“Veio de um incômodo da redação”, diz editora de A Gazeta sobre a criação do “Todas Elas”

Página inicial do “Todas Elas” em A Gazeta. Foto/Reprodução: Internet

Em um pouco mais de duas horas de conversa, Joyce Meriguetti, editora de Integração de A Gazeta, contou aos residentes que a criação do “Todas Elas”, a aba que aborda assuntos sobre o universo feminino em A Gazeta, surgiu da inquietação da redação perante as questões de violência contra a mulher. Segundo Joyce: “Diante deste incômodo, as mulheres da redação pensaram em fazer uma cobertura voltada para as mulheres”.

O projeto tem o intuito de questionar, entender, denunciar os índices de violência contra a mulher e contar histórias de mulheres inspiradoras, empreendedoras ou vítimas de algum tipo violência doméstica. O núcleo faz uma cobertura jornalística voltada para as mulheres: “O que mais poderíamos fazer para mudar essa realidade? Daí surgiu o ‘Todas Elas’”, explica a jornalista.

Palestra “Todas Elas:Todas Elas: um olhar sobre a cobertura de temas femininos” Foto/Reprodução: Internet

SUBDIVISÕES DO “TODAS ELAS”

O núcleo do conteúdo focado nas mulheres está presente em A Gazeta e é um de tantos outros assuntos específicos que o portal traz. O “Todas Elas” realiza mais do que um trabalho jornalístico. Durante o ano de 2020, foram realizadas diversas lives com temas que geram encorajamento das mulheres, um dos objetivos principais da aba temática. Os assuntos são gerais como “Liderança feminina e a guerra contra o machismo nas empresas” e “Relacionamentos abusivos: como quebrar o ciclo da violência”.

Mais do que as transmissões ao vivo, a iniciativa engloba diversos sub-núcleos. Os assuntos são subdividos entre “Vítimas de feminicídio”, “Mulheres inspiradoras”, “Violência sexual e relacionamento abusivo” e “Como pedir ajuda”. Todas as especificações ajudam a comunidade feminina capixaba de alguma forma.

        Página inicial do “Todas Elas” em A Gazeta. Foto/Reprodução: Internet
Página inicial do “Todas Elas” em A Gazeta. Foto/Reprodução: Internet

Joyce Meriguetti comenta: “Realizamos trabalhos educativos para que meninas não se tornem vítimas e meninos não se tornem agressores”. Dessa forma, o “Todas Elas” trabalha constantemente para gerar empoderamento feminino transformando, por meio do jornalismo, os espaços em lugares seguros para meninas a cada dia mais.

FERRAMENTA NO COMBATE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

O “Todas Elas” também disponibiliza, no alto da página, links de serviço. Na aba,  estão os seguintes tópicos: “Denuncie casos de violência doméstica, sexual e moral”, “Veja canais para buscar socorro no isolamento”, “Onde denunciar casos de violência contra a mulher” e “Aplicativo lista locais de agressão contra mulheres”. 

Tudo isso transforma o “Todas Elas” não só em uma aba temática dentro do portal A Gazeta, mas também em  uma ferramenta ágil no combate da violência contra a mulher.

Se você for vítima ou conhece alguma mulher que tenha sofrido alguma violência, ligue 180,  Central de Atendimento à Mulher, ou procure uma das Delegacias da Mulher no Espírito Santo. Não se cale, denuncie.

Cerimonial Lago de Garda fecha as portas e dá lugar a condomínio de luxo

O lago foi o grande diferencial do cerimonial na cidade de Vitória. Crédito: Internet/Cerimonial Lago de Garda

O tradicional Cerimonial Lago de Garda, de Vitória, foi vendido e vai dar lugar a duas torres de um condomínio de luxo em Jardim Camburi. A venda foi negociada entre uma construtora e os sócios, Jânio Fialho e Eloy Carelli. “Foi uma oferta irrecusável”, disse Jânio.

