ES terá Centro de Desenvolvimento do Futebol em parceria com a CBF

A Serra vai ganhar um Centro de Desenvolvimento do Futebol. A construção foi anunciada na manhã desta segunda-feira (22) no Palácio Anchieta, pela Federação de Futebol do Estado do Espírito Santo (FES) e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

A iniciativa é uma parceria da FES com a CBF e faz parte do Fundo de Legado da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, projeto firmado entre CBF e Federação Internacional de Futebol (FIFA) para a realização da Copa do Mundo em solo brasileiro.

As obras do Centro de Desenvolvimento do Futebol da Serra têm previsão de finalização para o segundo semestre de 2022. Após a conclusão, a estrutura será administrada pela CBF em parceria com a Federação de Futebol do Espírito Santo.

O objetivo do fundo é fomentar a prática do futebol nos países que sediam a competição mais popular do planeta. Até o fim da parceria entre as entidades, devem ser  investidos 100 milhões de dólares no Brasil.

No caso do Centro de Desenvolvimento do Futebol, a ideia é alavancar o progresso dentro e fora de campo, trabalhando também o aspecto social e cultural do esporte. “Com este projeto, a FES reafirma seu compromisso com o desenvolvimento socioesportivo no Espírito Santo, portanto, irá contribuir com a qualificação da prática do futebol, além de valorizar a região”, disse o presidente da FES, Gustavo Vieira.

A CONSTRUÇÃO NA SERRA

O centro será construído na região de Bicanga, na Serra, ao lado da Estação Conhecimento e do Parque Caminho do Mar, na via que dá acesso às praias do município. O projeto do Centro de Desenvolvimento do Futebol da Serra conta com campo de grama de dimensões oficiais padrão FIFA, vestiários e prédio administrativo.

  • 18 mil m² de área total do terreno
  • 446 m² de área edificada
  • 17 mil m² de área utilizada
  • 1 Campo de futebol com gramado sintético e medidas oficiais, (105 x 68m), no padrão da Fifa
  • Arquibancada Verde com 480 assentos
  • 2 Vestiários para equipes (contendo vestiário do técnico individualizado)
  • 2 vestiários para arbitragem
  • Sala médica
  • Banheiros para o público
  • Salas de Administração para a Federação do Estado de Espírito Santo(FES)
  • Estacionamento para 3 ônibus e 40 carros
  • Portaria
  • Depósito
  • Concessão de Comidas & Bebidas

ATIVIDADES DO CENTRO DE DESENVOLVIMENTO

Outra iniciativa será a promoção de competições de futebol no Espírito Santo. A FES deve promover competições regionais, de categorias de base e futebol feminino. A estrutura também pode ser utilizada administrativamente pela Federação de Futebol do Espírito Santo e para a aplicação de cursos e workshops relacionados ao futebol.

Presente na cerimônia de anúncio da construção, ao lado do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, falou sobre como a iniciativa pode ajudar a desenvolver também o lado social.

“É um investimento que deixa de fato um legado da Copa do Mundo, um centro de desenvolvimento de futebol para que a gente possa dar oportunidades às pessoas que têm identidade com o futebol, que podem tentar aprender praticando e também na teoria porque nós também vamos ter local de curso. Então é um centro que estará na maior cidade do Estado, que é a Serra, onde tem muitas demandas na área social”, avaliou o governador.

 

Curso de Residência lança revista interativa sobre diversidade: acesse aqui

Está no ar a revista interativa “A força da diversidade”, um conteúdo que se propõe a ser também plural em formatos, com áudios, vídeos, textos e fotos, para mostrar o tema sob o mais variados prismas. A publicação é o trabalho final dos alunos do 24º  Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta e já pode ser acessada gratuitamente pelo celular, tablet ou computador, clicando neste link.

 

Ao longo de mais de dois meses de produção, os focas – como são chamados os jornalistas iniciantes – buscaram histórias que agora aparecem em destaque nas páginas deste lançamento. São trajetórias como as do professor universitário Douglas Ferrari, deficiente visual que abriu trincheiras no meio acadêmico; da educadora física Mariana Reis, que vem  conquistando espaço para falar sobre a pessoa com deficiência na mídia; da advogada Gabriela Augusto, mulher transexual que fundou uma empresa de consultoria voltada à inclusão de minorias no ambiente corporativo; e do juiz Lailton dos Santos, homem negro que ainda se vê em minoria no Judiciário brasileiro.

A coordenadora do Curso de Residência, Ana Laura Nahas, lembra que um ambiente diverso permite que vários grupos se enxerguem, transitem com liberdade e se sintam representados. “Da mesma forma, ao privilegiar a diversidade de olhares e abordagens, o jornalismo amplia seu alcance e se torna mais próximo da realidade que retrata, mais plural, mais transformador e mais representativo”, destaca Ana Laura, que editou a revista ao lado de Andréia Pegoretti, editora do Curso de Residência. “Buscamos nesses conteúdos reunir as estatísticas que mostram um histórico de exclusão e os depoimentos dos entrevistados que viveram e vivem os efeitos dessa chaga na coletividade”, afirmou Andréia.  

A publicação teve como ponto de partida um outro trabalho feito ao longo do curso, o podcast  “Papo Residência”, que está em sua primeira temporada. Em sete episódios, os focas falaram com os convidados sobre o dicionário de termos preconceituosos;  o poder da representatividade; a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) na escola; a exclusão do mercado trabalho sofrido pelas minorias; as políticas públicas afirmativas; e a evolução da sigla LGBTQIA+, suas lutas e vitórias. Todos esses assuntos também estão no foco da revista, que apresenta ainda a própria diversidade regional da turma da Residência, com representantes do Nordeste, do Sul e do Sudeste.

