Gastroenterite, mão-pé-boca e bronquiolite: viroses entre crianças crescem no ES

Criança com virose
Criança com virose
Com o tempo chuvoso, é comum viroses atingirem as crianças com mais intensidade (Foto: Freepik)

Os casos de infecções virais têm aumentado entre as crianças de 0 a 9 anos no Brasil, de acordo com o boletim InfoGripe, divulgado no dia 18 de novembro pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Vitória é uma das seis capitais que apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo. Especialistas capixabas consultados por A Gazeta confirmaram que doenças, como gastroenterite, mão-pé-boca e bronquiolite, estão aparecendo com mais frequência nos atendimentos médicos e, por isso, é necessário que os pais e as creches tenham atenção aos cuidados.

Segundo o boletim da Fiocruz, o número de crianças diagnosticadas com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aumentou e já é superior aos casos de Covid-19. Nos registros da fundação, são mais de 1.500 casos semanais de doenças respiratórias graves no país. No entanto, os resultados laboratoriais indicam que outras viroses menos graves têm maior volume, como Vírus Sincicial Respiratório (VSR),  Rinovírus, Adenovírus, Bocavírus, Parainfluenza 3 e Parainfluenza 4.

No Espírito Santo,  além de alguns casos de bronquiolite fora de época, segundo especialistas, há uma elevação de atendimentos em consultórios e nos prontos-socorros de crianças com gastroenterite ou mão-pé-boca — duas viroses que não causam necessariamente complicações respiratórias, mas estão afetando os pequenos nos últimos meses do ano.

É o caso do Joaquim de 1 ano e 5 meses. O filho da pedagoga Gabrieli Paulino sofreu com duas enfermidades. Há dois meses, apareceram manchas na boca, língua, perna e nos pés. Ele ainda apresentou febre e falta de apetite. Foi diagnosticado com a virose mão-pé-boca. Agora, recentemente, em uma troca de fralda, a mãe notou a mudança na textura das fezes do pequeno. Em seguida, vieram os episódios de vômito e diarreia, típicos da gastroenterite.

“Levei ao pediatra e ele receitou alguns remédios. Demorou uma semana para que o Joaquim ficasse 100% bem. Como ele ainda não frequentava creche, ficou em casa e tomei os devidos cuidados. Deixei de sair para parquinhos e ficamos isolados para não contaminar outras crianças”, contou a pedagoga e mãe do Joaquim.

O filho da pedagoga Lecimar Will Nunes também apresentou gastroenterite. No mês passado, o Luan começou a se sentir mal na escola e a família foi orientada a buscá-lo.

O pequeno teve cólicas intestinais, vômitos, febre, diarreia e perda de apetite e foi levado ao pronto-socorro, onde precisou receber bolsas de soro. “Busco manter uma alimentação adequada para que ele seja uma criança forte e saudável. A médica inclusive deixou claro que, se ele não estivesse com a imunidade boa, precisaria ficar internado”, explicou Lecimar.

Motivos do aumento de viroses

Afinal, por que está acontecendo esse aumento? A médica Euzanete Coser, infectologista pediátrica e membro do departamento de infectologia pediátrica da Sociedade Espiritossantense (Soespe), explicou que as viroses não são notificações compulsórias e por isso, não têm acesso a números consolidados do aumento. Mesmo assim, percebeu, junto aos outros colegas, a elevação de atendimentos em prontos-socorros e consultórios e uma maior quantidade de crianças com atestados nas escolas. E isso se daria por dois motivos.

O primeiro é o fato que, em 2020, a sociedade estava muito mais reclusa dentro de casa e em quarentena, devido às altas taxas de Covid-19. Logo, havia poucas crianças nas escolas, o que promoveu a diminuição da circulação de outros vírus. Neste ano, com o retorno do público infantil às instituições de ensino, foi comum o reaparecimento de doenças gastrointestinais como também aquelas ligadas às vias respiratórias.

O segundo fator é o tempo, já que os capixabas têm enfrentado uma primavera atípica. “Estamos tendo uma primavera com mudanças climáticas. Então, notamos o aumento da circulação desses vírus nessas mudanças de tempo. Em períodos chuvosos e frios, as pessoas mantêm os ambientes menos arejados”, salientou a infectologista pediátrica.

Momento para alarde

Apesar do reaparecimento desses vírus entre as crianças, não é um momento para alarde.

O pediatra e coordenador da região Sudeste da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Rodrigo Aboudib, diz que as viroses atingem mais as crianças que o coronavírus, já que esse público não apresenta uma enzima facilitadora para a Covid-19. Mesmo assim, a mortalidade da maioria dessas outras doenças beira a zero.

“A gastroenterite, por exemplo, era uma doença muito séria no nosso país, com números importantes na mortalidade infantil. Mas, com o saneamento básico e o advento dos sais de hidratação, esse cenário mudou. Agora, em se tratando de uma gripe pelo vírus influenza, há possibilidade de óbito na população pediátrica. E 4,5 vezes maior do que a Covid-19”, advertiu o pediatra.

Ainda segundo Aboudib, a gravidade de uma virose irá depender da imunidade da criança e também da presença ou não de infecções paralelas. Ou seja, ela apresentar, ao mesmo tempo, uma bactéria, que pode levar, por exemplo, a um estágio de pneumonia.

Prevenção

As viroses infantis são transmitidas facilmente no contato de uma criança com a outra. Por isso, a prevenção é responsabilidade, primeiramente, dos pais dos pequenos que já foram infectados.

Então, para Coser, se os pais perceberem que a criança está apresentando quadro gripal ou diarreia, não deve levá-la para a escola ou creche. Nas situações que houver necessidade, elas, inclusive, precisam ser testadas para a Covid, já que, ainda, não estão vacinadas.

“É muito importante ter o diagnóstico, ainda mais porque se a criança for diagnosticada com coronavírus, ela ficará fora da escola por 10 dias. Se for como uma doença comum, ela voltará mais rápido para a escola. Se não for dado um diagnóstico e ela volta para a escola, ela voltará transmitindo”, resumiu.

Outras medidas a serem seguidas, segundo a pediatra, são arejar os ambientes, higienizar sempre as mãos e continuar com o uso da máscara nas crianças acima de 5 anos, seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Se as pessoas isolarem e mantiverem as crianças doentes em casa, a circulação do vírus também reduz”, completou Coser.

Dicas fundamentais

Apareceu um sintoma na criança. A recomendação é ir imediatamente para o médico? Para Aboudib, não é necessário. É preciso de um tempo de observação, que varia de dois a três dias. Esse período possibilita o aparecimento de outros sinais e um diagnóstico mais preciso do profissional de saúde. “A nossa sociedade é imediatista. E lida com o tempo de uma forma difícil. A criança precisa de tempo de observação. O tempo dela”, afirmou.

Mas, claro, há exceções pelo caminho. Alguns sinais apresentados pelos pequenos devem gerar ações imediatas por parte dos pais ou responsáveis.

“Quando devo correr para o hospital? Quando a criança estiver prostrada, desanimada, mesmo sem estar com febre, tem que ir ao pronto-socorro para saber o que está acontecendo. Esse olhar cuidadoso e atento é uma dica de ouro, porque realmente salva uma vida”, aconselhou Aboudib.

Ações das creches

Seguindo as regras sanitárias de saúde, as creches do Espírito Santo têm se esforçado para evitar surtos de doenças entre as crianças.

Mariah Monjardim é diretora de uma creche privada em Vila Velha e atua com medidas de prevenção a essas doenças no ambiente escolar, já que entende que as crianças estão bem susceptíveis a enfermidades. Tais medidas vão desde a solicitação rotineira do cartão vacinal até orientação aos pais e funcionários quanto aos cuidados necessários.