Apesar da venda já ter sido confirmada, o Cerimonial vai funcionar até junho de 2022 para realização de eventos que sofreram adiamentos com a pandemia. No entanto, a agenda já está fechada para novas cerimônias.

O terreno será ocupado por duas torres de um condomínio de luxo com lojas no térreo. Jânio Fialho disse que o empreendimento vai dar certo, pois sabe que a localidade é boa. “Os jovens vão gostar, aqui é uma região boêmia. A localização é muito boa”, salientou.

Segundo o empresário, a  venda foi bem-vinda já que “A tendência agora são festas mais intimistas, ao contrário do que a empresa oferecia. As festas estão menores e, também, tudo está ficando muito caro”, afirma Jânio Fialho. Para ele, os cerimoniais precisam se reinventar ou, até mesmo, diminuir, já que o mercado está mudando.

Foto/Reprodução: Google Maps
Cerimonial Lago de Garda foi vendido e dará lugar a prédio de luxo. Foto/Reprodução: Google Maps

Mais do que aspectos comerciais, o pensamento de Jânio Fialho sobre a própria vida durante a pandemia da Covid-19 foi um dos motivos para a escolha. “A reflexão foi entender que a vida é muito curta e precisamos aproveitar”, desabafa um dos sócios proprietários.

O empreendimento existe desde 1991  e sediou  muitos eventos, desde casamentos até grandes formaturas. Para Jânio, o cerimonial era como um filho que ele viu crescer e sentiu ao vendê-lo, mas, mesmo assim, a proposta e o momento eram muito bons para a venda.

Além disso, Jânio e o sócio Eloy sentem que já fizeram de tudo para o negócio e está na hora de descansar. “Agora vamos curtir a vida. Eu tenho 60 anos, não tenho filhos, apenas um cachorro. Agora, com sabedoria, vou aproveitar a vida!”,  disse Jânio Fialho.

Homofobia no futebol: não é apenas cobrar das autoridades competentes

Foto/Reprodução: Freepik

João Abel, jornalista e autor do livro “Bicha: a homofobia estrutural no futebol”, conversou, em palestra ministrada aos residentes do Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, nesta quinta-feira (30) sobre o cenário de homofobia no futebol brasileiro. Além disso, o jornalista comentou como podemos solucioná-la. Segundo ele, o caminho é um tripé entre torcedores, imprensa e organizações.

O problema da homofobia no futebol é latente, segundo Abel, e já existem algumas iniciativas para a melhora da situação. Em 2020, foi criado o Observatório LGBTQIA+ nos mesmos modelos do Observatório da Discriminação Racial no Futebol comandado por Marcelo Carvalho, porém “a gente precisa trazer mais pessoas para discutirem esse assunto”, na opinião de Abel.

João Abel
João Abel conversou com alunos da Residência sobre homofobia no futebol/ Foto/Reprodução: Internet

Entretanto, é fato que há uma resistência de certa parte da sociedade brasileira nas questões LGBTQIA+, e esse também é um dos desafios para conscientização sobre o tema. O jornalista conta ainda que: “Esse tipo de assunto não tem debate. Se o torcedor não gosta, simplesmente por conta da orientação sexual, essa pessoa está equivocada”. Ou seja, o problema da homofobia no futebol é mais profundo do que se imagina.

Quem devemos cobrar?

As cobranças podem ser feitas por muitas pessoas em diversos âmbitos. Por exemplo, existe a possibilidade de mobilização de torcedores, patrocinadores e imprensa para com entidades responsáveis, desde diretoria de clube até federações estaduais e Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Estes processos acima já foram feitos em diversas situações. Um dos casos recentes que demonstram a força da mobilização de torcedores é o do Robinho. Em 2020, o jogador foi anunciado como o novo contratado do Santos. O fato de ele ter sido condenado em segunda instância por estrupro coletivo, quando jogava na Itália, em 2013, gerou reações imediatas na torcida diante da recontratação.

