Residentes participam de plantões no fim de semana e feriado na redação da Gazeta

 

Quem passa pela redação integrada da Rede Gazeta em um dia de semana percebe a agitação. Pessoas andam de um lado para o outro, jornalistas gravam entradas ao vivo, telefones tocam a todo tempo e se misturam com as vozes, os cliques dos mouses e os sons das televisões. Os residentes da 24ª turma do Curso de Jornalismo da Rede Gazeta conhecem essa rotina desde o início da fase presencial em Vitória, em 13 de outubro. De lá pra cá, eles tiveram a oportunidade de vivenciar também o oposto da correria, com a “calmaria” dos plantões de fim de semana e feriados.

O plantão jornalístico envolve equipes menores e, a depender do que está acontecendo no mundo, pode ser repleto de caos e correria. Com menos de um mês de atividades presenciais, no entanto, a experiência dos residentes com a escala de trabalho fora dos dias úteis tem sido tranquila e silenciosa. “Eu gosto de trabalhar aqui no sábado, no plantão, porque é mais tranquilo. A gente tem um tempo melhor para poder observar o trabalho das pessoas e tem mais tempo também para desenvolver as nossas atividades”, comenta Milene Celestino, em passagem pelo Núcleo de Conteúdos Especiais de A Gazeta.

Apesar da tranquilidade do trabalho, o plantão pode ser difícil quando entra em disputa com dias ensolarados na capital capixaba, principalmente depois de muita chuva. Gabriela Venâncio, que vive em Seropédica (RJ), já bateu ponto em dois sábados na Rede Gazeta, com tempos meteorológicos diferentes. “Na primeira semana eu vim fazer plantão e fiquei um pouco chateada porque estava um dia incrível, primeiro dia de sol desde que cheguei em Vitória, tava um dia incrível, tinha um monte de residente na praia e estava aqui trabalhando”, comenta ela em passagem pelo Núcleo, dessa vez em um dia chuvoso.

Ao longo da etapa presencial, os residentes passam por diferentes áreas do jornalismo na Gazeta a cada semana, como rádio, redação e TV. Os plantões geralmente são opcionais e ocorrem de acordo com as demandas de cada setor. Para a 24ª turma do Curso, as atividades se encerram em 1º de dezembro. Até lá, são quatro fins de semana e um feriado de possíveis novas experiências na redação.

Texto: Ana Ritti
Edição de vídeo: Álvaro Guaresqui

Da disciplina à medalha olímpica: a história da mulher que forma cidadãs por meio do voleibol

Vandeca leva o voleibol para meninas no município de Nova Trento (SC) há 23 anos. Foto: Arquivo pessoal/Reprodução

O esporte sempre esteve presente nos quase 60 anos de vida da catarinense Vandelina Tomasoni, a Vandeca. Na infância, lembra do pai acompanhando jogos de futebol pelo rádio e dos irmãos jogando bola. Não demorou a se engajar na prática esportiva e, na escola, aos 12 anos, se apaixonou pelo esporte que mudaria sua vida e a de outras meninas no pequeno município de Nova Trento, no interior de Santa Catarina: o voleibol.

Naquela época, ela não almejava chegar tão longe. Cresceu jogando e participando de campeonatos representando a cidade, mas também conciliando o esporte com diferentes trabalhos, como em bancos e lojas. Logo, casou e engravidou, deixando as quadras de lado. Mas não por muito tempo.

Ainda com os filhos pequenos, foi convidada por um professor para treinar a equipe de uma escola, com cerca de 15 meninas. A partir desta experiência e observando outros projetos, Vandeca começou a idealizar o Voleibol Nova Trento, que ganhou vida em 1998. Ali, ocorreu seu retorno para o esporte, dessa vez para não largar mais.

“Sabe quando parece que você foi colocado no lugar certo na hora certa? Eu sempre penso que era para ser uma missão minha”, define.