“Priorizamos também os protocolos de limpeza e sanitização do ambiente, ventilação natural e protocolo de higienização das mãos. Inclusive, quando é detectado uma virose dentro da escola, realizamos o monitoramento e de imediato comunicamos aos responsáveis para buscar a criança”, ressaltou.

Outro exemplo é a atuação de uma creche localizada em Jardim Camburi, Vitória. De acordo com a diretora Alessandra Salazar, para manter as 96 crianças seguras, é preciso priorizar uma boa comunicação.

“Precisamos ser enfáticos na hora de não autorizar a criança frequentar a creche se estiver doente, seja com febre, coriza ou diarreia. Há uma negação dos pais. E causa uma reação em alguns casos. Mas depois a família entende, agradece e fica tudo bem”, salientou a diretora.

Principais viroses entre as crianças

1. Gastroenterite: A gastroenterite é uma inflamação do trato digestivo que resulta em vômitos e/ou diarreia e, por vezes, é acompanhada de febre. Os responsáveis devem manter a criança hidratada, oferecendo líquido várias vezes ao dia e em pouco volume.

2. Mão-pé-boca: Doença altamente contagiosa, o mão-pé-boca atinge crianças menores de 5 anos.  Ela se manifesta como feridas na boca (aftas) e erupções nas mãos e nos pés.  Como forma de tratamento, o mais indicado é dar antitérmico em caso de febre e também evitar alimentos ácidos e condimentados, já que provoca uma maior recusa pelo desconforto.

3. Bronquiolite: A bronquiolite é uma infecção nos bronquíolos, que são as ramificações dos brônquios que levam oxigênio aos pulmões. Em geral, sua causa é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR).  Acometendo mais bebês, entre os sintomas estão uma respiração rápida e esforço respiratório, além de febre, tosse e dor de garganta. Nesses casos, é válido procurar atendimento médico e até fazer o teste de Covid na criança, já que são sintomas bem semelhantes a essa doença.

 

Produtoras de conteúdo do Gshow compartilham vivências da profissão com os focas da Rede Gazeta

Gshow
Gshow
Gshow é o site de entretenimento da Rede Globo. Nele, há bastidores da programação da emissora e também curiosidades do mundo dos artistas (Foto: Divulgação)

O entretenimento faz parte, definitivamente, da vida dos brasileiros. Ele pode ser materializado de diversas formas, por meio de novelas, filmes, programas de televisão ou reality show. Mas o que alguns não sabem é que muitas pessoas são responsáveis por produzir e levar esses conteúdos até o público. É o que as produtoras do Gshow, site de entretenimento da Rede Globo, Jacyara Pianes e Melina Mantovani tentam mostrar a cada dia através do próprio trabalho no portal. 

Indo além dos bastidores, as capixabas e ex-residentes da Rede Gazeta repercutem assuntos que aparecem durante a programação da TV Globo. Em matérias dentro do portal ou nas redes sociais, já chegaram a produzir conteúdos a partir de entrevistas com convidados de programas ou contar curiosidades que cercam a elaboração de uma novela, por exemplo.

Mas as jornalistas não começaram logo nessa área. O hard news foi uma escola onde ambas carregam o orgulho de ter passado na trajetória. “Eu precisava de tempo de redação antes de escolher o entretenimento. Foi uma alternativa para formatar as minhas dúvidas e descobrir o que eu queria. E, claro, quando temos bagagem, a forma de lidar com tudo é diferente”, afirmou Jacyara, no bate-papo com os  focas do 24ª Curso de Residência de Jornalismo da Rede Gazeta, na manhã de sexta-feira (12/11). 

Melina compartilha do mesmo pensamento. Ela se mudou do Espírito Santo para trabalhar no Gshow no Rio de Janeiro, com o objetivo de usar as experiências, como a que teve na rádio CBN Vitória, no seu dia a dia. 

“Por ter passado em uma redação [de hard news], somos tocados pelas reportagens que fazemos, mas temos que criar um certo distanciamento para escrever sobre determinado fato. E isso me ajudou no desafio de trabalhar com o entretenimento e conversar com os artistas, por exemplo. Podia ter ficado com medo de ir para uma nova cidade, mas me joguei”, garantiu a produtora e editora do Gshow. 

Jornalismo e Entretenimento

Apesar de fazer parte da rotina dos brasileiros, o entretenimento ainda sofre preconceito por parte das pessoas. É que alguns consideram que essa área não abrange o jornalismo. 

Durante o bate-papo, Jacyara explicou que ela mesma tinha essa visão antes de passar por experiências na área, a primeira delas na Revista AG em A Gazeta. Mas, ao longo do tempo, a jornalista internalizou a crença de que sempre fez jornalismo independentemente do cargo que ocupava. 

“O entretenimento precisa ser jornalismo. Quando não é jornalismo, vai para um lado perigoso e dá luz a assuntos que não são legais. Afinal, na hora de selecionar o que irá gerar notícia tem que ter responsabilidade. É preciso pensar o que é saudável para as pessoas entenderem da vida dos artistas”, complementou Jacyara. 

Quanto à aversão e estigma ao entretenimento, Melina acredita que o cenário está mudando. Isso porque a sociedade gosta de aprender receitas, ver realitys e acompanhar novelas. “A vida sem entretenimento não existe. Acredito que as pessoas estão entendendo mais o papel da arte e cultura, seja no rádio, impresso ou televisão. E as pessoas mesmo fazem conteúdos. Não apenas quem está na área”, disse a jornalista. 

Bate-papo com Melina Mantovani e Jacyara Pianes
Jacyara Pianes e Melina Mantovani conversaram com os focas do 24º Curso de Residência em Jornalismo (Foto: Reprodução)

Conhecendo mais Jacyara Pianes

Jacyara Pianes se formou em Jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em 2009. Foi residente no mesmo ano do Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. Depois de dois meses do término do projeto, foi chamada para atuar como repórter do jornal impresso do veículo. Em seguida, passou pela Revista AG, onde ficou por dois anos escrevendo conteúdos de entretenimento. No mesmo período, tirou uma breve licença para fazer o Curso Estado de Jornalismo, em São Paulo. 

A jornalista também foi freelancer de grandes empresas, como GNT Group, UOL e Folha de S.Paulo. 

Migrando em 2014 para o Rio de Janeiro, Jacyara garantiu uma vaga no Gshow, portal de entretenimento da Rede Globo. No setor, onde, inclusive, está até hoje, começou como editora da página inicial do site, passou pelo cargo de social media e atualmente atua como produtora de conteúdo. 

Conhecendo mais Melina Mantovani

Melina Mantovani se formou em Jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em 2008. Foi residente na décima turma do Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. Em seguida, foi repórter da CBN e também do Gazeta Online, além de ter sido colunista do jornal A Gazeta e produtora da TV Gazeta.

Na Rede Globo, entrou para o Gshow cobrindo bastidores do Big Brother Brasil. Depois, passou por outros programas da emissora, como The Voice, Vídeo Show, Encontro com Fátima Bernardes e Mais Você. Atualmente, está como produtora de conteúdo da dramaturgia, especificamente da nova temporada da novela Verdades Secretas, que está sendo exibida pelo Globoplay.

No ES, mais de 15 mil candidatos faltaram ao primeiro dia de Enem

Enem 2021
Enem 2021
Candidatos para o Enem se dirigindo ao local de prova (Foto: Ricardo Medeiros)

Nem todos os inscritos no Exame Nacional do Exame Médio (Enem) 2021 compareceram ao primeiro dia de prova neste domingo (21). No Espírito Santo,  dos 57.713 candidatos que fariam o exame de forma presencial, 25,6% faltaram, segundo balanço divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Isso corresponde a 14.774 dos inscritos.