Robinho
Robinho, ex-jogador do Santos. Foto/Reprodução: Divulgação/Santos FC

Durante muitos dias, as torcidas organizadas do Santos se posicionaram contra a volta de Robinho ao time. A mobilização foi tanta que chegou na esfera econômica e com a pressão de patrocinadores do clube alvinegro praiano pela saída do atleta. O anúncio de contratação foi feito no dia 10 de outubro de 2020. Após seis dias, as mobilizações chegaram à diretoria, e o contrato foi suspenso. 

Segundo João Abel, o caso Robinho demonstra a importância das cobranças chegarem até os patrocinadores: “Essa é uma via de cobrança, até porque o dinheiro é um dos alicerces de um clube”. Além de mexer com quem detém o financeiro, o caso do ex-jogador do Milan demonstra o tripé poderoso que sustenta o futebol: torcida, patrocínio e organizações e confirma que, se uma parte não está satisfeita, há uma quebra e torna-se quase impossível de um clube se sustentar.

Os detalhes e pontos que mudaram a vida de Cleusa Corrêa

Foto/Reprodução: Freepik/prostooleh

 

No Brasil, atualmente, são 24 milhões de empreendedoras, segundo pesquisa do GEM (Monitoramento de Empreendedorismo Global) de 2019, que é o maior estudo unificado das atividades empreendedoras no mundo. Cleusa Oliveira Corrêa é uma delas. A química por formação cultiva uma relação antiga com o empreender e trouxe consigo, até hoje, a força de vontade de gerir o próprio negócio. Hoje, Cleusa é empreendedora, costureira e vende acessórios femininos e utilitários.

A garota nascida em Osasco, no estado de São Paulo, há 52 anos, sempre observava o pai empreendendo quando ainda era pequena. A companhia durante o trabalho do pai na farmácia da família fez efeito e plantou a sementinha do empreendimento no coração de Cleusa. Mas o caminho não foi tão direto assim.

Cleusa trabalha em casa em um quarto que virou ateliê Foto/Reprodução: Acervo pessoal

Entre ela e o empreender estavam anos de muito trabalho em indústrias químicas. Cleusa é formada em química, pós-graduada em Gestão de Qualidade e trabalhou por mais de 25 anos no mundo corporativo. A profissional poderia até estar focada em béqueres e tubos de ensaio, mas as mãos, nas horas vagas, estavam no artesanato.

O artesanato entrou na sua vida quando Cleusa ainda era criança e observava sua avó costurando na grande máquina de costura. O que antes era apenas uma distração de menina se transformou em diversos cursos concluídos, da pintura de pano de prato ao patchwork, até a empreendedora chegar nos amados tecidos e, é claro, em um negócio. .

Enquanto ainda trabalhava em empresas, a artesã sempre tinha um tempo sagrado para continuar a produção dos seus trabalhos para alguns amigos e clientes selecionados.

No entanto, em 2008 o amor pela arte falou mais alto e Cleusa decidiu deixar os mais de 25 anos de trabalho em empresas para lidar apenas com os tecidos. 

Da esquerda para direita: Cleusa, Rebeca (filha) e Felipe (marido). Foto/reprodução: Acervo Pessoal

Segundo ela mesma, aplicada e talentosa com artesanato ela sempre foi, mas o empreender surgiu após muito estudo, em 2017. Só depois de diversas mentorias e cursos sobre empreendedorismo e finanças, Cleusa, que atualmente vive em Vitória, capital capixaba, viu aflorar  novamente o instinto empreendedor que puxou do pai e se tornou dona do seu próprio empreendimento online.  A loja “Detalhes e Pontos” (@detalhesepontosbolsas) surgiu com a força e delicadeza de seu trabalho para que, assim, ela continuasse a aumentar a renda familiar com a venda de bolsas femininas e acessórios utilitários.

