Acessibilidade para pessoas com deficiência é desafio nas seções do ES

Mesmo com avanços na Justiça Eleitoral, acesso de eleitores com limitações ainda é mais difícil

O voto é um dos principais instrumentos de exercício da cidadania e da democracia. Mas, para alguns eleitores, o direito à cidadania plena ainda está um pouco distante. Nas eleições deste domingo (15), eleitores com deficiência enfrentaram dificuldades para votar.

Na Unidade Municipal de Ensino Fundamental Senador João Calmon, na Praia das Gaivotas, em Vila Velha, a situação foi desafiadora. Amezir Freitas, de 71 anos, apesar de não ser mais obrigado a votar por causa da idade, fez questão de ajudar a escolher seu representante. “É importante exercer o direito, participar, tentar ser ouvido”, explicou.

Sem a mobilidade das pernas, Amezir precisou de ajuda para chegar à sua seção de votação. Crédito: Rafael Carelli

Amezir usa cadeira de rodas e precisou de ajuda para chegar à seção.  Não enfrentou filas pela solidariedade das pessoas que estavam esperando e pela prioridade. “Me deixaram passar e não demorei. Mas está muito lotado, muito cheio. Estão se aglomerando no corredor em tempos de pandemia, imagina se fosse em tempos normais”, diz Amezir.

LEIA TAMBÉM: Veja as reportagens da série Eleições Fora da Bolha, produzidas pelos residentes

Douglas Ferrari, 40, tem baixa visão e a esposa, Amanda Ferrari, 43, é cadeirante. Votaram na escola Castro Alves, em Itapoã, Vila Velha. “Fomos orientados, tivemos prioridade, os mesários estavam preparados”, explica.

A estrutura da escola, porém, não favoreceu a esposa de Douglas. A cadeira não passava pela porta e ele teve que ajudá-la a passar. Por terem chegado cedo, por volta das 8h, o casal não encontrou as sessões cheias. Além disso, estava disponível um fone de ouvido para ouvir o voto, mas Douglas preferiu não usar.

Para as eleições deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) permitiu que o eleitor com deficiência modificasse o local de votação, sendo transferido para uma seção especial, com rampas e elevadores. A Justiça Eleitoral ainda deu prazos para que os eleitores com algum tipo de dificuldade as relatassem para o juiz eleitoral local, para que fossem tomadas as providências e feitas as adequações necessárias.

Esse texto fez parte da cobertura em tempo real das Eleições 2020.

* Rafael Carelli é aluno do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob orientação do editor Eduardo Fachetti

Confira a série de reportagens especiais Eleições Fora da Bolha

Todos os anos os residentes produzem um projeto especial de conclusão de curso. Em 2020, este projeto é o Eleições Fora da Bolha. Os alunos foram desafiados a cobrir as eleições em regiões com características opostas aos seus bairros de origem.

Até o final do curso, os 12 focas vão trabalhar nesta produção, que foi dividida em duas etapas: 1º e 2º turno das Eleições Municipais 2020. Confira o que já foi realizado até aqui!

Vitória

Lorraine mora em Central Carapina, na Serra; Karolyne em Vila Garrido, Vila Velha; e Rafael, no bairro Belvedere, em Belo Horizonte (MG). Assim, com a missão de saírem de suas “bolhas”, eles foram até a Ilha do Frade, Jardim Camburi e São Pedro.

Leia as reportagens especiais: “Desafios em Vitória: o olhar em diferentes bairros sobre segurança e saúde” e “Na Ilha de Vitória, população espera saída rumo ao aquaviário”.

Rafael e Karolyne no bairro São Pedro, em Vitória

Vila Velha

Os residentes Israel Magioni, morador do bairro Porto Novo, em Cariacica,  Nádia Prado, de Santo Agostinho em Belo Horizonte (MG),  e Vinícius Zagotto, do bairro Esplanada, em Castelo (ES) foram conhecer São Torquato, Praia da Costa e Terra Vermelha.

Juntos, eles contam o que encontraram em Vila Velha com as reportagens “Em Vila Velha, esgoto não escolhe classe econômica nem endereço” e “Projetos sociais ajudam a superar desafios da segurança em Vila Velha”.