Para o gerente de Relações Institucionais da Rede Gazeta, Eduardo Fachetti, a edição 2021 da Residência mira as questões de primeira ordem para a sociedade e, consequentemente, para o mundo corporativo. “A diversidade e a inclusão são temas urgentes que precisam cada vez mais integrar organicamente a rotina das empresas não só dos debates, mas também em ações que de fato promovam ambientes mais representativos, o engajamento real. O caminho é longo, mas é missão encampada pela Rede Gazeta dentro de um movimento que envolve a todos, gestores, nossos colaboradores e nosso público. Por isso, a escolha de uma temática tão rica”, salientou Fachetti.  

podcast
Residentes e convidados em gravação de podcast, ponto de partida para a revista interativa

“A força da diversidade” é a última entrega dos alunos do curso de Residência 2021, que começou em setembro. Os dez participantes da turma estiveram mobilizados em aulas de produção jornalística, trabalho na redação da Rede Gazeta, oficinas e entrevistas coletivas, entre outras atividades. Nesta noite de quarta-feira, acontece também a formatura dos alunos.    

O retorno às academias pede atenção redobrada

academia

Na medida em que se aproxima do final do ano, muita gente volta a praticar exercícios físicos. No entanto, é preciso ter cuidado para não exagerar na atividade ou fazê-la sem a orientação correta, sob o risco de se lesionar ou sobrecarregar o organismo

Quem passou por um período de sedentarismo precisa redobrar a atenção ao retornar à prática. O consultor técnico da Associação das Academias de Ginástica do Espírito Santo (Acages) e especialista em fisiologia clínica do exercício, Pedro Fortes Jr., alerta para o perigo de tentar “correr atrás do prejuízo”, compensando essa falta de atividade, ou até mesmo maus hábitos alimentares, em um curto espaço de tempo.

Não existem fórmulas mágicas para alcançar a boa forma e a saúde. De acordo com Francis de Carvalho, Coordenador Geral da Rede Wellness Club e profissional de Educação Física, é preciso aliar os exercícios a uma boa alimentação e estar acompanhado de um profissional capacitado para orientar o praticante da forma correta.

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Atividade física deve ser feita com acompanhamento profissional. Crédito: Freepik

Readaptação

É normal enfrentar dificuldades no retorno aos exercícios físicos, porque, como explica Pedro Fortes, o organismo precisa se readaptar. Além disso, sentir dores nesse momento pode ser um sinal de limite ultrapassado. “O excesso de carga no treino pode provocar dores e levar a lesões graves”, explica o consultor da Acages.

Ele ainda orienta: “Quanto mais tempo a pessoa ficou afastada do treinamento, mais devagar deve ser o planejamento desse retorno, por isso a necessidade de um profissional de educação física para acompanhar a evolução do treinamento”.

Segundo o especialista, em tempos de pandemia, com a saúde mental e prática de atividade, muitas vezes, preojudicada, é fundamental olhar para a saúde da população. Ele acredita que a prioridade precisa ser olhar para uma boa disposição física e mental das pessoas, e o visual é consequência.

“A partir de que relacionamos o exercício como algo além do estético e retiramos este estereótipo em relação à saúde e à atividade física, vendo que as duas estão atreladas, percebemos que uma das formas mais eficazes de se precaver e manter o sistema imunológico mais eficaz é estabelecer uma rotina de exercícios físicos”, ressalta Pedro Fortes Jr.

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A busca pelo corpo não pode desconsiderar a saúde. Crédito: Freepik

Perfis

Para além desse público que volta aos exercícios agora, existem outros perfis encontrados na academia neste período. Francis de Carvalho percebe também a presença de indivíduos que não pararam de se exercitar nesses últimos dois anos, além de pessoas que nunca praticaram exercício e também outras de idade mais avançada, ambas buscando deixar a saúde em dia. Para esses dois últimos perfis a atenção precisa ser redobrada.

Ele acredita que, um dos motivos para começar ou retornar à prática de atividades físicas, pode ser o entendimento atual de que o exercício contribui para fortalecer o corpo humano contra a Covid-19. Mas, independentemente do perfil, o mais importante, é entender como a atividade é adequada para você.

“Nada em excesso é saudável, inclusive na atividade física. A gente chama dentro do nosso mundo de periodização, que é você fazer um planejamento dessa atividade física. Então, você tem o volume que vai ser trabalhado e a intensidade de acordo com cada pessoa. Não é uma coisa generalizada, que todo mundo pode fazer da mesma forma que vai gerar os benefícios”, explica o educador físico.

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É preciso saber o exercício e o grau adequado para você. Crédito: Pixabay

 

Ainda segundo ele, os maiores riscos de lesões musculoesqueléticas estão ligados ao padrão de movimento, ou seja, o fato de você fazer um movimento de forma errada. Dessa forma, pode acabar sobrecarregando uma articulação e, assim, desencadear uma dor no joelho ou uma dor na lombar, por exemplo. A prática sem conhecimento específico pode até gerar problemas mais graves como questões cardiovasculares, de colocar uma intensidade muito grande para o seu corpo e colocar o seu coração em risco.