Tudo é feito por ela, com muito carinho e profissionalismo: “Eu costumo dizer que sou minha EUquipe”, disse, dando risada. As funções de uma empreendedora dentro de um negócio pequeno são inúmeras como marketing, finanças, produção, relacionamento com o cliente e entrega.

A FORÇA DO ARTESANATO

Assim como Cleusa, muitas mulheres trabalham com artesanato e costura. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o setor de artesanato movimenta cerca de R$ 50 bilhões por ano no Brasil e é fonte de renda para aproximadamente 10 milhões de famílias: “Pude perceber o boom maior ainda na pandemia, conheço muitas mulheres que já mantinham suas famílias com artesanato e aumentaram o lucro com a costura de máscaras”, conta a costureira.

Bolsas e utilitários: os carros-chefes de Cleusa. Foto/Reprodução: Acervo Pessoal

Cleusa comenta a evolução do artesanato na vida das mulheres: “Antigamente tinha-se que artesanato era ‘Ah, fulana tá com depressão. O médico mandou fazer”. Hoje o artesanato é renda para muitas famílias brasileiras. 

Além da força para a economia e para a transformação da mulher, o artesanato traz benefícios até para a saúde. Segundo um estudo publicado na revista Neurology, quem faz artesanato é 73% menos propenso a desenvolver problemas de memória na velhice e o risco de demência diminui 45% comparado aos que não fazem nada relacionado à arte. Cleusa confirma o bem-estar de trabalhar com tecidos. “Eu sempre fui muito ansiosa, hoje estou melhor porque mexer com arte melhorou minha vida”, completa a artesã.

DORES E DELÍCIAS DO EMPREENDER

Quando Cleusa percebeu que era hora de largar o corporativismo e viver 100% de costura, sofreu com os olhares tortos e opiniões dispensáveis: “Recebi muitos feedbacks negativos no início. Falavam que eu era louca, com pós-graduação e muita experiência estar deixando tudo para trás”. Mas grandes realizações vêm de grandes escolhas e isso Cleusa fez com muita coragem.

Cleusa é feliz com a decisão de largar o mundo corporativo para viver de artesanato. Foto/Reprodução: Acervo Pessoal

Além da coragem, o empreendedorismo exigiu  disciplina, organização, persistência e paciência, traços inerentes em Cleusa. “Tenho muito foco. Eu sou persistente, eu vou e faço. Quando eu não sei, eu estudo, entendo e faço”. A costureira ressalta que a empreendedora é multifacetada e até relembra com sorriso no ar e diz: “Menina, você acredita que às vezes até psicóloga eu sou?”.

Os desafios do empreendedorismo são reais e um pouco mais árduos para as mulheres, já que, além de trabalho, ainda são destinadas a cuidar da casa e da família. Apesar das dificuldades, as mulheres já alcançam 16,1 milhões dos 32 milhões de empreendedores iniciais na pesquisa GEM de 2019. Ou seja, as mulheres estão iniciando empreendimentos do mesmo modo que os homens. 

Mais do que isso, as empreendedoras também aproveitam as delícias de empreender. Cleusa comenta um pouco sobre uma das decisões que considera entre as mais certas da vida: “Não me arrependi em me tornar empreendedora. Sou feliz produzindo o que eu gosto e sendo cuidadosa com meus clientes”. A artesã, costureira, empreendedora e mãe tem um sonho que quer alcançar com o trabalho: “Ser reconhecida pelas minhas peças e que elas sejam de grande utilidade para os clientes”.

Com a disciplina que tem, os detalhes e pontos são pequenos perto do tamanho que Cleusa tem como mulher.

“Existem ações que não custam nada”, diz fundadora da Transcendemos sobre inclusão

Pilares da Transcendemos Foto/Reprodução: Internet/Transcendemos.com.br

Em coletiva exclusiva aos residentes do 24º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, Gabriela Augusto, fundadora da Transcendemos, empresa de consultoria sobre diversidade e inclusão, dissertou sobre estes pilares em empresas. Segundo ela, qualquer empresa pode ser mais inclusiva, desde as menores até as multinacionais e que o processo é simples. Para Gabriela, só um obstáculo dificulta o aumento da inclusão: a ignorância.