Nádia, Israel e Vinícius Zagoto foram ao município de Vila Velha com Jairo, motorista da Rede Gazeta

Cariacica

Taísa Vargas, moradora da Praia da Costa, em Vila Velha; Maiara Dal Bosco, de Jardim América, em Goiânia (GO) e Vinícius Viana, de André Carloni, na Serra, mostraram a realidade dos bairros Jardim América, Campo Grande e Flexal I e II.

Eles produziram as reportagens “Pandemia de Covid-19 agravou problemas históricos em Cariacica” e “Efeitos da crise colocam em risco avanços da Educação em Cariacica”

Taísa, Maiara e Vinicius Viana em Flexal, Cariacica

Serra

Por fim, Daniel Reis, do bairro Acamari, em Viçosa (MG); Maria Fernanda Conti e Mônica Moreira, ambas de Jardim da Penha, em Vitória, foram nos bairros Manguinhos, Feu Rosa e São Diogo.

O trio apresentou problemas e opiniões de moradores da Serra com as reportagens “Interesses de idosos na eleição contrasta com indiferença de jovens na Serra” “Expansão imobiliária faz desafio da educação pública aumentar na Serra”.

Daniel, Maria Fernanda e Mônica (por trás da câmera), foram até o município da Serra

Entenda o projeto

As pautas do “Eleições Fora da Bolha” foram criadas a partir dos três principais problemas de cada município relatados pelo Ibope em uma série de pesquisas realizadas em outubro na Grande Vitória.  Depois do primeiro turno das eleições, os residentes voltarão aos mesmos bairros mostrar como foi o resultado do processo eleitoral em cada uma dessas localidades. 

Cada residente foi desafiado a fazer um levantamento de dados socioeconômicos do bairro em que mora: população estimada, perfil dos moradores por idade, renda média, eleitoral e outros fatores. Em seguida, foi feita uma seleção de bairros da Grande Vitória com características opostas, mas com dimensões demográficas semelhantes.

A proposta dessa tarefa, foi entender a realidade em que cada um vive, para, posteriormente, mergulhar em um ambiente diferente e, como o nome do projeto sugere, “sair da bolha”.

Saindo da bolha

Divididos em quatros trios, cada grupo foi encaminhado para uma das quatro cidades contempladas pela pesquisa, com o apoio de motoristas da Rede Gazeta e supervisão da coordenadora do curso, a jornalista Ana Laura Nahas.

Lorraine Paixão, moradora de Central Carapina, na Serra, conta como foi conhecer, a fundo, o bairro Ilha do Frade, na Capital. “Visitar um bairro completamente diferente do meu e ouvir histórias com realidades bem distantes da minha foi uma experiência quase antropológica. Ouvir alguém dizer que se sente presa dentro de casa por conta da insegurança na cidade foi um choque, pois, eu que moro em uma quebrada onde a violência ronda nunca me senti presa. E esse sentimento não é porque me acostumei com a violência e sim porque, enquanto moradora de comunidade, entendo que a vida precisa continuar. Se eu parar de sair de casa porque a cidade é violenta, eu deixo de existir”, aponta

Lorraine Paixão na Ilha do Frade, em Vitória

“Outro contraste que ficou muito evidente para mim, foi a normalização de um bairro nobre como a Ilha do Frade não possuir um transporte coletivo e os moradores não se importarem. Pelo contrário, se orgulharem por ali não ter ônibus, comércio e nem equipamentos públicos como escolas e posto de saúde. Se meu bairro não tivesse esses serviços básicos já estaríamos organizando protestos e cobrando a prefeitura. Ao meu ver, a Ilha do Frade está em uma realidade paralela dentro da cidade de Vitória. Ali quase não é um bairro, e sim um condomínio luxuoso da nata da sociedade capixaba”, complementa a residente.

Longe de casa

Pode-se, aqui, fazer um parênteses: na 23° turma deste curso, há quatro focas que vieram de outros estados: três de Minas Gerais e uma de Goiás. Além de um capixaba, do interior do estado, que também vive no estado mineiro. 

Confira o relato da Nádia Prado, que veio de Belo Horizonte (MG) para fazer o Curso de Residência:

“Sair da bolha foi um choque de realidade. Eu tenho muita noção dos meus privilégios, mas, ainda assim, ver de perto pessoas convivendo diariamente com situações como esgoto a céu aberto é chocante. Acho maravilhoso ir a campo e ter esse contato com as fontes e com o local sobre o qual estamos escrevendo, acho que isso é jornalismo. É para isso que estou nessa profissão! É um exercício constante de empatia e se colocar no lugar do outro para conseguir contar as histórias das pessoas através do olhar delas”, ressalta a jornalista.