“É incrível o número de relatos de pessoas que passaram a sentir dores na região lombar, nas costas, por uma má postura. O exercício em si, se não for bem orientado, ao invés de trazer os benefícios da atividade física, pode desencadear ou aumentar esses problemas. É muito comum, as pessoas que treinam, às vezes, em casa, em exercícios livres, que você faz somente com o peso do corpo, mas que apresentam alta intensidade (você salta, pula, desloca pro lado e pro outro, agacha). Se não for feito com uma execução correta, pode gerar impacto nas articulações e pode gerar sentir incômodos. As lesões mais comuns são de joelho e lombar”, explica o Coordenador Geral da Rede Wellness Club.

A orientação do educador físico é praticar com acompanhamento de um profissional especializado e fazer as atividades físicas pensando na saúde de uma forma geral. Dessa forma, a estética se torna uma consequência. Lembrando que, para ele, não existe problema em querer um corpo definido, mas é preciso pensar nesse equilíbrio. Além disso, é necessário ter constância na prática, superando os desafios do dia-a-dia, os desânimos e criando uma rotina.

Principais características que constroem um bom repórter e deixam um editor feliz

Jornalismo

Um ponto é consenso entre os editores: uma boa apuração é indispensável para fazer um bom jornalismo. Essa característica foi a mais frisada pelos quatro ex-residentes e atuais editores da Rede Gazeta Amanda Monteiro, Geraldo Campos, Mikaella Campos e Rodrigo Resende, em conversa com os focas do Curso de Residência em Jornalismo deste ano.

Uma boa apuração consiste em entender bem o que será tratado, pesquisar e investigar os acontecimentos, escutar as pessoas ou órgãos envolvidos em todos os lados e duvidar, ou seja, nunca aceitar uma informação unicamente porque alguém falou, mas buscar entender também o contexto.

Jornalismo
Da esquerda para direita: Amanda, Geraldo, Mikaella e Rodrigo 

Outra característica importante é a clareza. Os editores também concordam que ela só é possível a partir de um bom entendimento da pauta e de uma apuração bem feita. “Apurar tudo até entender e deixar isso bem claro para o leitor entender também. Se eu pegar um texto e ele estiver fácil de entender, bem apurado e redondo, eu vou ficar feliz”, conta Amanda, editora de Fluxo e Qualidade do Núcleo de Conteúdos Especiais.

Quando se fala em conteúdo para TV, essa necessidade de ser claro cresce ainda mais. Porque, além de a TV alcançar um número muito grande e diverso de telespectadores, o tempo de fala é curto e exige clareza para passar a informação correta. O editor do Bom Dia ES e do ES TV 2, Rodrigo Resende, explica como a troca de “quebrou o fêmur” por “quebrou a perna” é importante, considerando que algumas pessoas podem não entender com clareza o que seria o fêmur.

Outra qualidade frisada pelo editor da TV foi a responsabilidade. É preciso ter o compromisso de procurar as respostas corretas para informar a sociedade. Além dela, a proatividade também foi considerada de extrema importância. Para a editora de Conteúdo do Núcleo de Conteúdos Especiais, Mikaella Campos, para ser um repórter com qualidade é preciso apurar bem, buscar soluções para as pautas que apresentam problemas e ainda trazer sugestões. Não apenas uma ideia, mas uma pauta elaborada, com a temática e os principais pontos a serem abordados já estruturados.

“Um bom repórter é aquele inconformado. É aquele que não vai aceitar uma resposta simples, é aquele que não vai aceitar a assessoria passar para trás com uma nota porca. Enfim, é esse repórter que dá a cara a tapa, que vai buscar entregar o melhor material, além do que foi pedido”, comenta também Geraldo Campos, editor de Fluxo e Qualidade do Núcleo de Conteúdos Especiais.

Para além das características, repórter e editor precisam estar em constante diálogo. É indispensável que o repórter busque sua autonomia em resolver os problemas sem demandar tudo para o editor, mas pode e deve contar com o apoio e sugestões deste. Para Amanda, “a troca é a coisa mais necessária para o jornalismo continuar e fluir bem. Então, a gente [editor e repórter] precisa ter essa relação boa, de confiança e de troca”.

Jornalismo
Sextou na Residência:  Como Fazer um Editor Feliz. Bate papo com os editores.

Trabalhar com diversidade e inclusão contribui para as empresas

Gabriela Augusto

Aumento do bem-estar, variedade de opiniões e ideias para resolução de problemas, aumento da identificação com o público a partir da representatividade e condições mais favoráveis para investimentos são alguns dos benefícios de trabalhar com programas de diversidade e inclusão nas empresas.

Além do aspecto, claro e necessário, de responsabilidade social, contribuindo para um mundo mais justo e igualitário, esses programas são estratégicos e diferenciais competitivos no mercado, conta Gabriela Augusto, Diretora Fundadora da Transcendemos, em entrevista coletiva, na última sexta (15/10), aos residentes da Rede Gazeta de 2021.

Gabriela Augusto é fundadora da Transcendemos Consultoria /Foto: Reprodução (@gabriela.aug)

A diversidade é composta pelas diferenças entre os indivíduos como: gênero, raça, etnia, sexualidade, classe, deficiências e idade. Já a inclusão, para Gabriela, se relaciona com a experiência que a organização oferece às pessoas. “São dois conceitos bem diferentes, que muitas vezes são confundidos pelas pessoas, mas devem ser vistos com outro olhar”, esclarece.

Juntos, os dois temas são cada vez mais exigidos e almejados nas organizações. De acordo com a Pesquisa Global de Diversidade e Inclusão realizada pela PwC, para 76% dos entrevistados, a diversidade é um valor declarado ou de prioridade para as respectivas organizações.