Gabriela Augusto criou a empresa em 2017 depois de sentir na pele, por muito tempo, o preconceito e a LGBTfobia no dia a dia. “Eu sou uma mulher trans e negra. Me deparei com muitos desafios na vida. Ir à padaria já é uma situação”, conta.  Gabriela conseguiu transformar a própria dor e a dor dos amigos que não conseguiam espaços em empresas numa solução, a Transcendemos.

Gabriela Augusto
Gabriela Augusto, fundadora da transcendemos. Foto/Reprodução Acervo pessoal (@gabriela.aug)

A empresa presta processos de consultoria a diversos negócios dos mais diferentes ramos e confirmou que o interesse pela temática está crescendo. No entanto, não são todas as empresas que conseguem pagar pelo serviço e isso não pode ser desculpa para a falta de inclusão. “Tem coisa que não custa, acessibilidade digital, por exemplo. Legendar um story no Instagram não custa”, completa.

Começar pequeno, pensar grande

A própria fundadora da Transcendemos começou fazendo de pouco em pouco. Gabriela Augusto organizou na cidade em que vivia, Taboão da Serra – SP, o “Manual da Empresa de Respeito”. Um pequeno guia, impresso por ela mesma, com diversos conceitos sobre combate a LGBTfobia, igualdade racial e de gênero e respeito à pessoa com deficiência. “O que poderia fazer para reverter toda a situação desigual? Aí, eu criei o Manual”, confirma a diretora.

Com as próprias mãos, Gabriela distribuiu os manuais para pequenos negócios na cidade dela, desde lojas de roupas, lanchonete, a co-workings e agências de publicidade. A partir daí, ela começou a receber convites de empresas para realizar consultorias e o caminho até a Transcendemos foi natural.

 

É possível combater a desinformação?

Desinformação é o oposto do que o jornalismo faz. No sentido literal da palavra, o prefixo ‘des’ significa ação oposta, ou seja, desinformação é a ação oposta de informar. Este termo é utilizado com frequência, já que somos bombardeados de mentiras o tempo todo em um ritmo acelerado que a internet consegue atingir.

O termo é uma substituição às fake news, expressão que diversos jornalistas pelo mundo criticam. Em entrevista, Sérgio Lüdtke, editor-chefe do Projeto Comprova, uma iniciativa de 33 veículos de comunicação do Brasil para investigar informações enganosas e mentirosas, a expressão “notícias falsas” é negativa para o jornalismo: “O termo gera uma desqualificação do nosso próprio trabalho”.

A desinformação tem um mecanismo próprio e muito complexo. Segundo Claire Wardle, pesquisadora e jornalista, existe um ecossistema para podermos compreendê-la. Em 2017, a jornalista publicou um gráfico que demonstra os possíveis tipos de conteúdos enganosos e manipuladores. 

A explicação vai desde falsa conexão, permeando falsos contextos, manipulação de contexto, sátira, conteúdo enganoso, conteúdo imposto até conteúdo fabricado. Todos estes tópicos e suas definições estão dentro do ecossistema da desinformação.

O ecossistema da desinformação, segundo Claire Wardle Foto/Reprodução: Internet

É fato que a falta de informação ou a informação manipulada já tomou grandes proporções. Em 2018, durante o período eleitoral, o conteúdo falso sobre a distribuição de mamadeiras com o bico em formato de pênis nas creches de São Paulo pelo ex-prefeito e, naquela ano, candidato à presidência da República, Fernando Haddad, foi intensamente compartilhado. O fato foi desmentido pelo Estadão Verifica no mesmo ano. 

