles que são os maiores representantes dos seres noturnos das cidades grandes no nosso tempo, ao lado dos seguranças: os porteiros.

A certeza é de que sempre estarão ali. Cansados, às vezes mal-humorados ou até dormindo. Mas a presença dos porteiros para proteger o patrimônio alheio, uma tarefa muitas vezes ingrata, ainda mais à noite, é a certeza nas metrópoles do Brasil.

O “Seu Aguinaldo” é um deles. Com 56 anos, Aguinaldo conta, com orgulho, que já trabalha no prédio há 12 anos. A noite, para ele, é tranquila, calma, mas o sono é o inimigo que vem com mais força nos turnos de madrugada.

Morador do bairro de Fátima, trabalha perto de casa e, para ir embora, leva menos de 20 minutos. A rotina do dia, que poderia ser abalada pelo turno invertido de trabalho, não parece ser muito atrapalhada pelas vivência na guarita da portaria.

“Eu chego em casa e durmo até umas 11h. Depois do almoço, descanso mais um pouco. De noite, também. Eu durmo bem, descanso bem”, conta.

Natural de Colatina, Aguinaldo conta que as possíveis ameaças externas são o que o mantém acordado. Apenas a existência da possibilidade da chegada de alguém é o suficiente para que o funcionário se mantenha alerta, para proteger a moradia das pessoas. Ele diz que “não gosta de dar motivo”, caso estivesse dormindo.

E a noite é finalizada com as palavras certeiras de Seu Aguinaldo. Durante a conversa, olho sempre na guarita e no portão do prédio. Várias especificidades foram cobertas. Aquele que percorre os bairros atrás do sustento, aquela que tira do negócio próprio o fruto para a família e aquele que, na porta da casa dos outros, luta para manter a segurança. A noite traz nuances que a escuridão às vezes não deixa mostrar.