Público interno e público externo

Para o público interno da empresa, o respeito às diferenças aumenta o bem-estar no ambiente, o potencial de crescimento dos funcionários, a integração entre as equipes e consequentemente a produtividade e a eficiência da empresa. Somado a isso, um ambiente com diversidade de indivíduos é composto por diferentes pontos de vista, agregando ao trabalho conhecimentos e habilidades que podem contribuir para inovação e resolução de problemas com uma proposta final mais enriquecida e completa.

“O primeiro passo é rodar um diagnóstico, levantando esses dois conjuntos de indicadores [diversidade e inclusão], entendendo como as pessoas se sentem, falando de experiência: se as pessoas se sentem pertencidas, se eles estão felizes na empresa, se elas sentem que têm igualdade de oportunidades. A gente consegue cruzar isso com os dados de demografia e entender o quão feliz uma mulher negra está comparada a um homem negro”, explica a diretora sobre o processo da Transcendemos.

Gabriela Augusto
Diversidade no trabalho impulsiona as empresas /Foto: Reprodução (@gabriela.aug)

Externamente, a população quer se ver representada nas empresas e, quando de fato está, esse público pode virar um potencial cliente e consumidor. No mercado o índice ESG (Environmental, Social and Governance), que avalia as práticas ambientais, sociais e de governança das corporações, também demonstra que, no eixo social, a diversidade e a inclusão são indispensáveis.

O avanço lento dessa diversidade e inclusão

Apesar da importância atribuída a esses programas, as oportunidades de trabalho ainda são muito desiguais. Um levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) estima que apenas 4% das mulheres trans e travestis possuem um emprego formal e 6% possuem um emprego informal. A grande maioria, 90%, tem a prostituição como única fonte de subsistência no Brasil.

A presença de mulheres em cargos de gerência também mostra essa desigualdade. De acordo com os dados do levantamento Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019 apenas 37,4% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres no país.

A desigualdade é ainda maior na intersecção gênero e raça. Segundo relatório da ONU Mulheres, o trabalho doméstico informal concentra uma das maiores forças de trabalho das mulheres no Brasil: cerca de 90% das 6 milhões de profissionais. Dentre estas, 60% são mulheres negras.

Aplicar a diversidade e inclusão traz inúmeros benefícios, como aumento do bem-estar e da produtividade, além de outros citados anteriormente, mas por que essa política ainda caminha lentamente? Para Gabriela Augusto, o principal empecilho para uma empresa não fazer essa escolha é a ignorância de não compreender os benefícios e não olhar esses temas como estratégicos para a empresa.

A alegria e os desafios por trás da Libertária gelada

Cerveja artesanal

Com um jeito autêntico, despojado e alegre, cabelos castanhos e enrolados, Thayane marca presença por onde passa. Rodeada de amigos e segurando um copo de Libertária, sua cerveja artesanal, deixa aquela sensação de que é só chegar e se achegar se quiser conversar.

Paulista de Cunha, município localizado no Vale do Paraíba fazendo divisa com Paraty – RJ, é irmã do meio de três filhos em uma família grande, com muitos tios, primos e agregados. Duas de suas paixões são também seus afilhados, o sobrinho de 1 ano e meio, Pedro, e Alícia, filha da sua prima Márcia.

Além deles, Thay, como costuma ser chamada, tem no coração os seus filhos de quatro patas, os gatos Russinha, Gatona e Pipoca e os cachorros Fidel, Raul e Amarelo. Crias dela e da Liliam, “companheira de todas as minhas vidas, porque uma só vida é pouco para demonstrar todo o amor, respeito e admiração que eu tenho por ela”, conta.

Pets
Crédito: Arquivo pessoal

 

Outra paixão, a música, esteve sempre presente em sua vida. Quando mais nova, participava da banda e fanfarra da cidade natal, onde aprendeu a tocar clarineta. Toca também violão e caixa (instrumento de percussão), além de já ter se apresentado em barzinhos e tocar há 19 anos no bloco Pé de Cana de Cunha.

Alegria, para ela, se define em reunir as pessoas para tomar uma cerveja em um momento regado a “muita comida, churrasco e tira gosto”. Cozinhar também é um grande e alegre prazer, reunindo pessoas queridas para uma boa conversa, acompanhada de um sambinha e uma Libertária gelada.

Aos 18 anos, saiu da cidade natal para cursar webdesign em um município próximo, Taubaté – SP. Logo no início da faculdade, conheceu e se apaixonou por aquela mulher com quem se casaria mais tarde. No ano seguinte, Thay deixou a faculdade e foi fazer curso técnico de radiologia, onde se formou e trabalhou por um pequeno tempo na área. Então, ela e Liliam começaram a pensar em empreendimentos como alternativa econômica para ganhar algum dinheiro de forma autônoma.

Dentre as variadas possibilidades pensadas naquele momento, como produzir massas, a cerveja artesanal foi a que mais brilhou os olhos das duas, deixando-as animadas para produzir. Foi aí, em meados de 2016, na cidade de Viçosa-MG, que surgiu a Libertária: uma cerveja artesanal feminista.

No início chegaram a pensar em economizar. A ideia era produzir a cerveja que elas fossem consumir e, com isso, reduzir os custos. Começaram a fazer a própria cerveja em casa, na cozinha, e a dividir com os amigos. Então, eles começaram a gostar e pedir para que elas vendessem um pouco daquele líquido saboroso e encorpado. Assim foi. Com o tempo foram aumentando a produção e vendendo para mais pessoas.