Outra situação delicada aconteceu e continua acontecendo com a desinformação durante a pandemia da Covid-19. Foram compartilhados conteúdos falsos sobre vacinas e grande parte deles diziam que chips chineses seriam implantados no momento da aplicação. O g1 desmentiu o fato em janeiro de 2021.

Existe solução?

É certo que a desinformação está presente no nosso dia a dia, mas será que tem como acabar com ela? É difícil e até agora não há uma solução concreta para o problema, apenas ferramentas que diminuem o impacto.

O jornalismo puro, embasado em fatos e fontes seguras, é um dos caminhos mais confiáveis que podemos seguir. Sérgio Lüdtke diz: “O jornalismo é parte da solução. Quanto mais confiança no nosso trabalho, mais próximos podemos estar da solução”. 

Quanto às redes sociais, o Twitter é um bom exemplo. O site já conta com ferramentas que ajudam os usuários a filtrar o que é verdade do que é falso. O BirdWatch, por exemplo, foi criado pela empresa e vai ajudar na credibilidade das informações postadas na rede social. 

O usuário poderá sinalizar o conteúdo como duvidoso e poderá indicar o porquê de acreditar que a mensagem é enganosa e, assim, o Twitter vai criando um documento público sobre a autenticidade dos conteúdos publicados. A ferramenta ainda não está disponível no Brasil.

Além disso, a rede social também já emite um aviso quando tuítes com links são retuitados sem cliques. Ao clicar no símbolo de retuíte sem visitar o endereço anexado, surge um alerta com a mensagem: “Quer ler o artigo primeiro?”. A ferramenta colabora com o cuidado na disseminação de informações.

O Twitter ajuda no combate à desinformação com tecnologias simples. Foto/Reprodução: Internet

As entidades particulares precisam criar métodos de checagem, já que estão diretamente ligadas ao processo de desinformação. O Projeto Comprova é um exemplo. O projeto conta com mais de 30 parceiros de coalizão que, juntos, conseguem descobrir e investigar informações que possam ser inventadas, enganosas ou falsas sobre políticas públicas, eleições e pandemia da Covid-19.

Já no quesito governamental, existe uma conversa sobre o assunto, mas as autoridades responsáveis estão constantemente se munindo ou esbarrando nos conceitos de liberdade de expressão. A lei Marco Civil da Internet (Lei nº12.965/2014) é um exemplo e garante a liberdade de expressão, mas com respeito total aos direitos humanos e exercício da cidadania.

Além disso, muito se fala sobre uma regulamentação das redes sociais para termos controle da desinformação, mas, conforme Lüdtke acredita, ainda estamos longe de uma solução: “Se é que um dia chegaremos”.

O que o usuário pode fazer para colaborar?

Os cidadãos podem tomar diversas providências para a diminuição de notícias enganosas, inventadas e falsas. Ações simples podem colaborar com a verdade e o jornalismo. As dicas podem ser básicas, mas têm um bom potencial de combate à desinformação:

  1. Sempre questione ao ver qualquer notícia. Seja mais crítico com os conteúdos que consome;
  2. Acesse diversos sites e leia sobre a mesma notícia para ter a informação completa;
  3. Nunca compartilhe sem saber se aquilo é verdade ou não;
  4. Fique de olho na data da publicação, às vezes o conteúdo é uma reprodução de algo antigo;
  5.  Utilize-se de portais de checagem de informações, como o Projeto Comprova.

 

*Este texto não traduz, necessariamente, a opinião da Rede Gazeta

Eduardo Fachetti discute detalhes da “Rede de Valores”

Nesta segunda-feira (13), os residentes acompanharam mais uma palestra do 24° Curso de Residência em Jornalismo. O palestrante da vez foi Eduardo Fachetti, gerente de Relações Institucionais da Rede Gazeta. O profissional trabalhou com a temática: “Rede de Valores e um Olhar para o Futuro”. A conversa aconteceu virtualmente com a presença dos 10 residentes.