Fique por dentro:

A primeira série de reportagens especiais do projeto “Eleições Fora da Bolha” já estão publicadas no portal A Gazeta, na editoria de Política. Fique de olho e acompanhe cada atualização deste projeto!

Eleições 2020: jovens e idosos se dividem nos horários e motivos de voto

Neste ano, idosos tiveram recomendação de horário especial para votação, entre as 7h e as 10h, por conta da pandemia do coronavírus

Jovens e idosos possuem olhares diferentes sobre a cidade e os seus problemas. Esse contraste se reflete na hora de escolher seus candidatos. Neste ano, os dois grupos também estavam separados pelo horário da votação. A maioria dos idosos foi às urnas entre as 7h e as 10h, horário preferencial para eles. Já a maioria dos jovens, justamente para não causar aglomerações nos horários indicados para idosos, optou por ir após o encerramento do período preferencial.

Fátima Braga, de 66 anos, e Rai Lemos, de 77, fazem parte dos que acordaram cedo para não pegar filas em suas seções eleitorais. Eles votaram na Escola Municipal Adevalsi S. Ferreira de Azevedo, em Jardim Camburi, Vitória. O casal faz parte do grupo de risco do novo coronavírus. Preocupados com a pandemia, os dois levaram caneta, álcool em gel e, claro, máscara, item obrigatório nas eleições deste ano. Fátima afirma que não pegou filas para votar e conseguiu fazer tudo em menos de dois minutos. Alívio para a eleitora que, por possuir uma doença autoimune, precisa redobrar os cuidados.

Mas deixar de votar não era uma opção para o casal. Eles fizeram questão de comparecer às urnas. “Se eu não votar, eu não me sinto bem. É uma questão de hábito”, conta Raí, que votou pela primeira vez aos 18 anos e, enquanto estiver vivo, pretende exercer o direito do voto.

Fátima Braga não esqueceu de levar sua caneta. Crédito: Daniel Reis

Na mesma escola, Rafaella Vidal, de 21 anos, mostrou-se empolgada em votar pela primeira vez em uma eleição municipal. “Acho que é muito importante, porque, para termos o direito de reclamar, precisamos exercer o nosso papel de votar”, comentou a estudante de Psicologia.

Jovens e idosos possuem, muitas vezes, motivos distintos na hora de escolher ou rejeitar um candidato. Edson Andrade, que está desmotivado com a política de Vila Velha, conta que, diante do cenário atual, optou por anular seu voto para prefeito. Aos 61 anos, ele não se vê representado pelos políticos da cidade e só votará para vereador porque um amigo de longa data está concorrendo. “O Brasil hoje está difícil. A corrupção tomou conta de tudo”, conta.

O desânimo de Edson contrasta com o envolvimento de João Victor Oliveira, de 21 anos. Ele pesquisou por candidatos que deixassem de lado discursos, pautas de costumes e focassem em propostas para a cidade. “A maioria dos candidatos fica apelando para os costumes e não pensa no que, de fato, importa: saúde, educação e segurança”, comenta o jovem.

O estudante, morador de Vitória, enxerga as eleições municipais como mais importantes do que a nacional. “A gente fica debatendo muito sobre as ações do presidente e esquece dos vereadores, que vão fazer coisas importantes, como a educação de base. O presidente não vai fazer muito por isso, quem vai fazer serão os prefeitos e vereadores”, avalia João.

João Victor, 21 anos, pesquisou antes de escolher seu candidato. Crédito: Daniel Reis

Já Lenise Tapajós, 75 anos, e Isaac Maria Tapajós, 73 anos, foram às urnas pensando no futuro, apesar da idade. “Nós votamos por causa dos nossos netos, pelo futuro deles”, comenta a aposentada. O casal possui sete netos. Logo, segundo a lógica dos dois, não faltam motivos para comparecer ao pleito.

Mesmo indignado com o horário preferencial, que acabou obrigando os idosos a acordarem cedo, prática que Lenise e Isaac detestam, o casal acredita que comparecer às urnas neste domingo (15) valeu a pena.