Vandeca estima que atualmente o projeto atende, por ano, de 70 a 80 meninas, com idades entre 3 e 18 anos. Uma das frentes é o atendimento social, aberto a qualquer interessada da comunidade. O objetivo principal não é formar atletas necessariamente, mas promover a atividade física e a disciplina e respeito por meio do esporte, formando assim cidadãs conscientes e com noção de coletividade.

A outra frente do projeto busca formar novos talentos do voleibol profissional, com rotina de treinos mais intensa e regrada. Para Vandeca, as jovens da geração atual têm mais distrações, em comparação com outras épocas, com as redes sociais e tecnologias disponíveis.

Ela também aponta que a própria fase de adolescência e pré-adolescência pode ser confusa em meio aos conflitos do ser humano em formação. Por isso, além da cobrança por disciplina e foco, a coordenadora busca também criar um ambiente de acolhimento e empatia com as jovens que ela chama carinhosamente de “filhas do coração”.

“Eu sou bem família e sou do tipo que não sabe dizer não, mas claro que sou obrigada a cobrar disciplina porque minha responsabilidade é muito grande. Então eu me coloco no lugar delas, quando a gente tinha ali uns 15 anos, a gente não enxergava as coisas como a gente enxerga hoje. Não posso cobrar uma maturidade que vem com o tempo. Ali dentro, tento proporcionar um dia a dia de como se elas estivessem em casa. Ontem mesmo, estava um calor, eu cortei uma melancia e depois do treino a gente ficou lá comendo”, conta.

Nos 23 anos de projeto, muitas meninas chegaram ao voleibol profissional, Vandeca não sabe dizer quantas, mas cita exemplos de jogadoras espalhadas em clubes nacionais e internacionais. Ela destaca, claro, a maior estrela do esporte novatrentino: Rosamaria Montibeller. A jogadora de 27 anos se formou nas bases do projeto de Vandeca e conquistou neste ano sua primeira medalha olímpica, uma prata com a seleção feminina.

Rosamaria iniciou no voleibol com Vandeca e neste ano conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Tóquio. Foto: Reprodução/Instagram/@vandecavolei

Apesar da visibilidade pós Olimpíadas de Tóquio, Vandeca não se deslumbra e mantém os pés bem firmes no chão. Reflexo de quem carrega cicatrizes e sabe que o cenário do esporte é incerto. O principal baque ocorreu em 2013, justamente depois do “período de ouro” de 2007 a 2012, com resultados positivos e conquista de campeonatos. “A gente ganhava tudo, as meninas estavam pegando seleção brasileira escolar, participamos de campeonatos internacionais…”. Depois disso, foram quase três anos de dificuldades financeiras e dívidas.

“Tudo no projeto eu tive que ir aprendendo tudo, não tinha alguém que me orientasse. Então ali em 2013 passei por dificuldades e quase joguei a toalha, também foi um período que não tive tanto apoio da prefeitura. Mulher de Deus, só não passei fome porque eu tinha crédito na cidade… Eu, que nunca fui de ter dívida, comecei a receber ligação de cobrança. Chegou um momento que eu não conseguia dormir pela preocupação e nem atender o telefone, quando tocava eu só passava para o meu marido. Hoje, se você me pergunta o saldo de dinheiro do projeto, eu não sei, eu não consigo olhar, fico com receio”, lembra com a voz embargada.

A volta por cima foi sendo estruturada aos poucos, com o auxílio de profissional de assessoria esportiva para projetos incentivados e a busca por um antigo patrocinador. Além disso, o projeto contou com a forcinha de duas estrelas do esporte: o técnico Bernardinho e seu filho, o jogador Bruninho. Os dois, junto com a Rosamaria, apadrinham o projeto, contribuindo com suas imagens e também recursos financeiros. Hoje, a estrutura e a verba para manter as equipes, alojamento e viagens vem também de patrocinadores, parcerias e leis de incentivo.

Além dos padrinhos, Vandeca destaca o apoio do marido, Antero, no momento difícil. “Ali, se não acabasse o projeto, acabaria o casamento”, fala, rindo. Aposentado, ele ajuda em questões administrativas e no apoio emocional. A família, aliás, sempre esteve envolvida no projeto esportivo e de vida dela. A filha Isadora, de 29 anos, foi jogadora do time da cidade e hoje cursa a faculdade de Educação Física. Mesmo curso em que o filho, Ricardo, de 32, se formou para hoje trabalhar como personal trainer das “irmãs” de coração.