Já na modalidade digital, a ausência foi de quase metade dos candidatos. A previsão era que 846 pessoas fizessem a prova, mas 404 não compareceram, o que representa 47,8%.

No Espírito Santo, as provas foram aplicadas em 230 locais distribuídos em 38 municípios.

O primeiro dia de provas contou com 45 questões de Linguagens e Códigos e 45 questões de Ciências Humanas, além da redação. O tema da redação deste ano foi “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”.

No próximo domingo (28), os candidatos irão responder 45 questões de Ciências da Natureza e 45 questões de Matemática.

Perdi a prova, e aí?

Quem não conseguiu comparecer ao primeiro dia do Enem e quiser fazer a prova do próximo domingo (28), quando será aplicada a segunda etapa do exame, não tem problema. Pode ir!

Contudo, a participação servirá apenas para autoavaliação, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O boletim de desempenho individual apresentará as notas das provas realizadas.

A remarcação da prova do Enem só é possível em dois casos: se houve algum problema de logística no local onde o candidato realizaria a prova ou se ele contraiu, na semana do exame, alguma doença infectocontagiosa listada pelo Ministério da Educação:

  • Covid-19;
  • Coqueluche;
  • Difteria;
  • Doença invasiva por Haemophilus Influenza;
  • Doença meningocócica e outras meningites;
  • Varíola;
  • Influenza humana A e B
  • Poliomielite por poliovírus selvagem;
  • Sarampo;
  • Rubéola;
  • Varicela.

Nesses casos, o candidato deve pedir a reaplicação da prova na página do participante do Enem entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro e inserir um documento que comprove que estava doente no dia do exame.

As provas vão ser reaplicadas nos dias 9 e 16 de janeiro.

Sem ocorrências

Contando com um monitoramento para o primeiro dia do Enem, a  Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (SESP) informou que nenhuma intercorrência foi registrada nos locais de provas.

 

Regina Duarte critica Dia da Consciência Negra e pede data específica para brancos

Regina Duarte
Regina Duarte
Regina Duarte postou um vídeo controverso na tarde deste domingo (21) e ainda, fez um texto questionando o Dia da Consciência Negra (Foto: Isac Nóbrega / Presidência da República / Divulgação)

Um dia após a celebração do Dia da Consciência Negra, a atriz Regina Duarte usou as redes sociais para questionar a data e pediu um dia específico para pessoas brancas. A ex-secretária de Cultura do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) usou as redes sociais para compartilhar um vídeo antigo do ator estadunidense Morgan Freeman, em que ele diz que “para se combater o racismo, é melhor não falar dele”.

Na legenda, Regina pediu um dia específico para os brancos, amarelos e pardos e ironizou as lutas enfrentadas pelos negros. A publicação foi feita na tarde deste domingo (21) e apagada após críticas de internautas.

“Ontem foi comemorado o Dia da Consciência Negra. Quando teremos o Dia da Consciência Branca, Amarela, Parda…? Quanto tempo vamos ainda nos vitimizar ao peso de anos, de séculos de dor, por culpas antepassadas?”, publicou no Instagram.

Vídeo de Morgan Freeman

Morgan Freeman
Morgan Freeman no vídeo viral de 2005 (Foto: Reprodução)

O vídeo divulgado pela Regina Duarte do Morgan Freeman faz parte de uma entrevista concedida pelo ator a um programa de televisão em 2005. Na ocasião, o ator, que é um homem negro, afirmou que “para se combater o racismo, é melhor não falar dele”.

Freeman já reviu o posicionamento manifestado no vídeo e disse, publicamente, ter mudado o posicionamento. Mesmo assim, a gravação continua sendo compartilhada na internet como forma de minimizar a importância dos movimentos de igualdade racial.

Racismo é uma realidade

O Dia Nacional da Consciência Negra é uma data para conscientização sobre a força, a resistência e o sofrimento que a população negra viveu no Brasil desde a colonização. Durante o período colonial, aproximadamente 4,6 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil para servirem na condição de escravos, condição que se reflete na falta de oportunidades nos dias de hoje.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas autodeclaradas pretas ou pardas, como caracteriza o IBGE, são as que mais sofrem com o desemprego, comprometem a renda mensal com aluguel, vivem em moradias com condições inadequadas e as que menos tem acesso ao bens de consumo.

O repórter Isaac Ribeiro fez uma reportagem especial para A Gazeta sobre como os pretos lutam contra o racismo diariamente. A  partir de conversas com pesquisadores e militantes do movimento, Isaac ressaltou a importância do dia 20 de novembro ser e muito representativo para esse público. Confira!

“Eu esbarrei no paradoxo da falta de representatividade”, diz advogada negra e mulher trans que criou consultoria em Diversidade e Inclusão

Mulher trans e negra, Gabriela Augusto decidiu ir além das barreiras do preconceito. Montando a própria empresa, decidiu orientar empresas a pensarem em diversidade e inclusão (Foto: Reprodução)

Ser reconhecido e bem remunerado no mercado de trabalho não é fácil. Mas, sem dúvidas, é um desafio mais difícil para negros, pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIA+. Com isso em mente, a advogada negra e mulher trans Gabriela Augusto, 27, reconheceu que poderia partir de suas dores e fazer, de uma vez por todas, com que a diversidade e a inclusão ganhassem espaço em grandes empresas. Com esse intuito, ela fundou, em 2018, a Transcendemos.

Tudo começou durante a faculdade de Direito. Nessa época, Gabriela Augusto passou pela transição de gênero e começou a olhar para as empresas em que gostaria de trabalhar. E, tão logo, veio uma constatação: ela não via pessoas parecidas como ela nesses lugares. Tanto que um questionamento comum era se, enquanto mulher trans e negra, conseguiria trabalhar no futuro em uma grande empresa ou ter uma posição de destaque no mercado de trabalho.

“Eu acreditei que não seria possível. Simplesmente, pelo fato de eu ser quem eu sou. Eu esbarrei no paradoxo da falta de representatividade. Se não vemos ninguém parecido com a gente, somos desestimulados a tentar. E, se isso acontece, esse ciclo da exclusão se perpetua”, explicou a especialista em diversidade e inclusão em uma entrevista virtual coletiva concedida aos focas do 24º Curso de Residência de Jornalismo da Rede Gazeta, na sexta-feira (15).

Para não ficar inerte diante da situação, Gabriela criou um livro de bolso, o Manual Empresa de Respeito. Nele, colocou informações referentes à igualdade de gênero, às pessoas com deficiência e ao combate à LGBTfobia. Decidiu imprimir vários exemplares na impressora de casa e distribuir para empresas de onde morava na época, lá na periferia de São Paulo.

No início, muitos empresários nem ligavam para esse manual. Mas, a partir do pedido direto de Gabriela Augusto para que essas chefias conscientizassem seus colaboradores sobre a importância do respeito e da não-discriminação, a situação mudou. Tanto que começou a ser demandada para treinamentos, até fundar a Transcendemos.

“Eu comecei esse trabalho como uma dor pessoal. De não me ver em uma grande empresa por causa do preconceito, pela falta de inclusão e também por sentir a dor dos colegas e das colegas que estavam no meu entorno”, ressaltou a advogada.