 

Sete capitais do Brasil já definiram os prefeitos no primeiro turno

Na região Sudeste, eleitores de Vitória, Rio de Janeiro e São Paulo devem voltar às urnas no próximo dia 29, para o segundo turno das eleições.

Neste domingo (15), eleitores foram às urnas para escolher representantes para os cargos do legislativo e executivo em 5.567 municípios do Brasil. Em um momento atípico, em meio à pandemia do novo coronavírus, a votação começou uma hora mais cedo e exigiu o uso de máscaras.

Além da pandemia, outro fato incomum neste processo eleitoral 2020, foi a suspensão da eleição na capital do Amapá (AM), devido ao apagão ocorrido no último dia 3 de novembro, que deixou o Estado sem energia elétrica. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Macapá, o prazo máximo para que ocorra a votação é o dia 27 de dezembro.

Mas em sete capitais do país, o nome do prefeito que comandará a cidade pelos próximos quatro anos foi decidido logo no primeiro turno: Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Natal (RN), Salvador (BA) e Palmas (TO). Em cinco delas, os eleitos já estão no poder.

Alexandre Kalil (PSD) foi reeleito por 63,36% dos eleitores mineiros; Marquinhos Trad (PSD) venceu a disputa com 52,58% dos votos em Campo Grande (MS); Rafael Greca (DEM) continua na prefeitura de Curitiba pela escolha de 59,77% dos votantes do município; na capital de catarinense Gean Loureiro venceu a disputa com 53,46%; em Natal, Álvaro Dias (PSDB) foi o prefeito escolhido por 56,58% dos votantes; na capital baiana, Bruno Reis (DEM) será o novo prefeito de Salvador (BA), com 64,16% dos votos; e em Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB) será a prefeita da capital do Tocantins, eleita com 36,22% dos votos válidos.

SUDESTE

Nas capitais da região Sudeste, os eleitores do Espírito Santo (ES), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) só conhecerão seus prefeitos no segundo turno, marcado para o dia 29 de novembro. No Espírito Santo (ES), a disputa será entre o Delegado Pazolini (Republicanos), que teve 30,95% dos votos, e João Coser (PT), com 21,82%.

Em São Paulo (SP), no maior Estado da região Sudeste, o segundo turno será entre Bruno Covas (PSDB), atual prefeito da capital, e Guilherme Boulos (PSOL). Covas obteve 32,85% dos votos válidos, contra 20,24% de Boulos. Já no Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos) vão brigar pela gestão da prefeitura. Neste domingo (15), Paes obteve 37,01% de votos, contra 21,90% de Crivella.

NORTE

Em Belém (PA), disputarão o segundo turno no próximo dia 29, Edmilson Rodrigues (PSOL), que teve 34,24%, e o Delegado Federal Eguchi (Patriota), com 23,06% dos votos.

Na capital do Acre (AC), Tião Bocalom (PP) e Socorro Neri (PSB) se enfrentarão no segundo turno pela vaga de prefeito do município de Rio Branco. O progressista obteve 49,59% dos votos, contra 22,68% da socialista.

A população de Manaus  voltará às urnas para definir a disputa entre Amazonino Mendes (Pode) e David Almeida (Avante). Na capital do Amazonas, o ex-prefeito e ex-governador Amazonino teve 23,92% dos votos, contra 22,35% de David Almeida.

Porto Velho, capital de Rondônia (RO), também decidirá a eleição municipal no próximo dia 29, entre Hildon Chaves (PSDB), com 34,01% dos votos, e Cristiane Lopes (PP), com 14,32%. Já na capital de Roraima (RR), Arthur Henrique (MDB), que recebeu 49,63%, enfrentará Ottaci (Solidariedade), com 10,59% dos votos.

NORDESTE

Em Maceió (AL), a apuração não foi concluída no domingo (15). Mas a análise de 94% das urnas aponta que JHC (PSB) vai para o segundo turno com Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB).

Na capital do Ceará, o deputado estadual José Sarto (PDT), que obteve 35,72% votos, vai disputar o segundo turno com Capitão Wagner (PROS), escolhido por 33,31% dos eleitores.

Eduardo Braide (Pode), com 37,81% dos votos, estará no segundo turno, pela disputa da vaga do executivo em São Luís, capital do Maranhão, contra Duarte (Republicanos), que obteve 22,15% dos votos.