A vida de Vandeca se mistura com o esporte. Perguntada sobre o que gosta de fazer fora do mundo do voleibol, ela para, pensa e demora um pouco para responder, como se fosse difícil se imaginar fora desse cenário. Enfim, fala que gosta de passear e estar cercada de pessoas, assim como uma boa “mãe” de coração de muitas “filhas”. Para o futuro, ela busca superar novos desafios para realizar o sonho de ter um centro esportivo e atender mais crianças.

Ela tem o sonho de ter um centro esportivo para atender mais crianças e jovens. Foto: Reprodução/Instagram/@vandecavolei

ES abre 2,5 mil vagas para tirar a CNH Social

Pessoas de baixa renda interessadas em tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou mudar de categoria de forma gratuita podem participar da nova fase do programa CNH Social. As inscrições estão abertas até o dia 4 de novembro, no site do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran/ES). São 2.500 vagas, disponíveis para inscritos no Cadastro Único de programas sociais do Governo Federal (CadÚnico).

A 3ª fase do programa CNH Social foi anunciada pelo governo do Espírito Santo nesta terça-feira (26), em evento no Palácio Anchieta, em Vitória. Ao todo, o CNH Social deve contemplar 8.000 pessoas com carteiras de motorista em 2021, com recurso de R$ 11 milhões, de acordo com o governo.

O resultado dos selecionados será divulgado em 11 de novembro, no site do Detran/ES, a partir das 12h. Uma chamada de suplentes será divulgada em 2 de dezembro para preenchimento de vagas remanescentes, em caso de desclassificação de candidatos. 5% das inscrições serão reservadas para pessoas com deficiência.

Inscrições
Podem se inscrever cadastrados no CadÚnico, com dados atualizados nos últimos dois anos até o dia 10 de setembro. Também é necessário ter 18 anos ou mais, residir no Espírito Santo e ter renda familiar de até dois salários mínimos, além de não ser impedido judicialmente de ter a CNH.

Na inscrição no site, o candidato deve selecionar a categoria para primeira habilitação, mudança ou adição de categoria, sendo divididas em A (moto) ou B (carro) D (van e ônibus) e E (caminhão e carreta).

MPF entra com ação para que projetos da Lei Rouanet possam exigir passaporte sanitário

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação na Justiça, nesta sexta-feira (12), para que os projetos financiados pela Lei Rouanet possam exigir o passaporte de vacinação, suspendendo imediatamente uma portaria da Secretaria Especial da Cultura do Governo Federal (Secult). A medida publicada no último dia 5 veta a exigência do comprovante da vacina, sob pena de reprovação e multa, para eventos do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), ligado à lei.

A portaria da Secult diz ainda que, em caso de eventos onde há decreto ou leis que exigem o comprovante vacinal, é necessária a adequação do projeto para o modelo virtual, “não podendo impor discriminação entre vacinados e não vacinados”. Para Ana Carolina Roman, procuradora responsável pela ação que contesta a portaria, as medidas devem ser decididas pelas secretarias de saúde de estados e municípios, não cabendo a um órgão subordinado ao Ministério do Turismo (MTUR) interferir.

Segundo documento, os “passaportes sanitários” são instrumentos de proteção coletiva de manutenção da saúde pública e não mecanismos de cerceamento de direitos individuais. Roman argumenta ainda que a norma vai contra ações do próprio Ministério da Saúde, que instituiu medidas de comprovação vacinal, como o Conecte SUS, demonstrando a importância do comprovante.

“Para além da incompetência normativa da Secult/MTUR, salta aos olhos que a portaria editada não tenha sido fruto de entendimento mínimo com o órgão federal incumbido de tratar da condução das políticas públicas de combate à pandemia. Isso é, não há qualquer indício de que a decisão […] tenha sido embasada em orientações técnicas dos órgãos federais especializados em saúde pública e vigilância epidemiológica”, enfatiza a procuradora no documento.