A ideia é que, cada vez mais, a Libertária esteja no centro do projeto de vida delas. Que as mantenha economicamente, alimente a alma, o espírito militante e que possibilite construir a luta do feminismo e da agroecologia, por meio da produção de cerveja. Mas ser mulher e empreender neste ramo dominado pelo público masculino não é tarefa fácil.

Cerveja artesanal
Liliam a esquerda e Thayane a direita. Crédito: Arquivo pessoal

O desafio de empreender

Empreender por si só já é uma atividade com menor percentual de mulheres. De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), em 2019, a diferença entre mulheres e homens em empreendimentos na fase inicial era de apenas 0,4%.

Porém, a taxa dos empreendedores estabelecidos, com um negócio consolidado, foi de 18,4% entre representantes do sexo masculino, enquanto a do feminino foi de 13,9%. A diferença chega a 4,5 pontos percentuais. Em termos numéricos, estima-se que existam quase três milhões de homens a mais do que mulheres nessa fase secundária do empreendedorismo.

Ainda segundo a pesquisa, um dos motivos que podem contribuir para essa diferença, é a sobrecarga de trabalho doméstico assumida pelas mulheres, o que dificulta a permanência no mercado de trabalho. Conforme os dados do IBGE, em 2018, no Brasil o tempo médio em que as mulheres se dedicaram ao trabalho doméstico por semana foi de 21,3 horas, aproximadamente o dobro do que os homens com média de 10,9 horas.

Além de superar desafios sendo mulher empreendedora, Thayane ainda é uma mulher que empreende no ramo da cerveja. Uma pesquisa da Universidade de Stanford, nos EUA, publicada na revista Super Interessante, indicou que apenas 17% das cervejarias artesanais têm mulheres como CEO, sendo delas, somente 4% com uma mestre-cervejeira.

“As pessoas não botam fé que uma mulher faz cerveja boa, já chegaram a perguntar se realmente a receita da APA (American Pale Ale) era nossa, porque ela é muito boa. Outra questão que existe é a exposição do corpo da mulher como forma de propaganda da cerveja e isso a gente é totalmente contra. Já vimos, em eventos, cervejarias contratando mulheres bonitas com roupas que valorizavam o corpo para que chamasse mais pessoas para consumirem o produto”, conta a empreendedora.

Thayane agora vai se formar em Fisioterapia, mas ela e a Liliam continuam produzindo cerveja, mesmo com as inúmeras dificuldades que a pandemia trouxe, como aumento geral do preço dos insumos. Seguem juntas acreditando e lutando por seus posicionamentos, com força, alegria, música, comida boa e uma Libertária gelada.

Repórteres da TV Globo Guido Nunes e Raphael De Angeli dão dicas para quem quer começar na televisão

Nesta sexta-feira (01)  os repórteres Guido Nunes e Raphael De Angeli, do Grupo Globo, conversaram com os dez participantes do 24º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. Os jornalistas já foram residentes nas turmas de 2007 e 2010, respectivamente. No bate-papo, os repórteres deram algumas dicas para quem gostaria de começar em algum canal de TV.

Para Guido Nunes, que fez parte da Rede Gazeta durante quatro anos, as redes sociais podem ser boas plataformas para o início de quem almeja trabalhar na televisão.

“Se você quiser praticar, por exemplo, mas tem vergonha de aparecer, crie uma conta no Instagram do zero, comece a fazer seus conteúdos e publicar eles. Tem tanto influenciador conseguindo espaço, você pode conseguir o seu também. Ao fazer isso, você tem um portfólio para apresentar em alguma empresa que você queira trabalhar”, diz o repórter que ingressou no canal SporTV em 2011, por meio do projeto “Passaporte SporTV”.

Já o repórter Raphael De Angeli frisou que, na opinião dele, praticar o jornalismo é a melhor forma de aprender a ser um bom profissional.

“Para aprender, tem que fazer. As pessoas só vão aprender a se tornar um bom repórter de transmissão quando fizer uma, duas, três… centenas de transmissões. Eu aprendi e evoluí, fazendo. Eu escrevi umas duas ou três matérias de TV durante a faculdade. Aprendi a fazer mesmo quando tive que ir ao ar na TV Gazeta”, disse o repórter que também fez parte do “Passaporte SporTV” em 2011.

Guido Nunes e Raphael De Angeli têm uma trajetória parecida no jornalismo. Ambos participaram do Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta e foram contratados, passaram pelo “Passaporte SporTV” e ainda foram juntos morar na Rússia. Ao retornar para o Brasil, a dupla permaneceu no Grupo Globo. Em meio a toda essa trajetória, Raphael De Angeli falou sobre o fato de não ser do eixo Rio-São Paulo.

“A insegurança de não ser dos grandes centros do jornalismo me atormentava muito. E digo que ela continuou durante muitos anos  mesmo eu já morando e trabalhando no Rio de Janeiro. Existem alguns preconceitos de algumas pessoas sim, não é exagero. Tem pessoas que realmente se fecham e acham que quem não vem do eixo Rio-São Paulo não sabe de nada, que é incapaz de fazer. Essas pessoas existem, estão trabalhando e vão continuar existindo”, falou.

A conversa com os jornalistas Guido Nunes e Raphael De Angeli fechou a programação da terceira semana do 24º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. 