Em João Pessoa (PB), Cícero Lucena (PP) e Ruy Carneiro (PSDB) se enfrentam para assumir o cargo na capital da Paraíba. O progressista alcançou 20,72% dos votos, contra 16,61 % do tucano.

João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) são os candidatos mais votados do Recife, capital pernambucana. O socialista vai para o segundo turno liderando a votação com 29,17% dos votos conta e a petista, escolhida por 27,95% dos eleitores.

Na capital do Piauí (PI), a decisão será entre Medebista e tucano. Dr. Pessoa, com 34,53% dos votos, e Kleber Montezuma, com 26,70%, disputam a vaga de prefeito de Teresina. Já em Aracajú a disputa continua entre Edvaldo (PDT), escolhido por 45,57% dos eleitores, e a Delegada Danielle (Cidadania), com 21,31%.

CENTRO-OESTE

Em Goiânia, Maguito Vilela (MDB) obteve 36,02% dos votos válidos da capital de Goiás e disputa o pleito no segundo turno no próximo dia 29, com Vanderlan Cardoso (PSD), que teve 24,67% dos votos.

Em Cuiabá, capital do Mato Grosso (MT), Abílio (Podemos) vai para o segundo turno da disputa com 33,72% de votos, contra Emanuel Pinheiro (MDB), com 30,64%.

SUL

Em Porto Alegre (RS), Sebastião Melo (MDB), com 31,01% dos votos válidos, enfrentará Manuela (PCdoB) com 29%.

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Justiça manda tirar número de Vidigal de crachás de fiscais do PDT

A coligação “A Serra Vai Pra Frente” utilizou o número de urna do candidato a prefeito em material utilizado por fiscais nas seções eleitorais

O Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) expediu liminar contra a coligação “A Serra Vai Pra Frente”. Na decisão, assinada pela juíza Gladys Henriques Pinheiro, foi determinado que a coligação recolhesse todo o material de identificação dos fiscais, sob pena de multa de R$ 10 mil e crime de desobediência.

O motivo da decisão é que a coligação não cumpriu o que diz a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nº 23.611/2019 e, nos crachás, registrou o número de urna correspondente ao candidato a prefeito da coligação, Sergio Vidigal (PDT). Em uma seção eleitoral no bairro José de Anchieta, na Serra, a Polícia Federal chegou a recolher crachás que eram utilizados pelos fiscais da coligação.

De acordo com a resolução, é obrigatória a utilização de crachá de identificação pelos fiscais dos partidos políticos e das coligações. Porém, ele não pode exceder o tamanho padronizado pela legislação (12 cm de comprimento, por 10 cm de largura) e deve conter apenas o nome do fiscal e a sigla do partido político ou da coligação que representa, sem referência que possa ser interpretada como propaganda eleitoral.

O OUTRO LADO

Em nota, a assessoria de campanha do candidato SErgio Vidigal informou que apenas dois crachás estavam irregulares e foram “rapidamente substituídos”. “Houve uma má interpretação da Polícia Federal em relação aos crachás porque, neste caso, os crachás estavam em ordem”, diz a nota.

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Manhã de eleições tem candidatos presos no ES, operação da PF e sujeira nas ruas

Colégio Salesiano abriu com filas pequenas e votação tranquila nesta manhã.

Operação da Polícia Federal Voo da Madrugada foi desencadeada no ES e em mais 12 Estados. Dois candidatos aos cargos em disputa foram presos por boca de urna pela manhã

Na manhã de domingo (15), parte dos eleitores capixabas foram às urnas para escolher os representantes municipais dos próximos quatro anos. Além de problemas no uso do e-Título, foram registradas sujeiras nas ruas da Grande Vitória, candidatos detidos por boca de urna e locais de votação com longas de filas de espera e aglomeração.

PROBLEMAS COM O E-TÍTULO

Neste ano, a versão digital do título de eleitor pôde ser utilizada como documento de identificação ao votar e também para justificar a ausência. Entretanto, muito eleitores relataram problemas na utilização do aplicativo que apresentou uma série de instabilidades durante o período da manhã.