A ação civil pública vai ser decidida na 3ª Vara Federal Cível do Distrito Federal, onde o MPF pede a suspensão da portaria e que a União se abstenha de editar novas normas que possam impedir restrições sanitárias em eventos culturais.

Microrregiões esbarram na vacinação da dose de reforço para avançar à fase azul

O novo mapa de risco da Covid-19 no Estado, que passa a valer a partir de segunda-feira (15), segue com 77 municípios em risco baixo (verde) e um em moderado (amarelo). Nenhuma microrregião alcançou ainda a fase azul, de risco muito baixo, que retira as restrições de atividades. A principal dificuldade tem sido o avanço da vacinação da terceira dose no público idoso. A projeção do secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, é que todo o Espírito Santo deve chegar ao azul em dezembro.

Para alcançar o patamar azul, é preciso atingir níveis de 80% de vacinação com duas doses na população adulta (18 anos ou mais), 90% dos adolescentes (12 a 17 anos) com a primeira dose e 90% dos idosos com a dose de reforço. Além disso, os municípios devem ter pontos de testagem que atendam à livre demanda, sem necessidade de prescrição médica ou presença de sintomas.

Das 10 microrregiões avaliadas no mapa de risco, três cumprem os critérios de vacinação em adolescentes e população adulta: Sudoeste Serrana, Central Serrana e Litoral Sul. Já o Caparaó atinge um critério, o de imunização em adultos. Nenhuma alcança a meta de 90% de idosos com a terceira dose (D3). A Central Serrana apresenta o melhor índice de imunização nesse público, com 70,12%, mas ainda distante da meta.

“O critério que está faltando para esses municípios chegarem no risco muito baixo é o reforço dos idosos. Esse grupo etário é relativamente pequeno, então é mais fácil comparecerem para tomar a 3ª dose e alcançar esse percentual [90%]”, explica Pablo Lira, diretor de integração do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Para ele, as quatro microrregiões que já cumprem um ou dois critérios da meta devem chegar em breve no azul e, possivelmente, as demais regiões alcançarão esse patamar em dezembro.

No Twitter, o governador Renato Casagrande destacou os índices de vacinação da terceira idade. “Precisamos incentivar e levar nossos idosos para tomar a dose de reforço. […] A D3 ainda segue longe da meta”. Ele já havia sinalizado, em entrevista coletiva no final de outubro, a previsão de que as cidades alcançassem o risco muito baixo a partir da segunda quinzena de novembro. Casagrande destacou na ocasião que os municípios têm o desafio de reforçar a terceira dose agora em novembro para que todo o Estado chegue no azul em dezembro.

Segundo Lira, o Espírito Santo apresenta bons números de vacinação com a primeira dose e redução de óbitos pela Covid-19, mas poderia ter um cenário melhor de controle da pandemia se a população completasse o esquema vacinal. A resistência, aponta ele, ocorre pela influência de fake news e ideias negacionistas, e também pelas reações que as vacinas causam, que são esperadas e normais.

O que é a fase azul?

A fase azul do mapa entrou em vigor em novembro para classificar a situação da pandemia nas regiões capixabas. Antes, havia apenas a divisão entre os riscos baixo (verde), moderado (amarelo), alto (vermelho) e extremo (vermelho escuro). Ao chegar nesse nível, caem as restrições a atividades econômicas e sociais, sendo necessário manter o uso de máscara e exigir o esquema vacinal.

A classificação em azul no mapa é atribuída à microrregião e não apenas ao município, além de ser definitiva: ao atingir o risco muito baixo, não há o retorno para outras categorias, à exceção de possíveis novas crises.

Vacinação no ES

O Espírito Santo tem 58,3% da população vacinada com as duas doses, ou dose única, da vacina contra a Covid-19. Ao todo, 5.967.080 doses já foram aplicadas no Estado, de acordo com os números do painel de vacinação neste sábado (13).