Homofobia no futebol: não é apenas cobrar das autoridades competentes

Foto/Reprodução: Freepik

João Abel, jornalista e autor do livro “Bicha: a homofobia estrutural no futebol”, conversou, em palestra ministrada aos residentes do Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, nesta quinta-feira (30) sobre o cenário de homofobia no futebol brasileiro. Além disso, o jornalista comentou como podemos solucioná-la. Segundo ele, o caminho é um tripé entre torcedores, imprensa e organizações.

O problema da homofobia no futebol é latente, segundo Abel, e já existem algumas iniciativas para a melhora da situação. Em 2020, foi criado o Observatório LGBTQIA+ nos mesmos modelos do Observatório da Discriminação Racial no Futebol comandado por Marcelo Carvalho, porém “a gente precisa trazer mais pessoas para discutirem esse assunto”, na opinião de Abel.

João Abel
João Abel conversou com alunos da Residência sobre homofobia no futebol/ Foto/Reprodução: Internet

Entretanto, é fato que há uma resistência de certa parte da sociedade brasileira nas questões LGBTQIA+, e esse também é um dos desafios para conscientização sobre o tema. O jornalista conta ainda que: “Esse tipo de assunto não tem debate. Se o torcedor não gosta, simplesmente por conta da orientação sexual, essa pessoa está equivocada”. Ou seja, o problema da homofobia no futebol é mais profundo do que se imagina.

Quem devemos cobrar?

As cobranças podem ser feitas por muitas pessoas em diversos âmbitos. Por exemplo, existe a possibilidade de mobilização de torcedores, patrocinadores e imprensa para com entidades responsáveis, desde diretoria de clube até federações estaduais e Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Estes processos acima já foram feitos em diversas situações. Um dos casos recentes que demonstram a força da mobilização de torcedores é o do Robinho. Em 2020, o jogador foi anunciado como o novo contratado do Santos. O fato de ele ter sido condenado em segunda instância por estrupro coletivo, quando jogava na Itália, em 2013, gerou reações imediatas na torcida diante da recontratação.

Robinho
Robinho, ex-jogador do Santos. Foto/Reprodução: Divulgação/Santos FC

Durante muitos dias, as torcidas organizadas do Santos se posicionaram contra a volta de Robinho ao time. A mobilização foi tanta que chegou na esfera econômica e com a pressão de patrocinadores do clube alvinegro praiano pela saída do atleta. O anúncio de contratação foi feito no dia 10 de outubro de 2020. Após seis dias, as mobilizações chegaram à diretoria, e o contrato foi suspenso. 

Segundo João Abel, o caso Robinho demonstra a importância das cobranças chegarem até os patrocinadores: “Essa é uma via de cobrança, até porque o dinheiro é um dos alicerces de um clube”. Além de mexer com quem detém o financeiro, o caso do ex-jogador do Milan demonstra o tripé poderoso que sustenta o futebol: torcida, patrocínio e organizações e confirma que, se uma parte não está satisfeita, há uma quebra e torna-se quase impossível de um clube se sustentar.

Crime de injúria racial é imprescritível, segundo decisão do STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou o crime de injúria racial imprescritível. Com a decisão entendeu que os casos de injúria racial passam a  ser equiparados ao crime de racismo.

A decisão saiu no dia 28 de outubro, um ano depois do início do julgamento, em novembro de 2020. Na época, o ministro relator do caso, Edson Fachin, afirmou que a injúria racial era uma espécie de racismo e, por isso, deveria ser um crime imprescritível. Em dezembro do mesmo ano, o julgamento foi suspenso após um pedido de vista (mais tempo para avaliação do processo) feito pelo ministro Alexandre de Moraes. Agora, em outubro de 2021, por 8 votos a 1, o STF colocou os crimes de injúria racial e racismo no mesmo patamar.

O Código Penal estabelece que a injúria é a ofensa à honra e dignidade humana. No entendimento do relator, a injúria racial se equipara ao racismo, uma vez que, nos casos do primeiro crime, a honra do indivíduo é insultada com elementos ligados à raça, cor e etnia, assim como no segundo.

Crime de injúria racial agora é imprescritível. Crédito: Roberto Parizotti

Na prática, a injúria racial está quase sempre relacionada ao uso de palavras depreciativas que são usadas para ferir a honra de uma pessoa. A pena para esse tipo de crime é de um a três anos de prisão, atualmente.

Segundo a advogada Patrícia Silveira, tornar imprescritível o crime de injúria racial é de extrema importância, já que o sistema judiciário brasileiro é lento. Para ela, “não basta não ser racista, é preciso ser anti-racista”.

SAIBA COMO FICA A PARTIR DE AGORA

O que muda?

Segundo a advogada Patrícia Silveira, na legislação não houve mudanças, a transformação foi no entendimento do crime. Por ser equiparada ao racismo, a injúria racial passa a ser imprescritível. Para Israel Domingos, Presidente do Núcleo de Direitos Penais e Criminológicos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), a injúria racial já tinha penas e regime de processamento mais graves. A decisão de agora vai alterar o tempo para punição.

O que é um crime imprescritível ?

O crime imprescrito é aquele que não perde o direito de ser punido após um tempo. Antes da decisão do STF, a injúria racial poderia ser prescrevida após oito anos. A partir de agora, o autor de uma ofensa poderá ser culpado em qualquer momento.

Qual a diferença entre o racismo e a injúria racial?