Importância da inclusão

Para Gabriela, a inclusão no dia-a-dia de uma empresa contribui com um mundo mais justo e igualitário. Mas não é só isso. A empresária enxerga que trazer para perto temas inclusivos é uma estratégia relevante para o negócio. Afinal, há impactos em muitos sentidos, desde o nível de inovação da organização, até a melhoria do trabalho em equipe, passando pelo recebimento de mais investimentos de outras empresas .

“Se a pessoa é livre para ser quem ela quiser em uma empresa, ela irá trabalhar com um sorriso no rosto. Com isso, é natural que ela se dedique mais em suas tarefas, tanto em produtividade, como contribuir com ideias e sugestões. É uma chama da criatividade”, complementou Gabriela.

As empresas mais preocupadas com as temáticas inclusivas, segundo a advogada, são as pertencentes ao setor de tecnologia, já que é uma área muito desigual, em que a maior força de trabalho é, ainda, masculina e cisgênero. Apesar disso, todos os setores precisam estar atentos a esse assunto, até os pequenos empreendedores. “Uma empresa que não está olhando para a diversidade e inclusão tende a ficar para trás. Estão fadadas a perder espaço”, afirmou a fundadora da Transcendemos.

O trabalho da Transcendemos

A Transcendemos é a empresa de consultoria em Diversidade e Inclusão da Gabriela Augusto (Foto: Reprodução)

A Transcendemos possui três frentes de atuação. A primeira é voltada exclusivamente para empresas. Gabriela e sua equipe ajudam organizações a se tornarem mais inclusivas, traçando metas, promovendo mudanças de processo seletivo ou de política interna.

A outra é quanto à formação de talentos, no apoio profissional tanto para pessoas trans, como para os negros e aqueles que possuem algum tipo de deficiência.

Já a terceira frente é a capacitação de profissionais interessados em se tornarem especialistas na temática de diversidade e inclusão ou mesmo pessoas que desejam garantir um conhecimento mais aprofundado sobre esses tópicos.

Ponto a ponto

Diversidade – Entendimento que a sociedade é formada de pluralismo. Ou seja, os indivíduos se diferenciam entre si em vários sentidos, desde origem geográfica, questões culturais e habilidades físicas até quanto a raça, gênero, orientação sexual, cultura e religião.

Inclusão – Está ligada a uma mudança de cultura, em que é necessário colocar em prática um conjunto de ações para valorizar, incluir e respeitar as diferenças dos indivíduos.

Cisgênero – Condição da pessoa cuja identidade de gênero corresponde ao gênero que lhe foi atribuído no nascimento.

Transgênero – Condição da pessoa que não se identifica com o gênero imposto no nascimento.

“Não consigo liberar o meu coração para amar novamente”: a história de uma mulher vítima de violência doméstica

Violência doméstica
Violência doméstica
Milhares de mulheres são vítimas de violência doméstica todos os dias no Brasil (Foto: Freepik)

No começo do namoro, eram apenas descontroles verbais de ciúmes. Encarados por Bárbara* como zelo e proteção. Afinal, na época, pouco se falava sobre os sinais de um relacionamento abusivo. Mas, com o passar do tempo, a realidade de agressão se impôs totalmente. Paulo*, marido da autônoma, após o vício em drogas, passou a agir com raiva, ódio e obsessão quase todos os dias com a companheira. O amor deu espaço para o medo. Para a angústia. Para a vergonha. E mais do que isso: para a luta pela sobrevivência.

Bárbara e Paulo se conheceram no final de 2012. A relação do casal deixou de ser tranquila e saudável quando a dona de uma loja de artigos personalizados na Serra ficou grávida de João*, hoje com 7 anos. O parceiro não queria ser pai, porque já tinha um filho, fruto de um outro relacionamento. Logo, insistia constantemente para a companheira tirar o bebê de seu ventre.

Bárbara não cedeu. Não queria abortar. Não era uma hipótese que passava em sua cabeça. Essa decisão acarretou em xingamentos e uma grande pressão psicológica por parte de Paulo durante a sua gravidez. Mais tarde, após o nascimento de João, o corpo da jovem de apenas 27 anos também começou a ser afetado. Recebia chutes, murros, pontapés e até sofria agressões com objetos para intensificar as dores, como cinto e cabo de vassoura.

Paulo tinha o objetivo de machucar e deixar a companheira em pânico, principalmente quando estava sob o efeito de drogas ou em abstinência. Por isso, Bárbara sabia o que aconteceria toda a noite após voltar do trabalho, caso algo não agradasse o parceiro. “Qualquer coisa irritava, como, por exemplo, se a casa ficasse desarrumada ou a comida não estivesse pronta quando ele chegasse em casa”, relembra, com um semblante de tristeza.

Os surtos de Paulo eram frequentes. As agressões atingiam também a própria casa da família. O descontrole fazia com que móveis fossem quebrados com força e nem tivessem mais utilidade. Guarda-roupa, televisão, armários e, especificamente, um fogão, que chateou a autônoma por um motivo especial.

“Certa vez, eu tinha sido demitida de um emprego e estava precisando muito de um fogão em casa. Comprei [com o dinheiro da rescisão] e, depois de uma semana, a gente discutiu. Ele, nervoso, deu um chute na lateral do fogão”, revela Bárbara, sobre o fatídico episódio entre tantos que escapam da memória.

Idas e vindas

Bárbara viveu o relacionamento abusivo com Paulo por sete anos, desde a gravidez de 2013 até março de 2020. Nesse tempo, a cada pico de agressão, a jovem se afastava completamente do marido. “Eu me separava quando não aguentava mais e me sentia como um lixo. Um nada. Quando reconhecia que o homem que amava e escolhi para ser o pai do meu filho estava fazendo tudo aquilo comigo”, conta.

Essas separações duravam de três a quatro meses, no máximo. Depois, a autônoma fornecia novas chances. Ela voltava com o marido, carregando a esperança de que ele tinha mudado e se transformado em um homem diferente. Afinal, Paulo chegava a falar que estava indo com regularidade na igreja em busca de uma cura espiritual e também disposto a parar de ser usuário de drogas. Promessas que sempre se mostraram falsas.

“Eu voltava porque tinha esperança de ter uma família. De criar o meu filho junto do pai. E, quando voltávamos, ele parecia um ótimo marido. Mas depois afundava o pé nas drogas e começava tudo de novo. Xingava, batia e me humilhava das piores formas. É um ciclo vicioso. Até chegar um momento em que eu tive medo de ser mais uma vítima da estatística [de feminicídio] e me separei”, explica.

As últimas agressões

O medo de Bárbara se intensificou devido às últimas três agressões de Paulo, que vieram acompanhadas de ameaças de morte.

A primeira delas aconteceu em março do ano passado. Após uma série de espancamentos, a autônoma chamou a polícia e Paulo foi preso em flagrante, enquadrado na Lei Maria da Penha, que pune atos de violência contra a mulher. O agressor ficou preso apenas por um mês. “Eu não sei definir muito bem a sensação. Mas foi bem ruim. Parecia que tudo estava desmoronando. Eu tinha medo dele sair e me matar”.

Após a saída de Paulo da prisão, Bárbara, que já morava com o filho na casa da mãe, tentou uma aproximação com o ex-marido. Não com o objetivo de viverem uma relação novamente. Mas, sim, para João ter o pai por perto. Objetivo esse que falhou novamente depois de poucos meses. Isso porque, em agosto, o agressor teve mais uma atitude destrutiva, quando chegou na loja da autônoma e destruiu os seus maquinários de produtos personalizados. “Fiz a denúncia novamente e não deu em nada”, complementa Bárbara, com a indignação permeando o seu tom de voz.