Na discussão foram apresentados tópicos da “Rede de Valores” da Rede Gazeta – Foto/Reprodução: Internet

Durante a palestra, Fachetti trouxe aos residentes uma análise sobre o documento: “Rede de Valores”, o código de ética da Rede Gazeta. O arquivo traz diversas regras e recomendações que têm como objetivo guiar o comportamento dos funcionários no trabalho e na relação entre as partes envolvidas com a empresa, desde clientes até leitores e espectadores.

O documento colabora com as funções realizadas pelos jornalistas para a inovação dos conteúdos, já que conta com diversos tópicos sobre comportamento nas redes sociais, por exemplo, demonstrando atenção com as novas ferramentas do jornalismo.  Atualmente, os profissionais de comunicação precisam estar atentos às novidades e às questões de diversidade que são pautadas. Segundo Fachetti, a criação de novas formas de contar histórias e a responsabilidade com tudo que é diverso são dois dos principais desafios do jornalismo atual.

Além disso, Eduardo Fachetti levantou diversos destaques do documento, por exemplo, como deve ser a postura dos profissionais fora da redação e perante a diversas questões do dia a dia, como o uso das redes sociais, posicionamentos e reputação: “Nós, jornalistas, somos muito cobrados, pois somos vistos como porta-vozes da sociedade. Precisamos estar sempre atentos”, disse o gerente de Relações Institucionais da Rede Gazeta. 

Outro ponto salientado por Fachetti foi em relação aos conteúdos específicos produzidos pelos profissionais da Rede Gazeta. No jornalismo, estamos o tempo todo tratando de diversos assuntos e, às vezes, podemos esbarrar em alguma temática delicada, como as coberturas criminais. Para cada tema específico existem algumas regras sobre o modo correto para a divulgação das informações: “Devemos olhar para o fato que vamos narrar com muita responsabilidade”, acrescenta Eduardo.

Dicas valiosas

Durante as quase duas horas de conversa, Fachetti ainda deu algumas dicas aos residentes de como se tornar um bom profissional: “Devemos saber a hora de questionar e a hora de se calar”. Por fim, Eduardo Fachetti salientou a grandiosidade da oportunidade que é ser residente da Rede Gazeta aos recém-formados: “Vocês estão no estágio um para começar uma grande carreira”.

A fase à distância do 24° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta começou dia 10 de setembro. A partir de 13 de outubro, os residentes iniciam a fase presencial do curso e irão produzir conteúdos direto da redação da Rede Gazeta.

O comunicar sensível de Matheus

Empatia, do grego “empatheia”, significa “imaginar-se no lugar de outra pessoa”. Uma palavra tão simples mas que significa tanto. E, posso dizer com segurança, o que não falta em Matheus Metzker é empatia e humanidade.

Um capixaba de 22 anos que viveu 15 anos da vida em uma cidadezinha no interior de Minas Gerais chamada Teófilo Otoni. Voltou para o Espírito Santo em 2017 com um objetivo muito especial: cursar jornalismo. Uma conquista tão importante para o garotinho de 8 anos que apresentava programas de TV sozinho no quarto e sonhava em ser jornalista desde tão novo.

Antes de nossa conversa, estava pensando se seria legal, até porque não nos conhecíamos. E quer saber? Que conforto. Matheus é daqueles que te deixa à vontade e transforma uma entrevista em algo leve e interessante. Além da “conversa-conforto”, em meio a tantos momentos ruins que tive durante a semana, me identifiquei em tantas questões… parecia que eu estava me escutando.

Ainda sobre estar disponível para o próximo, Matheus me contou algo que aconteceu há pouco tempo: “Eu estava no ônibus e um senhor começou a me contar algumas coisas… logo comecei a prestar muita atenção no que ele tinha pra dizer. Às vezes ninguém quis ouvi-lo, mas eu gosto de me entregar e ouvir as histórias”. Quantas pessoas você conhece que fariam isso, ao invés de colocar os fones de ouvido? Certamente, Matheus é especial e deixa marcas na vida das pessoas com tamanho cuidado.