A diferença entre os crimes está no direcionamento da ofensa. Na injúria racial, o insulto é restrito a um indivíduo  apenas, como no caso em que um advogado ofendeu o segurança de uma boate, na Praia do Canto, com as palavras de cunho racista “preto, safado e macaco” . Já no racismo, a ofensa é cometida a um grupo ou coletivo de pessoas, ou seja, a discriminação atinge uma etnia de forma geral. Como quando uma delegada negra foi impedida de entrar em uma loja da Zara, no Ceará. A situação foi entendida como racismo por ser um impedimento a todas as pessoas negras. 

A mudança vale para quem foi julgado antes?

Não, pois o sistema judiciário brasileiro não retroage, isto é, quando uma lei ou entendimento são modificados e passam a ser mais severos, os julgamentos realizados anteriormente não sofrem alteração. A decisão do plenário do STF passa a valer para crimes cometidos a partir de agora.

HOMOFOBIA TAMBÉM É ENQUADRADA COMO RACISMO

A homofobia e a transfobia se tornaram crime após decisão do Supremo, em junho de 2019. Na época, o STF decidiu criminalizar atos homofóbicos como uma forma de racismo, até que o Congresso criasse normas específicas para analisar essas situações.

Segundo a decisão, quem “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual” poderá ser condenado de um a cinco anos de prisão.

Gastroenterite, mão-pé-boca e bronquiolite: viroses entre crianças crescem no ES

Criança com virose
Criança com virose
Com o tempo chuvoso, é comum viroses atingirem as crianças com mais intensidade (Foto: Freepik)

Os casos de infecções virais têm aumentado entre as crianças de 0 a 9 anos no Brasil, de acordo com o boletim InfoGripe, divulgado no dia 18 de novembro pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Vitória é uma das seis capitais que apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo. Especialistas capixabas consultados por A Gazeta confirmaram que doenças, como gastroenterite, mão-pé-boca e bronquiolite, estão aparecendo com mais frequência nos atendimentos médicos e, por isso, é necessário que os pais e as creches tenham atenção aos cuidados.

Segundo o boletim da Fiocruz, o número de crianças diagnosticadas com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aumentou e já é superior aos casos de Covid-19. Nos registros da fundação, são mais de 1.500 casos semanais de doenças respiratórias graves no país. No entanto, os resultados laboratoriais indicam que outras viroses menos graves têm maior volume, como Vírus Sincicial Respiratório (VSR),  Rinovírus, Adenovírus, Bocavírus, Parainfluenza 3 e Parainfluenza 4.

No Espírito Santo,  além de alguns casos de bronquiolite fora de época, segundo especialistas, há uma elevação de atendimentos em consultórios e nos prontos-socorros de crianças com gastroenterite ou mão-pé-boca — duas viroses que não causam necessariamente complicações respiratórias, mas estão afetando os pequenos nos últimos meses do ano.

É o caso do Joaquim de 1 ano e 5 meses. O filho da pedagoga Gabrieli Paulino sofreu com duas enfermidades. Há dois meses, apareceram manchas na boca, língua, perna e nos pés. Ele ainda apresentou febre e falta de apetite. Foi diagnosticado com a virose mão-pé-boca. Agora, recentemente, em uma troca de fralda, a mãe notou a mudança na textura das fezes do pequeno. Em seguida, vieram os episódios de vômito e diarreia, típicos da gastroenterite.

“Levei ao pediatra e ele receitou alguns remédios. Demorou uma semana para que o Joaquim ficasse 100% bem. Como ele ainda não frequentava creche, ficou em casa e tomei os devidos cuidados. Deixei de sair para parquinhos e ficamos isolados para não contaminar outras crianças”, contou a pedagoga e mãe do Joaquim.

O filho da pedagoga Lecimar Will Nunes também apresentou gastroenterite. No mês passado, o Luan começou a se sentir mal na escola e a família foi orientada a buscá-lo.

O pequeno teve cólicas intestinais, vômitos, febre, diarreia e perda de apetite e foi levado ao pronto-socorro, onde precisou receber bolsas de soro. “Busco manter uma alimentação adequada para que ele seja uma criança forte e saudável. A médica inclusive deixou claro que, se ele não estivesse com a imunidade boa, precisaria ficar internado”, explicou Lecimar.

Motivos do aumento de viroses

Afinal, por que está acontecendo esse aumento? A médica Euzanete Coser, infectologista pediátrica e membro do departamento de infectologia pediátrica da Sociedade Espiritossantense (Soespe), explicou que as viroses não são notificações compulsórias e por isso, não têm acesso a números consolidados do aumento. Mesmo assim, percebeu, junto aos outros colegas, a elevação de atendimentos em prontos-socorros e consultórios e uma maior quantidade de crianças com atestados nas escolas. E isso se daria por dois motivos.

O primeiro é o fato que, em 2020, a sociedade estava muito mais reclusa dentro de casa e em quarentena, devido às altas taxas de Covid-19. Logo, havia poucas crianças nas escolas, o que promoveu a diminuição da circulação de outros vírus. Neste ano, com o retorno do público infantil às instituições de ensino, foi comum o reaparecimento de doenças gastrointestinais como também aquelas ligadas às vias respiratórias.

O segundo fator é o tempo, já que os capixabas têm enfrentado uma primavera atípica. “Estamos tendo uma primavera com mudanças climáticas. Então, notamos o aumento da circulação desses vírus nessas mudanças de tempo. Em períodos chuvosos e frios, as pessoas mantêm os ambientes menos arejados”, salientou a infectologista pediátrica.