Em seguida, Bárbara viveu períodos mais tranquilos, até ser interrompida pela última agressão. Março deste ano. Paulo levou o João para loja e perguntou à ex-esposa se poderia beber água. Como estava atendendo clientes e não queria causar uma briga, a jovem autorizou. Chegando a hora de fechar a loja, o agressor tentou enforcar a vítima por trás e tapou a sua boca.

Em meio ao desespero, Bárbara teve forças, conseguiu se desvincular das garras do agressor e voltou com o filho de bicicleta para a sua casa. Mas a noite não acabava ali. De madrugada, Paulo roubou a bicicleta no quintal. A autônoma percebeu e, com a mãe e o irmão, foi até a casa do ex-companheiro.

“Quando eu fui buscar a bicicleta, ele quebrou um vidro de cerveja e foi em direção a minha mãe. Todo mundo começou a brigar. Na hora que estávamos indo embora e eu estava descendo o morro, ele me deu várias pauladas nas costas e na perna. Tive que ir direto para o hospital. Ele foi preso e solto depois de três dias, já que alegaram que ele estava sob efeito de drogas”, resume.

Apoio de um lado, julgamento de outro

Durante os três primeiros anos do relacionamento, Bárbara viveu toda tortura física e psicológica sozinha. No seu mundo. Inclusive, quase ninguém percebia o seu comportamento estranho nem a sua tristeza. Ela despistava por ter vergonha. Além disso, Paulo, muitas vezes, a agrediu sem deixar marcas e cicatrizes expostas. Segundo ela, o companheiro fazia isso intencionalmente, para que ninguém comprovasse visualmente a realidade. A violência doméstica.

Ou quase ninguém, porque a avó materna, mesmo sem Bárbara falar, sentiu que a neta estava passando por turbulências. “A minha avó teve essa percepção porque também sofreu agressões do meu avô. Eu sempre fazia rodeios ao ser perguntada sobre o motivo de estar triste. Mas, no fundo, acho que o coração de vó já sabia que tinha algo de errado”, acredita a autônoma que, hoje, desabafa com a avó sobre o assunto que as conecta.

O restante da família de Bárbara só soube de tudo que estava acontecendo quando o filho começou a falar e a ter comportamentos violentos. O pequeno João chutava as pessoas e repetia aos quatro ventos: “O meu pai faz assim com a minha mãe”. Assim, não havia mais a possibilidade de esconder. Era um fato a ser compartilhado. E houve amor, ponto de escuta e de força para a jovem a todo momento. Uma preocupação que permeia os parentes e dura até hoje pelo seu bem-estar. Pela sua vida.

Enquanto o acolhimento se fez presente em contato com a família, no que se refere aos amigos foi um pouco diferente. Veio o julgamento. Algumas pessoas ligadas ao casal ficaram contra Bárbara e a favor do agressor. Diziam e ainda dizem que a autônoma tinha que ter controlado o marido desde o início. Uma culpabilização da vítima. Uma inversão da história.

“A empatia não faz parte das pessoas. Se elas se colocassem no lugar das outras, veriam como é difícil passar por essa situação de violência. O amor está esfriando. Mas, por mais que a gente fique triste, sabemos que é um livramento. Quem quer um amigo assim do lado?”, questiona Bárbara.

Desdobramentos

Atualmente, o agressor de Bárbara não está preso. Inclusive, Paulo mora no mesmo bairro que a autônoma. Apesar disso, o ex-marido não pode chegar próximo de 100 metros dela, já que a jovem tem uma medida protetiva que impõe essa distância. Todo mês, uma viatura da polícia vai ao encontro da vítima para fazer uma visita tranquilizadora, que procura saber se a medida está sendo cumprida.

A regra – até então – está sendo respeitada. E Bárbara quer isso. Enfim, chegou em um estágio que não pensa em uma reaproximação. Deseja apenas que Paulo cumpra as suas obrigações de pai e arque com a pensão, como já tem andamento de processo na justiça. “A melhor alternativa é vivermos longe dele. Cheguei a essa conclusão por tudo que já vivemos. É uma pessoa tóxica. Não é um espelho para o meu filho”, afirma, carregando a certeza que em outrora não havia.

Em relação ao filho, a autônoma teve que pausar a assistência psicológica destinada ao unigênito devido às condições financeiras. Só que os ensinamentos dentro de casa continuam. “Meu filho sabe que homem que bate em mulher é covarde. Conversamos muito sobre isso. E sei que ele sente falta do pai. Mas, infelizmente, por tudo que já vivemos, ele também sente medo de ficar com o Paulo. O pai criou um bloqueio entre os dois”, assegura.

Recomeço

Paulo não a ameaça e não a persegue há seis meses, mas a insegurança ainda está presente no dia-a-dia de Bárbara. Apesar de ter pesadelos dentro de casa, o medo cria potência do lado de fora. Na rua, buscando o seu filho na escola, indo pro trabalho ou mesmo fazendo exercícios físicos. Prova disso é que a autônoma chegou a colocar grades em sua loja para trabalhar de forma tranquila.

Além do medo, para conseguir superar por completo e ter um novo começo, Bárbara acredita que precisa se desprender de amarras emocionais. E faz isso com a ajuda da fé em Deus, da leitura em livros de autoajuda e da terapia por telefone com profissionais da Prefeitura da Serra. A jovem sabe que é necessário internalizar principalmente um fato: a culpa nunca foi dela. “Até hoje me pergunto onde errei. Será que tudo isso que aconteceu foi culpa minha e eu fui a errada? Se não fui uma mulher sábia e, realmente, ele tinha razão do que ele fez. Sempre fica esse questionamento na mente”, se pergunta.

É um processo. E Bárbara reconhece que o tempo é o melhor remédio para ela se ver mais forte e também capaz de sobreviver sem um amor tóxico. A autônoma está em uma cura, que não precisa ser rápida e tão pouco apressada. Precisa ser no tempo necessário. No tempo suficiente para cessar as dores e apagar as cicatrizes o máximo que conseguir. Nesse processo, ela já conta a própria história como testemunho para ajudar outras mulheres. Para que elas tenham coragem de seguir em frente e se desprendam de relações destrutivas e amargas.

“Ainda não consigo liberar o meu coração para amar novamente. Tenho medo de me decepcionar. Mas eu pretendo um dia superar tudo que eu passei. Pretendo ter a minha estabilidade financeira. A minha própria casa. E um dia encontrar um novo amor, que cuide de mim”, espera Bárbara do futuro.

Bárbara não é a única

Bárbara é uma dentre milhares de mulheres que sofrem com a violência doméstica no Brasil todos os dias. 

No país, em 2020, segundo o levantamento do Datafolha encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram  violência física, psicológica ou sexual. Isso representa uma a cada quatro mulheres. De acordo com os dados, a maioria dessas  mulheres são jovens com idade entre 16 a 24 anos (35,2%), pretas (28,3%) e divorciadas (35%). 

O Espírito Santo, infelizmente, também possui uma situação preocupante. No Estado, de janeiro a junho de 2021, já foram registrados 9 mil casos de violência contra a mulher. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), é como se todo dia 51 mulheres relatassem à polícia que foram vítimas de agressão de seus companheiros. 

Em relação ao feminicídio, de janeiro a julho deste ano, foram registrados 21 casos no território capixaba, de acordo também com dados da Sesp. Durante todo o ano de 2020, foram 26. Ou seja, até agora, os dados de 2021 representam 80,7% da totalidade do ano passado. 

Como denunciar?

