Regulação e Controle: especialistas discutem investimentos na reputação e desestatização de empresas

Bruno Dantas, ministro do TCU, e Paulo Wanick, diretor da ArcelorMittal, apontaram estratégias de desenvolvimento no 13° Encontro de Lideranças

Por Caroline Mauri - atualizado em 11/12/2018 as 15:38

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Texto de Ludmila Azevedo
(Curso de Residência em Jornalismo)

Inaugurando a rodada de debates do 13° Encontro de Lideranças em Pedra Azul, o painel de Regulação e Controle foi formado pelo ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), além de Paulo Wanick, diretor de Finanças, Riscos e Tecnologia da Informação da ArcelorMittal.

Foto: Caroline MauriEm sua fala, Dantas tratou dos principais problemas detectados no Relatório de Fiscalização de Obras Públicas do TCU, o Fiscobras. Segundo ele, deficiências no planejamento e nos projetos foram identificadas em 39% das fiscalizações do ano de 2017. “Falta tempo dedicado à estruturação adequada dos projetos para a realização das obras. Apesar da pressa da gestão pública, o planejamento deve ser pensado com resultados a longo prazo”, opinou.

O ministro também comentou sobre a questão dos orçamentos, que foram problemáticos em 41% das auditorias do Fiscobras. “Essas obras, por conta de falhas no projeto e extensão de prazos e aditivos, apresentaram sobrepreços. Além de um planejamento e orçamento falhos, há ainda paralisações e atrasos. Atualmente, 30% dessas obras estão interrompidas”, alertou ele.

“A construção da Ferrovia Nova Transnordestina, por exemplo, tinha conclusão prevista para 2010 e custo estimado em R$ 4,5 bilhões. Em 2014, houve um novo cálculo para inauguração em 2016 e gasto de R$7,5 bilhões. Este ano, foi verificado que apenas 50% da linha está concluída, e os gastos chegavam a R$11,9 bilhões. As obras foram, então, paralisadas por ordem do TCU, enquanto o projeto não for reapresentado de maneira mais consistente”.

Como solução para esses obstáculos ao desenvolvimento no Brasil, Dantas defende um processo de desestatização, por meio de investimentos em concessões privadas, e ressaltou a importância de uma coordenação de diálogo institucional entre ministérios, agências reguladoras, órgãos ambientais e de controle. “O governo conta hoje com o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), que assumiu justamente esse papel tão importante para a implantação de projetos estratégicos, tendo em vista que precisamos de uma verdadeira força tarefa para destravar a infraestrutura no Brasil”, concluiu o ministro.

Foto: Guilherme FerrariComplementando a fala de Bruno Dantas, Paulo Wanick, representando a ArcelorMittal, apontou a relevância da reputação das instituições para seu crescimento e valorização. Segundo ele, vivemos uma nova crise, especialmente porque a reputação de uma empresa é impactada pela imagem de seus stakeholders, ou seja, as partes envolvidas no planejamento estratégico de negócios.

“A reputação move o mundo. Estamos vivendo uma nova era em que os ativos intangíveis, que são os não monetários – a exemplo da imagem da empresa, os recursos humanos e a tecnologia – representam mais de 80% do valor das companhias, de acordo com dados de 2015. Em pesquisa anterior, esses ativos eram equivalentes a 17% do valor”, afirmou o diretor.

O profissional ainda mencionou que  75% dos administradores entendem que a reputação deve ser uma das principais preocupações no mundo empresarial. “É preciso estar atento às principais causas de imagem negativa em um negócio. A causa número um é a perda da ética e integridade, não importa o segmento. E é por isso que essa ética no local de trabalho está sempre presente nas culturas de integridade empresarial”, esclareceu Wanick.

Citada como case, a ArcelorMittal tem como pilares a honestidade, transparência e respeito. As principais diretrizes da empresa, de acordo com Wanick, incluem os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), como trabalho seguro, saudável e com qualidade de vida e inovação e infraestrutura através da ciência.

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