Momento para alarde

Apesar do reaparecimento desses vírus entre as crianças, não é um momento para alarde.

O pediatra e coordenador da região Sudeste da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Rodrigo Aboudib, diz que as viroses atingem mais as crianças que o coronavírus, já que esse público não apresenta uma enzima facilitadora para a Covid-19. Mesmo assim, a mortalidade da maioria dessas outras doenças beira a zero.

“A gastroenterite, por exemplo, era uma doença muito séria no nosso país, com números importantes na mortalidade infantil. Mas, com o saneamento básico e o advento dos sais de hidratação, esse cenário mudou. Agora, em se tratando de uma gripe pelo vírus influenza, há possibilidade de óbito na população pediátrica. E 4,5 vezes maior do que a Covid-19”, advertiu o pediatra.

Ainda segundo Aboudib, a gravidade de uma virose irá depender da imunidade da criança e também da presença ou não de infecções paralelas. Ou seja, ela apresentar, ao mesmo tempo, uma bactéria, que pode levar, por exemplo, a um estágio de pneumonia.

Prevenção

As viroses infantis são transmitidas facilmente no contato de uma criança com a outra. Por isso, a prevenção é responsabilidade, primeiramente, dos pais dos pequenos que já foram infectados.

Então, para Coser, se os pais perceberem que a criança está apresentando quadro gripal ou diarreia, não deve levá-la para a escola ou creche. Nas situações que houver necessidade, elas, inclusive, precisam ser testadas para a Covid, já que, ainda, não estão vacinadas.

“É muito importante ter o diagnóstico, ainda mais porque se a criança for diagnosticada com coronavírus, ela ficará fora da escola por 10 dias. Se for como uma doença comum, ela voltará mais rápido para a escola. Se não for dado um diagnóstico e ela volta para a escola, ela voltará transmitindo”, resumiu.

Outras medidas a serem seguidas, segundo a pediatra, são arejar os ambientes, higienizar sempre as mãos e continuar com o uso da máscara nas crianças acima de 5 anos, seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Se as pessoas isolarem e mantiverem as crianças doentes em casa, a circulação do vírus também reduz”, completou Coser.

Dicas fundamentais

Apareceu um sintoma na criança. A recomendação é ir imediatamente para o médico? Para Aboudib, não é necessário. É preciso de um tempo de observação, que varia de dois a três dias. Esse período possibilita o aparecimento de outros sinais e um diagnóstico mais preciso do profissional de saúde. “A nossa sociedade é imediatista. E lida com o tempo de uma forma difícil. A criança precisa de tempo de observação. O tempo dela”, afirmou.

Mas, claro, há exceções pelo caminho. Alguns sinais apresentados pelos pequenos devem gerar ações imediatas por parte dos pais ou responsáveis.

“Quando devo correr para o hospital? Quando a criança estiver prostrada, desanimada, mesmo sem estar com febre, tem que ir ao pronto-socorro para saber o que está acontecendo. Esse olhar cuidadoso e atento é uma dica de ouro, porque realmente salva uma vida”, aconselhou Aboudib.

Ações das creches

Seguindo as regras sanitárias de saúde, as creches do Espírito Santo têm se esforçado para evitar surtos de doenças entre as crianças.

Mariah Monjardim é diretora de uma creche privada em Vila Velha e atua com medidas de prevenção a essas doenças no ambiente escolar, já que entende que as crianças estão bem susceptíveis a enfermidades. Tais medidas vão desde a solicitação rotineira do cartão vacinal até orientação aos pais e funcionários quanto aos cuidados necessários.

“Priorizamos também os protocolos de limpeza e sanitização do ambiente, ventilação natural e protocolo de higienização das mãos. Inclusive, quando é detectado uma virose dentro da escola, realizamos o monitoramento e de imediato comunicamos aos responsáveis para buscar a criança”, ressaltou.

Outro exemplo é a atuação de uma creche localizada em Jardim Camburi, Vitória. De acordo com a diretora Alessandra Salazar, para manter as 96 crianças seguras, é preciso priorizar uma boa comunicação.

“Precisamos ser enfáticos na hora de não autorizar a criança frequentar a creche se estiver doente, seja com febre, coriza ou diarreia. Há uma negação dos pais. E causa uma reação em alguns casos. Mas depois a família entende, agradece e fica tudo bem”, salientou a diretora.

Principais viroses entre as crianças

1. Gastroenterite: A gastroenterite é uma inflamação do trato digestivo que resulta em vômitos e/ou diarreia e, por vezes, é acompanhada de febre. Os responsáveis devem manter a criança hidratada, oferecendo líquido várias vezes ao dia e em pouco volume.

2. Mão-pé-boca: Doença altamente contagiosa, o mão-pé-boca atinge crianças menores de 5 anos.  Ela se manifesta como feridas na boca (aftas) e erupções nas mãos e nos pés.  Como forma de tratamento, o mais indicado é dar antitérmico em caso de febre e também evitar alimentos ácidos e condimentados, já que provoca uma maior recusa pelo desconforto.

3. Bronquiolite: A bronquiolite é uma infecção nos bronquíolos, que são as ramificações dos brônquios que levam oxigênio aos pulmões. Em geral, sua causa é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR).  Acometendo mais bebês, entre os sintomas estão uma respiração rápida e esforço respiratório, além de febre, tosse e dor de garganta. Nesses casos, é válido procurar atendimento médico e até fazer o teste de Covid na criança, já que são sintomas bem semelhantes a essa doença.