Na editoria “Todas Elas” de A Gazeta, você encontra as principais formas de denunciar a violência contra a mulher no Espírito Santo. São elas: 

– A vítima pode procurar ajuda nas delegacias especializadas de atendimento à mulher. A polícia também pode ser acionada pelo Ciodes, no número 190, e, no Disque Denúncia, pelo 181;

– A Defensoria Pública é outra opção nos municípios que tenham o órgão implantado. A instituição pode ajudar com a elaboração de requerimentos de medidas protetivas de urgência, com o requerimento do divórcio, guarda dos filhos menores e encaminhamentos para atendimento psicossocial. É possível pedir assistência pela internet;

– O Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) são de responsabilidade da prefeitura de cada município. Eles oferecem atendimento psicossocial gratuitamente.

* Como forma de proporcionar segurança à vítima, nessa matéria, foram utilizados nomes fictícios.

“Eu me vejo tornando o assunto mais leve”, diz Amarildo, chargista que atua há 35 anos na Rede Gazeta

Amarildo se dedica há 35 anos a produção de charges em A Gazeta (Foto: A Gazeta / Bernardo Coutinho)

Ouvindo um barulho generalizado de máquinas de escrever e vendo uma fumaça pairando na cabeça de todo mundo da redação. Foi nesse cenário que o chargista e ilustrador Amarildo começou a atuar na Rede Gazeta na década de 80. Com mais de 35 anos de dedicação à arte visual, o profissional, hoje, tenta equilibrar criticidade e leveza em suas charges, principalmente em tempos tão polarizados politicamente no Brasil. Um desafio e tanto.

Para Amarildo, não restam dúvidas. O desenho é a primeira linguagem do ser humano. Afinal, as crianças fazem rascunhos e rabiscos com a intenção de registrar o cotidiano e de se comunicar. Segundo ele, as charges utilizam desse tipo de arte para criar conexão com os acontecimentos políticos, sociais e econômicos que acontecem todos os dias no país e também no mundo. Ou seja, fazem parte essencialmente de um jornalismo visual.

“Charge significa ‘carga’. É feita pra ser uma espécie de ‘porrada’. Mas podemos dar essa porrada com luvas e sem ser com muita força. Então, eu me vejo tornando o assunto mais leve. O chargista não deve aumentar a intensidade do fato”, acrescentou Amarildo, em um bate-papo virtual com os focas do 24º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta na quarta-feira (27).

Amarildo também contou que não sai ileso de opiniões positivas e negativas. Muitos se sentem impotentes, indignados e, realmente, veem as charges como a própria voz sendo representada naquela crítica. Por outro lado, alguns não aceitam e reprimem o cartunista com xingamentos. Inclusive, antigamente, futebol era o tema mais polêmico e que rendiam cartas de reprovação. Agora, com a polarização, é a política.

“As pessoas descarregam tudo sem filtros. Não é agradável você acordar pela manhã e ver alguém te xingando com o que tem de pior do vocabulário. Mas eu procuro amenizar. Eu não respondo os ataques. Nenhum. Ao não responder os ataques, a agressão volta para quem agrediu. Os elogios, eu agradeço”, afirmou o chargista.

Evolução tecnológica

A evolução tecnológica mudou o trabalho do chargista. Durante décadas, não era possível, por exemplo, ter esse tipo de retorno instantâneo do público, já que as charges circulavam exclusivamente no jornal impresso, logo, aqueles que queriam mandar um recado para Amarildo tinham que enviar cartas ou telegramas.

“Agora, você acaba de publicar um trabalho e imediatamente, recebe as vaias e os aplausos. É tempo real. Uma espécie de palco ao vivo”, revelou Amarildo, que ainda citou que tenta fazer charges animadas e em formato de reels no Instagram para fisgar mais pessoas para o conteúdo.

Outra mudança tem relação, claro, com os materiais utilizados na produção de uma charge. No início, o chargista precisava de papel, grafite e caneta nanquim para fazer as charges em preto e branco. Quando o jornal impresso evoluiu para o colorido, Amarildo passou a utilizar tinta. Atualmente, nada disso. O processo é praticamente todo digital. Com uma caneta touch, um tablet e um computador, os desenhos ganham forma. “Isso dá mais mobilidade ao meu trabalho. De qualquer lugar que eu estiver, posso mandar o meu trabalho”, disse.

Registro do bate-papo de Amarildo com os residentes (Foto: Reprodução)

Processo de criação

Apesar da tecnologia ter provocado mudanças em sua rotina, Amarildo busca por ideias de forma mais manual e clássica.

Todos os dias, acorda e vai fazer uma caminhada pelo seu bairro. No percurso, leva dois celulares. Um mais simples, que capta sinal de rádio pela antena. E outro smartphone que apresenta mais recursos. O primeiro é essencial para o chargista ouvir as principais rádios de notícias. Já o segundo serve para gravar as ideias pelo caminho.

Quando chega em casa, continua o processo. Amarildo fica acompanhando canais de notícias, como a GloboNews, e ao mesmo tempo, com mais de 20 abas de sites abertas em seu computador. “Primeiro, você precisa receber a informação e depois fazer a charge. E o dia inteiro essa oficina de informação é processada”, afirmou.

Crendo na ideia de que um “bom desenho não salva uma ideia ruim” e sim uma “ideia boa salva um desenho ruim”, Amarildo valoriza esse início do processo de criação, mas também o final dele. Afinal, quando chega o momento de analisar o texto que acompanhará os desenhos da charge, o chargista redobra a atenção.

“Temos que pensar como todas as camadas sociais irão entender aquela charge. É buscar uma linguagem universal. […] Tento também ser relevante e deixar com que a pessoa e o fato centralizados estejam irretocáveis. Você não pode criar um fato porque você não gosta de uma determinada pessoa. Isso tem que estar o tempo todo na cabeça”, concluiu o chargista.

Confira uma galeria com charges do Amarildo!

Conhecendo mais Amarildo

Amarildo cresceu com a ideia de fazer Engenharia Eletrônica. Apesar disso, durante a década de 80, não havia ainda esse curso no Espírito Santo. Então, resolveu se deleitar no mundo da Física. Mas o percurso pela área de exatas não durou muito.

Como gostava muito de desenhar, inclusive durante as aulas, um professor orientou o jovem na época a conhecer o curso de Artes Plásticas. Depois de adiar esse processo, Amarildo conheceu essa área da Ufes, se encantou e, após um período da faculdade, largou de vez os cálculos da Física.

Após garantir o bacharel em Artes, Amarildo realizou trabalhos para agências e empresas como ilustrador, até que surgiu a oportunidade de ingressar na Rede Gazeta, onde está desde 1986. São 35 anos atuando como chargista e editor de ilustração na mesma empresa. Por décadas, trabalhou para o jornal impresso. Nos últimos dois anos, as suas charges diárias vêm sendo publicadas exclusivamente no portal A Gazeta.

“A televisão continua sendo amiga dos brasileiros”, afirma Bruno Dalvi, editor-chefe da TV Gazeta

Bruno Dalvi
Bruno Dalvi
Para o jornalista Bruno Dalvi, a televisão continua e muito presente na vida dos brasileiros (Foto: Reprodução / Rede Gazeta)

Companheira fiel e inseparável, a televisão ainda está muito presente na rotina dos brasileiros. Prova disso é que, na pandemia, a quantidade de pessoas que ficaram paradas em frente às telinhas aumentou 30%, incluindo o consumo de telejornais. A afirmação foi do editor-chefe da TV Gazeta e G1 ES, Bruno Dalvi, em um bate-papo com os focas do 24º Curso de Residência da Rede Gazeta nesta segunda-feira (1).