Matheus, assim como eu, acredita no jornalismo social: “Jornalismo é alicerce para dar voz para a sociedade”. Tudo fez mais sentido quando ele contou do trabalho de conclusão de curso (TCC) que produziu sobre os sobreviventes capixabas da Covid-199. Que sensibilidade! Conversar sobre assuntos tão delicados e, principalmente, tristes, por ainda vivermos a situação, é para poucos. Inclusive para o Matheus.

Quando perguntei sobre algum momento importante na produção do livro que resultou do TCC, ele me contou a história de um médico intensivista: “O médico me disse que tinha que treinar os conceitos de vitória e derrota na medicina, porque ele quase não se lembra de quem salvou, mas se recorda bem sobre as 19 pessoas que morreram nas mãos dele”. E eu, que imaginei fazer uma entrevista simples com o Matheus, fiquei refletindo muito emocionada com toda a temática e a sensibilidade de um jornalista de apenas 22 anos.

O recém-formado é uma pessoa tranquila, dá para notar. Gosta de passatempos calmos, como ir à praia e se reunir com a família e amigos. Comentou sobre sua sobrinha, pela qual tem um carinho especial, sobre a boa relação com todos e a saudade diária da mãe. Maria, mãe de Matheus, vive a quase 500 quilômetros do filho… aquela falta que amarga, sabe? Porém, são desafios da vida. Se, para realizar os sonhos que almeja, Matheus precisar estar distante fisicamente, ele enfrenta.

Quando questionado sobre o que mais gostava no jornalismo, disse que, ao longo do curso, muita coisa mudou: “Vi mais coisas e gosto do online para poder escrever. Mas…TV é um sonho”. Aquele mini apresentador de oito aninhos ainda sonha em estar em frente das câmeras falando para milhares de pessoas. 

Além de ser tranquilo e sensível, Matheus é consciente que há muito o que fazer até “chegar lá”: “Ainda tenho caminhos para trilhar, preciso me preparar mentalmente, pois sou ansioso e ficar em frente às câmeras não é tão fácil assim”. Tenha calma, Matheus… a gente só está começando!

Geralmente, nos definir é um pouco difícil, nos perdemos nas nossas próprias virtudes, mas Matheus se definiu, e muito do que foi falado, eu captei nos detalhes da nossa conversa: “Eu sou tranquilo. Não sou muito otimista, mas acredito que existam algumas migalhas de otimismo em mim e isso me permite sonhar alto”. O grande apoio e suporte de Matheus são seus familiares. São eles que mantêm os sonhos dele vivos e a chama, acesa.

Aquele menininho que apresentava programas de auditório sem o auditório tornou-se um homem sensível e com muita empatia. Soa repetitivo dizer que Matheus é empático, mas, em tempos como os atuais, essa característica precisa ser destacada. Poucas vezes vi o cuidado que Matheus tem com o próximo em outro lugar. 

Quando conversamos sobre sonhos, ele me disse algo que quase nunca penso: tentar ter equilíbrio em todas as esferas da vida. Matheus quer estar alinhado com todas as partes dele: “Equilibrar família, vida profissional e relacionamentos para que eu seja feliz por inteiro”. Isso me fez refletir, afinal, do que adianta o trabalho perfeito sem a família para compartilhar?

Fiquei pensando o que poderia identificá-lo, ele me contou que tudo relacionado ao Silvio Santos faz seus conhecidos lembrarem dele. Mas quer saber? O que me faz identificar o Matheus, com o pouco que pude perceber, é que com certeza ele será uma das pessoas mais simpáticas e sensíveis de onde estiver. Mas é claro que se eu puder identificá-lo como fã do Silvio Santos,  assim como seus amigos o chamam,  seria mais legal ainda!