Elaine Silva, editora-chefe de A Gazeta e CBN, relembra transição do jornal impresso para o digital

Da correria para fechar o conteúdo do jornal impresso à agitação de uma redação integrada, com equipes produzindo conteúdo e trocando ideias lado a lado. Em um bate-papo com a turma de residentes, na manhã da última quinta-feira (14), a editora-chefe de A Gazeta e CBN, Elaine Silva, relembrou a transição para o jornalismo digital. Ela destacou a preocupação com a distribuição do conteúdo ao público e seus efeitos.

Residente do 1º Curso de Jornalismo da Rede, em 1998, Silva acompanhou desde então o auge e o fim do tradicional jornal impresso A Gazeta, que deixou de circular em 2019. A escolha de priorizar o jornalismo digital foi construída nos anos anteriores, baseada também na mudança dos hábitos de consumo de notícias dos próprios leitores.

Além disso, ela aponta que, antes, a entrega do conteúdo não era uma preocupação como é agora. “A gente sempre produziu muito bem, sempre tivemos bons jornalistas, editores, demos furos, exclusivas, conseguimos fazer um bom serviço… Só que aí a gente não sabia entregar, sabia produzir, mas não sabia fazer esse conteúdo legal para um público chegar nele”, explica.

Segundo Silva, o segredo do digital é a distribuição, que faz o conteúdo “chegar em quanto mais gente puder chegar”. No entanto, ela destaca que o principal é medir se o conteúdo está fazendo efeito. Com o online, é possível fazer essa análise de audiência e ter feedback dos leitores.

“Não adianta sair produzindo, distribuindo e não saber se está fazendo efeito nas pessoas. E os efeitos são vários, de achar que tem erro de português, que a matéria tem muito anúncio, um vídeo que tá dando muita audiência… Tudo que envolve produção de conteúdo a gente tem que saber o que isso provoca, o desempenho, o impacto”.

Elaine Silva, residente do 1º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, com a 24ª turma de residentes. Foto: Sara Aguiar/Divulgação

Criador do Virei Jornalista conta sobre o trabalho no perfil que mistura humor e jornalismo

“Prefiro você pessoalmente, porque na TV a bicha é feia”, comenta uma senhora na rua para a repórter Gabriela Ribeti, em transmissão ao vivo no ES1 da TV Gazeta. O comentário que poderia gerar desconforto rendeu boas risadas para a jornalista, para os telespectadores capixabas e, mais tarde, foi parar no perfil Virei Jornalista, que reúne memes e vídeos engraçados do jornalismo brasileiro. O criador do projeto, o mineiro Júnior Caritel, bateu um papo com a turma do 24º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, na última quinta-feira (28).

Criada em 2015, a página surgiu depois que Caritel, então recém formado em Jornalismo, observou páginas de memes de diversas profissões, mas nenhuma era sobre jornalistas. Os perfis contam hoje com mais de 96 mil seguidores no Instagram e mais de 213 mil no Facebook, entre profissionais na comunicação e público que gosta de televisão. Mas, mesmo com conteúdo voltado ao humor, o criador do Virei Jornalista reforça a importância de se posicionar em questões sérias, como a onda de ataques a jornalistas em todo o país.

Caritel considera a página, que tem seis anos de existência, como um terceiro emprego, já que ele trabalha em duas emissoras de televisão de sua cidade, Uberlândia (MG). Para ajudá-lo com os perfis, ele conta com três colaboradores que mantêm o fluxo de conteúdos e selecionam os vídeos enviados.

Para o futuro do Virei Jornalista, o mineiro lança um spoiler sem muitos detalhes para a turma de residentes: vem um canal no YouTube por aí.

Júnior Caritel conversou virtualmente com a turma de residentes do 24º Curso de Jornalismo da Rede Gazeta. Foto: Reprodução

Pequenas empresas também podem ter práticas de diversidade e inclusão, indica especialista

Mesmo impactados pela pandemia e com recursos menores que grandes negócios, pequenas empresas e microempreendedores podem ter práticas de diversidade e inclusão (D&I), como legendar vídeos em redes sociais, por exemplo. É o que indica a especialista e ativista Gabriela Augusto, fundadora da consultoria Transcendemos, que presta serviços de D&I a empresas. A empresária falou sobre o tema em entrevista coletiva virtual com a 24ª turma do Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, na última sexta-feira (15).