Como forma de contextualizar e mostrar a relevância da televisão, Bruno Dalvi trouxe dados sobre o consumo do veículo no Brasil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a televisão está presente em 97% dos lares, sendo que 62% assistem apenas a esse meio de comunicação. Inclusive, antes da pandemia, os brasileiros chegavam a consumir 6h17min de televisão por dia

Com a proliferação da Covid-19, muitas mudanças. Segundo Bruno Dalvi, os brasileiros passaram a consumir 8h16min de conteúdos na televisão por dia. Além disso, 41% do que o público consumia eram conteúdos jornalísticos, já que as emissoras aumentaram o tempo dedicado a essa área. “Televisão continua sendo amiga dos brasileiros. Quase um rádio com imagens”, ressaltou Dalvi. 

Mas como fazer televisão com as limitações impostas por uma pandemia? Para Dalvi, esse fato histórico fez os profissionais se reinventarem em um curto período de tempo. Afinal, não havia a possibilidade de entrar com muitas pessoas na casa de uma fonte. Era preciso higienizar o equipamento o tempo inteiro, adotar o distanciamento social entre entrevistado e repórter e, ainda, por vezes, optar por entrevistas virtuais.

“Como gravar com entrevistados? Nunca ninguém tinha pensado em criar uma conta, por exemplo, para o Skype. Fomos obrigados a fazer coisas que estavam programadas para serem feitas de maneira coordenada e organizada”, explicou o jornalista. 

Uma nova linguagem

O editor-chefe da TV Gazeta também trouxe a informação, de acordo com o IBGE, que as classes sociais AB passaram a assistir menos televisão aberta durante a pandemia. Já as classes CDE aumentaram o consumo. Por consequência, esse fato gerou um impacto direto em um pilar importante deste veículo: a linguagem

Para Dalvi, a televisão sempre teve o desafio de falar de forma fácil, porque, ao contrário dos jornais impressos e sites, não há a opção do telespectador voltar o conteúdo e ver de novo, caso não tenha entendido alguma informação. Mesmo assim, por muito tempo, vigorou uma linguagem engessada na TV. Mais tradicional, padronizada e sem toques de informalidade

“Estamos tentando implementar um modelo de televisão mais conversado. Televisão não pode ser excludente. Se você perder a pessoa que está zapeando pelos canais, é difícil fazer ela voltar para te assistir. Então, temos que falar a linguagem da maioria, sem excluir o público formador de opinião”, argumentou o editor-chefe. 

Interatividade

Além de uma linguagem atual, o que não pode faltar na televisão é a interatividade com o público. 

Em relação a isso, Dalvi contou que o Whatsapp, canal principal de interação dos apresentadores do Bom Dia Espírito Santo e ES1 com os telespectadores, foi criado e divulgado em meio à pandemia. De imediato, a equipe de produção recebeu mais de 5 mil mensagens. Segundo ele, apesar de ser arriscado atender ligações ou ler comentários dos usuários em tempo real, os resultados positivos valem e muito a pena.

“O telespectador não quer ser coadjuvante. Ele quer ser coautor da reportagem. Quer mandar sugestões, mandar vídeos, mostrar o buraco na rua e dar a sua opinião. E isso gera um novo ingrediente na produção diária do jornalista, que é checar tudo aquilo que ele está falando”, assegurou Dalvi. 

O jornalista complementou, dizendo que, nessas interações, até as críticas do público em relação ao conteúdo do telejornal ou a determinada apuração são bem-vindas. “Criar representação é mais fácil. Criar conexão é difícil. E esse é o nosso desafio. Quando estabelecemos essa conexão, ela é muito maior que confiança e credibilidade”, disse. 

Bate-papo com Bruno Dalvi
Bruno Dalvi junto com os focas do 24º Curso de Residência em Jornalismo e a coordenadora do curso, Ana Laura Nahas (Foto: Sara Aguiar)

Conteúdo

Quanto ao conteúdo de um telejornal, Dalvi revelou que há um leque de opções para captar a atenção das pessoas. Inclusive, o jornalista trouxe até exemplos de matérias divertidas e descontraídas do repórter Elton Ribeiro no bate-papo com os residentes. 

Apesar desses vários formatos para levar uma informação, o editor-chefe alertou que o jornalista nunca deve perder de vista o porquê de estar fazendo determinada reportagem. 

“Para que a gente está fazendo isso? O que queremos atingir? Depois de nos perguntar isso, vamos para os leques de opções: iremos na casa de alguém? Levaremos uma pizza para o estúdio? Nunca o inverso. Não é porque está bombando nas redes sociais que iremos levar para o ar. Se não, perdemos a nossa relevância”, afirmou.

Ficou curioso em saber mais? Confira a cobertura em vídeo do bate-papo de Bruno Dalvi com os focas. A reportagem e edição foi feita pelo residente Emanuel Vargas!

Conhecendo mais Bruno Dalvi

Bruno Dalvi é formado em Jornalismo pela Faesa Centro Universitário e está na Rede Gazeta desde 2001. Na empresa, começou como repórter na rádio CBN Vitória e passou pelas funções de âncora e chefe de reportagem do veículo. 

Dalvi, ainda, foi repórter do jornal impresso A Gazeta nas editorias de Política, Economia e Polícia e editor de conteúdo do Gazeta Online (hoje, a Gazeta). Em seguida, atuou como gerente de jornalismo na TV Gazeta Norte, em Linhares, por dois anos. Depois dessa experiência, voltou para a Vitória, onde passou pelos cargos de produtor, repórter, chefe de reportagem e editor de televisão. 

Em um novo desafio, o jornalista passou a ser chefe de redação da TV Gazeta entre 2009 e 2019. Após esse período, foi promovido a editor-chefe da TV Gazeta e do G1, função que exerce até hoje. 

Além de toda essa bagagem profissional, Dalvi aliava às suas atribuições na Rede Gazeta com o cargo de colaborador do jornal O Globo. Inclusive, ele produziu matérias para o jornal impresso do veículo por 13 anos, até janeiro de 2020.

 

Focas do 24º Curso de Residência em Jornalismo chegam à Rede Gazeta

Foto oficial dos residentes
Foto oficial dos residentes
Foto oficial dos residentes no primeiro dia dentro da Rede Gazeta (Foto: Carlos Alberto Silva)

Animação, ansiedade e um típico frio na barriga. Cada um desses sentimentos estava presente, na manhã desta quarta-feira (13), nos residentes do 24º Curso de Residência da Rede Gazeta. O motivo? É que essas dez foquinhas deixaram a fase virtual do projeto e deram início à etapa presencial dentro da empresa, onde vão participar de um rodízio por diferentes áreas, como redação online, televisão e entretenimento

Após o primeiro contato dos residentes, os focas, juntamente com a coordenadora da Residência, Ana Laura Nahas, as assistentes Sara Aguiar e Andréia Pegoretti e o gerente de Relações Institucionais, Eduardo Fachetti, tiveram um café da manhã com o diretor de jornalismo da Rede Gazeta, Abdo Chequer. 

No bate-papo descontraído, o diretor ressaltou a importância da indignação no jornalismo. “Se você perder a capacidade de se indignar, acabou. Para o jornalista não sobra nada”, afirmou Abdo. Além disso, o profissional, que tem mais de 40 anos de experiência, encantou os focas com histórias de sua trajetória, bem como forneceu dicas valiosas para se tornar um bom jornalista.

“Cuidado com o que você pensa. Porque o que você pensa, você vai falar. Cuidado com o que você fala. Porque o que você fala você irá fazer. Cuidado com o que você faz. Porque o que você faz você é. Temos que expulsar tudo de negativo de dentro da gente, se quisermos ser bons jornalistas e pessoas que ajudem a transformar um Estado. Transformar um país. Transformar o mundo. Fazer um mundo melhor para os outros”, garantiu o jornalista. 