Em nota, a área técnica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), confirmou que a instabilidade do aplicativo foi justificada pelo excesso de acessos. Até as 8h30 deste domingo, cerca de 400 mil eleitores já haviam justificado a ausência pelo aplicativo. O Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) também informou que os eleitores que precisarem de informação sobre seu local de votação devem acionar a assistente virtual do Tribunal, pelo endereço: bel.tre-es.jus.br.

MOVIMENTAÇÃO NAS SEÇÕES ELEITORAIS

Registro de fila em seção eleitoral na escola São Vicente, no Centro de Vitória. Foto: Israel Magioni
Registro de fila em seção eleitoral na escola São Vicente, no Centro de Vitória. Foto: Israel Magioni

Devido à pandemia da Covid-19, o horário de votação para as eleições municipais começou uma hora mais cedo neste ano. A partir das 7h já havia movimentação nos locais de votação. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recomendou que as três primeiras horas fossem preferenciais, mas não exclusivas, para quem tem mais de 60 anos de idade.

Em Vitória, a movimentação foi tranquila no início da manhã. Apesar das filas registradas em Jardim Camburi, o fluxo seguiu normal e sem registro de confusões. Em Bento Ferreira, Maria Terezinha Madeira, de 77 anos, disse que chegou mais cedo para evitar aglomerações. “Acho mais seguro. Está bem tranquilo, com álcool em gel lá dentro. Senti que estava segura”, comentou.

No Colégio Marista, em Vila Velha, uma eleitora também comentou uma movimentação tranquila no local. Diferentemente do cenário registrado na Escola Municipal Senador João de Medeiros Calmon, em Praia das Gaivotas, em Vila Velha, com seções sobrecarregadas e filas no corredor que ultrapassaram 20 minutos de espera. No final da manhã, a entrada na escola foi interrompida até que os locais de votação se esvaziassem.

No Sul do Estado, em Cachoeiro de Itapemirim também foram registradas aglomerações durante o voto. Muitos eleitores que votaram na Escola Liceu Muniz Freire reclamaram da falta de orientação no local. Já na escola Jesus Cristo Rei, também localizada no município, as recomendações de distância mínima foram respeitadas.

No norte do Estado, em São Mateus, eleitores reclamaram de aglomeração, dificuldade para encontrar o local de votação e a falta de distanciamento nas filas. Em Linhares, a manhã de votação começou com chuva fraca e bastante tranquilidade. O coronel Giovânio, comandante da Polícia Militar, disse que a operação eleição foi iniciada sem contratempos e mais tranquila que nos anos anteriores.

SUJEIRA NAS RUAS

Calçada cheia de santinhos em frente ao colégio São José no Centro de Vila Velha. Foto: Ana Carolina de Souza Ximenes
Calçada cheia de santinhos em frente ao colégio São José no Centro de Vila Velha. Foto: Ana Carolina de Souza Ximenes

A sujeira nas ruas foi encontrada em diversos pontos da Grande Vitória. A reportagem de A Gazeta encontrou os tradicionais santinhos espalhados no bairro das Gaivotas, em Vila Velha, e em Jardim América, em Cariacica.

No bairro André Carloni, uma telespectadora da TV Gazeta gravou um vídeo e contou que um carro, em alta velocidade, passou jogando os panfletos no chão, em frente ao Colégio Dom João. “Está chovendo, uma pessoa pode escorregar. As autoridades precisam tomar uma providência”, afirmou.

OPERAÇÃO “VOO DA MADRUGADA”

A Polícia Federal realizou na madrugada deste domingo (15) uma operação para combater o derramamento de santinhos nos locais de votação. Ao todo foram lavrados 13 procedimentos no Espírito Santo, São Paulo, Maranhão, Acre, Roraima e Piauí. Segundo a Polícia Federal, 30 pessoas foram presas, incluindo o candidato Osmar da Silva (PDT), e os materiais de publicidade foram apreendidos.

A legislação eleitoral permite que até a véspera da eleição os candidatos distribuam material de campanha. Contudo, a distribuição de qualquer tipo de propaganda eleitoral, no dia da eleição, é ilegal.

DOIS CANDIDATOS DETIDOS NO ESPÍRITO SANTO

Dois candidatos a cargos eletivos no Espírito Santo foram presos na manhã deste domingo (15) por prática de boca de urna. O candidato a prefeito de Cariacica Ivan Bastos (MDB) e Osmar da Silva (SD), vice na chapa do candidato Fabrício do Zumbi (PDT) à prefeitura de Cachoeiro, foram detidos.