Na entrevista, Augusto explica que geralmente programas de diversidade e inclusão são voltados para grandes empresas, com centenas de funcionários. Ainda assim, os pequenos empreendimentos podem aplicar os conceitos e conscientizar colaboradores. “Em um restaurante, por exemplo, o gestor pode fazer uma curadoria de informações: como atender um cliente trans, como evitar comportamentos machistas e racistas que a gente reproduz sem perceber”, exemplifica.

No contexto atual, a empresária aponta que os pequenos empreendedores podem investir em ações de acessibilidade sem custo. “Esses negócios foram bem impactados pela pandemia, eu acho difícil investirem muito nessa temática agora, mas é importante destacar que algumas coisas não têm custo, como acessibilidade digital. Colocar legendas nos stories não custa, tem aplicativo gratuito que faz automático, você coloca e já se torna acessível. Vai postar uma imagem, coloca uma descrição”.

Para Augusto, as grandes empresas podem reverter desigualdades, aliando interesses e gerando impactos positivos. Além da responsabilidade social com trabalhadores e consumidores, investir em D&I é estratégico, uma vez que traz benefícios como inovação e investimentos. Isso porque negócios com práticas de ESG (ambiental, social e governança), o que inclui diversidade e inclusão, têm prioridade na captação de recursos. “Uma empresa que não está olhando para a diversidade tende a ficar para trás e perder espaço”, finaliza.

Vacinação de crianças não é prioridade, mas pode ser importante em cenário de aumento de casos, indica epidemiologista

Ethel Maciel fala sobre os próximos passos da vacinação contra a Covid-19

Com a vacinação de adolescentes em andamento e o recente anúncio de eficácia da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, os próximos passos da imunização contra a Covid-19 começam a gerar discussões. Para a epidemiologista Ethel Maciel, o grupo infantil não é prioridade no cenário atual do Brasil, em que há falta de doses e adultos que ainda não completaram o esquema vacinal. No entanto, pode ser importante em um possível aumento de casos na faixa etária, como vem ocorrendo nos Estados Unidos. A especialista falou sobre o tema em entrevista coletiva aos Residentes do Curso de Jornalismo da Rede Gazeta, na tarde desta quarta-feira (22/9).

A vacinação de crianças depende ainda, entre outros fatores, da autorização de agências reguladoras. A farmacêutica Pfizer vai buscar a aprovação na FDA (Food and Drug Administration) dos Estados Unidos, o que indica que, eventualmente, pode ocorrer a solicitação de uso na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Mesmo sem previsão de pedido de autorização da Pfizer à Anvisa, governos estaduais como Minas Gerais e Espírito Santo sinalizaram as expectativas de realizar a vacinação de crianças ainda neste ano. Até o final de setembro, somente o Instituto Butantan, de São Paulo, havia pedido aval para uso da vacina no público infantil, a partir de 3 anos, em julho. A agência reguladora brasileira negou, em agosto, o uso da Coronavac em pessoas de 3 a 17 anos por falta de dados nos documentos apresentados.

Desde setembro, o Brasil vacina o público adolescente com a primeira dose, além da aplicação de segunda e terceira doses. A imunização de pessoas de 12 a 17 anos ocorre em meio a decisões divergentes, já que o Ministério da Saúde orientou para que todo o público fosse vacinado e depois voltou atrás, afirmando que o foco deveria ser apenas os jovens com comorbidades. No último dia 22 a pasta recuou novamente, dessa vez liberando a vacina para adolescentes.

A epidemiologista explica que em um cenário com disponibilidade de doses seria possível pensar em administrá-las livremente, mas com a escassez é necessário estabelecer uma ordem de prioridade. Para ela, o ideal seria priorizar a primeira dose no público de 18 anos ou mais, depois completar o esquema vacinal com a segunda, depois disponibilizar a terceira dose para idosos e grupos de risco, em seguida vacinar os adolescentes e, por fim, as crianças. “Nada disso está sendo feito, está desorganizado, mas é assim que deveria ser”, comenta Maciel.