Mas não parou por aí. O dia dos resistentes foi repleto de atividades. Depois de um café da manhã recheado de trocas de experiências, os residentes cadastraram as suas digitais para terem acesso à empresa, almoçaram para repor as energias e tiraram a foto oficial da turma com o fotojornalista Carlos Alberto Silva. Ainda, os focas tiveram a oportunidade de conhecer cada cantinho da Rede Gazeta para se ambientarem ao lugar que vão vivenciar pelos próximos dois meses. 

Dois meses de imersão

Depois de se situar em todas as áreas da empresa, os residentes já foram para os postos de trabalho da semana e puderam conversar com os seus editores e novos colegas. 

A residente Maíra Ferrari, por exemplo, ficou no Núcleo de Conteúdos Especiais de A Gazeta. Carregando a certeza de que o primeiro dia presencial foi incrível em muitos sentidos, a estudante de jornalismo está animada com o que está por vir. 

“Foi muito bom ver pessoalmente as pessoas que vimos por um mês apenas atrás das câmeras. Ter a possibilidade de sentir esse calor humano. Fiquei encantada também com o espaço da Rede Gazeta, além de ser bonito, grande e inovador, é bem aconchegante e confortável. Me senti muito em casa”, assegurou Maíra, que veio de Viçosa especialmente para o curso.

Já a residente Carla Luz, que foi para a produção da Rádio CBN Vitória, espera que o medo inicial se transforme em boas vivências ao longo dos meses. “Tem um frio constante na barriga, mas é um sentimento bom no fundo. Estou me adaptando e achando tudo legal. Que eu ganhe novas experiências com todas as editorias”, disse a baiana. 

Preparamos uma galeria de fotos para você saber como foi o primeiro dia dos residentes na Rede Gazeta. Confira!

Confira a lista dos alunos de 2021

Ana Ritti
Álvaro Guaresqui Cruz
Carla Tainara Luz
Emanuel Vargas da Silva
Gabriela Venancio Jesus
Luana Antunes Coutinho Pinto
Maíra Teixeira Ferrari
Matheus Metzker Vieira
Milene Ribeiro Celestino

Saulo Aurélio Ribeiro Miranda

Texto e imagens: Matheus Metzker e Luana Antunes

“A televisão não é mais apenas um emissor de conteúdo”, diz produtora do ‘Domingão com Huck’

Televisão
Televisão
A televisão continua presente na vida das pessoas, já que é um veículo que tem buscado formas para se atualizar e estar mais próximo do público (Foto: Freepik)

Para muitas pessoas, o hábito de sentar no sofá, se reunir com a família e assistir a algo na televisão é ainda uma experiência que rende um bom entretenimento. Para a pesquisadora de conteúdo do ‘Domingão com HuckTati Wuo, estar atento a esse público cativo, hoje, é tão importante quanto o conteúdo exibido. Afinal, a troca com quem está dentro de casa pode deixar a experiência mais personalizável e, claro, garantir mais chances de sucesso para um produto televisivo.

A jornalista Tati Wuo tem uma carreira de sete anos na televisão aberta de âmbito nacional. Por ter trabalhado com renomados apresentadores como Fátima Bernardes, Xuxa Meneghel e, atualmente, Luciano Huck, ela reconhece que um bom programa deve ir além da relevância de quem está no comando. É preciso produzir um conteúdo que tenha ligação com a audiência.

“A televisão não é hoje apenas um emissor de conteúdo. Existe uma troca muito grande. Por isso, recebemos uma pesquisa de audiência em relação a idade, consumo, hábitos e rotina. Quem está com a televisão ligada em determinado horário? Essas pessoas estão fazendo outras coisas ao mesmo tempo? Tudo isso conta na hora de decidirmos o conteúdo”, contou Tati, em um bate-papo com os residentes do 24º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta nesta sexta-feira (9).

Quanto à busca de conteúdos, de imediato, a jornalista afirma que nunca foi uma tarefa fácil, ainda mais no início. Até porque, em sua trajetória, ela já teve que encontrar, por exemplo, de última hora, um brasileiro que estivesse em um tsunami em um país estrangeiro. Ou mesmo buscar fontes em desfiles de Carnaval que topassem parar de curtir a folia, ir para um hotel e estar ao vivo em um programa no outro dia de manhã.

Mas isso mudou. A pesquisadora de conteúdo migrou do jornalismo tradicional para a área do entretenimento, justamente, com o objetivo de contar histórias que não dependem necessariamente do factual. Por isso, apesar de semanas mais frenéticas, atualmente, consegue ter mais tempo para se apoiar em estudos e pesquisas aprofundadas para encontrar personagens.

“Se temos que fazer uma matéria na Amazônia, é um milhão de possibilidades. Então, como começamos? Por qual lado a gente vai? Que tema vamos tratar? Começamos a estudar sobre o assunto e buscamos lideranças locais. Às vezes, uma pessoa indica o mesmo personagem que outra pessoa. Aí já começamos a pensar que esse personagem é forte”, explica.

De olho em pautas do Brasil todo, Tati gosta de apostar sempre em histórias  positivas. De personagens simples que mudam a realidade do seu entorno a jovens que acreditam no poder da educação. “Quando seleciono uma personagem para amplificar a voz, eu acredito no discurso e na ideia de que ela pode ser uma inspiração para outras pessoas”, ressalta a jornalista.

Redes sociais

Se uma história não agradar determinado público, é possível existir reclamações nas redes sociais, já que tais mídias ajudaram as pessoas a emitirem opiniões com mais facilidade e rapidez.

Por estar atenta a essas postagens dos usuários, Tati conta que há muitos comentários movidos por haters, que são aqueles indivíduos que postam comentários de ódio e fazem críticas sem critérios. Apesar disso, a jornalista complementa dizendo que o público cativo de um programa televisivo não está necessariamente dentro do mundo virtual.

“Temos que pensar que há um grande número de pessoas que não estão conectadas. Isso não é por uma questão de interesse. É econômica mesmo. De não ter acesso a celular ou uma internet de qualidade. Há realidades muito diferentes e, às vezes, elas se cruzam na televisão”, conclui Tati.

Conhecendo mais Tati Wuo

Tati Wuo
Tati Wuo passou por experiências na Rede Gazeta (Foto: Reprodução)

Formada em Jornalismo e pós-graduada em Linguagens Audiovisuais e Multimídia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Tati Wuo tem uma longa trajetória na comunicação. A jornalista trabalhou durante 10 anos na Rede Gazeta, onde foi repórter de Cultura no jornal impresso, passando por colunista da Revista AG à apresentadora e produtora dos programas “Em Movimento” e “Conexão Geral”. Ainda, nessa empresa, era a responsável pela editoria de Entretenimento da Globo.com no Espírito Santo.

Passada a experiência na Rede Gazeta, Tati foi assessora de imprensa na Secretaria de Cultura na Prefeitura de Vitória. Foi a última experiência capixaba antes da jornalista se aventurar no Rio de Janeiro.

No Estado, vieram grandes oportunidades. Primeiro, começou em 2014 como produtora de reportagem para o programa “Encontro com Fátima Bernardes” da TV Globo, em que permaneceu nessa função por seis meses. Em seguida, exerceu a função de gestora e roteirista de conteúdo para a Record TV no programa “Xuxa Meneghel”.

Depois de dois anos, voltou para a TV Globo em 2017 como pesquisadora de conteúdo do programa “Caldeirão do Huck”. E, agora, foi remanejada para a mesma função no “Domingão com Huck”, novo desafio do apresentador nos domingos da emissora.