O delegado regional de Combate ao Crime Organizado no Espírito Santo, Leonardo Rabello, explicou que os candidatos presos serão ouvidos pela Polícia Federal, onde é formalizado o procedimento, e liberados para responder ao processo junto ao Juizado Especial. Eles não permanecerão presos já que o crime de boca de urna é de baixo potencial ofensivo.

*Vinícius Viana é aluno do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob orientação do editor Erik Oakes

Bares lotam após fim das eleições municipais em Vitória e Vila Velha

Eleitores capixabas lotaram os bares neste domingo. Crédito: Maria Fernanda Conti

Bares e restaurantes da Grande Vitória ficaram lotados neste domingo (15) de eleições municipais. Com o fim da votação, alguns dos eleitores capixabas aproveitaram para curtir o restante do fim de semana e do feriado de Proclamação da República. Em diversos lugares, no entanto, parte dos frequentadores não utilizava máscaras.

O comércio de bebidas alcoólicas não foi proibido na eleição municipal de 2020, no Espírito Santo. A medida foi adotada pela última vez em algumas cidades do Estado em 2012 e, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES), não há vedação desta vez. A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) também informou que não há nenhuma determinação nesse sentido por parte do governo.

Na Praia de Camburi, em Vitória, muitas pessoas podiam ser vistas nos quiosques já desde o fim da manhã. A orla da Capital era um dos locais em que boa parte dos frequentadores não estava utilizando máscaras ou seguindo os protocolos de segurança devido à pandemia da Covid-19.

Cristina Cipriano, 61, é moradora da Praia do Canto e sempre reserva um tempo para votar. Foto: Maria Fernanda Conti

Durante toda a tarde, a situação se repetiu na tradicional região boêmia do Triângulo das Bermudas, na Praia do Canto, também em Vitória. Moradora do bairro, a eleitora Cristina Cipriano, 61, revelou que separou um tempo do dia para votar antes de aproveitar o resto do final de semana. “É um ato muito importante para o município. Embora ache que meu candidato não vá ganhar, fui lá e o apoiei. Mas, ao mesmo tempo, também mereço um descanso antes do começo de uma nova semana”, contou.

MOVIMENTAÇÃO EM VILA VELHA

Na Praia da Costa, em Vila Velha, os moradores aproveitaram para ir aos quiosques da orla após o fechamento das urnas. Por volta das 17h, era possível ver alguns pontos de aglomeração tanto na areia da praia quanto nos bares, além dos tradicionais food trucks que ficam pela região.

LEIA TAMBÉM: Veja as reportagens da série Eleições Fora da Bolha, produzidas pelos residentes.

*Maria Fernanda Conti é aluna do 23º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob orientação do editor Erik Oakes.

Bar Sabor da Cachaça, no bairro Jardim da Penha, em Vitória. Foto: Maria Fernanda Conti
Região do Triângulo das Bermudas, no bairro Praia do Canto, em Vitória, ficou lotado até o início da noite. Foto: Maria Fernanda Conti
Beach club Barlavento, na Praia de Camburi, em Vitória. Foto: Maria Fernanda Conti

Em Vitória, eleitores acima de 60 anos chegam mais cedo para votar

Josefina Zouain, aos 81 anos, votou em escola de Vitória na manhã deste domingo (15). (Crédito: Lorraine Paixão)

Nestas eleições municipais, o eleitor foi às urnas depositar seu voto um pouquinho mais cedo. Diferentemente dos anos anteriores, em que a votação se iniciava às 8h, desta vez o horário de abertura foi às 7h. A ampliação de uma hora foi determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como medida para evitar aglomerações em meio à pandemia da Covid-19.

Além da ampliação no horário, o TSE determinou ainda as três primeiras horas do dia como prioritárias, mas não exclusivas, para eleitores acima de 60 anos. Ou seja, entre 7h e 10h da manhã, eleitores nesta faixa etária tiveram prioridade na hora de votar. O objetivo foi também para evitar a aglomeração de pessoas como forma de prevenção à doença causada pelo novo coronavírus.

Josefina Zouain, de 81 anos, moradora da Praia do Canto, em Vitória, acordou cedo para votar na escola municipal Maria Eleonor Pereira da Silva, na Avenida Rio Branco. Não havia filas e nem aglomerações neste primeiro horário. A aposentada disse que votar é um direito importante e que enquanto estiver viva o exercerá.