O grupo de crianças de 5 a 11 anos tem uma “possibilidade muito pequena de adoecimento” no cenário atual da pandemia no Brasil, aponta a professora. Ela explica isso baseada em um estudo com menores de 18 anos do país, que concluiu que há mais internações e óbitos em menores de 2 anos e maiores de 12. “Esse público de 12 a 17 é super importante a gente ter a vacinação, e seria muito importante que a gente tivesse para recém-nascidos, que têm poucas defesas naturais”.

É possível considerar ainda que o Brasil passe por uma explosão de casos de Covid-19 no público infantil, como ocorre nos Estados Unidos. Lá, houve o aumento de 240% nas infecções desde julho, de acordo com a Academia Americana de Pediatria. “A gente está sempre um mês e meio atrás dos EUA, atrasados no ponto de vista do momento epidemiológico da doença. Então lá, agora, tiveram aumento de 240% de adoecimentos e internações, isso é muito preocupante. Se a gente tivesse esse cenário, a gente precisaria da vacina em crianças também, mas não é o cenário atual”, esclarece Maciel.

Desinformação se espalha mais rápido e é mais atrativa que os fatos, aponta jornalista

A desinformação é mais veloz e atrativa que a checagem dos fatos e a verdade em si, segundo Sérgio Lüdtke, editor-chefe do Projeto Comprova, trabalho colaborativo que investiga informações enganosas no mundo virtual. Em palestra realizada na manhã desta quinta-feira (16), o jornalista conversou com os residentes da Rede Gazeta sobre o cenário da desinformação na internet e redes sociais, além de ferramentas de monitoramento para jornalistas.

O ecossistema da desinformação pode incluir conteúdos manipulados com a intenção de enganar, conteúdos reais compartilhados fora de contexto e até sátiras que não têm o intuito de prejudicar, mas podem ser usadas para confundir. De acordo com Lüdtke, muitos desses materiais estão em sites que se fazem passar por veículos de jornalismo e utilizam narrativas noticiosas para dar credibilidade aos temas retratados.

As informações enganosas recorrem à emoção para gerar sentimentos como medo e indignação, ganhando força nos compartilhamentos em redes sociais. Por isso, o jornalista explica que é comum que parte do público continue acreditando em uma notícia falsa, mesmo com a checagem indicando o oposto. Para ele, o jornalismo tem o dilema de não amplificar a desinformação, mas acabar fazendo isso ao tentar desmentir boatos e aumentar seu alcance para mais pessoas.

O jornalista também conversou com os Residentes sobre o trabalho do Projeto Comprova.

Redes sociais como Twitter e Facebook já têm iniciativas de verificação de informações publicadas pelos usuários, colocando tarjas que indicam um conteúdo como enganoso. No entanto, como a checagem demanda tempo, os boatos têm espaço para se propagarem. “O ideal seria ter a possibilidade de chegar com a verificação para todo mundo que teve acesso à desinformação, mas é improvável”, comenta Lütdke. Ele também aponta que ainda falta transparência, e há ressalvas sobre o poder das plataformas internacionais no que deve ou não ser removido.

Para finalizar o encontro, Sérgio Lüdtke respondeu questões em relação à Medida Provisória (MP), publicada no Diário Oficial em 6 de setembro, que interferia na moderação de conteúdos em redes sociais, limitando a remoção de postagens. A MP abria espaço para disseminação de fake news e defendia uma suposta liberdade de expressão, direito que, para o jornalista, “não pode destruir outros valores da democracia”. O texto foi barrado no Senado, no dia 14, por ser inconstitucional. Lüdtke também aponta que “ainda somos imaturos para ter uma legislação” sobre a moderação de conteúdo nas redes. Seria necessário, antes disso, “uma série de coisas”, como educação para o público mais velho, participação da sociedade civil e valorização do jornalismo.