Além de Josefina, outro eleitor prioritário que compareceu nas urnas foi o aposentado José Fernando, de 62 anos. Ele disse que, apesar de preocupado com o novo coronavírus,  optou por votar. “É preocupante e precisamos de cautela. Mas é essencial o nosso voto”.

José acrescentou ainda que em seu local de votação não havia aglomerações e todos estavam seguindo as orientações das autoridades de saúde quanto ao uso da máscara e o respeito ao distanciamento social.

Apesar da pandemia da Covid-19, o aposentado José Fernando, de 62 anos, decidiu votar. (Crédito: Lorraine Paixão)

MUDANÇAS DE LOCAIS DAS SEÇÕES GERAM RECLAMAÇÃO

Na escola estadual Irmã Maria Horta, em Vitória, por volta de 8h20, havia uma fila com eleitores aguardando permissão para entrarem na escola. Alguns reclamavam sobre mudança de local da seção eleitoral.

Em Jardim Camburi a movimentação de eleitores acima de 60 anos era grande. Na escola municipal Adevalni Ferreira de Azevedo, o aposentado Pedro Paulo de Souza, 67 anos, chegou por volta de 7h15 para exercer o direito ao voto.

De acordo com ele, apesar do fluxo de pessoas, elas estavam respeitando o distanciamento social e o uso obrigatório da máscara. A única reclamação do eleitor também foi em relação à mudança de algumas seções, que prejudicou eleitores desavisados.

Ambulantes tentam faturar renda extra durante as eleições em Vitória

Pipoca, máscaras faciais, água de coco, canetas e outros itens foram vendidos próximo às seções eleitorais em muitos pontos da capital capixaba

 

Com o maior movimento de pessoas nas ruas por conta das eleições municipais, muitos ambulantes tentam aproveitar a data para faturar uma grana extra neste domingo (15).

Raimundo Lopes Moreira trabalha vendendo pipoca há 38 anos e esteve em frente à FDV, em Vitória. Crédito: Nádia Prado

Seu Raimundo Lopes Moreira tem 66 anos e trabalha vendendo pipoca há 38 anos, 20 deles na porta da Faculdade de Direito de Vitória (FDV), no bairro Santa Lúcia, na capital capixaba. No local, são instaladas várias seções eleitorais, o que garante o fluxo de pessoas durante todo o dia. Ele garante que vale a dedicação no dia da votação, e não perde a oportunidade de aproveitar para faturar um dinheiro extra.

Na porta da escola Ceciliano Abel de Almeida, no bairro Itararé, Pamylla Canal, de 27 anos, vendia paçoquinha e chup-chup no final da manhã. É a primeira vez que ela trabalha num local de votação e, segundo Pamila, o ponto estava ótimo para vendas por causa da alta temperatura deste domingo. Ela mora em Venda Nova do Imigrante, e optou por justificar seu voto para aproveitar o dia de vendas.

Pamylla Canal vendeu paçoca e chup-chup durante este domingo (15). Crédito: Nádia Prado

Todos os anos, é comum ver barracas de água e comida em frente às seções, mas, este ano, por conta da pandemia do novo coronavírus e das novas regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), máscaras também entraram para a lista de produtos procurados pela população antes de votar.

As normas do TSE para votar foram uma motivação a mais para que Daniela Santana de Oliveira, de 35 anos fosse para a porta da escola de seu bairro para vender máscaras. Ela é depiladora, mas perdeu o emprego nesta pandemia, e tem auxiliado a sogra costureira com a confecção e venda de máscaras nos últimos oito meses.

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Daniela Santana de Oliveira perdeu o emprego de depiladora durante a pandemia. Ela vendeu máscaras na porta de seções eleitorais. Crédito: Nádia Prado

A depiladora disse que muitas pessoas esqueceram o equipamento obrigatório de proteção e se aproveitaram da praticidade de comprar com ela na porta do local de votação, garantindo a renda extra para ajudar na casa que mora, com seus dois filhos e o marido. Daniela contou ainda, que chegou às 6h30 da manhã para montar seu estande e o marido ficou cuidando das coisas enquanto ela ia votar num colégio próximo, também no bairro de Itararé.